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Re: Comédia da vida real

Enviado: Qua Jun 26, 2019 1:46 pm
por Bourne
Nos últimos anos tiveram várias boas notícias dos hábitos dos jovens Millennials:

:arrow: não comprar casa (não tem renda para o financiamento);
:arrow: desapegar de carros e bens duráveis (são caros demais para manter);
:arrow: não casar e ter filhos (tudo muito caro, renda é baixa e volátil);
:arrow: trabalhar por amor e no que faz sentido (aceitar subempregos, sem direitos trabalhistas e virar pelo menos 60 horas por semana);
:arrow: ter que pagar o financiamento da faculdade (supondo que conseguiu ir para faculdade e teve o azar de ser um país que boas universidades são pagas)

Calma senhores. Dependendo do país pode sobrar dinheiro para os opiáceos e participar dessas grandes companhias disruptivas como Uber. Para os sortudos, voltar ao business family (lojinhas, construção, fazenda, caminhoneiros, caçar monstros, etc...) e pagar as contas.
Inferno em casa: o pesadelo de pais e filhos obrigados a conviver sob mesmo teto por falta de dinheiro

É cada vez mais comum ver filhos adultos morando na casa dos pais, mesmo depois de começarem a trabalhar, por causa da incompatibilidade entre os salários e o valor dos aluguéis.

A tendência é verificada não só no Brasil mas também nos Estados Unidos, em países latino-americanos e em vários países europeus, todos abalados pela crise econômica de 2008 que reduziu drasticamente as oportunidades de emprego e reduziu os salários médios.

A britânica Elliott-Nicholls e seu filho, Morgan Elliott, de 23 anos, concordam que a convivência em fase adulta pode se transformar em pesadelo.

Leia abaixo o relato de Sue, com comentários de Morgan.

É um dia excepcionalmente quente de primavera. Chego em casa de bicicleta após um dia tranquilo no trabalho.

Tenho aproveitado as noites mais claras.

Chego em casa cedo - são apenas quatro horas da tarde. Posso até tomar um chazinho no quintal.

E, de repente, vem o golpe.

Abro a porta da frente e sou recebida por um bafo de ar quente, parece que estou no Deserto do Saara.

Ele deixou o maldito aquecedor ligado!

Conto a uma vizinha. Ela tira uma tampa de ralo de banheira do bolso e me mostra.

"Eu levo comigo para que ele não passe a tarde toda no banho, enquanto eu estou trabalhando para manter um teto sobre nossas cabeças", diz ela.

Vocês pode estar pensando que nós duas estamos vivendo relações amorosas problemáticas e, em certo sentido, estamos - mas com nossos filhos!

Nossos filhos estão na faixa dos 20 anos e são obrigados a morar com a gente porque seus salários não cobrem os custos dos aluguéis em Londres (e eu estou me referindo apenas aos aluguéis, sem as contas).

De acordo com o instituto Civitas, 49% dos jovens de 23 anos (no Reino Unido) agora vivem com os pais. Em 1998, eram 37%.

Esses são nossos filhos. Aqueles que não são privilegiados o suficiente para desfrutar dos serviços de "caixa eletrônico do papai e da mamãe", mas são privilegiados o suficiente para desfrutar (ou não) da moradia dos pais, com um aluguel altamente subsidiado.

Preciso dizer que meu filho Morgan não é preguiçoso. Ele trabalha duro, é motivado a ganhar dinheiro e a progredir na vida.

Eu também sinto por ele. Depois de três anos morando em Manchester, quando cursava a universidade, aproveitando a independência, deixando pratos sujos na pia e toalhas no chão, ter que voltar a viver em um pequeno quarto em uma casa onde todas as suas conversas - e respiração - podem ser ouvidas... isso deve ser desesperador.

Mas como eu faço para deixar de ser uma mãe irritante e deixar meu filho respirar?

Morgan Elliott comenta: Este casaco que custou basicamente todo meu empréstimo estudantil não é quente o suficiente para as condições árticas aqui de casa. Acho que nem um urso polar seria capaz de sobreviver às temperaturas que minha mãe nos faz suportar.

É irônico que ela gaste literalmente dez libras por dia tomando café, mas não pode se dar ao luxo de aquecer a casa para o filho.

Há copos na máquina de lavar louça cheios de água suja, porque foram colocados da maneira errada. Ele tem um diploma universitário, como pode não saber colocar um copo na máquina de lavar louça?

O copo não está nem meio cheio nem meio vazio; o copo está totalmente cheio de água suja da máquina.

O chouriço especial que comprei para um jantar de família desapareceu. Talvez eu possa usar o peito de frango em vez disso? Não, aparentemente não. Ou as costeletas de cordeiro? Tampouco. Acabou tudo.

"O que?", diz ele. "Você não disse que não era para comer."

Nós regredimos. Ele virou um adolescente petulante, e eu uma megera estridente.

Morgan comenta: Como sou seu filho, faz sentido que minha mãe queira me alimentar. No entanto, não parece ser o caso.

Às vezes, vejo um pouco de frango na geladeira e posso decidir comer. O telefone da minha mãe está desligado, mas tenho certeza que como é para alimentar seu filho não será um grande problema.

Mas isso sempre acaba num grande arrependimento. E uma pequena decisão minha se transforma em uma situação pela qual eu posso ser expulso de casa. E isso não é exagero. "Você é um homem de 23 anos!", ela grita. Exatamente! E um homem de 23 anos precisa comer!

Vamos voltar à calefação. Já mencionei o aquecimento?

Se está frio quando estou trabalhando de casa, ligo o aquecedor apenas em um cômodo. Imaginem minha raiva quando vejo ele passeando pela casa de cueca e camiseta com a calefação a todo vapor?

O que fazer neste caso?

Opção 1. Colocar de castigo. Não, ele tem 23 anos, não é uma opção real.

Opção 2. Pedir a ele para pagar mais aluguel e me arriscar a entrar em uma discussão sobre dinheiro.

Opção 3. Acionar o modo zen e pagar o adicional da conta de calefação, ignorando a voz que repete o quanto você é otária.

Opção 4. Pedir a ele para sair de casa, já que não consegue colaborar para manter o valor das contas baixo. Parece um pouco drástico...

É a despesa escondida que Morgan não vê. Custa dinheiro usar um ciclo inteiro da máquina de lavar roupa para lavar um par de cadarços.

Ele liga o forno no máximo para fazer uma salsicha - e depois fica ligado pelo resto do dia, isso custa dinheiro.

"Eu até considerei desligar o gás quando estamos fora de casa", brinca meu marido. Eu dou risada, faço uma pausa, olho para ele de lado e pergunto: "Podemos fazer isso?"

Ele conta ao nosso filho como, na sua época, era esperado que ele contribuísse com a maior parte do seu salário para as despesas da casa, colocando o dinheiro dentro de um bule de chá.

"Mas isso foi 350 anos atrás, e os tempos eram mais difíceis", eu acrescento, minando mais uma vez a autoridade dele, assim como fazia quando os meninos eram pequenos. A família toda está regredindo.

Se fôssemos colegas dividindo apartamento, um de nós já estaria morto.

Mas então, como acontece nas melhores famílias, momentos depois estamos todos juntos rindo na cozinha, esquecemos tudo em um instante.

Até a próxima vez.

Morgan comenta: irritantemente para mim, tenho muitos amigos ricos, e a ideia de que minha mãe quer tirar meu dinheiro, em vez de dar dinheiro para me ajudar a pagar um aluguel, parece absurda. Não é um problema em si, e entendo perfeitamente que as contas precisam ser pagas, mas parece que meu aluguel está aumentando em uma base quase mensal.

Minha mãe procura qualquer desculpa para aumentar - quanto mais eu ganho, mais ela quer que eu pague!

Parece um daqueles golpes de internet, em que você assina o contrato e, nas letras pequenas, diz que *o aluguel vai aumentar em 50 libras por mês*. Um contrato de seis meses pelo menos me daria uma ideia de como planejar o orçamento para os próximos meses. E sim, isso pode incluir a compra de tênis novos.

Morgan diz que se sente julgado por nós e até certo ponto isso é verdade.

Mas também me sinto julgada por ele. Quando estamos esparramados no sofá em uma sexta-feira à noite com uma garrafa de cerveja e um saco de batatas fritas, ou os meninos estão se preparando para sair na mesma hora em que estamos pensando em ir para cama, me sinto um fracasso social.

Quando saímos ou convidamos amigos para ir à nossa casa, conto orgulhosamente aos meus filhos - e percebo que estou buscando aprovação.

"Vejam, eu tenho amigos, tenho uma vida social, também sou legal."

Morgan comenta: Falando sobre julgar, imagine este cenário não-hipotético: Acabei de chegar em casa do trabalho, completamente exausto - e sinto vontade de fumr um baseado. No verão, eu daria uma volta no parque para fazer isso, mas agora o jardim parece mais apropriado.

Porém… se eu for pego, minha mãe vai achar que eu sou um viciado em crack, a julgar pela comoção exagerada que ela causa quando aumento a calefação, ela não vai ter dinheiro para me mandar para um centro de reabilitação este ano.

Além disso, a janela do meu irmão está aberta e se o vento soprar a fumaça para o quarto dele, meu pai definitivamente vai sentir o cheiro e mandar eu parar na hora. Não que ele fosse diferente na minha idade.

Sim, é verdade, eu julgo... Reparo no tênis novo.

"Por que você está comprando um tênis de 150 libras quando poderia economizar para dar entrada em um apartamento?", menciono como quem não quer nada.

Assim que as palavras saem da minha boca, eu me arrependo. Por que ele não deveria? Quando eu era mais jovem, na verdade, quando ele era bebê, eu comprava roupas caras porque não tinha esperança naquela época de comprar uma casa. Então, por que não?

"Se eu estou pagando aluguel, deveria poder pelo menos levar garotas para casa", argumenta ele.

Bem, garotas sim, como amigas. Afinal, essa ainda é uma casa de família (não que seu irmão adolescente se importasse - mas daria a ele uma desculpa para fazer o mesmo).

Vivendo em uma casa só com homens, adoro quando aparece uma menina - quase imploro para elas não irem embora quando as vejo saindo pela porta.

Mas esta não é uma casa de solteiros. Então, se elas vêm até aqui, eu gostaria de vê-las e conversar com elas.

Me sinto agora uma puritana. Uma neurótica pudica rabugenta.

Será que outras culturas sabem lidar melhor com isso? Será que há regras que facilitem a convivência entre gerações?

Morgan comenta: São três da manhã em Shoreditch (bairro boêmio de Londres) e sinto que posso ter encontrado minha futura esposa. Damos umas 10 voltas na área tentando encontrar um bar que ainda esteja aberto, mas parece que estamos sem sorte... Estou agindo como se realmente não tivesse para onde levá-la.

Claro que tenho, mas não tenho certeza de que ela se sentiria confortável ao conhecer minha família tão cedo. Eles vão achar que ela é minha namorada e começar a fazer perguntas. Ou pior, e se o banheiro estiver bagunçado? Estou realmente começando a questionar se não valeria a pena alugar algo barato.

Quando eu era mais novo, era muito mais fácil levar garotas para casa - mas agora estou levando mulheres adultas, prontas para desafiar o domínio da leoa.

"Assim que ele sair de casa, você vai sentir falta dele", diz uma amiga.

"Depois eles voltam e você vai ter que se acostumar, e logo vão embora de novo, é o chamado efeito bumerangue."

Um estudo realizado no ano passado pela universidade London School of Economics (LSE), em Londres, concluiu que a geração bumerangue causa um declínio significativo na saúde mental dos pais.

Mas eu sei que vou sentir falta quando ele sair de casa. Meus filhos agora têm 17 e 23 anos e quando estamos conversando na cozinha, ou escuto eles rindo na sala de estar, fico emocionada com o quão fantásticos eles são.

Eles são uma excelente companhia, são engraçados, interessantes, atenciosos e têm tiradas ótimas.

Um dia eles vão sair casa. "Mas tudo bem", digo a mim mesma. "Eles vão voltar em breve."

https://www.bbc.com/portuguese/geral-47878618
Isso nos EUA/Canadá e Europa. No Brasil não precisa mais ouvir a tia comentar "seu primo passou no concurso e você?". Porque agora não tem mais concurso, os trabalhos qualificados (engenheiro, advogados e outros) sumiram, renda e financiamento é papo dos tiozões que viveram e aproveitaram a Era do Lula Neoliberal. Pelo menos, as boas universidades são públicas e não cobram mensalidade e sempre poderemos ser pjtinhas.

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*Em Supernatural, os Winchester anteciparam a crise dos Millennials. Porque

:arrow: Estão com o mesmo carro uns 30 anos sem perspectiva de comprar coisa melhor
:arrow: Dean foi realista. Largou a faculdade e foi trabalhar com o pai. Já previa que as condições de trabalho eram melhores caçando monstros do que dirigindo Uber com diploma de faculdade
:arrow: Sam largou Stanford porque sentiu que não teria como se manter e pagar o financiamento estudantil. O business family é o que sobrou. É verdade que resistiu, mas teve que ir
:arrow: Nunca compraram uma casa e vivem por aí de favores
:arrow: O pai dos Winchester morre para não gastar com plano de saúde e não tinha como viver com aposentadoria
:arrow: A série surgiu na crise de 2008. Em boa parte, se passa nos EUA do subemprego e opiáceos

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sex Jun 28, 2019 4:30 am
por P44
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Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jun 29, 2019 7:38 am
por Bourne
Mais notícias sobre os hábitos dos jovens Millennials. Estão comendo menos para serem saudáveis (não tem dinheiro para comer comida de verdade ou estão endividados), preferem refeições rápidas e modernas (frituras e pseudo alimentos com muita gordura, frituras e açúcar).
Os alunos que acumulam 'dívida da merenda' no país mais rico do mundo

Como é possível que, na nação mais rica do mundo, milhões de estudantes não tenham como pagar seu almoço?

Esse cenário desconcertante é o que alguns políticos nos Estados Unidos querem reverter.

Nos EUA, uma quantidade considerável de crianças e jovens que vão à escola são incapazes de pagar pelas merendas dos centros onde estudam, acumulando dívidas e multas.

Isso levou o senador democrata Bernie Sanders e outros políticos de seu partido a levantarem a voz para abordar a chamada "dívida do almoço escolar".

Sanders, um dos candidatos à nomeação democrata para as eleições presidenciais americanas em 2020, tem discutido o tema nas redes sociais e propôs recentemente um projeto de lei para reverter a situação atual.

Humilhados'
Cerca de um quarto das crianças (7,7 milhões no total) que recebem almoços em escolas públicas conseguem pagar integralmente pelas refeições.

O resto se encontra em uma situação que os qualifica para receber comida grátis ou a preço reduzido. Trata-se de um programa financiado pelo governo americano, que atualmente beneficia milhões de crianças em todo o país, levando em conta os salários do núcleo familiar.

Mas quando os estudantes não podem fazer o pagamento de maneira regular, algumas escolas se negam a servir-lhes comida ou oferecem um sanduíche no lugar.

Segundo o jornal britânico The Guardian, um distrito escolar no Estado de Rhode Island cancelou uma política que, por um tempo, limitou a um sanduíche de pasta de amendoim e geleia os alunos que deviam dinheiro.

Bernie Sanders criticou essa realidade do sistema americano em uma série de tuítes no início da semana.

"A dívida do almoço escolar não deveria existir no país mais rico do mundo", disse.

Essa semana, vários congressistas democratas também anunciaram um projeto de lei para evitar que os estudantes que não podem pagar seu almoço sejam estigmatizados por isso.

"Em todo o país, os estudantes cujas famílias têm dificuldades para pagar as refeições escolares estão sendo marcados e humilhados na hora do almoço", disse a congressista Ilhan Omar ao apresentar a proposta.

E adicionou que os alunos não podem "aprender ou desenvolver-se bem" se estão com fome.

projeto de lei também propõe que o governo reembolse as escolas com o dinheiro dos almoços não pagos dos estudantes, por um período de até 90 dias.

O Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA, nas siglas em inglês) assegura que adotou medidas para acabar com a "humilhação do almoço".

"Essas são práticas que envergonham as crianças que não podem pagar", segundo o órgão.

As regras oficiais para lidar com esse tema sensível proíbem "o uso de selos ou outros marcadores visuais para identificar as crianças com dívidas".

De sua parte, as escolas devem discutir o delicado tema de forma privada e direta com os pais, em vez de fazê-lo por meio das crianças.

Aumento da dívida
En 2017, o USDA introduziu uma regra que obrigava as escolas a ter regras escritas sobre as refeições não pagas.

"Estamos comprometidos a continuar trabalhando com as escolas para minimizar o impacto nas crianças pelos problemas das cobranças pelos almoços não pagos", disse o porta-voz do órgão.

Alguns Estados do país, como Nova York, Texas, Califórnia e Novo México, criaram leis que obrigam as escolas a servir almoço às crianças, independentemente das dívidas.

E em Estados como Nova York, o almoço em todas as escolas públicas é grátis desde 2017.

Qual é o tamanho da dívida?
Ainda não existe uma informação exata sobre o total das chamadas "dívidas do almoço escolar" nos EUA.

Não se sabe se o tema está chamando atenção recentemente porque a dívida está aumentando ou porque, até pouco tempo atrás, o problema simplesmente não era debatido.

Michael Hansen, diretor do Centro Brown para Políticas Educativas, diz que uma explicação pode ser que muitos Estados e distritos escolares ainda estão se recuperando dos cortes de orçamento impostos depois da recessão de 2008.

Um estudo conduzido em 2012 pelo governo americano descobriu que 58% dos distritos escolares registravam dívidas de almoços não pagos durante o ano escolar anterior.

Uma pesquisa mais recente realizada pela Associação de Nutrição Escolar, com 1.550 distritos escolares, descobriu que três quartos dos distritos públicos tinham dívidas de almoços não pagos no final de 2017.

A dívida média acumulada por distrito escolar na área pesquisada foi de US$ 2.500. Não se sabe o tamanho da dívida por escola ou estudante.

Enquanto alguns distritos reportaram quantidades substancialmente mais altas, outras declararam números muito menores.

Os estudantes podem arrastar sua dívida de um ano a outro. Mas se o estudante se forma ou se muda da região, o distrito deve pagá-la.

Não se pode usar fundos do governo quando a dívida caduca, por isso as escolas se veem obrigadas a utilizar seu orçamento ou buscar doações para liquidá-las, segundo Pratt-Heavner.

https://www.bbc.com/portuguese/internac ... 8N_sIxzJEM
Enquanto isso, no Brasil, eu vi senhores, eu vi, no supermercado um jovens senhor de seus 40 e poucos anos que gastou uns 300 reais em compras, baseadas em: dez litros de refrigerante normal; pão branco; várias comidas congeladas prontas; batata frita pré preparada; chocolates e salgadinhos. Só o que ele gastou com salgadinhos e refrigerante eu como por umas duas ou três semanas na minha dieta low card de velho trintão atleta.

Senhores, implico com o termo "Millennials". Porque é um conceito que olha para o jovem profissional com curso superior e que se beneficia da globalização com elevada renda e pode se preocupar com bobagens (compra água orgânica, por exemplo) que a literatura e os coachs querem dizer que todos são assim. Porém é uma parcela muito, mais muito restrita. Enquanto a maioria dos trabalhadores dos serviços e indústria, funcionários públicos, muitos com curso superior tiveram que aceitar redução de renda e padrão de consumo. Esse é o pessoal obrigado a aceitar sub emprego, que usa opiáceos, não tem como pagar a divida da universidades. Esse tipo de redução de renda real e padrão de vida é terrível. O que tecnicamente se chama de "polarização" de renda.

Em parte, é a realidade da Europa e Canadá, mas bem mais ameno. E bem longe dos países emergentes que tentem a subir o nível de renda e bem-estar ao longas décadas e continuar subindo por longo prazo. O caso do Brasil teve a queda após 2013, mas na década de 2020 vai acabar voltando a subir.

Re: Comédia da vida real

Enviado: Ter Jul 02, 2019 6:25 am
por P44
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Re: Comédia da vida real

Enviado: Qua Jul 03, 2019 2:50 am
por P44

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jul 06, 2019 7:56 am
por P44
Que orgulho, quem me dera ter um presidente assim
https://observador.pt/2019/07/06/bolson ... residente/

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jul 06, 2019 10:14 am
por cabeça de martelo
P44 escreveu: Sáb Jul 06, 2019 7:56 am Que orgulho, quem me dera ter um presidente assim
https://observador.pt/2019/07/06/bolson ... residente/
Fique tranquilo que não vou apresentar aqui nenhum projeto para descriminalizar o trabalho infantil, porque eu seria massacrado. Mas quero dizer que eu, meus irmãos, com essa idade, trabalhávamos no campo. Trabalho duro”, acrescentou o chefe de Estado, frisando que “o trabalho dignifica”.
E eu tb!

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jul 06, 2019 11:09 am
por Bourne
cabeça de martelo escreveu: Sáb Jul 06, 2019 10:14 am
P44 escreveu: Sáb Jul 06, 2019 7:56 am Que orgulho, quem me dera ter um presidente assim
https://observador.pt/2019/07/06/bolson ... residente/
Fique tranquilo que não vou apresentar aqui nenhum projeto para descriminalizar o trabalho infantil, porque eu seria massacrado. Mas quero dizer que eu, meus irmãos, com essa idade, trabalhávamos no campo. Trabalho duro”, acrescentou o chefe de Estado, frisando que “o trabalho dignifica”.
E eu tb!
É mesmo? Cuidado para não acreditarem demais no personagem.
Irmão de Bolsonaro já disse: ''Meu pai nunca deixou um filho trabalhar''
Internautas recuperam entrevista dada por Renato Bolsonaro em 2015, na qual ele dizia que o pai não deixava os filhos trabalharem porque valorizava a educação

Após o presidente Jair Bolsonaro dizer que trabalhou desde os "9, 10 anos", internautas recuperaram uma entrevista feita com a família do então deputado federal, em março de 2015, na qual um dos irmãos de Bolsonaro nega que qualquer um deles tenha trabalhado quando criança.

A reportagem, da revista Crescer, ouviu a mãe de Bolsonaro, Olinda Bolsonaro, e um dos irmãos, Renato Bolsonaro, que, em determinado momento fala da relação dele e dos irmãos com o pai. "Meu pai tinha o estilão dele, boêmio. Mas nunca deixou um filho trabalhar, porque achava que o filho tinha que estudar", disse.

https://www.correiobraziliense.com.br/a ... lhar.shtml
Alguns maldosos diriam que, pelo menos um dos irmãos, não estudou e nunca trabalhou.

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jul 06, 2019 12:45 pm
por cabeça de martelo
Se o vosso Presidente é um cagão e nunca trabalhou na vida, isso não sei, mas o essencial é que a sua mensagem foi deturpada.

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sáb Jul 06, 2019 12:54 pm
por Bourne
O Anthony Stevens é o exemplo de um millenial que se adaptou aos novos tempos. Vejamos:

:arrow: Aceita um trabalho que o realiza (demolição) e sabe que é importante para cidade crescer e se desenvolver
:arrow: Não gasta com aluguel ou aquisição de moradia. Entende que criar raízes não é interessante. No lugar prefere os abrigos
:arrow: Os abrigos também fornecem comida. Pode reduzir gastos para o que realmente importa
:arrow: Trabalha por produtividade (depende de ser chamado ou não) e pensa no futuro (paga aposentadoria). É um empreendedor.
:arrow: No longo prazo pensa em ir morar em pequena cidade e pensar na qualidade de vida (tudo é mais barato e pode viver bem)

É a comédia da vida real. Se é peão, sem qualificação ou de área não privilegiada corre o risco de morar na rua. E mesmo que seja de alta qualificação (curso universitário em boa faculdade e pós-graduações) e área em crescimento (tecnologia e serviços) pode ser excluído e não conseguir sair da vida uberizada.

O engraçado é que quando mais rica a área, maior presença de milionários hipsters, maior quantidade de profissionais do próprio setor não consegue remuneração mínima para morar na região. Não se enganem. O Vale do Silicio tem um monte de peão que vira 80 horas por semana e ganha o mínimo do mínimo, mas não consegue morar perto do trabalho ou ter uma casa confortável próxima. Isto é, são peões com curso superior, atuam em setores em crescimento, mas tem salários e condições de trabalho horrorosas. Vide os programadores terceirizados da Boeing. E deu no que deu.

Sem falar dos outros profissionais que são expulsos para morar do outro lado do estado.
Desemprego baixo nos EUA esconde aumento do número de trabalhadores que vivem em condições precárias
Desemprego baixo nos EUA esconde o aumento do número de trabalhadores em situação precária, sem moradia ou que dependem de ajuda oficial para comer

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À primeira vista, é irônico pensar que Anthony Stevens trabalha em uma empresa de demolição, que só existe por causa da especulação imobiliária, e não tem casa para morar. Mas este nova-iorquino de 56 anos, natural do Brooklyn, não pensa assim: ele se acostumou a ver sua cidade se expandir, gentrificar (aburguesar-se), mudar de forma dinâmica, reinventar-se. O que ele considera paradoxal é seu salário não permitir mais que ele pague por um aluguel minimamente decente na metrópole. “Nos anos 1980, 90 só era sem-teto quem tinha desilusão amorosa, problema com álcool e drogas, doença mental, ou tudo isso junto. Agora, qualquer um pode ser sem-teto em Nova York, até quem tem emprego. O preço dos imóveis sempre foi alto aqui, sempre subiu. A novidade é que os salários ficaram para trás”, disse ele.

Depois de passar o dia trabalhando em Nova Jersey — a expansão imobiliária em Nova York busca lugares cada vez mais distantes de Manhattan, como do outro lado do Rio Hudson e no bairro do Queens —, Stevens encontra abrigo no The Bowery Mission, entidade que acolhe homeless desde 1879 em Lower Manhattan, a poucas quadras do hypado SoHo. E cada vez mais seus companheiros de abrigo são trabalhadores como ele. Isso reflete os problemas econômicos que se escondem por baixo do desemprego de apenas 3,8%, menor patamar para os Estados Unidos em cinco décadas. A economia americana está uma festa, comemorada por Donald Trump, mas ela não é para todos: especialistas afirmam que, se fossem considerados os subocupados e os que desistiram de procurar ocupação por desalento, essa taxa poderia estar rondando os 10%.

Stevens afirmou que precisaria pagar, ao menos, US$ 1.000 mensais para encontrar “um canto habitável” na Grande Nova York, lar de 20,3 milhões de pessoas. Mas, como trabalha por empreitada, pode faturar US$ 4 mil em um mês ou apenas US$ 600 em outros. Stevens não recebe pelo “teto de sua remuneração” há pelo menos um ano, pois, como sua empresa tem muitos empregados cadastrados, existe um revezamento de “colaboradores”, como são chamados. Faz seis meses que ele nem sequer faz US$ 2 mil por mês — e chegou a viver com o “piso” de US$ 600 de sua remuneração ao menos uma vez no período.

“Não sou mais um garoto, e cada vez mais me deixam de lado”, disse ele, indicando que, nesta época de “uberização” do trabalho, há sempre mão de obra disponível, a um clique ou uma ligação, fazendo com que todos se sintam ocupados, mas sem remuneração adequada — uma das explicações do baixo desemprego e dos baixos salários. “Nova York mudou muito. É a maior cidade do mundo, mas não é mais a melhor cidade do mundo. Antes, se você tinha emprego, tinha tudo. Hoje não é mais assim”, afirmou, sem deixar de elogiar o abrigo que frequenta. “Aqui é bem limpo, a comida é boa, o chuveiro é bom. Não tem confusão.”

Se apertasse muito seu orçamento, Stevens talvez pudesse tentar pagar um teto todos os meses, de forma constante. Mas ele precisa escolher entre fazer gastos básicos para um “trabalhador normal”, correndo o risco de ficar sem dinheiro para outras coisas, e ficar em um abrigo para conseguir poupar algum dinheiro para o futuro. “Não me preocupo. Sabe por quê? Porque tenho um plano secreto: eu acredito em Deus”, disse, rindo, para depois completar. “Eu posso não ter casa, mas não deixo de pagar meu social security (Previdência Social). Vou me aposentar. E daí vou voltar para a Carolina do Norte. Lá é a terra de origem da minha mãe. Já passei uma temporada lá. A vida é boa, muito mais barata, mas não tem emprego.”

Stevens, que não tem filhos e está atualmente sem namorada, também não gosta de incomodar os dois irmãos, um vivendo no Brooklyn e a outra no Queens. “Eles têm a vida deles, família. Não posso ser um estorvo, sempre me sustentei”, disse. Visita pouco seus parentes. Nas horas vagas, gosta de conversar com as pessoas e visitar a biblioteca pública do Lower East Side. “Gosto de ler livros, mas meu predileto é a Bíblia”, disse.

Segundo John D. Stiver, professor da Universidade de Notre Dame (no estado de Indiana), os salários americanos estão praticamente estagnados desde o ano 2000 e não têm conseguido acompanhar os custos com a habitação, principal item de despesa da família americana. “Por todas as contas que fazemos, os preços da moradia dobraram nos 18 anos desde o ano 2000 (que se traduz em cerca de 4% ao ano, o dobro da taxa de inflação global)”, disse ele.

Essa realidade ocorre na maior parte das cidades e dos estados mais ricos e que mais crescem nos Estados Unidos, uma comprovação de que a riqueza não está favorecendo a criação de oportunidades — embora também haja muitos empregos qualificados e bem pagos sendo criados, sobretudo no setor de tecnologia e no mercado financeiro, o que amplia as desigualdades. No ano passado, o número de sem-teto nos EUA cresceu 4%, enquanto o desemprego atingiu marcas históricas. Esse fenômeno foi mais intenso na próspera Califórnia, com 13,7% de alta no número de sem-teto, e na dinâmica Nova York, onde a população de pessoas sem casa beira os 100 mil, justamente os locais onde a economia também “bombou”.

Às vezes, não é apenas o teto que falta: há trabalhadores que têm dificuldade para garantir a comida. Atualmente, cerca de 52 milhões de americanos recebem algum tipo de benefício alimentar, os famosos food stamps, que conservam o nome de “cupom de alimentos”, mas cada vez mais se assemelham a um vale-alimentação em cartão magnético, aceito por restaurantes e supermercados. A grande maioria dos cupons de alimentos é destinada a trabalhadores; afinal, o desemprego atinge, “oficialmente”, apenas 6,4 milhões.

Tentando se recuperar do vício em opioides, Angelina Santoro desistiu de procurar emprego (Foto: HENRIQUE GOMES BATISTA)
Tentando se recuperar do vício em opioides, Angelina Santoro desistiu de procurar emprego (Foto: HENRIQUE GOMES BATISTA)
“Às, vezes, nem sei como fecho o mês”, disse Maria Cruz, dominicana de 58 anos que vive há três décadas em Atlantic City, a cidade que tentou ser a “Las Vegas da Costa Leste”, mas sofre uma profunda decadência com o fechamento de cassinos, inclusive o que pertencia a Donald Trump. “Ganho US$ 350 por semana como camareira (em um hotel de uma grande cadeia internacional). Gasto com aluguel, luz, água, essas coisas, US$ 1.500 por mês.”

O que lhe permite fechar as contas, além das gorjetas que variam de US$ 50 a US$ 75 por semana, são os US$ 300 por mês de food stamps e a cesta básica que recolhe no Exército da Salvação. A filha de 16 anos também começou a estagiar em um hotel da região e passou a ajudar em casa. Ela vive a duas quadras da praia, em um bairro popular e degradado, entre o Tropicana, o maior cassino da região, e os esqueletos do Taj Mahal — que pertenceu a Trump. “Isto aqui já foi muito rico. Já vimos tudo acabar, mas agora dizem que novos cassinos vão abrir. Seria ótimo”, disse ela, que aparenta menos idade do que tem.

Mesmo que os cassinos voltem com força, Maria Cruz acredita que a vida será mais difícil para seus filhos, Alya e Hector, que foram passar uma temporada com os parentes em Santo Domingo. Segundo ela, só quem tem dinheiro recebe oportunidades. “Antes, as pessoas vinham para cá, enriqueciam com o trabalho. Hoje, lutam para sobreviver”, disse ela. Sua desesperança tem razões econômicas, mas também políticas. “É por isso que não voto, não gosto dessas coisas. Nada melhora para a gente, esteja quem estiver no governo.”

Os números do desemprego mostram que há 5 milhões de trabalhadores em tempo parcial que gostariam de estar ocupados em tempo integral. As estatísticas, porém, não captam os trabalhadores desalentados, que se sentem alijados do crescimento econômico e, sem qualificação para os dias atuais, simplesmente desistiram de procurar emprego. É um fenômeno que tende a se repetir em outros locais do mundo, inclusive no Brasil.

“Vemos um nível de pobreza muito maior agora que no ano 2000. Isso se relaciona com o mercado de trabalho. Talvez ainda seja consequência da recuperação da grande recessão (a recessão de 2008, que deixou os trabalhadores em posição mais fraca nas negociações)”, afirmou William Darity, professor de economia da Escola Sanford de Políticas Públicas da Duke University.

Uma pesquisa do Fed, o banco central americano, publicada no fim de maio, aponta que 40% dos trabalhadores americanos não teriam, hoje, US$ 400 disponíveis se tivessem uma emergência. Mas Trump tenta usar o baixo desemprego a seu favor. Em uma série de tuítes, afirmou que a economia nunca esteve tão bem e reivindica para si esses avanços — ignorando os excluídos do mercado de trabalho e esquecendo que parte da melhoria do desempenho da economia é resultado de ações da era Obama, que deu incentivos para tirar os EUA do atoleiro de 2008. Trump tenta manter a fidelidade de seus eleitores, embora os problemas no mercado de trabalho afetem justamente a base de seu apoio — homens, em geral brancos do interior, com baixa instrução e na meia-idade.

No estado de Ohio, 8ª economia dos EUA, lar de 11,5 milhões de pessoas, parte do chamado “cinturão da ferrugem” — por causa do declínio das indústrias que fizeram a riqueza da região —, um em cada dez trabalhadores recebe food stamps. Foi lá, em Cleveland, que Donald Trump fez sua convenção, o que garantiu sua vitória no estado em 2016, pavimentando seu caminho rumo à Casa Branca. Também lá 11.560 funcionários do Walmart e 9.962 do McDonald’s — dois ícones americanos — recebem auxílio-alimentação estatal.

Segundo Darity, da Duke University, a situação está tão degradada que o baixo desemprego não tem gerado inflação. Para ele, isso expõe um conceito equivocado — não é obrigatório que bons salários gerem automaticamente alta nos preços —, assim como demonstra que a maior parte dos novos postos gerados desde a crise de 2008 “não é decente”. “Quarenta por cento dos trabalhadores hoje ganham menos de US$ 13 por hora”, disse ele.

O professor da Duke defende uma bandeira que começa a ganhar mais e mais adeptos entre os senadores democratas: a instituição de uma lei para garantir que nenhum trabalhador receba menos que o valor que delimita a linha da pobreza. O projeto embrionário funcionaria como uma espécie de “Bolsa Família”, em que haveria uma complementação salarial. Ele, porém, dificilmente avançará a curto prazo, ainda mais com Trump na Casa Branca e republicanos no controle das duas casas do Congresso americano.

Se a situação já é ruim para quem tem uma ocupação, pode ser pior para os que nem sequer entram nas estatísticas, como é o caso de Angelina Santoro, de 40 anos, que não tem emprego — e nem está procurando. “Eu era taxista, parei de trabalhar quando estava louca nos opioides. Agora faz dois anos que parei de me drogar, estou limpa, mas ainda não consigo pensar em trabalho. Ando muito deprimida e com um problema na perna”, disse ela, que vive com um namorado em Filadélfia, principal cidade da Pensilvânia, estado tradicionalmente democrata, mas que em 2016 votou por Donald Trump. “Mas tenho confiança de que logo vou voltar.”

Mais que um caso isolado, Santoro representa um fenômeno que altera totalmente o desemprego americano e ajuda a explicar o motivo por que, apesar de a taxa de desocupados estar historicamente baixa no país, não há uma sensação de boom econômico e nem mesmo de bem-estar na população. Vivendo da caridade e dos programas sociais do governo, ela tem sempre um sorriso no rosto e bom humor. Santoro só demonstrou apreensão ao pensar no filho de 16 anos, que vive com o pai, e que ela não via havia meses. “Foi melhor para ele ficar com o pai”, disse ela, cabisbaixa. “Depressão é algo sério, mas estou medicada e logo vou vê-lo.”

John D. Stiver, da Notre Dame, afirmou que a taxa de desemprego só é baixa porque menos trabalhadores, assim como Santoro, estão buscando emprego. No ano 2000, quando a taxa de desemprego chegou a 3,9%, em pleno boom da internet, 67% da população com idade economicamente ativa estava no mercado de trabalho — ocupando ou procurando um posto. Hoje, com a taxa de desemprego um pouco menor, a participação é de 62,8%. “Se contássemos as pessoas em idade produtiva que não participam do mercado de trabalho e não figuram nas estatísticas como desempregados, a taxa de desemprego seria de cerca de 10%”, disse ele a ÉPOCA.

Muitas teorias explicam essa baixa participação na força de trabalho. Uma delas é a crise dos opioides, que mata mais de 64 mil pessoas por ano nos EUA e deixa um exército de excluídos da vida social e, por consequência, do mercado de trabalho. O economista Austin Krueger, do Brookings Institution, descobriu que, desde 2016, 50% dos homens entre 25 e 54 anos que não estão na força de trabalho tomam analgésicos diariamente. Os opioides são responsáveis por 20% da redução da força de trabalho americana, como ocorre com Angelina Santoro.

Outra teoria é a do desalento: com baixos salários e poucas perspectivas em um mundo em transformação, uma legião de pessoas, em geral de meia-idade, simplesmente desistiu de buscar uma ocupação. Em geral, são eleitores de Trump que perderam o bonde da economia.

Os brasileiros também sentem isso. Há cerca de dois anos, quando migrou de São Paulo para a região metropolitana de Washington, que inclui a capital americana e fatias dos estados de Virgínia e Maryland, Carlos (nome fictício, pois seu visto de turista já venceu há tempos) pensava que seria fácil “conquistar a América”. “Eu via aqueles filmes, pensava que era cortar uma graminha na vizinhança e fazer dinheiro” — disse ele, sorrindo. Aos 25 anos, tomou a decisão de abandonar seu posto de representante comercial no Brasil para tentar a sorte como imigrante ilegal. “Hoje vejo que é muito mais puxado. Lá no Brasil trabalhava seis horas por dia. Aqui trabalho no mínimo 12 horas, limpando supermercado de madrugada e depois como motorista de Uber.”

Apesar disso, Carlos não pensa em voltar. Se pensava em conquistas financeiras, agora é a segurança e a cultura americana que o fazem ficar. Ele aprendeu a dar mais valor ao planejamento, pois sabe que, nos meses de inverno, será mais difícil completar sua renda de US$ 4 mil mensais, já que menos pessoas irão aos bares e, assim, haverá menos chamadas para o Uber.

“A gente tem de trabalhar mais duro para ganhar bem. O custo de vida aqui é alto, sobra muito pouco. Quando digo a meus amigos como é a vida aqui, eles não acreditam. Acham que eu estou tentando desanimá-los. Eles falam: ‘Ahn, você reclama, mas não volta’. É verdade, mas é por outras razões, não é por trabalho e dinheiro, que é muito mais puxado que eu imaginava”, disse ele. Seu maior receio é a perspectiva de nunca mais voltar ao Brasil. “Meu primo estava aqui (como imigrante sem documentação) quando minha tia ficou doente e faleceu. Ele não pôde estar com ela em seus últimos momentos.”

https://epoca.globo.com/mundo/noticia/2 ... qsf02xNMJM

Re: Comédia da vida real

Enviado: Dom Jul 07, 2019 6:04 pm
por Bourne


Adidas, pepsi e BMW seduziram os russos

Re: Comédia da vida real

Enviado: Ter Jul 16, 2019 1:15 pm
por cabeça de martelo
Usou a aplicação FaceApp? Então cedeu dados a uma empresa russa

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A FaceApp é a última tendência viral na Internet. Se usa as redes sociais, é provável que tenha passado pela imagem de um amigo ou famoso que publicou uma fotografia com um filtro que o mostra com a cara cheia de rugas. O que pode não ter reparado é na quantidade de dados que os utilizadores desta aplicação móvel estão a ceder a uma empresa baseada em São Petersburgo, na Rússia.

Criada em 2017, a FaceApp tem tido altos e baixos na sua utilização e, por estes dias, voltou a estar na moda, devido ao filtro que simula o envelhecimento do utilizador, que tem de tirar uma fotografia com o telemóvel para saber como poderá ser o seu aspeto daqui a muitos anos. Com recurso a um algoritmo, chega-se a um resultado final que pode ser considerado realista (se acertou, é uma questão para se saber daqui a uns anos, quando o utilizador envelhecer realmente).

A aplicação está disponível nas lojas Google Play e App Store, da Apple, mas indo ao site oficial, é possível ver com detalhe as informações que são recolhidas, sabendo que poderão ser armazenadas em servidores nos EUA, ou em qualquer outro país onde o FaceApp ou os seus parceiros têm instalações. Logo à partida, no ponto um da informação de privacidade, os criadores da aplicação revelam que o utilizador tem de ceder os conteúdos ("fotos e outros materiais") publicados através da aplicação.

Garantindo que não recolhem informações que possam identificar os hábitos de navegação de um utilizador específico, a FaceApp utliza ferramentas de medição de tráfego, para perceber tendências de utilização do serviço. "Essas ferramentas recolhem informações enviadas pelo seu dispositivo ou pelo nosso Serviço, incluindo as páginas da web que você visita, add-ons e outras informações que nos ajudam a melhorar", explicam.

A forma como a app é utilizada por cada um é analisada através de "cookies" e "tecnologias similares" e há publicidade que será gerada através deste método.

"Quando utiliza o nosso Serviço, os nossos servidores registam automaticamente determinadas informações de ficheiros de registo, incluindo o seu pedido web, endereço de Protocolo de Internet ("IP"), tipo de browser, páginas de referência/saída e URLs, número de cliques e como interage com ligações no Serviço, nomes de domínio, páginas de destino, páginas visualizadas e outras informações semelhantes. Também podemos recolher informações semelhantes de e-mails enviados aos nossos utilizadores, que nos ajudam a verificar quais são os e-mails abertos e quais os links clicados pelos destinatários", lê-se no documento. São também recolhidos dados sobre o dispositivo que está a usar para aceder à publicação, permitindo aos desenvolvedores saberem que tipo de dispositivo móvel está a usar para interagir com o programa.

A terminar o primeiro ponto, que resume os dados fornecidos diretamente pelo utilizador à empresa, refere-se que são recolhidos metadados que "podem descrever como, quando e por quem uma parte do conteúdo do utilizador foi recolhida e a forma como esse conteúdo foi formatado".

E o que é feito com os dados?

Segundo o documento que temos vindo a analisar, estes dados serão utilizados para melhorar o serviço, mostrar conteúdos como publicidade direcionada aos seus hábitos e interesses, desenvolver novos produtos, analisar tráfego, corrigir problemas e fazer atualizações automáticas da FaceApp.

Os criadores garantem que nenhum dado será "alugado ou vendido" a empresas terceiras sem o seu consentimento, mas segue-se uma longa lista de exceções.

"Podemos partilhar o Conteúdo de Utilizador e suas informações (incluindo, mas não se limitando a, informações de cookies, arquivos de registo, identificadores de dispositivos, dados de localização e dados de uso) com empresas que fazem legalmente parte do mesmo grupo de empresas das quais a FaceApp faz parte, ou que se tornam parte desse grupo ("Afiliadas")", limitando essa partilha às "escolhas que fizer sobre quem pode ver as suas fotografias.

"Também podemos compartilhar suas informações, bem como informações de ferramentas como cookies, arquivos de registo, identificadores de dispositivos e dados de localização, com organizações que nos ajudam a fornecer o Serviço", tendo essas organizações "acesso às suas informações conforme for razoavelmente necessário para fornecer o Serviço sob termos de confidencialidade razoáveis", sem uma explicações do que poderá ser considerado razoável neste contexto. Há também a possibilidade de os dados serem incluídos numa base de dados anónima, que poderá ser partilhada com terceiros, entre outras possibilidades.

https://www.jn.pt/inovacao/interior/uso ... 15328.html

Re: Comédia da vida real

Enviado: Ter Jul 16, 2019 3:44 pm
por P44

Re: Comédia da vida real

Enviado: Sex Jul 19, 2019 5:01 pm
por P44

Re: Comédia da vida real

Enviado: Seg Jul 22, 2019 2:49 pm
por P44