MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Temo que teremos muitos dias negros nos anos vindouros. O modelo baseado em exportação de commodities altamente valorizadas e consumo intenso está no fim. No meu caso já estou, desde o ano passado, otimizando minha "economia" de modo a gastar sempre menos do que ganho (por exemplo, não comprar nada a prestação, preferindo economizar até ter o suficiente para comprar o mesmo produto à vista e com desconto, além de ir mantendo os gastos com Cartão de Crédito no piso, maneirar o consumo de água e energia, etc). Segundo os planos da minha Equipe Econômica (eu e meu PC), até maio estarei no azul uns 2k por mês.
Mas aí surge outro problema: o que fazer com isso? Se já sequestraram a poupança de todo mundo uma vez, quem garante que não vão fazer de novo?
Mas aí surge outro problema: o que fazer com isso? Se já sequestraram a poupança de todo mundo uma vez, quem garante que não vão fazer de novo?
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Chantagem eleitoral? Quem fala desde 2002 que bolsa família e outros criam vagabundos?
O espírito santo? Ou quem não é "militonto"?
A derrota da oposição decorreu em grande parte do próprio eleitor da oposição.
O espírito santo? Ou quem não é "militonto"?
A derrota da oposição decorreu em grande parte do próprio eleitor da oposição.
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
- Túlio
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Também discordo do termo "chantagem com programas sociais", acho que o pessoal votou no aparentemente certo contra o naturalmente duvidoso.
Espero que tenham razão, no fim das contas. Mas estou me preparando (como acima descrito e mais, que nem mencionei) para o oposto...
Espero que tenham razão, no fim das contas. Mas estou me preparando (como acima descrito e mais, que nem mencionei) para o oposto...
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Não foram os militantes que decidiram a eleição se não o PT está rico até demais para pagar tudo isso.
Mas 54 milhões de pessoas decidiram por quase 200 milhões o que elas vão passar nos próximos anos.
Aécio seria a mesma porcaria mesmo se tivesse vencido, mas eu pessoalmente penso que nesse formato onde uma parcela tão grande de pessoas vota contra um candidato tem algo a ser discutido e pensado.
1/4 da população praticamente decidiu pelos outros 3/4?
Mas 54 milhões de pessoas decidiram por quase 200 milhões o que elas vão passar nos próximos anos.
Aécio seria a mesma porcaria mesmo se tivesse vencido, mas eu pessoalmente penso que nesse formato onde uma parcela tão grande de pessoas vota contra um candidato tem algo a ser discutido e pensado.
1/4 da população praticamente decidiu pelos outros 3/4?
- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
isso não é relevante, Na maioria dos países que o voto não é obrigatório menos de 1/4 vota e o eleito tende a receber apoio de uns 10-15% da população.
O Aécio se livrou de uma bomba. Se colocasse o fraga e, o amiguinho dele, o Levy que era cotado para presidente do BC, e colocasse em práticas as medidas da Gilma, teria protestos do PT com sendo da praga neoliberal-integrista-chicaguiano.
O modelo da Dilma e de seus aspones deu errado. Pensaram que substituiriam o modelo Lula I e II, mas foi um fracasso e ainda se defendem no gogo. Precisam por algo no lugar e consertar o estrago.
O Aécio se livrou de uma bomba. Se colocasse o fraga e, o amiguinho dele, o Levy que era cotado para presidente do BC, e colocasse em práticas as medidas da Gilma, teria protestos do PT com sendo da praga neoliberal-integrista-chicaguiano.
O modelo da Dilma e de seus aspones deu errado. Pensaram que substituiriam o modelo Lula I e II, mas foi um fracasso e ainda se defendem no gogo. Precisam por algo no lugar e consertar o estrago.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
E o detalhe que MATA: o modelo do LULA, nada mais que um aperfeiçoamento com viés MAIS populista do montado pelo FFHH (que também tinha seu ladinho POP), foi exatamente o necessário para quando foi preciso, sendo suficientemente ortodoxo para botar o trem nos trilhos e mantê-lo assim. Não foi à toa que elegeria um "poste", se quisesse (o que dizem que aconteceu mesmo, já eu prefiro guardar minha opinião para mim mesmo).
O problema é o já descrito há mais de meio milênio por Maquiavel: as circunstâncias mudam e poucos são os Príncipes que conseguem se adaptar a elas na justa medida em que mudam. Me parece ser o presente caso.
O problema é o já descrito há mais de meio milênio por Maquiavel: as circunstâncias mudam e poucos são os Príncipes que conseguem se adaptar a elas na justa medida em que mudam. Me parece ser o presente caso.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
A verdade é que o Lula mesmo poderia ter feito mais, mas ao menos não cagou nas coisas como a Dilma fez. Dilma teve a chance de dar os "passos para a frente" que o País precisava. Pelo contrário, foi para trás.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Logico que é relevante, vc está tomando por base outras eleições de outros países e colocando como se fosse a solução "pior do que está não fica". Basta lembrar da vitória do mito Bush muquiada.Bourne escreveu:isso não é relevante, Na maioria dos países que o voto não é obrigatório menos de 1/4 vota e o eleito tende a receber apoio de uns 10-15% da população.
Sistema eleitoral tem que evoluir para atendar a necessidade da grande maioria não apenas as necessidades dos eleitores do candidato vencedor.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Começa a achar que o Belluzzo não nem intectual. Só tem garganta.
Nos últimos meses chora e culpa o mundo por ter sido excluído do governo. O discurso é mais o menos "o mundo, a mídia, os ortodoxos estão todos errado. Eu estou certo"
Só não explica por que entre 2011 e 2014 o modelo do belluzzo e seus discípulos não funcionou, mas aí tem a desculpa da grande crise externa.
Nos últimos meses chora e culpa o mundo por ter sido excluído do governo. O discurso é mais o menos "o mundo, a mídia, os ortodoxos estão todos errado. Eu estou certo"
Só não explica por que entre 2011 e 2014 o modelo do belluzzo e seus discípulos não funcionou, mas aí tem a desculpa da grande crise externa.
Nem tudo pode dar certo
Por Luiz Gonzaga Belluzzo
http://www.valor.com.br/imprimir/notici ... -dar-certo
Silvia Costanti/Valor
No período eleitoral, os mercados e seus porta-vozes levaram ao paroxismo as avaliações negativas sobre o desempenho da economia brasileira. O pessimismo dos senhores da racionalidade (não se sabe se da Razão Ocidental) deambulou entre o baixo crescimento da economia e a suposta adoção de uma nova e heterodoxa matriz macroeconômica.
Na avaliação dos porta-vozes do mercado, foram abandonadas a política de metas de inflação, o regime de taxa de câmbio flutuante e o compromisso com a geração de superávits primários compatíveis com a estabilização da dívida pública, calculada em termos brutos.
O ajuste fiscal é apresentado como o instrumento-chave do retorno à velha e boa matriz macroeconômica. O esforço de ajustamento fiscal será acompanhado de uma política monetária incisiva, o que levará o Banco Central a elevar com mais energia nas próximas reuniões do Copom a taxa Selic. A concomitância entre as duas metas - o resultado fiscal com metas progressivas de superávit primário e a busca do centro da meta de inflação - afrouxaria o mercado de trabalho e, assim, abriria espaço para a correção da taxa efetiva real de câmbio.
Qualquer modelo macroeconômico relevante deve analisar a estrutura de interações dos indivíduos
Aparentemente, os novos ministros apostam que não há conflito entre os instrumentos e os objetivos. A mídia em editoriais e quejandos clama pelo urgente "conserto" da economia, como se a tarefa se assemelhasse a uma oficina de reparações de máquinas conhecidas. No caso brasileiro, bastaria substituir a nova "rebimboca da parafuseta" por uma velha.
Tal projeção virtuosa está amparada nas várias versões e contravenções dos modelos ditos neo-neo-keynesianos que infestam, ou pelo menos infestaram até o colapso de 2008, os gabinetes de ministros e presidentes dos Bancos Centrais em todo o mundo. Esses modelos admitem a hipótese das "expectativas racionais". Simplificadamente, a hipótese advoga a ideia de que os agentes conhecem a estrutura da economia e sua trajetória provável. Os agentes racionais que povoam os mercados, usando a informação disponível sabem exatamente qual é a estrutura da economia e são capazes de calcular sua evolução provável.
Esses modelos, sobretudo os que se pretendem dinâmicos, não excluem flutuações da economia, mas atribuem o fenômeno aos chamados "ciclos reais" produzidos por mudanças nas preferências dos consumidores ou no progresso tecnológico. Para dirimir inconvenientes formais introduzidos pela presença nos mercados de uma diversidade de "indivíduos" com funções heterogêneas, os modelos Dinâmicos Estocásticos de Equilíbrio Geral resolveram o imbroglio com a introdução do "agente representativo". Uma espécie de demônio de Laplace ressucitado pelo toque de gênio dos macroeconomistas dos ciclos reais, das expectativas racionais e, last but not least, das políticas de metas de inflação.
A macroeconomia ensinada nas últimas décadas nas academias do mundo anglo-saxão não contemplava a existência de dinheiro, bancos ou mercados financeiros. Os mercados de crédito, de avaliação da riqueza e suas poderosas instituições - o sistema nervoso que comanda o capitalismo - são impedidos pela racionalidade dos "mercados eficientes" de desatar corridas para a liquidez e crises financeiras. Se não há dinheiro verdadeiro, não há demanda de liquidez.
Depois da crise de 2008/2009, os sábios apressaram-se em introduzir supostos ad hoc para contemplar as "fricções" engendradas pelas variáveis monetárias e financeiras. As torturas infligidas aos modelos para enfiar o dinheiro e o crédito foram de dar inveja a Guantânamo e terminaram em vexames lógicos e metodológicos.
Na realidade essa concepção da economia, digamos, "de mercado" é estática e o dinheiro entra na dança apenas como numerário, unidade de conta. A dinâmica da economia é movida pelas forças reais da abstinência e da poupança que, sem fricções, se transformam imediatamente em investimento. A trajetória apresenta suaves flutuações, mas a economia é sempre igual a ela mesma, ancorada nas expectativas racionais do agente representativo. Não há dinâmica no sentido de um movimento no tempo histórico. Assim, é possível postular uma parêmia inspirada em Woody Allen: "Se vamos fazer tudo certo, tudo vai dar certo"!
Desgraçadamente, nem mesmo a economia, com seus formidáveis e impressionantes modelos, pode suplantar a existência de indivíduos com funções heterogêneas. Proprietários e não proprietários dos meios de produção, bancos, empresas e consumidores, poupadores e empreendedores desempenham não só papéis diferentes, como estabelecem entre sí relações de determinação, controle e de poder. Essas decisões hierarquizadas são inerentes a uma Economia Empresarial ou Economia Monetária da Produção, como queria Keynes ao escapar dos grilhões da teoria clássica.
Há que concordar com o economista David Colander: "Qualquer modelo relevante em macroeconomia deve analisar não só as características dos indivíduos, mas também a estrutura de suas interações".
A historicidade imposta pelo tempo nos leva à consideração das decisões cruciais dos indivíduos que detêm o controle da riqueza. Respondendo às circunstâncias existentes, eles estão obrigados a enfrentar a incerteza para a projetar o futuro. Essas trajetórias condensam as decisões passadas dos agentes heterogêneos e, não raro, viram de ponta cabeça os resultados pretendidos. Nem tudo pode dar certo.
Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e escreve mensalmente às terças-feiras. Em 2001, foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX no Biographical Dictionary of Dissenting Economists.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Levy adverte em bate-papo no Facebook: 'não existe almoço grátis'
Mariana Schreiber
Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... levy_ms_ss
Em iniciativa inédita do Ministério da Fazenda, o novo titular da pasta, Joaquim Levy, respondeu nesta sexta-feira a perguntas de usuários do Facebook e mandou um aviso: não há almoço grátis.
Ao fazer referência à frase popularizada pelo economista americano Milton Friedman ("There is no free lunch"), o ministro procurou deixar claro que todo serviço público gratuito na verdade é bancado com dinheiro pago pelo contribuinte e que esses recursos não são infinitos.
O comentário foi em resposta a Marconi Soldate, que questionou se Levy se considerava um "chicago boy", em referência a sua passagem pela Universidade de Chicago, onde Friedman lecionava.
"Essa frase é importante para quem está no governo. Tudo que o governo “dá” é pago pelo contribuinte. Então, a gente tem que ter muito cuidado em como usa o dinheiro", disse Levy.
A conversa em tom informal no Facebook foi realizada no momento em que a Fazenda adota medidas impopulares como cortes de gastos em Educação e outras áreas e mudanças nas regras de pagamento de pensões.
Ao responder perguntas sobre contenção de despesas, aumento de tributos e inflação, Levy procurou convencer a população de que é preciso parcimônia com os recursos públicos.
Foram enviadas mais de 400 perguntas, muitas delas repetidas, numa clara ação coordenada de funcionários e concursados ainda não convocados do Banco Central e Receita Federal, que pressionaram pelo fortalecimento dos orgãos e a ampliação de seus quadros.
Bolsistas do Capes, por exemplo, disseram que os repasses estão atrasados e quiseram saber se isso já era reflexo dos cortes no orçamento.
Na cerca de uma hora que durou o "Face to Face", Levy ignorou esses questionamentos. "Parece que só respondeu as perguntas para as quais tinha respostas prontas", disse uma usuária que aguardava resposta sobre o Capes.
Entre as oito perguntas escolhidas, o ministro respondeu também a uma solidária com seus desafios. Reinaldo Demetrio Silva disse que "gostaria de saber o que o cidadão comum pode fazer para ajudar nesse momento de ajuste".
Levy respondeu que "cada cidadão ajuda o país trabalhando, fazendo tudo com o máximo de qualidade", pediu para que ele conversasse sobre isso com seus amigos e aproveitou para reforçar mais uma vez que o gasto público tem limite.
"Além disso é muito importante que a gente fortaleça a convicção de que o governo não pode gastar mais do que arrecada. Que se as despesas crescerem e a gente se endividar, ou ficar aumentando imposto, vai ser mais difícil a economia melhorar", destacou.
Jornalistas que cobrem o Ministério da Fazenda aproveitaram a oportunidade para questionar o ministro sobre o resultado da inflação de 2014, divulgado nesta manhã pelo IBGE. O IPCA ficou em 6,41%, bem próximo ao teto da meta, de 6,5%.
O ministro não atendeu aos jornalistas, mas respondeu Letícia Stéfane sobre o assunto. Ele alertou que a inflação deve subir no curto prazo, lembrando que alguns preços represados devem ser reajustados, numa referência indireta, por exemplo, ao custo da energia. Não perdeu a oportunidade, claro, de destacar mais uma vez que segurar os gastos do governo é importante para conter a inflação.
"Estamos consertando o telhado em dia de sol", brincou o ministro, ao dizer que os ajustes estão sendo feitos "bem antes de uma crise".
Nomes agradam e empresários mostram otimismo (Valor Econômico, 06-01-2015)
O discurso de posse do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e os nomes de sua nova equipe foram de modo geral bem recebidos por empresários e economistas. O economistachefe do banco Bradesco, Octavio de Barros, afirmou que 2015 será um ano difícil, mas demonstrou otimismo com o potencial da nova equipe econômica de construir a “plataforma” necessária ao desenvolvimento.
“O ano tem todos os ingredientes para ser difícil, mas pode terminar bem”, afirmou Barros, na solenidade de transferência do cargo de ministro da Fazenda para Joaquim Levy. “Acho que essa nova equipe econômica tem condições de fazer essa plataforma.” O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse acreditar que “até junho será um período muito difícil, mas necessário, com aumento de juros e do IPI”. Ele espera, porém, aumento da confiança e dos investimentos. O economista e professor da PUCRio José Marcio Camargo se mostra mais crítico. Considerou “sem novidades” os nomes indicados para a nova equipe. A surpresa maior, disse, foi a indicação de Marcelo Barbosa Saintive para o Tesouro. Camargo esperava para o cargo “um nome de mais peso” para o prometido ajuste fiscal duro. Camargo se disse “um tanto decepcionado” com o nível de generalidade do discurso do novo ministro, “sem muitas novidades do que será feito e de como será feito”.
Para José Luis Oreiro, professor da UFRJ, a nova equipe é constituída por nomes pouco conhecidos, ligados ao mercado financeiro e menos relacionados ao meio acadêmico. Em sua análise, esse perfil faz sentido, na medida em que Levy quer ter maior credibilidade na política fiscal. “Isso não é ruim. Pode ser uma boa estratégia se o objetivo maior for reconquistar a confiança do mercado”, disse. Presente à transmissão do cargo, o empresário Jorge Gerdau disse que a busca pela formação de superávit primário em 2015 tem de ser visto como um ajuste para a formação de poupança. Para ele, Levy tem de combinar o lado político do cargo com sua base técnica. O exdiretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo afirmou que o crescimento econômico em 2015 vai ficar próximo de zero. Mas, prevê, no segundo semestre deve haver um sinal de retomada.
O também exdiretor do BC Mário Mesquita considerou o discurso de Joaquim Levy “sereno e que passa confiança”. Para ele, a economia brasileira terá um desempenho melhor neste ano que em 2014. Samuel Pessôa, economista e professor da FGV, afirmou que o ajuste que será feito tem um caráter inédito, pois ocorrerá “antes de bater no muro” e sem “ser forçado pelo mundo”, como nos agravamentos das crises de 1998/1999 e 2002/2003. A empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, afirmou que emprego e renda são conquistas do país e o ajuste prometido pelo governo não vai afetar esses parâmetros, que é o que preocupa o setor de varejo. O discurso de posse de Levy foi considerado “equilibrado” e bastante adequado pela economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. Para ela, o ministro preferiu não adotar uma postura excessivamente fiscalista.
“Estou confiante no ministro”, disse o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal. Murilo Portugal, presidente da Febraban, elogiou o fato de o discurso de Levy focar o equilíbrio fiscal e a impessoalidade no trato das questões públicas. Portugal disse que está otimista em relação ao futuro da economia do Brasil. Já o expresidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que a confiança do investidor está baixa, mas “vai reagir conforme as decisões estejam sendo tomadas”.
https://jlcoreiro.wordpress.com/2015/01 ... 6-01-2015/
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Acabo de descobrir que a meta de inflação é 6,5% e não os 4,5% definidos oficialmente pelo BC.
Segundo a página oficial da Dona Dilma no facebook
Depois, na reportagem do estadão, diz que ficou abaixo do centro da meta, sem distorções na informação. Bem explicado até demais.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o
link:http://economia.estadao.com.br/noticias ... 97??!!dwdd
A meta é 4,5 para focar no 4,5 com margem de tolerância de 2 para cima ou baixo. A margem é alta. Se muito deveria estar em 1 ou 0,5.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Para economista, o novo ministro da Fazenda é um adepto da teoria ortodoxa que entende as novas necessidades do Brasil
Alexa Salomão
10 Janeiro 2015 | 22h 00
Luiz Carlos Mendonça de Barros está otimista com o que chama de “ruptura”. Primeiro porque, na sua avaliação, a presidente Dilma mudou. Não só abandonou o grupo formado por egressos da Unicamp, a Universidade Estadual de Campinas, como foi buscar para o Ministério da Fazenda Joaquim Levy, que fez doutorado na americana Universidade de Chicago, conhecida por suas tendências liberais.
“Ela fez uma opção radical”, diz. “Para Unicamp, Chicago é o diabo”, diz. Sua segunda boa surpresa é a habilidade de Levy de fazer um equilíbrio entre a teoria econômica ortodoxa e as necessidades do novo Brasil. “Levy tem o fundamental da teoria adaptado à situação política que está aí – algo que o PSDB não entende”. Abaixo trechos da entrevista que concedeu ao Estado.
Muitos analistas ainda não acreditam que ele conseguirá fazer o ajuste que propôs. É pessimismo ou realismo?
É burrice. Você me desculpe, mas ao 72 anos eu gosto de usar as palavras corretas. Isso sempre acontece. Gente que trabalha no mercado financeiro tem uma visão muito fechada do mundo. Fechada nele. Na grande maioria do tempo, tudo bem. Mas tem certos momentos em que a política e a sociedade entram no processo, e passamos a ter toda uma lógica diferente daquela seguida no dia a dia do mercado financeiro. Acho que estamos vivendo um momento desses. Para entender o que está acontecendo, precisa ter uma visão um pouco mais ampla da questão econômica. Por exemplo: eu não tenho dúvida de que a presidente Dilma fez uma opção radical. Eu, que penso ser um analista da economia, pela minha idade, pela minha experiência, mais cínico do que a média dos analistas, venho olhando de uma forma diferente a nomeação do Levy.
Diferente como?
A presidente Dilma é uma mulher que tem uma certa capacidade intelectual. Ela pode ter alguns defeitos de personalidade, mas burra não é. Ninguém chega a ser presidente da República se não tem um mínimo de capacidade analítica, de compreensão do Brasil. Eu parto desse pressuposto. Ela percebeu que ter seguido a política econômica do PT, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, considerada centro de estudos do socialdesenvolvimentismo), nos primeiros quatro anos de mandato quase lhe custou a reeleição.
O senhor diz que ela adotou a política econômica do PSDB, a qual se opôs durante a campanha?
É aí que vem o meu cinismo. Eu aprendi uma coisa com Sérgio Motta (falecido exministro das Comunicações), no tempo em que trabalhamos juntos no governo de Fernando Henrique. A política tem um código de ética diferente. Na política é permitido mentir e enganar. Todo mundo faz isso. Evidente que há certos limites. Mas Sérgio dizia: não há um linha ética na política, há uma faixa ética. Aquilo que para nós, cidadãos comuns, ou é ético ou não é ético – não tem outra opção –, na política é diferente. Por isso, o que me interessa não é o que ela falou na campanha, mas a decisão agora. E é uma decisão corajosa. O que ela diz? 'Eu rompi com esse pessoal que trabalhou comigo no primeiro mandato e por uma razão simples: eu acreditava nisso, mas os resultados são tão óbvios que no segundo mandato eu mudei.' Ela tirou todo mundo. Ela, de certa forma, cuspiu no prato que comeu nos últimos quatro anos. Não deve ter sido fácil. Ela fez doutorado na Unicamp. Tem grandes amigos da Unicamp. O chefe da Casa Civil dela é um exprofessor de lá. Não deve ter sido fácil descartar, de uma maneira tão clara, a influência dela. E trouxe – eu dei aula seis anos na Unicamp, sei o que estou falando –, diretamente do inferno, um representante do diabo, que é o Levy. Para a Unicamp, o diabo é Chicago (Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, considerada centro de estudo da teoria econômica liberal). E ela foi buscar um cara de Chicago. Mas ele é um diabo mais inteligente do que outros. Sabe que saiu do inferno, segundo a Unicamp, e foi para a Fazenda, onde vai lidar com aspectos mais controversos, tipo opinião pública, Congresso.
O senhor está otimista, então.
Estou otimista pela busca da solução. Não é otimismo do tipo: vai dar tudo certo. É o otimismo porque houve uma ruptura. Da mesma forma que o Lula fez uma ruptura com o discurso dele e do PT, quando tomou posse, ela fez agora. Como Levy veio do inferno, tem muito mais legitimidade perante os outros diabos de ser um pouco desenvolvimentista. Eu tenho nove netos. Estou olhando para o Brasil deles, daqui a 10, 15 anos. Para esse Brasil, a decisão dela foi absolutamente correta. Se tentasse replicar no segundo mandato as políticas do primeiro, realmente, a gente perderia o grau de investimento e voltaria no tempo.
Não há mais risco de perda do grau de investimento?
Como o Levy, certamente não. Essas agências de risco são sediadas no inferno. Você acha que esses diabinhos vão tirar o grau de investimento desse diabão que está agora no Ministério da Fazenda? Não vão. Da mesma forma que Lula acertou em pegar um deputado do PSDB, presidente de banco internacional (Henrique Meirelles, expresidente
do Banco Central) – o que naquele momento foi um ato de sabedoria. Calou a boca de todo mundo e quem não calou perdeu muito dinheiro. Ela fez isso agora. Pergunta: é certeza que vai dar certo? Não sei. Mas manter a política do primeiro mandato seria um desastre.
A divergência entre governo e Nelson Barbosa em relação ao salário mínimo foi um sinal ruim?
O Nelson Barbosa (ministro do Planejamento) não deveria ter falado nada. É o tipo de coisa que acontece com quem ainda não está preparado para o cargo que ocupa. Ele vai aprender. Mas não tinha de ter dito nada. O Levy não escorregou. É aí que vem a parte mais interessante da atual mudança. Se você olhar o discurso do Levy, vai ver que ele é muito interessante, porque não é o discurso do Malan (Pedro Malan, exministro da Fazenda). Levy acomoda a parte social, a parte do crescimento, dentro de arcabouço ortodoxo. E por que não é o Malan? Porque Malan diria que precisa fazer isso e aquilo porque a teoria econômica me manda. Isso deu um monte de problemas na época do Fernando Henrique. Tinha horas que exageravam na busca da ortodoxia, sabendo que a política não permitiria que tudo fosse feito. A gente sempre falava: o ministro da Fazenda precisa buscar o que se chama de ‘second best’, o segundo melhor. O Levy entendeu. Tem o fundamental da teoria econômica adaptado à situação política que está aí. Tem uma parte do discurso dele que é muito importante e que o PSDB não consegue fazer.
Qual parte?
O trecho em que ele reconhece o crescimento da classe média. Talvez uma das coisas mais importantes que aconteceu no Brasil nos últimos 12 anos – 8 anos do Lula, mais 4 dela – foi o aparecimento dessa classe média nova. Pegue as faixas de renda do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divida em dois grupos. Coloque ABC de um lado, DE de outro. Por que é importante fazer essa divisão? Porque ABC vive no mundo formal da economia e DE, no informal – não tem carteira, vive de bico. Em 2003, um terço era ABC. Dois terços, DE. No fim do primeiro governo Dilma, 70% são ABC, 30% DE.
Essa classe média é um legado do governo do PT, então?
Não tenho dúvida. Não tenho dúvida porque essa é a realidade. Se você perguntar para o sujeito que passou de uma classe para outra ele vai dizer que foi durante o governo de Lula ou de Dilma. Nós sabemos que isso é um fato que precisa ser explicado. Por que isso aconteceu? Porque houve o Plano Real, as reformas, a ajuda da China. Só que no âmbito da política e da comunicação social, você não tem tempo de explicar isso. As coisas são mais simples. Certo? O PSDB tem uma dificuldade imensa de aceitar isso. Levy aceitou. Está escrito no programa. Ele colocou de forma muito inteligente. Disse que “agora temos de preservar esta mudança de classe que ocorre”. E esse pessoal que mudou de classe só melhora se o País crescer. É uma lógica para a frente. Não é uma lógica para trás. Essa parte do discurso do Levy – e nem sei se ele percebeu isso – legitima a mudança na política econômica.
Quando Levy diz que vai tirar o foco do consumo e fomentar a poupança, não vai castigar um pouco essa nova classe média?
Se for isso, está errado. O brasileiro poupa pouco porque é brasileiro. O indivíduo. É por isso que o Estado brasileiro deve poupar. É só olhar o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. O consumo das famílias é dois terços do PIB. Isto é uma marca indelével da sociedade. Não dá para achar que o brasileiro vai convergir para uma poupança tipo chinesa, de 40%. Só mudando o povo. Mas você não muda o povo. É por isso que a política econômica no Brasil precisa ser feita no pressuposto de que a sociedade poupa pouco e consome muito. Como isso é verdade, não posso transformar o governo em consumidor – o que ela fez nos primeiros quatro anos. É preciso recompor a poupança pública e ganhar a confiança do exterior, porque precisamos da poupança externa para complementar a poupança aqui dentro, investir e crescer. É essa lógica que a Unicamp nunca teve. Queria que o Brasil crescesse pelo aumento do consumo e, portanto, o governo deveria aumentar o seu gasto. Isso é uma leitura absolutamente equivocada do ponto de vista macroeconômico. Mas isso agora ficou para trás.
Avaliando essas mudanças que o sr. está mencionando, qual é o cenário daqui para a frente?
Depois de um longo período de crescimento, o desemprego é 4,6%. Temos pressões horríveis no mercado de trabalho. Os sindicatos, cumprindo a função deles, aproveitaram para impor reajustes e ganhos sociais que acabaram pressionando o custo das empresas e criando na indústria uma situação dramática. O que ela vai ter de fazer – e a nova política já está fazendo: flexibilizar o mercado de trabalho. Em outras palavras, gerar algum desemprego. Isso já está ocorrendo no setor automobilístico. Os sindicatos vão perder força e negociar coisas mais razoáveis. Ao fazer isso, também tira a pressão do consumo, o que afeta a inflação, principalmente nos segmentos como serviços, onde há uma inflação de demanda. Também haverá um ajuste na conta corrente. O Brasil chegou a ter superávit de 3% na conta corrente no governo Lula. Hoje tem 4% de déficit, na fronteira do risco. Essa política vai trazer a conta corrente num nível mais adequado, que é 2,5%. Mas para fazer isso, economia não vai crescer por dois anos. Mas não pode desandar o angu: apertar demais e provocar uma queda acima da suportada no consumo. Bom senso será importante.
http://economia.estadao.com.br/noticias ... te,1618142
Alexa Salomão
10 Janeiro 2015 | 22h 00
Luiz Carlos Mendonça de Barros está otimista com o que chama de “ruptura”. Primeiro porque, na sua avaliação, a presidente Dilma mudou. Não só abandonou o grupo formado por egressos da Unicamp, a Universidade Estadual de Campinas, como foi buscar para o Ministério da Fazenda Joaquim Levy, que fez doutorado na americana Universidade de Chicago, conhecida por suas tendências liberais.
“Ela fez uma opção radical”, diz. “Para Unicamp, Chicago é o diabo”, diz. Sua segunda boa surpresa é a habilidade de Levy de fazer um equilíbrio entre a teoria econômica ortodoxa e as necessidades do novo Brasil. “Levy tem o fundamental da teoria adaptado à situação política que está aí – algo que o PSDB não entende”. Abaixo trechos da entrevista que concedeu ao Estado.
Muitos analistas ainda não acreditam que ele conseguirá fazer o ajuste que propôs. É pessimismo ou realismo?
É burrice. Você me desculpe, mas ao 72 anos eu gosto de usar as palavras corretas. Isso sempre acontece. Gente que trabalha no mercado financeiro tem uma visão muito fechada do mundo. Fechada nele. Na grande maioria do tempo, tudo bem. Mas tem certos momentos em que a política e a sociedade entram no processo, e passamos a ter toda uma lógica diferente daquela seguida no dia a dia do mercado financeiro. Acho que estamos vivendo um momento desses. Para entender o que está acontecendo, precisa ter uma visão um pouco mais ampla da questão econômica. Por exemplo: eu não tenho dúvida de que a presidente Dilma fez uma opção radical. Eu, que penso ser um analista da economia, pela minha idade, pela minha experiência, mais cínico do que a média dos analistas, venho olhando de uma forma diferente a nomeação do Levy.
Diferente como?
A presidente Dilma é uma mulher que tem uma certa capacidade intelectual. Ela pode ter alguns defeitos de personalidade, mas burra não é. Ninguém chega a ser presidente da República se não tem um mínimo de capacidade analítica, de compreensão do Brasil. Eu parto desse pressuposto. Ela percebeu que ter seguido a política econômica do PT, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, considerada centro de estudos do socialdesenvolvimentismo), nos primeiros quatro anos de mandato quase lhe custou a reeleição.
O senhor diz que ela adotou a política econômica do PSDB, a qual se opôs durante a campanha?
É aí que vem o meu cinismo. Eu aprendi uma coisa com Sérgio Motta (falecido exministro das Comunicações), no tempo em que trabalhamos juntos no governo de Fernando Henrique. A política tem um código de ética diferente. Na política é permitido mentir e enganar. Todo mundo faz isso. Evidente que há certos limites. Mas Sérgio dizia: não há um linha ética na política, há uma faixa ética. Aquilo que para nós, cidadãos comuns, ou é ético ou não é ético – não tem outra opção –, na política é diferente. Por isso, o que me interessa não é o que ela falou na campanha, mas a decisão agora. E é uma decisão corajosa. O que ela diz? 'Eu rompi com esse pessoal que trabalhou comigo no primeiro mandato e por uma razão simples: eu acreditava nisso, mas os resultados são tão óbvios que no segundo mandato eu mudei.' Ela tirou todo mundo. Ela, de certa forma, cuspiu no prato que comeu nos últimos quatro anos. Não deve ter sido fácil. Ela fez doutorado na Unicamp. Tem grandes amigos da Unicamp. O chefe da Casa Civil dela é um exprofessor de lá. Não deve ter sido fácil descartar, de uma maneira tão clara, a influência dela. E trouxe – eu dei aula seis anos na Unicamp, sei o que estou falando –, diretamente do inferno, um representante do diabo, que é o Levy. Para a Unicamp, o diabo é Chicago (Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, considerada centro de estudo da teoria econômica liberal). E ela foi buscar um cara de Chicago. Mas ele é um diabo mais inteligente do que outros. Sabe que saiu do inferno, segundo a Unicamp, e foi para a Fazenda, onde vai lidar com aspectos mais controversos, tipo opinião pública, Congresso.
O senhor está otimista, então.
Estou otimista pela busca da solução. Não é otimismo do tipo: vai dar tudo certo. É o otimismo porque houve uma ruptura. Da mesma forma que o Lula fez uma ruptura com o discurso dele e do PT, quando tomou posse, ela fez agora. Como Levy veio do inferno, tem muito mais legitimidade perante os outros diabos de ser um pouco desenvolvimentista. Eu tenho nove netos. Estou olhando para o Brasil deles, daqui a 10, 15 anos. Para esse Brasil, a decisão dela foi absolutamente correta. Se tentasse replicar no segundo mandato as políticas do primeiro, realmente, a gente perderia o grau de investimento e voltaria no tempo.
Não há mais risco de perda do grau de investimento?
Como o Levy, certamente não. Essas agências de risco são sediadas no inferno. Você acha que esses diabinhos vão tirar o grau de investimento desse diabão que está agora no Ministério da Fazenda? Não vão. Da mesma forma que Lula acertou em pegar um deputado do PSDB, presidente de banco internacional (Henrique Meirelles, expresidente
do Banco Central) – o que naquele momento foi um ato de sabedoria. Calou a boca de todo mundo e quem não calou perdeu muito dinheiro. Ela fez isso agora. Pergunta: é certeza que vai dar certo? Não sei. Mas manter a política do primeiro mandato seria um desastre.
A divergência entre governo e Nelson Barbosa em relação ao salário mínimo foi um sinal ruim?
O Nelson Barbosa (ministro do Planejamento) não deveria ter falado nada. É o tipo de coisa que acontece com quem ainda não está preparado para o cargo que ocupa. Ele vai aprender. Mas não tinha de ter dito nada. O Levy não escorregou. É aí que vem a parte mais interessante da atual mudança. Se você olhar o discurso do Levy, vai ver que ele é muito interessante, porque não é o discurso do Malan (Pedro Malan, exministro da Fazenda). Levy acomoda a parte social, a parte do crescimento, dentro de arcabouço ortodoxo. E por que não é o Malan? Porque Malan diria que precisa fazer isso e aquilo porque a teoria econômica me manda. Isso deu um monte de problemas na época do Fernando Henrique. Tinha horas que exageravam na busca da ortodoxia, sabendo que a política não permitiria que tudo fosse feito. A gente sempre falava: o ministro da Fazenda precisa buscar o que se chama de ‘second best’, o segundo melhor. O Levy entendeu. Tem o fundamental da teoria econômica adaptado à situação política que está aí. Tem uma parte do discurso dele que é muito importante e que o PSDB não consegue fazer.
Qual parte?
O trecho em que ele reconhece o crescimento da classe média. Talvez uma das coisas mais importantes que aconteceu no Brasil nos últimos 12 anos – 8 anos do Lula, mais 4 dela – foi o aparecimento dessa classe média nova. Pegue as faixas de renda do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divida em dois grupos. Coloque ABC de um lado, DE de outro. Por que é importante fazer essa divisão? Porque ABC vive no mundo formal da economia e DE, no informal – não tem carteira, vive de bico. Em 2003, um terço era ABC. Dois terços, DE. No fim do primeiro governo Dilma, 70% são ABC, 30% DE.
Essa classe média é um legado do governo do PT, então?
Não tenho dúvida. Não tenho dúvida porque essa é a realidade. Se você perguntar para o sujeito que passou de uma classe para outra ele vai dizer que foi durante o governo de Lula ou de Dilma. Nós sabemos que isso é um fato que precisa ser explicado. Por que isso aconteceu? Porque houve o Plano Real, as reformas, a ajuda da China. Só que no âmbito da política e da comunicação social, você não tem tempo de explicar isso. As coisas são mais simples. Certo? O PSDB tem uma dificuldade imensa de aceitar isso. Levy aceitou. Está escrito no programa. Ele colocou de forma muito inteligente. Disse que “agora temos de preservar esta mudança de classe que ocorre”. E esse pessoal que mudou de classe só melhora se o País crescer. É uma lógica para a frente. Não é uma lógica para trás. Essa parte do discurso do Levy – e nem sei se ele percebeu isso – legitima a mudança na política econômica.
Quando Levy diz que vai tirar o foco do consumo e fomentar a poupança, não vai castigar um pouco essa nova classe média?
Se for isso, está errado. O brasileiro poupa pouco porque é brasileiro. O indivíduo. É por isso que o Estado brasileiro deve poupar. É só olhar o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. O consumo das famílias é dois terços do PIB. Isto é uma marca indelével da sociedade. Não dá para achar que o brasileiro vai convergir para uma poupança tipo chinesa, de 40%. Só mudando o povo. Mas você não muda o povo. É por isso que a política econômica no Brasil precisa ser feita no pressuposto de que a sociedade poupa pouco e consome muito. Como isso é verdade, não posso transformar o governo em consumidor – o que ela fez nos primeiros quatro anos. É preciso recompor a poupança pública e ganhar a confiança do exterior, porque precisamos da poupança externa para complementar a poupança aqui dentro, investir e crescer. É essa lógica que a Unicamp nunca teve. Queria que o Brasil crescesse pelo aumento do consumo e, portanto, o governo deveria aumentar o seu gasto. Isso é uma leitura absolutamente equivocada do ponto de vista macroeconômico. Mas isso agora ficou para trás.
Avaliando essas mudanças que o sr. está mencionando, qual é o cenário daqui para a frente?
Depois de um longo período de crescimento, o desemprego é 4,6%. Temos pressões horríveis no mercado de trabalho. Os sindicatos, cumprindo a função deles, aproveitaram para impor reajustes e ganhos sociais que acabaram pressionando o custo das empresas e criando na indústria uma situação dramática. O que ela vai ter de fazer – e a nova política já está fazendo: flexibilizar o mercado de trabalho. Em outras palavras, gerar algum desemprego. Isso já está ocorrendo no setor automobilístico. Os sindicatos vão perder força e negociar coisas mais razoáveis. Ao fazer isso, também tira a pressão do consumo, o que afeta a inflação, principalmente nos segmentos como serviços, onde há uma inflação de demanda. Também haverá um ajuste na conta corrente. O Brasil chegou a ter superávit de 3% na conta corrente no governo Lula. Hoje tem 4% de déficit, na fronteira do risco. Essa política vai trazer a conta corrente num nível mais adequado, que é 2,5%. Mas para fazer isso, economia não vai crescer por dois anos. Mas não pode desandar o angu: apertar demais e provocar uma queda acima da suportada no consumo. Bom senso será importante.
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Só figo que o ponto central da política fiscal é a credibilidade da política que inclui transparência e responsabilidade. E não pedalar para bombar os resultados e cumprir a numerologia. Isso estoura lá na frente para hora de refinanciar nos custos e prazos, com efeitos em cadeia na inflação, situação externa e blabla.
BRASÍLIA A nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff deve enfrentar em breve um desafio inesperado. Uma investigação do
Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu, por meio de documentos sigilosos obtidos com ministérios e bancos públicos, que o Tesouro
Nacional realmente atrasou o repasse de recursos federais para os bancos como forma a melhorar artificialmente o resultado das contas
públicas.
Chamados de “pedaladas fiscais”, esses atrasos ocorreram em despesas sociais, trabalhistas e previdenciárias, como Bolsa Família,
segurodesemprego, abono salarial e aposentadorias públicas. Como resultado da investigação, o TCU quer convocar 14 autoridades do
governo, entre ministros e exministros, presidentes de bancos públicos e secretários de Estado.
No relatório, o TCU é conclusivo: "Documentos obtidos pela equipe de auditoria junto à Caixa, ao Ministério do Trabalho e ao Ministério
do Desenvolvimento Social comprovam que, ao longo dos exercícios financeiros de 2013 a 2014, recursos próprios da Caixa foram usados
para pagamento de dispêndios de responsabilidade da União no âmbito dos programas Bolsa Família, segurodesemprego e abono
salarial".
A Caixa precisou pagar do próprio bolso porque não recebia em dia o dinheiro do Tesouro, que segurava o repasse de forma a registrar
despesas públicas menores. Essa operação, revelada em agosto pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, é proibida
pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A Caixa buscou a AdvocaciaGeral da União (AGU) para discutir a legalidade dessas operações,
temendo punições.
O tribunal ainda comprovou, com base em documentos encaminhados pelo Instituto Nacional de Seguro Social, que entre fevereiro e
maio do ano passado, o Tesouro, “deixou de repassar os recursos solicitados pelo INSS para o pagamento de benefícios previdenciários”.
O relatório final de 81 páginas, obtido pelo Estado, ainda não foi divulgado. Elaborado pelos técnicos da Secretaria de Controle Externo
da Fazenda, foi encaminhado ao relator, ministro José Múcio, a quem cabe escrever o voto a ser levado ao plenário do tribunal. Os
ministros do TCU podem ou não seguir o entendimento da área técnica. A reportagem apurou que o TCU já sofre pressão do governo por
causa do envolvimento de autoridades de alto calibre.
Caso dos R$ 4 bilhões. Além do Tesouro, dos Ministérios do Trabalho e do Desenvolvimento Social, da Caixa e do INSS, o TCU também
investigou o Banco Central: o alvo foi o “caso dos R$ 4 bilhões”, revelado pelo Broadcast em julho. Esse volume foi encontrado pelo BC
na “subconta” de um banco privado nacional em maio. Por configurar um crédito a favor do Tesouro, foi incorporado às estatísticas
fiscais, melhorando as contas públicas naquele mês.
O TCU aponta em seu relatório que os R$ 4 bilhões referiamse a despesas do INSS, geradas pelo Tesouro em todas as instituições
financeiras que pagam aposentadorias públicas. O nome do banco não foi informado.
Convocação. No trecho mais sensível do relatório, o TCU convoca 14 autoridades do governo Dilma para que apresentem “razões de
justificativa” pelos atos listados na investigação. Entre elas, o exministro da Fazenda Guido Mantega; o exsecretário do Tesouro Arno
Augustin; o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa; o ministro Manoel Dias (Trabalho); os presidentes da Caixa, Jorge Hereda,
e do BNDES, Luciano Coutinho. A convocação já é uma indicação de responsabilidade.
http://economia.estadao.com.br/noticias ... s,1618132#
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Mude o nome do país para Brasil que o problema é semelhante. Não existe a relação tão simples entre aumento de gastos e crescimento.
A questão é a qualidade dos gastos que se espera que seja em infraestrutura, educação e blabla todo, não gastos para manter a máquina e manter a taxa de lucratividade de meia dúzia com subsídios que elas não precisam.
A questão é a qualidade dos gastos que se espera que seja em infraestrutura, educação e blabla todo, não gastos para manter a máquina e manter a taxa de lucratividade de meia dúzia com subsídios que elas não precisam.
JAN 5, 2015
Paul Krugman and the Obama Recovery
NEW YORK – For several years, and often several times a month, the Nobel laureate economist and New York Times columnist and blogger Paul Krugman has delivered one main message to his loyal readers: deficit-cutting “austerians” (as he calls advocates of fiscal austerity) are deluded. Fiscal retrenchment amid weak private demand would lead to chronically high unemployment. Indeed, deficit cuts would court a reprise of 1937, when Franklin D. Roosevelt prematurely reduced the New Deal stimulus and thereby threw the United States back into recession.
Well, Congress and the White House did indeed play the austerian card from mid-2011 onward. The federal budget deficit has declined from 8.4% of GDP in 2011 to a predicted 2.9% of GDP for all of 2014. And, according to the International Monetary Fund, the structural deficit (sometimes called the “full-employment deficit”), a measure of fiscal stimulus, has fallen from 7.8% of potential GDP to 4% of potential GDP from 2011 to 2014.
Krugman has vigorously protested that deficit reduction has prolonged and even intensified what he repeatedly calls a “depression” (or sometimes a “low-grade depression”). Only fools like the United Kingdom’s leaders (who reminded him of the Three Stooges) could believe otherwise.
Yet, rather than a new recession, or an ongoing depression, the US unemployment rate has fallen from 8.6% in November 2011 to 5.8% in November 2014. Real economic growth in 2011 stood at 1.6%, and the IMF expects it to be 2.2% for 2014 as a whole. GDP in the third quarter of 2014 grew at a vigorous 5% annual rate, suggesting that aggregate growth for all of 2015 will be above 3%.
So much for Krugman’s predictions. Not one of his New York Times commentaries in the first half of 2013, when “austerian” deficit cutting was taking effect, forecast a major reduction in unemployment or that economic growth would recover to brisk rates. On the contrary, “the disastrous turn toward austerity has destroyed millions of jobs and ruined many lives,” he argued, with the US Congress exposing Americans to “the imminent threat of severe economic damage from short-term spending cuts.” As a result, “Full recovery still looks a very long way off,” he warned. “And I’m beginning to worry that it may never happen.”
I raise all of this because Krugman took a victory lap in his end-of-2014 column on “The Obama Recovery.” The recovery, according to Krugman, has come not despite the austerity he railed against for years, but because we “seem to have stopped tightening the screws: Public spending isn’t surging, but at least it has stopped falling. And the economy is doing much better as a result.”
That is an incredible claim. The budget deficit has been brought down sharply, and unemployment has declined. Yet Krugman now says that everything has turned out just as he predicted.
In fact, Krugman has been conflating two distinct ideas as if both were components of “progressive” thinking. On one hand, he has been the “conscience of a liberal,” rightly focusing on how government can combat poverty, poor health, environmental degradation, rising inequality, and other social ills. I admire that side of Krugman’s writing, and, as I wrote in my book The Price of Civilization, I agree with him.
On the other hand, Krugman has inexplicably taken up the mantle of crude aggregate-demand management, making it seem that favoring large budget deficits in recent years is also part of progressive economics. (Krugman’s position is sometimes called Keynesianism, but John Maynard Keynes knew much better than Krugman that we should not depend on mechanistic “demand multipliers” to set the unemployment rate.) Deficits were not increased enough in 2009 to escape from high unemployment, he insisted, and were falling dangerously fast after 2010.
Obviously, recent trends – a significant decline in the unemployment rate and a reasonably high and accelerating rate of economic growth – cast doubt on Krugman’s macroeconomic diagnosis (though not on his progressive politics). And the same trends have been apparent in the United Kingdom, where Prime Minister David Cameron’s government has cut the structural budget deficit from 8.4% of potential GDP in 2010 to 4.1% in 2014, while the unemployment rate has fallen from 7.9% when Cameron took office to 6%, according to the most recent data for the fall of 2014.
To be clear, I believe that we do need more government spending as a share of GDP – for education, infrastructure, low-carbon energy, research and development, and family benefits for low-income families. But we should pay for this through higher taxes on high incomes and high net worth, a carbon tax, and future tolls collected on new infrastructure. We need the liberal conscience, but without the chronic budget deficits.
There is nothing progressive about large budget deficits and a rising debt-to-GDP ratio. After all, large deficits have no reliable effect on reducing unemployment, and deficit reduction can be consistent with falling unemployment.
Krugman is a great economic theorist – and a great polemicist. But he should replace his polemical hat with his analytical one and reflect more deeply on recent experience: deficit-cutting accompanied by recovery, job creation, and lower unemployment. This should be an occasion for him to rethink his long-standing macroeconomic mantra, rather than claiming vindication for ideas that recent trends seem to contradict.
Jeffrey D. Sachs
Jeffrey D. Sachs, Professor of Sustainable Development, Professor of Health Policy and Management, and Director of the Earth Institute at Columbia University, is also Special Adviser to the United Nations Secretary-General on the Millennium Development Goals. His books include The End of Poverty and Common Wealth.
Read more at http://www.project-syndicate.org/commen ... BZY8Iwp.99
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
É jogar dinheiro fora, apoiar quem não precisa e de modo errado. Ou seja, fortalece o oligopólio com empresas estrangeiras e não chuta o traseiro delas para se integrarem com si mesmas no mercado global. O Brasil é importante demais para ser simplesmente abandonado.
Os fundos deveriam ir para empresas nacionais pequenas e médias, de setores potenciais interessantes ou jogar em infraestrutura.
edit
Um segredo da contabilidade criativa da inovação é permitir por na conta a importação de tecnologia como inovação, ainda fazer isso com dinheiro subsidiado do BNDES. O equipamento e know-how de produção mais que conhecido no exterior e pela matriz aparece como no Brasil como investimento em P&D. E nos dados aparece como mega investidores em inovação.
Os fundos deveriam ir para empresas nacionais pequenas e médias, de setores potenciais interessantes ou jogar em infraestrutura.
----BNDES dará ênfase a financiamentos que apostem em inovação automotiva
12 janeiro 2015 / 2 Comentários
http://www.autossegredos.com.br/2015/01 ... utomotiva/
O fim da expansão do setor automobilístico, que vem ocorrendo nos últimos meses, motivará o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a dar ênfase aos financiamentos para as montadoras que apostem em projetos de reengenharia, inovação e criação de modelos, disse o chefe do Departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES, Haroldo Prates, em entrevista à Agência Brasil.
No entanto, ele ponderou que os investimentos para implantação de fábricas e ampliação da capacidade produtiva continuarão ocorrendo. Segundo Prates, os pedidos de empréstimo das montadoras para renovação da frota de veículos ocorrem com ou sem cenário de crise. “Se a empresa não modernizar o veículo que está vendendo, o consumidor vai comprar do concorrente”. Esse tipo de investimento e de financiamento do banco é algo mais perene. Não há relação direta com a demanda, mas mostra grande correlação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e serviços fabricados no país.
Segundo ele, o incentivo a novos projetos não é novidade, já que fazia parte da programação tradicional de financiamentos do banco. “De três em três anos, normalmente, a montadora troca o modelo. Esses projetos as empresas trabalham usualmente conosco na linha de financiamento”, disse.
Nos últimos anos, o BNDES deu destaque aos financiamentos de projetos que apresentavam a maior demanda do mercado, que eram as ampliações do parque de produção das montadoras e a aprovação de novas plantas automobilísticas. As aprovações de financiamentos do BNDES para o setor automotivo somaram R$ 3 bilhões em 2014, até novembro. O valor inclui projetos de ampliações, desenvolvimento de novos produtos e exportação. Desde 2008, empréstimos do banco para o setor somam R$ 45,6 bilhões.
Prates observou que o setor automotivo brasileiro passou nos últimos dez anos por grande crescimento. Em 2013, o país foi o quarto mercado mundial de automóveis, caindo no ano passado para a quinta posição. “Por conta do grande crescimento do Brasil, várias montadoras entraram com pedidos de expansão, alguns financiados pelo BNDES. Houve um ciclo de expansão de capacidade grande no Brasil”.
O gerente do departamento de Indústria Metalmecânica e Mobilidade do BNDES Bernardo Hauch lembrou que muitos investimentos feitos ao longo dos últimos quatro ou cinco anos visaram à construção de novas fábricas. “A gente percebeu que, mesmo com a queda recente [das vendas], nenhum desses investimentos foi paralisado ou descontinuado em função dessa queda de demanda. Na minha visão, é uma aposta no longo prazo”.
Os investimentos projetados para o setor automotivo entre 2015 e 2018 alcançam R$ 59 bilhões, mostrando estabilidade em relação aos R$ 58 bilhões projetados entre 2010 e 2013. “Não tem quedas substanciais no investimento”, comentou Hauch.
O BNDES considera os investimentos em reengenharia automotiva prioritários dentro da linha de inovação. Em termos de desembolsos, os investimentos do plano de engenharia são os mais relevantes apoiados historicamente pelo banco. Comparando o setor automotivo com outros setores da economia, observa-se que ele tem um perfil grande de inovação. “Em relação à receita, as empresas investem em pesquisa muito mais do que outros setores da economia”, disse Prates.
Bernardo Hauch completou que a indústria automotiva contribui para o investimento em inovação no país. Levantamento do BNDES apurou que o setor investiu cerca de um quarto do que toda a indústria investiu em inovação nos últimos anos. Hauch observou também que o perfil das empresas se alterou, com expansão do quadro de engenheiros acima do que havia nos últimos cinco anos. A quantidade relativa de engenheiros nos quadros das montadoras subiu de 3%, em 2008, para 4,3%, em 2012, com aumento de 53%, revela o estudo do BNDES. “Mostra uma mudança de perfil”. Com isso, muitas montadoras têm condições de projetar carros globais, com tecnologia nacional, reduzindo a dependência externa.
Haroldo Prates disse que isso fortalece também a cadeia de fornecedores nacional. “Em vez de trazer um modelo importado, que é feito lá fora, você faz um projeto aqui e ele vai trabalhar em conjunto com fornecedores locais”. Os recursos liberados pelo banco para pesquisa e desenvolvimento (P&D) e engenharia na indústria automotiva representam cerca de 25% do total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013.
edit
Um segredo da contabilidade criativa da inovação é permitir por na conta a importação de tecnologia como inovação, ainda fazer isso com dinheiro subsidiado do BNDES. O equipamento e know-how de produção mais que conhecido no exterior e pela matriz aparece como no Brasil como investimento em P&D. E nos dados aparece como mega investidores em inovação.