Ai não foi ele que escreveu o Equador?
Estalou aí uma polémica. Acusaram o romancista Miguel Sousa Tavares de plágio. O homem reagiu à matador, de peito feito, com palavrões e tudo. Ah valente! Há quem diga mesmo que MST (não confundir com Maladies Sexuellement Transmissibles de uso comum em França)) sofreu uma crise da meia-idade. Copiado ou não, a verdade é que o livro Equador é bastante fracote.
Há um abismo entre a qualidade dos artigos de MST nos jornais (concorde-se ou não) e a qualidade rasteirinha de Equador. Esqueçamos por ora o deslumbrante sucesso e os exemplares vendidos. Literariamente Equador não aquece nem arrefece. Então porquê esta diferença de nível entre o jornalista e o romancista? A contracapa promete “história admirável, comovente e perturbadora”.
Permitam-me discordar.
Nada vi de admirável ou comovente. Mas é de facto perturbante a descida vertiginosa à banalidade. A contra capa insiste: “MST inaugura a sua incursão no romance”. Não terá sido uma excursão? Fomos à procura e descobrimos a razão deste paradoxo. O Tirem-me deste filme apresenta em primeira mão a grande cacha.
O Equador não foi escrito por MST mas por uma ghost writer! Sim, sim, foi uma tarefeira. Pensou-se, porque não pôr a personagem pública e bem cotada de MST a render com uma sábia campanha de marketing livreiro? MST pediu a uma das suas amigas, namoradas ou ex-mulheres (ainda não conseguimos apurar) para escrever o romance e no final distribuiu umas vírgulas e pontos finais. De outra forma como se explica a diferença entre o bom jornalismo e banal ficção que nos apresenta?
Querem provas?
A sua escritora fantasma está já preparar uma serie de outras obras na mesma veia. Tirem-me deste filme revela-vos em primeira mãos os próximos grandes êxitos de Miguel Sousa Tavares inspirados no Equador, escritos por uma senhora numa cave húmida. Fomos à cave e trouxemos cópias!
Caso sejam um dos cinco portugueses que ainda não leram o Equador, aqui vai uma pequena sinopse:
Luís Bernardo Valença é nomeado por El-Rei D.Carlos como governador de S. Tomé. A sua missão principal é evitar o boicote inglês do cacau da ilha por alegado uso de trabalho escravo. Luís Bernardo é acolhido em S.Tomé pela hostilidade dos fazendeiros das roças (já na altura havia nas roças com os tachos).
Pouco depois chega o representante britânico.
Luís Bernardo Valença encontra afinidades electivas como inglês, Jameson David Lloyd, e afinidades supletivas com a mulher Ann (a curvatura do peito bem desenhado) com quem esfarrapa sem discernimento (a dureza dos bicos a aflorar-lhe os dedos). Ann apesar de Lady é uma mulher carente em busca da pululância do amor latino. (peito voluptuoso mas firme com os mamilos redondos e bem salientes, pag. 322).
Luís Bernardo apaixona-se pela inglesa (começou a chupar-lhe os mamilos com as mãos continuava a devassar-lhe o peito).
Na ilha a hostilidade cresce.
O rei sofre de um ataque agudo de regicídio. Luís Bernardo Valença procura Ann desesperado. Espreita pela janela e entreve-a a esfarrapar com um escravo negro. O possante Gabriel possui Ann ali mesmo (o seu peito fantástico erguido apontado ao tecto)! Tal como na canção de Marco Paulo, Ann era uma Lady na mesa, mas uma louca na cama. O fantasma masculino do negro que excede em fogo e virilidade o homem branco é consumado (instintos vorazes onde o desejo crescia como as simples plantas, pag.464).
Para Luís Bernardo Valença é a derrota política, pessoal e sentimental. Com uma dor de corno insuportável Luís Bernardo dá um tiro nos ditos sem antes deixar de escrever uma linda carta para salvar a honra.
Para Portugal colonial o cacau acaba. Para MST o cacau começa. O livro é mais badalado nos média que os carrilhões de Mafra em Domingo de Pascoela. O resto já se sabe.
Aqui estão os próximos livros da MST escritos pela misteriosa tarefeira fantasma com a assistência do novo programa informático “Plots Unlimited”. Roubámos as cópias a caminho da editora!
Na mesma Mueda
Luís Bernardo Venâncio, um oficial de carreira, deixa os seus montes no Alentejo.
É nomeado Governador Militar de Nampula em Moçambique no vórtice da guerra colonial após a sangrenta sublevação dos macondes. Tem como missão impedir os maus tratos dos nativos. À chegada, os colonos e os assimilados não escondem o seu desagrado.
Luís Bernardo Venâncio conta ainda com a hostilidade dos terroristas, dos militares do quadro (incluindo todos os alferes milicianos) e da deserção da caça grossa.
Em Nampula vive ja um missionário protestante, com ligações secretas com os movimentos de libertação e ligado à CIA, acompanhado de sua esposa inglesa Lady Aline, também dada a posições missionárias. Luís Bernardo cria laços de amizade com o casal.
Luís Bernardo tem uma relação tropical com Aline ora debaixo das casuarinas, ora encostados aos frangipanes (a rijeza dos bicos a aflorar-lhe as falanges). A hostilidade agiganta-se.
Vem o 25 de Abril. Prepara-se a independência.
Venâncio é apanhado nesta terrivel encruzilhada de honra, dever e desejo. Venâncio procura desesperadamente Aline. Encontra-a numa cubata numa experiência iniciática com 3 valentes mancebos macuas (o seu peito fantástico erguido apontado ao topo da cubata). Embriagado, perdido, Luis Bernardo cai de borco em cima de um ninho de térmitas. Três dias depois é lançada uma petição para transladar os seus restos mortais para a capela dos ossos em Évora, já que o talhão dos antigos combatentes lhe ficara vedado.
Passagem pela Índia
Luís Bernardo Varela parte para Damão a mando de Salazar para salvar as possessões portuguesas da hostilidade da União Indiana.
Na viagem apaixona-se pala filha de um marajá do Gujarate de quem se torna grande amigo. Ambos regressam de barco de Oxford (correcção, terceira edição - partem de Southampton). Antes de chegar a Damão, Luís Bernardo Varela cede ao encanto oriental da princesa Parviti e começa uma relação das mil e uma noites (a firmeza gemgibre dos bicos cor de canela a aflorar-lhe os dedos).
Entretanto, o pandita Neru declara que vai acabar com a presença portuguesa na Índia.
"É preciso salvar as possessões portuguesas!"
É a ordem que recebe de Salazar escrita por seu próprio punho. Em Damão é recebido com hostilidade pelos brâmanes, pelos intocáveis, e por todas as outras castas intermédias.
Mesmo as vacas sagradas lhe torcem o focinho.
Luís Bernardo procura consolo nos braços de Parvati que lhe faz descobrir o sexo tântrico nas margens do Mandovi. A hostilidade cresce desmesuradamente. A União Indiana invade a Índia Portuguesa. Salazar acusa-o de traição por este não ter morrido em combate.
Varela descobre Parvati no seu palácio no mais completo deboche com o movimento dos não alinhados numa espécie de Conferência de Bandung, mas com muito mais animação (o seu peito gentio fantástico alçado para o dossel em seda crua).
Desesperado lança-se ao rio Mandovi. Venâncio é comido pelos crocodilos. Ao longe, nativas de sari cantam: "É o bicho, é o bicho, vou-te devorar".
Na segunda edição MST corrige o livro porque não há crocodilos no Mandovi. Luís Bernardo Varela morre afogado num mar de alforrecas muito urticantes. Na terceira edição morre a beira-mar, já que o Mandovi banha Pangim e não Damão.
O pau do Brasil
A pedido de El-Rei de Portugal Luís Bernardo Veiga parte para o interior do Brasil para verificar os desmandos dos bandeirantes com as tribos locais.
É acolhido com hostilidade pelos fazendeiros, os índios tupis e os garimpeiros.
Trava então amizade com um rico fazendeiro de origem inglesa, Lorde Mountbatten.
Luís Bernardo Veiga apaixona-se pela favorita do fazendeiro: a escrava Isaura de traços ingleses e peito de alabastro. Luís Bernardo e Isaura descobrem a partilha dos corpos debaixo de variadas cachoeiras, bem como os prazeres das titilações com penas de arara (a solidez dos bicos caboclos a aflorar-lhe os dedos).
Chegam à região cada vez mais bandeirantes, jesuítas, jagunços. Os índios são dizimados. D.Pedro dá o grito do Ipiranga. Luís Bernardo sofre uma crescente hostilidade. Está agora a soldo de um país subitamente estrangeiro.
Desesperado, Luís Bernardo Veiga procura Isaura para além de Manaus.
Encontra-a a viver num sobrado, agora livre, dedicando-se ao seu verdadeiro amor lésbico: Sinhazinha Gesunilda (o seu peito fantástico erguido ao magnífico tecto todo em pau Brasil, todo ele torcidos e tremidos).
Luís Bernardo Veiga perde um olho quando foge e dá com a cabeça num poste da sanzala. Naufraga ao largo dos Açores arruinado e esquecido e literalmente meio cego, segurando na mão aquilo que se julgava ser um manuscrito ou uma nova epopeia. Mas não! Era tão só um inventário e notas de crédito numa última tentativa para lavar a honra (a rijeza dos credores a aflorar-lhe os dedos).
Terra Nova
O Presidente Sampaio pede a Luís Bernardo Vizela para resgatar os restos de um navio português naufragado na Terra Nova que poderá servir para Portugal reclamar os ricos bancos de bacalhau desses mares frios.
Luís Bernardo Vizela é recebido com hostilidade pelos canadianos, os bacalhoeiros, os esquimós e os representantes da Findus.
Washington vê essa nomeação com reservas.
Mas Luís Bernardo está determinado a cumprir as ordens numa missão científica fundamental para a honra de Portugal.
Trava então amizade com um activista da WWF: John Smith. Tem um caso amoroso com a companheira do activista: Anne Chatterley, também ela amiga do ambiente, uma ecologista de pescoço de alabastro e seios firmes.
Consome a paixão com Lady Chatterley num iglu envolto numa nuvem de bafos quentes e ofegantes (a turgidez dos bicos orvalha-lhe os dedos gelados).
A missão fica sem fundos. Chega a época das tempestades tropicais (na segunda edição, corrigido para tempestades glaciares). Os vestígios do barco lusitano desaparecem, os bacalhaus migram e, para cúmulo da catástrofe, Cavaco Silva é eleito presidente do país.
Perdido, Luís Bernardo Vizela procura a amada Lady. E para surpresa deste, vê pelo óculo do iglu que esta se entrega de corpo e alma a uma figura embaciada.
Lady Chatterley faz amor com um esquimó, ou uma foca ou um urso polar, não se percebe bem.
Seja como for, é sem dúvida uma cena bestial (o seu peito de geada erguido, apontado ao tecto fantástico de cristais de gelo). Morre gelado num pedaço de calote à deriva. Na segunda edição corrige-se Árctico por Antártico. Na terceira edição finalmente escreve-se Antárctico correctamente na esperança que ninguém dê pela gralha no Equador. Numa 4ª edição corrigir-se-á definitivamente para Ártico, já que na Antártida não há esquimós, e não consta que algum navio bacalhoeiro português ali tenha naufragado.
Para além deste fantástico
scoop sobre a escritora fantasma de MST, tirem-me deste filme revela também em primeira mão os actores que irão estar no elenco do filme Equador em breve nas nossas salas
No papel de El Rei D.Carlos - D.Duarte Pio de Bragança
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No papel de Luís Bernardo - o próprio Miguel Sousa Tavares
No papel do negro escravo Gabriel - Obikwelu
No papel de Lady Ann - Betty Grafstein
Depois da passagem pelo cinema Equador passará na SIC em versão longa dividido em três episódios numa fantástica trilogia:
Primeiro episódio – EU
Segundo episódio – CÚ
Terceiro Episódio – A DOR