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Re: Ministério da Defesa
Enviado: Ter Nov 13, 2018 10:57 pm
por FCarvalho
Gabriel, o MD é um factoide criado pelo ego dos políticos. Nunca teve função alguma além de servir como uma espécie de anteparo, ou melhor dizendo, um cabresto institucional na tentativa de afastar o mais que possível a alta cúpula militar das decisões políticas, e obviamente de seus conluios.
É uma enganação de mal gosto tolerada pelos militares, que por sua vez nunca esconderam a sua objeção à sua existência.
Daí pode se depreender todo o resto.
Abs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qua Nov 14, 2018 1:37 pm
por Bourne
O Ministério da Defesa (ou ministério similar) existe evitar a politização das forças armadas e que exista alguma órgãos que faça a intermediação entre poder civis (governo e instituições de estado) com as instituições militares (exército, marinha, força área e outros). O outros pode ser bem diverso dependendo do país incluindo forças paramilitares (milicias, policias e guardas nacionais), órgãos de segurança e inteligência, entre outros. Cada país tem uma estrutura gigantesca além do tradicional exército, marinha e força área.
Por exemplo, mesmo no Brasil, a polícia militar é considerada uma força militar auxiliar gigantesca, possibilidade de formas milicias e forças de resistência muito rápido ou de defesa do unidade nacional. Entenda por milicias qualquer grupo de soldados com fuzil e algum treinamento militar. Nos EUA tem as guardas nacionais que é a ultima linha de defesa e responsáveis por manter o país funcionando em situações extremas.
No Brasil, nos negros tempos de FHC, de fato o Ministério da Defesa era algo menor feito por conveniência. No entanto, o passar do tempo e a era vermelha do PT, levaram o Ministério da Defesa ter uma importância redobrada. Assim, de um lado, deixa claro qual a visão civil do governo e das instituições de estado em relação as instituições militares, especialmente estabelecer planejamento e cooperação. De outro, evita politização das forças armadas, eleva a organização e integração, evita ciúmes diversos entre as forças.
Não deixar a politização e a relação direta de militares da ativa com o governo é algo muito bem visto pelos generais e almirantes. Porque é um dos meios para evitar a quebra de hierarquia e estrutura de comando. Um elemento que é bem destacado pelo General Villas Bôas. Ele sabe que ter a patente não significa estar no comando, mas precisa de uma estrutura institucional e de respeito dentro e fora da instituição militar. Os outros também sabem.
O Ministro da defesa atual vai tocar os projetos das Forças Armadas. Não espero nada de mais. E ser bem relacionado com os civis, STF e militares possa ajudar manter uma boa gestão. Não necessariamente em projetos, mas aprimorar o Ministério da Defesa.
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Seg Nov 26, 2018 11:29 am
por P44
Military Capabilities
Brazil announces new top military chiefs
Victor Barreira, Istanbul - IHS Jane's Defence Weekly
23 November 2018
The incoming Brazilian defence minister, Army Reserve General Fernando Azevedo e Silva, announced the country’s new military chiefs on 21 November. Gen Fernando was announced as next defence minister by President-elect Jair Messias Bolsonaro on 13 November.
The general chose General Edson Leal Pujol, head of the Department of Science and Technology, for the army; Fleet Admiral Ilques Barbosa Júnior, the Chief of the Naval Staff, for the navy; and Lieutenant-Brigadier Antônio Carlos Moretti Bermudez, the General Commander of Personnel, for the air force.
The new chiefs will replace General Eduardo Villas Bôas (army), Fleet Admiral Eduardo Bacellar Leal Ferreira (navy), and Lieutenant-Brigadier Nivaldo Luiz Rossato (air force) from 1 January 2019.
https://www.janes.com/article/84793/bra ... ary-chiefs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Nov 29, 2018 3:18 pm
por FCarvalho
Bourne escreveu: ↑Qua Nov 14, 2018 1:37 pm
O Ministro da defesa atual vai tocar os projetos das Forças Armadas. Não espero nada de mais. E ser bem relacionado com os civis, STF e militares possa ajudar manter uma boa gestão. Não necessariamente em projetos, mas aprimorar o Ministério da Defesa.
Se o novo MD conseguir tal proeza, já fico satisfeito. Mas até lá, o ministério da defesa continua sendo o mesmo factóide de sempre.
abs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Nov 29, 2018 3:24 pm
por FCarvalho
Plenário poderá aprovar novas Política e Estratégia Nacional de Defesa
Da Redação | 26/11/2018
https://www12.senado.leg.br/noticias/ma ... -de-defesa
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Nov 29, 2018 6:16 pm
por Bourne
O Ministério da Defesa não existiu antes porque existia o temor do exército se sobrepor as outras forças, especialmente durante o governo militar. Por isso, cada força tinha um ministério militar e ainda tinha casa militar. O projeto de um ministério da defesa é bem recorrente, o Geisel via com bons olhos, mas só se tornou viável na década de 1990.
Do jeito que contam fica parecendo uma mera imitação do exterior. O que não é.
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Dez 27, 2018 5:01 pm
por FCarvalho
Novas diretrizes para a Defesa Nacional já estão em vigor (END).
Por Roberto Caiafa - dez 21, 2018
http://tecnodefesa.com.br/novas-diretri ... FzL6JRx1NQ
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Sáb Jan 12, 2019 5:51 pm
por knigh7
Embora a FINEP seja civil, o cabe o assunto na parte militar pois agora passou a ser presidida por um general ex-comandante do IME:
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Dom Jan 13, 2019 1:57 pm
por FCarvalho
Tomara que ele ajude a desatravancar muita coisa em P&D na BID e nas ffaa's.
Boa sorte pra ele.
Abs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Dom Jan 13, 2019 3:09 pm
por knigh7
Certamente vai, Carvalho. Acredito que ele foi presidir por influência dos militares, como o coronel Marcos Pontes agora ministro.
O Governo Federal só investia 2% do orçamento do Min da Ciência & Tecnologia no desenvolvimento de produtos militares. Isso era pouquíssimo e tremenda.falta.de visão.
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Dom Jan 13, 2019 8:05 pm
por FCarvalho
Sim. A Finep inclusive tem participação no Gladiador II, que até hoje não saiu do papel.
Espero honestamente que ele tenha sucesso.
Mas antes as ffaa's tem que se entender quanto a como gerenciar seus projetos na aérea de P&D.
Abs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qua Fev 27, 2019 9:14 am
por Clermont
Política de defesa.
Merval Pereira - O Globo, 26.02.19.
Embora remota e improvável, a possibilidade de um confronto militar na nossa vizinhança, trazida à tona pela crise da Venezuela, levanta questões importantes sobre o nosso sistema de defesa. Eduardo Brick, professor da Universidade Federal Fluminense, no momento atuando na Escola Superior de Guerra como docente do programa de Pós-graduação em Segurança Internacional e Defesa (PPGSID) e na criação do Centro de Capacitação em Aquisição de Defesa (CCAD), considera que a situação imediata não apresenta ameaça, mas, a longo prazo, precisamos mudar a visão do Estado sobre a política de defesa.
Brick considera que o potencial econômico, tecnológico, industrial e militar do Brasil no seu conjunto é muito maior do que o da Venezuela. “O que está realmente em questão é o preparo da nossa defesa em médio e longo prazos, tendo em vista a evolução das tecnologias e da guerra”.
O professor considera que nossa estrutura atual é muito ineficiente, pois existem muitos militares e civis com autoridade sobre este problema, sem possibilidade de efetiva coordenação entre eles, e multiplicação de estruturas para tratar dos mesmos assuntos.
Falta também capacitação profissional para tratar deste assunto, pois “a qualificação dos militares é precipuamente voltada para o combate e não para a logística de defesa”. Como a capacidade militar demanda décadas de planejamento bem feito e detalhado, a situação já estava crítica muito antes da crise econômica.
Capacidade militar, lembra ele, é a soma de capacidades operacional de combate, de inovação, industrial e de gestão estratégica. “O cenário geopolítico para o Brasil, pelo menos depois do desmantelamento da União Soviética e do acordo Brasil-Argentina para dirimir os atritos entre os dois países, tem sido indubitavelmente benéfico”. Portanto, ressalta Brick, são cerca de 30 anos (o período dos governos civis), que deveríamos ter aproveitado para fortalecer o que ele chama de Base Logística de Defesa (BLD), e não o fizemos.
Brick diz que um bom indicador é o percentual do orçamento de defesa usado para aquisições de bens de capital e investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e ciência, tecnologia e informação (CT&I). “O ideal teria sido de 30 a 40 %, mas em raras ocasiões passamos dos 10%”.
No Brasil, ressalta Eduardo Brick, a BLD está desmembrada e, em grande parte, subordinada às três Forças Armadas, com grande redundância de órgãos para cuidar dos mesmos problemas, que em grande parte não estão associados a uma Força apenas. Para o especialista, “bastaria uma única organização no âmbito do Ministério da Defesa”.
Esta é a solução adotada pela maioria dos países, inclusive pela necessidade de maior eficiência em função das restrições orçamentárias. Nesses países (França, Reino Unido, Suécia, Austrália, Alemanha, Holanda, Canadá, Espanha, Índia entre outros), as funções de logística de defesa foram retiradas da subordinação das Forças Armadas e centralizadas em uma a duas instituições independentes, subordinadas ou não ao Ministério da Defesa.
Adicionalmente, diz Eduardo Bricks, esse fatiamento das atividades de logística de defesa pelas três Forças Armadas (e também por outros ministérios, como Indústria e Comércio e Ciência e Tecnologia) impede que se tenha uma política industrial e tecnológica para a defesa.
Outro grave problema é a falta de massa crítica em termos de recursos humanos qualificados para setores cruciais como profissionais de aquisição, gestão de programas e projetos, análise de capacidades operacionais, planejamento, controle, auditoria, elaboração de requisitos e especificações de meios e tecnologias de defesa. “Seria preciso que houvesse carreiras de Estado para cuidar do desenvolvimento e sustentação de capacidade industrial e tecnológica específica para defesa”, sonha Eduardo Brick.
Num país em que a necessidade premente de corte de gastos obriga a uma reforma da Previdência para sinalizar uma atividade econômica sustentável a longo prazo, dificilmente haverá espaço orçamentário para a montagem de uma política de defesa como a sonhada por Brick. Mas ele insiste em que “O país precisa muito que este assunto entre na agenda do Congresso e da sociedade. É o nosso futuro como país moderno, desenvolvido e competitivo no cenário internacional que está em jogo”.
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qua Mar 06, 2019 2:01 pm
por FCarvalho
Do Facebook do MD.
Cerca de 60 mil conscritos foram incorporados nas três ffaa's este ano a partir deste mês.
Salvo melhor juízo, esse número representa e confirma duas coisas: a diminuição recorrente das vagas para o SMO nas três ffaa's e o aumento da profissionalização dos quadro de praças.
FAB e MB já são as duas forças que menos vagas dispõe para o SMO. E o EB caminha célere pelo mesmo caminho.
Resta saber se a tendência se confirma ou é apenas um fenômeno pontual.
Abs
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Mar 07, 2019 8:36 pm
por Guerra
FCarvalho escreveu: ↑Ter Nov 13, 2018 10:57 pm
Gabriel, o MD é um factoide criado pelo ego dos políticos. Nunca teve função alguma além de servir como uma espécie de anteparo, ou melhor dizendo, um cabresto institucional na tentativa de afastar o mais que possível a alta cúpula militar das decisões políticas, e obviamente de seus conluios.
É uma enganação de mal gosto tolerada pelos militares, que por sua vez nunca esconderam a sua objeção à sua existência.
Daí pode se depreender todo o resto.
Abs
Quando o MD foi criado eu lembro de um general dizer que o tempo diria se o MD era uma boa ou não! Dai colocaram o Celso Amorim no cargo
não sei como as FFAA sobreviveram a isso! Acho que todo militar que serviu nessa epoca deveria ganhar uma medalha! Principalmente aqueles que não se deixaram enganar! E não são muitos!
Re: Ministério da Defesa
Enviado: Qui Mar 07, 2019 11:04 pm
por FCarvalho
Muitas coisas, e mentalidades, terão de mudar radicalmente nos próximos vinte ou trinta anos antes de o MD conseguir se firmar do ponto de vista institucional.
Militares, políticos e sociedade.
Mas como diz o dito popular, quem tem um olho só em terra de cegos é rei.
Por aqui é o que não falta.
Abs