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Mensagem
por Marino » Sáb Ago 13, 2011 7:42 pm
Do Correio Brasiliense de ontem:
SOBERANIA CHINESA
Aviso aos navegantes
China lança ao mar seu primeiro porta-aviões e incomoda os EUA, que questionam silêncio. Com
tecnologia própria, a máquina de guerra deve alterar o tabuleiro estratégico da Ásia
Os chineses usarão seu novíssimo e primeiro porta-aviões para defender os interesses do país
mundo afora. A informação, publicada ontem pelo site das Forças Armadas da China, respondeu aos
questionamentos dos Estados Unidos quanto ao uso dessa máquina de guerra. Na última quarta-feira,
Washington expressou sua preocupação, enquanto a embarcação iniciava os primeiros testes em altomar.
Para o governo de Barack Obama, a potência econômica global do Oriente começa a dar passos
cada vez mais longos. O Império do Centro — nome que os chineses dão ao seu país em mandarim —
segue caminho semelhante ao percorrido pelos EUA, no processo de afirmação de sua influência
mundial. Pequim, assim, indica que aprendeu com o Tio Sam que "discussões" podem ser evitadas
quando se tem um bom porrete à mão.
"Construímos um porta-aviões para defender, de forma mais eficaz, os direitos e os interesses da
China. Estaremos mais seguros e mais determinados para defender nossa integridade territorial",
escreveu Guo Jianyue, jornalista do Diário do Exército Popular de Libertação. De acordo com
informações do site jz.chinamail.com.cn, Guo ainda questionou: "Por que construímos (o porta-aviões) se
não temos o valor nem a vontade de utilizá-lo em caso de conflito territorial?".
Efetivamente, a China tem divergências com o Japão e com as Filipinas a respeito de seus
domínios oceânicos. Além disso, se vê ameaçada pelas bases navais dos Estados Unidos no Japão e na
Coreia do Sul. Também exige que a ilha de Taiwan deixe de ser independente. Mas a negativa dos
taiuaneses encontra respaldo em alianças navais militares garantidas por Washington. Por isso, o texto
de Guo e a construção do porta-aviões indicam que os chineses pretendem mexer significativamente no
tabuleiro estratégico. Querem igualmente avisar a indianos e a tailandeses que estes deixaram de ser os
únicos na região a contar com aquela arma.
Equivoca-se quem considera que o texto é de fonte não qualificada. Ainda que o jornalista não
integre o Estado-Maior do presidente Hu Jintao, ele sabe o que escreve. As suas palavras nunca teriam
sido conhecidas se não corroborassem o que pensam os generais chineses que comandam o maior
Exército do planeta, estimado em 2,3 milhões de soldados. O Pentágono também questionou o silêncio
chinês quanto à construção do porta-aviões. "A China não é tão transparente como os Estados Unidos
no que diz respeito a suas compras militares ou a seu orçamento militar", emendou a porta-voz do
Departamento de Estado, Victoria Nuland.
Segredo
De fato, o país asiático foi extremamente discreto no projeto que consumiu anos de esforços e
investimentos, realizado quase totalmente com tecnologia chinesa. Tudo começou em 1985, quando os
chineses compraram um obsoleto porta-aviões britânico. O Melbourne foi estudado e logo transformado
em sucata porque a China concluiu que era muito defasado.
Depois, em 1988, adquiriram o russo Minsk. Este navio tampouco trouxe grandes informações e,
atualmente, funciona como um cassino em Macau. Mas, quase na mesma época da negociação do
barco da antiga União Soviética, os chineses compraram o Varyag. Era o casco de um porta-aviões
projetado para o antigo rival dos Estados Unidos que não chegou a navegar. Treze anos após se dizer
que viraria hotel, o Varyag foi recuperado e equipado com tecnologia "made in China". O recheio bélico é
uma informação mantida a sete chaves. Mas pôde juntar a China aos outros nove países do planeta que
têm essa fortaleza: Brasil, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Reino Unido, Itália, Tailândia e
Rússia.
Brasil emprestou know-how
Uma fonte do Ministério da Defesa do Brasil confirmou ao Correio que os chineses receberam
um pouco do conhecimento brasileiro em porta-aviões. Um oficial da Marinha viajou à China após o
então ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinar um tratado de cooperação com aquele país, em
novembro de 2009. Os chineses estavam interessados em entender como se administra o tráfego de
aeronaves na pista dos porta-aviões, verdadeiros aeroportos flutuantes.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco