GEOPOLÍTICA

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Re: GEOPOLÍTICA

#5491 Mensagem por FCarvalho » Sex Fev 21, 2014 10:25 am

Apenas duas ou três ideais sobre o texto.

Nossa capacidade diplomática para atuar no cenário proposto pelo texto está cada vez menor e mais passional, e por isso, incompetente e sem perspectivas de resultados no logo prazo.

A o Brasil precisa mais que urgentemente decidir o que quer ser quando crescer, mas não é cortando verbas da defesa que fará isso. Enquanto tal "tradição" permanecer, estaremos a reboque dos acontecimentos e das iniciativas de outros atores, mesmo os de menor expressão, no contexto cito.

E por fim, não existe problema nenhum em tratar dos assuntos levantados com a Otan, seja por meio dos blocos sul-americanos ou individualmente, mas neste momento, estamos sob o peso e punho de uma prática ideológica tão atrasada e permissiva que duvido que tenhamos algum avanço neste sentido enquanto ela perdurar no poder.

abs.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5492 Mensagem por irlan » Sex Fev 21, 2014 10:27 am

Não sei se esse assunto se encaixa aqui, mas o Brasil esta querendo fechar um acordo de livre comércio com os estadunidenses ou os europeus.




Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: GEOPOLÍTICA

#5493 Mensagem por Penguin » Qui Mar 20, 2014 9:31 pm

:shock:

British have invaded nine out of ten countries – so look out Luxembourg
NOVEMBER 9, 2012 9:16 AM

Britain has invaded all but 22 countries in the world in its long and colourful history, new research has found.

Imagem

Link: http://worldobserveronline.com/2012/11/ ... uxembourg/




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Re: GEOPOLÍTICA

#5494 Mensagem por irlan » Qui Mar 20, 2014 9:45 pm

Quando que os ingleses invadiram o Brasil?




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Re: GEOPOLÍTICA

#5495 Mensagem por Penguin » Qui Mar 20, 2014 10:36 pm

irlan escreveu:Quando que os ingleses invadiram o Brasil?
Tb achei estranho, mas a resposta deve estar no livro abaixo:

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Re: GEOPOLÍTICA

#5496 Mensagem por Sterrius » Sex Mar 21, 2014 7:43 am

No mapa acima tb foi contado atos de pirataria e escaramuças que levaram a incidentes diplomáticos mas não a uma guerra de fato.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5497 Mensagem por irlan » Sex Mar 21, 2014 8:25 am

Tá explicado então.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5498 Mensagem por Penguin » Sex Mar 21, 2014 9:56 pm

irlan escreveu:Tá explicado então.
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Re: GEOPOLÍTICA

#5499 Mensagem por Penguin » Ter Mar 25, 2014 8:45 am

Política externa do regime militar no caderno especial Folha "50 Anos do Golpe".

A política externa do regime militar
MATIAS SPEKTOR
Colunista da Folha

O golpe ocorreu em meio à mais intensa mudança de posição do Brasil no sistema internacional.
Entre 1955 e 1960, o Produto Interno Bruto cresceu 8,1% ao ano. Entre 1964 e 1971, os industrializados passaram de 5% para 31% da pauta de exportações, enquanto o café caiu de 55% para 13%.
O país deixou de ser uma economia rural para virar uma sociedade urbana. Pela primeira vez, o Brasil entrou para a categoria de país emergente.
"Como um gigante adormecido, o Brasil está acordando para um período de expansão quase sem precedente", afirmava "The Times" de Londres. "Poderemos vê-lo se tornar o Japão do Terceiro Mundo."
Na política externa, o regime militar patrocinou a luta anticomunista. Colaborou com uma intervenção na República Dominicana e restaurou laços com o Fundo Monetário Internacional. Operou em países como Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai.
Juracy Magalhães, embaixador do regime em Washington, proferiu a frase: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
O regime contou para isso com o apoio dos Estados Unidos. Quando a repressão apertou, o embaixador americano no Brasil, William M. Rountree, e seu adido militar, o coronel Arthur Moura, alentaram a atividade nos porões.
No entanto, com o tempo, os Estados Unidos se tornaram um problema para os militares brasileiros.
O poder econômico norte-americano, que num primeiro momento se beneficiara de acesso privilegiado à Esplanada dos Ministérios, passou a se ressentir da política industrial protecionista.
Em temas diplomáticos, a relação também esfriou. Os militares brasileiros no comando acreditaram estar recebendo tratamento de segunda classe: os investimentos eram menores do que o esperado, as condições, árduas, e a atitude da Casa Branca, imperial. E o regime não estava disposto a coordenar com os americanos cada passo de sua própria Guerra Fria na América do Sul.
Esses problemas se exacerbaram quando o Congresso dos Estados Unidos começou a denunciar o uso de tortura. E tudo desandou a partir de 1976, quando o candidato presidencial Jimmy Carter afirmou que o apoio norte-americano ao Brasil ditatorial “é um exemplo da pior faceta de nossa política externa... Um gratuito tapa no rosto [do povo] americano.”
Nos governos dos generais Médici e Geisel, as relações entre Brasil e Estados Unidos, ao invés de melhorar, pioraram, chegando a seu ponto mais baixo.
Os Estados Unidos deixaram de ser a principal fonte de apoio externo à ditadura para transformar-se em ameaça.
O regime respondeu cerrando fileiras.
Quando Carter veio ao Brasil para pressionar o governo por mais abertura política, os generais receberam apoio de lideranças de oposição, como Ulysses Guimarães, sindicatos, imprensa e parte da oposição, que denunciaram a prepotência norte-americana.
Na política externa, o regime acelerou a diversificação de países consumidores, provedores e investidores –-uma alavanca contra o magnetismo da economia norte-americana.
Os militares também patrocinaram coalizões com outros países em desenvolvimento e assumiram liderança no chamado embate Norte-Sul. O regime se afastou de Israel no Oriente Médio para se acercar dos árabes. Aproximou-se dos novos países independentes da África, mesmo aqueles que eram marxistas e recebiam apoio econômico e militar de Cuba.
A ditadura abriu embaixadas em regiões que antes ignorava e suas empresas estatais passaram a fazer investimentos fora do país. O Banco do Brasil abriu as primeiras agências na América do Sul, ao passo que a Petrobras foi para a África.
O regime também patrocinou um ambicioso programa nuclear. Ao lançá-lo, o general Costa e Silva, então presidente da República, afirmou: “Nada nos impede de fazer pesquisa e mesmo artefatos que posam explodir. Não vamos chamar de bomba, mas de artefato que pode explodir”.
Depois de gastar uma fortuna na tentativa de criar um parque industrial nuclear com tecnologia da Alemanha, o regime levou parte de suas atividades para a clandestinidade. Comprou peças no mercado negro, urânio altamente enriquecido da China e desenhou um míssil balístico. No processo, adquiriu capacidade para enriquecer urânio. O custo foi o isolamento --em temas de não-proliferação, o país passou a ser visto como pária.
Em vez de aumentar a capacidade nacional de barganha, o regime militar debilitou-a.
Entre 1973 e 1979, a dívida externa do país quadruplicou, passando de US$ 12 bilhões para quase US$ 50 bilhões.
O país ainda sofreu sanções comerciais e seus representantes passaram a ter de suplicar ajuda a instituições financeiras internacionais. Os ministros da Fazenda da época tiveram de se acostumar à sala de espera do Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
O Brasil da ditadura ficou mais rico, sem dúvida alguma. Contudo, ao sair do poder, os militares deixaram o país numa posição internacional mais fraca, dependente e injusta do que era possível imaginar em 1964.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5500 Mensagem por rodrigo » Ter Mar 25, 2014 12:01 pm

Contudo, ao sair do poder, os militares deixaram o país numa posição internacional mais fraca, dependente e injusta do que era possível imaginar em 1964.
A alternativa seria se tornar satélite soviético, a URSS faliu e hoje estaríamos sem padrinho, sob embargo e nem poderíamos dizer isso aqui.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
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Re: GEOPOLÍTICA

#5501 Mensagem por Algus » Ter Mar 25, 2014 12:49 pm

Por mais que eu seja crítico do regime, não quer dizer que eu despreze tudo que eles tenham realizado.
Quando perceberam que não teriam o apoio esperado dos EUA e assumiram uma postura mais independente eu não vejo isso como uma falha, muito pelo contrário. Apesar dos revezes que a atitude certamente implicou acredito que este foi o melhor caminho que eles encontraram diante das possibilidades e do conhecimento que tinham.
Quanto ao endividamento e os problemas econômicos, não sei o quanto esse distanciamento político impactou no processo, mas sem dúvida ele não foi o único e, acredito, nem mesmo o principal.
Por exemplo, será que a crise do petróleo teria sido tão mais suave assim se os militares tivessem continuado a dizer "amém" aos americanos?




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Re: GEOPOLÍTICA

#5502 Mensagem por LeandroGCard » Ter Mar 25, 2014 1:45 pm

rodrigo escreveu:A alternativa seria se tornar satélite soviético, a URSS faliu e hoje estaríamos sem padrinho, sob embargo e nem poderíamos dizer isso aqui.
Menos, muito menos.

Os tresloucados que queriam de fato tornar o Brasil em uma a mais uma das repúblicas soviéticas eram pouco mais de meia dúzia, que podiam até fazer muito barulho mas não tinham influência significativa nem mesmo entre os principais políticos da esquerda brasileira da época. Esta história do Brasil transformado em uma Cuba gigante era só um espantalho para assustar a população mais ignorante e justificar o regime de exceção implantado no país :roll: . Não havia nenhuma liderança potencialmente revolucionária realmente forte no Brasil, como era Fidel em Cuba.

O que poderia de fato acontecer era o país adotar uma posição mais à esquerda por algum tempo, com reformas na legislação trabalhista, agrária e etc... e modificações na aplicação das verbas públicas. E dependendo do resultado disso em termos econômicos e sociais mais à frente o país poderia se aproximar das sociais democracias europeias, ou guinar novamente à direita. Nada muito diferente do que acontecia na Europa ocidental no mesmo período. Mas havia gente com interesses muito fortes ($$$) que morria de medo de perder parte de suas vantagens e lucros com qualquer alteração na estrutura política/social do país, e que usou do medo e da propaganda ideológica da direita para primeiro provocar e depois sustentar o golpe.
Algus escreveu:Quando perceberam que não teriam o apoio esperado dos EUA e assumiram uma postura mais independente eu não vejo isso como uma falha, muito pelo contrário. Apesar dos revezes que a atitude certamente implicou acredito que este foi o melhor caminho que eles encontraram diante das possibilidades e do conhecimento que tinham.
Quanto ao endividamento e os problemas econômicos, não sei o quanto esse distanciamento político impactou no processo, mas sem dúvida ele não foi o único e, acredito, nem mesmo o principal.
Por exemplo, será que a crise do petróleo teria sido tão mais suave assim se os militares tivessem continuado a dizer "amém" aos americanos?
De fato, o distanciamento entre o Brasil e os EUA durante o regime militar foi uma reação dos generais que governavam o país às ações dos próprios americanos, que nos tratavam de forma insensível e arrogante. Não demorou muito para que nossos militares percebessem que os EUA não tinham nenhuma intenção de nos tratar como iguais nem de nos auxiliar em nada com relação ao nosso desenvolvimento, aliás eles nunca esconderam que não era do interesse deles uma outra potência dentro do seu próprio quintal.

Mas não foram as ações americanas as responsáveis pelos problemas que enfrentamos nas décadas seguintes e que nos afligem até hoje. Prejudicar nosso próprio desenvolvimento e nosso futuro é algo que conseguimos fazer sozinhos, nunca precisamos de ajuda para isso :roll: .


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Re: GEOPOLÍTICA

#5503 Mensagem por pt » Ter Mar 25, 2014 2:08 pm

LeandroGCard escreveu:Os tresloucados que queriam de fato tornar o Brasil em uma a mais uma das repúblicas soviéticas eram pouco mais de meia dúzia, que podiam até fazer muito barulho mas não tinham influência significativa nem mesmo entre os principais políticos da esquerda brasileira da época.
E desde quando as quadrilhas que chegam ao poder e tomam o poder foram constituidas por grupos grandes e com influência ?

Em situações revolucionárias em que o poder está literalmente na rua, são muitas vezes (ou quase sempre) grupos pequenos, sem influência mas com organização, que controlam a situação, muitas vezes (ou quase sempre) recorrendo à violência.

Mesmo Cuba, alguém acha que o país queria ser um satélite soviético ?
O que teria acontecido se Fidel Castro em vez de não ser recebido pelo presidente americano tivesse sido recebido como chefe de estado e Cuba fosse autorizada a fazer reformas...

Alguma vez Cuba se tinha virado para os russos ?
Muitas vezes, mudanças estratégicas e de importância transcendental, resultam de pequenas decisões, pequenos acontecimentos, pequenas ações, de pequenos grupos sem influência direta e sem aceitação na opinião pública.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5504 Mensagem por Bourne » Ter Mar 25, 2014 2:30 pm

Depois da Segunda Guerra Mundial o brasil se tornou anti-americano. Isso quer dizer muito, mais muito antiamericano. Não sei dizer a origem ou os motivos, talvez tenham elegido os americanos como culpados de todos os problemas internos. É difícil dizer.

O Brasil ao longo da história sempre tendeu a ser independente. Nunca foi aliado de primeira linha de nenhuma potencia. As vezes que optou por algo foi por pressão dos acontecimentos por um período breve, como no caso da Segunda Guerra. Os militares não inovaram em nada, mas estavam seguindo os ideias teóricos e construção de um poder nacional que tinham uma longa tradição no meio militar e civil.

A tradição de ficar em cima do muro é muito conhecida no Brasil, praticada como regra por todos os governos.

---------

Sobre o modelo de desenvolvimento, existiam duas linhas.

Uma, a conversadora, apoiada pelo militares que tinham como base preservar os privilégios da elites agrárias tradicionais, industriais, multinacionais e classe média que começavam a ser figuras importantes. Sem problemas em excluir grande parte da população dos avanços e investimentos do país. O resultado foi um modelo concentrador de renda, incetivo a urbanização sem qualidade com a proliferação de periferias, acentuação dos problemas urbanos, de saúde, educação e violência por que não se tinha preparo para lidar com eles.

Outra era aceitar a necessidade de fazer reformas básicas como agrária, trabalhista, construção de sistema de seguridade social com a construção de uma demanda interna abastecida pela inclusão das novas parcelas da população. Considerava essencial descentralizar os núcleos de desenvolvimento, elevar o nível de vida da população e quebrar a armadilha social e econômica da pobreza, especialmente nas regiões afastadas dos centros urbanos. Nessa linha que seguiam medidas como a proposta dos bancos de desenvolvimento que eram incentivar investimentos para desenvolver partes distantes do país, especialmente negócios pequenos e de médio porte, obras de infraestrutura e agricultores familiares.

O Golpe de 1964 facilitou a introdução das reformas necessárias a país. A diferença é que não tinha mais ninguém para entravá-las como nos períodos anteriores. A primeira safra de reforma foi dar o país uma estrutura moderna de administração, seguida pelo ataque a inflação e recessão no estilo liberal do Castelo Brasil.

Depois de 1967, o regime militar virou outra coisa, intensificou a presença do estado e políticas de transformação estrutural, industrialização e modernização social e econômica. Os programas de casa própria, construção de infraestrutura urbana, descentralização da industrialização (está no PND II como peça fundamental), previdência e expansão da educação acabaram sendo feitos. No fundo, os dois projetos eram muito, mais muito semelhantes. A diferença era o caminho para chegar no mesmo fim.

Não tinha nada de comunista em nenhum dos dois projetos. Na verdade foi uma transição bem mais branda do que feita na Argentina em que dois grupos fortes se confrontavam, sem ter objetivos finais semelhantes políticas ou econômicas, tanto que até hoje os argentinos continuam instáveis e brigando entre si. Porém, não se pode comparar o Brasil dos anos 1960 com o de hoje ou pré-1914, o país era uma zona com o caos político a flor da pele.


------

Defendendo o diabo ( :twisted: :twisted: :twisted: ), as empresas americanas e bondades financeiras foram fundamentais para o Brasil criar o núcleo de modernização industrial entre 1940 e 1960. Nada de especial, os americanos faziam isso com todo mundo e eram bem mais generosos com os países de linha de frente como Ásia e Europa. Na época, o país era uma grande fazenda de café, então qualquer recurso adicional para uma obra ou programa de porte era uma revolução.

Não precisa prejudicar países os países em desenvolvimento, normalmente se enrolam sozinhos. No caso Brasil ainda põe a culpa nas forças de uma conspiração internacional. Não culpem o mundo por ser malvado, encarem como fato.




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Re: GEOPOLÍTICA

#5505 Mensagem por rodrigo » Ter Mar 25, 2014 2:39 pm

Os tresloucados que queriam de fato tornar o Brasil em uma a mais uma das repúblicas soviéticas eram pouco mais de meia dúzia, que podiam até fazer muito barulho mas não tinham influência significativa nem mesmo entre os principais políticos da esquerda brasileira da época. Esta história do Brasil transformado em uma Cuba gigante era só um espantalho para assustar a população mais ignorante e justificar o regime de exceção implantado no país . Não havia nenhuma liderança potencialmente revolucionária realmente forte no Brasil, como era Fidel em Cuba.

O que poderia de fato acontecer era o país adotar uma posição mais à esquerda por algum tempo, com reformas na legislação trabalhista, agrária e etc... e modificações na aplicação das verbas públicas. E dependendo do resultado disso em termos econômicos e sociais mais à frente o país poderia se aproximar das sociais democracias europeias, ou guinar novamente à direita. Nada muito diferente do que acontecia na Europa ocidental no mesmo período. Mas havia gente com interesses muito fortes ($$$) que morria de medo de perder parte de suas vantagens e lucros com qualquer alteração na estrutura política/social do país, e que usou do medo e da propaganda ideológica da direita para primeiro provocar e depois sustentar o golpe.
Opinião cada um tem a sua. A quebra da hierarquia militar, assim como a influência dos espertíssimos Brizola e Darcy Ribeiro sobre fraquíssimo Jango, nos jogariam nos braços soviéticos em questão de meses, não sem antes uma guerra civil terrível, de um lado a direita apoiada pelos americanos, do outro a esquerda apoiada pelos soviéticos. Foi assim aqui no Brasil, com mais ou menos o mesmo cenário no Chile. Era golpe ou guerra civil.




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