Militares do Centro de Instrução de Blindados testaram vestimenta
Os militares responderam a questionários, e os relatórios foram enviados para Brasília
O Exército Brasileiro terá um novo uniforme. E Santa Maria, que tem o segundo contingente do país, foi uma das cidades escolhidas para testar o fardamento que será utilizado por combatentes de todo o Brasil.
Dez oficiais, sargentos, cabos e soldados - sendo nove do Centro de Instrução de Blindados (CIBlid) e um da 6ª Brigada de Infantaria Blindada - usaram a vestimenta, que inclui gandola (casaco), calça e gorro (leia as diferenças à direita), projetada e confeccionada pelo setor de pesquisa e desenvolvimento do próprio Exército. O teste ocorreu entre agosto de 2013 e janeiro de 2014.
A roupa é mais maleável que a atual, usada desde o início da década de 1990. Também é mais utilitária (com mais bolsos) e resistente. Porém, pesa cerca de 150 gramas a mais. A mudança chega no período em que o Exército passa por uma série de alterações (leia abaixo). Outras unidades militares em diversas regiões do Brasil, como Pantanal, Amazônia e Rio de Janeiro, participam dos testes.
O objetivo, segundo o major Alisson Rodrigues de Oliveira, do CIBld, foi verificar como a farda iria se comportar quando exposta às diferentes condições climáticas e características das regiões do território nacional.
- O desenho foi feito dentro do Exército para atender as demandas atuais que o Exército recebe. Assim como mudam as missões e os ambientes em que elas são desenvolvidas, foi necessário também mudar a roupa. Fizemos uma avaliação operacional, de usuário, e verificamos que ela é mais resistente, seca mais rápido, e a sensação é que o tecido é mais leve, menos quente. Isso tudo melhora o desempenho do militar durante uma missão - explica o major.
Os exemplares testados foram recebidos da Diretoria de Suprimentos do Exército, no Comando Logístico, em Brasília. As gandolas e as calças chegaram a Santa Maria em agosto do ano passado e foram testadas por cerca de dois meses. Já os gorros chegaram em novembro de 2013, sendo usados até janeiro deste ano.
- O problema das outras fardas é que são muito quentes, essa é mais leve. Achei o tecido mais fino e mais resistente, tem reforços, proporciona mais mobilidade. A quantidade e forma de abertura dos bolsos facilitam também - relata o sargento Daian Augusto Nunes, 30 anos, um dos militares que testaram o novo uniforme.
Ainda não há prazo para licitação de fabricante
Os militares responderam a questionários, e os relatórios foram enviados para Brasília, que irá reunir os dados e verificar possíveis alterações no modelo. Batido o martelo sobre o produto final, será elaborada uma especificação técnica do uniforme, fazendo descrições, como a estampa e o material da composição. Com essas especificações formadas, será aberto processo de licitação para escolher a empresa que fabricação o fardamento.
Não há prazo para que seja aberta licitação para a confecção dos novos uniformes.
As outras roupas utilizadas pelos militares, como camisetas e bermudas, permanecerão as mesmas, pelo menos por enquanto. A fabricação de novos modelos de outras peças, como o macacão para operadores de blindados e uma jaqueta de inverno, ainda estão em estudo pelo setor de pesquisa e desenvolvimento do Exército.
ALGUMAS MUDANÇAS NO EXÉRCITO
- Até 2015, Santa Maria deve receber investimentos de mais de R$ 500 milhões com a construção do Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAASul)
- O complexo treinará entre 500 e 1,5 mil militares de tropas blindadas e mecanizadas ao mesmo tempo quando estiver em funcionamento
- O país passa por um processo de renovação da frota que começou com a compra dos Leopard adquiridos do Exército Alemão, em 2009, e, recentemente, com os Gepard no ano passado
- A instalação da KMW em Santa Maria também acena com uma mudança na lógica do Exército de comprar equipamentos de outros governos, agora, a aquisição será do fabricante
- Outra mudança será das unidades subordinadas à 6ª Divisão de Exército (6ª DE), com sede em Porto Alegre, que passarão a reportar para a 3ª DE com sede em Santa Maria. O objetivo é racionalizar o emprego de pessoal, material e recursos.