Defesa aérea no litoral
21 de fevereiro de 2012, em Tática, por G-LOC
Durante a Guerra Fria a maior ameaça aos navios da US Navy era um ataque maciço de mísseis lançados de submarinos ou aeronaves de longo alcance vindo da URSS. A estratégia defensiva era o conceito de defesa em camada para um Grupo Tarefa nucleado em um NAe. O objetivo era maximizar a probabilidade de aniquilar uma incursão em um cenário de mar aberto. O anel externo de defesa teria caças fazendo patrulhas de combate aéreo seguido de uma zona de defesa área interior defendida por mísseis superfície-ar (SAM) de longo alcance. Os navios teriam capacidade de defesa de ponto com meios “hard” e “soft” para as ameaças que passarem pelas defesas anteriores.
Com o fim da Guerra Fria o cenário mudou sem a ameaça de ataque em massa de alta densidade. A US Navy esperava atuar mais próxima ao litoral e as ameaças seriam ataques de surpresa vindo do mar, terra ou ar. A reação foi equipar seus navios com sensores, sistemas de Comando & Controle e armas para reação rápida. Ocorreram até dois ataques de surpresa de sucesso contra a fragata americana USS Stark maio de 1987 no Golfo Pérsico por um Mirage F1 iraquiano e a corveta israelense INS Hanit em julho de 2006 na costa do Líbano atacada por um míssil C-802 disparado de terra por terroristas do Hesbola.
Em um cenário de mar aberto era possível definir o eixo da ameaça, com um bom tempo de reação e facilidade de identificação dos alvos pois o que vem do lado de lá é inimigo. No litoral o tráfego marítimo e aéreo é muito maior e inclui contatos neutros e amigos em abundância. Podem aparecer até ameaça não tradicional como pequenas embarcações suicidas. O espaço confinado dificulta as manobras o que não ocorre em mar aberto.
Os mísseis anti-navios atuais são a maior ameaça e estão ficando mais efetivos em termos de velocidade, furtividade, sensores e manobras evasivas. São ameaças que estão se proliferando no Terceiro Mundo. São lançadas de plataformas de superfície, aéreas, submarinas e terrestres.
Teste Prático nas Malvinas
O conceito de defesa em camada foi colocado em prática durante a guerra das Malvinas em 1982. A Royal Navy colocou três Patrulhas de Combate Aéreo com caças Sea Harrier entre sua frota e as ameaças argentinas vindo do continente. A camada interna era formada pelos contratorpedeiros atuando como piquete radar e também equipados com mísseis de longo alcance Sea Dart. Os Sea Dart tinham dificuldade em atacar alvos voando muito baixo, mas foram considerados efetivos ao evitar que os argentinos voassem mais alto podendo aumentar o alcance e ter melhor pontaria. A defesa de ponto era feito por mísseis Sea Cat, Sea Wolf e armas automáticas. Fora os Sea Wolf, equipando poucos navios, o resto foi considerado inefetivo.
A Royal Navy planejou, mas devido a cortes no orçamento, não colocou em operação sistemas capazes de operar adequadamente no litoral. Estes sistemas fizeram falta quando a Força Tarefa britânica teve que se aproximar do litoral durante o desembarque nas ilhas.
Meios da US Navy
A US Navy divide seus sistemas de armas de defesa aérea dos seus navios em auto-defesa, defesa de área local e defesa de área estendida. O principal meio de auto-defesa é o sistema de canhão Phalanx que está sendo substituído pelo míssil RAM. Os RAM estão sendo modernizados, assim como os Phalanx, para atacar alvos no litoral incluindo alvos de superfície.
Os mísseis Sea Sparrow e SM-2 Standard estão sendo substituídos pelo ESSM e SM-6 respectivamente. O ESSM adicionou uma melhor capacidade de reação rápida, velocidade, aceleração, manobrabilidade e disparo ainda durante a fase de busca do alvo. Uma curiosidade é a intenção de adicionar a capacidade de guiamento ativo no ESSM e já foi estudada para o SM-2 Block IIIC, cancelado em favor do SM-6 já com guiamento ativo.
O SM-6 combina a estrutura do SM-2 Block IV com o radar ativo do míssil AIM-120 AMRAAM permitindo atacar alvos sem a necessidade de iluminação terminal, mas mantém a capacidade de guiamento semi-ativo. A entrada em serviço é esperada para 2012 com as entregas iniciando em abril de 2011. A capacidade de controle pelo E-2D Advanced Hawkeye deve iniciar a partir de 2015 dando capacidade de atacar alvos além do horizonte do radar dos AEGIS.
O desenho do alto mostra a capacidade de atacar alvos além do horizonte que será adicionada com a entrada em serviço do SM-6. A área verde é a área cega para os radares dos navios de superfície equipados com radares AEGIS. Com apoio do radar de um E-2D será possível atacar alvos aéreos voando baixo nesta região.
Read more:
http://www.naval.com.br/blog/#ixzz1n9zj0qZ8