Colega, eu já passei por isso aí tudo, tento explicar como é mas não dou coice, POWS!!!
Aliás, também me atrapalho um pouco com aquele monte de letras que dizem que a BM é uma só mas não exatamente, ligo pouco para isso, já participei neste vinte e cinco anos de um balaio de operações conjuntas e o jeito de trabalhar é o mesmo, então pouco estou ligando.
Como estou de bom humor, vou te contar uma:
"Era uma operação de recaptura de foragido em Osório, ali por 2000/2001. A BM não conhecia o cara e nós sim, ele tinha fugido de uma escolta do NSD e se emburacado em algum lugar da cidade. O SR do Oitavo estava revirando as fuentes lá deles e cuidadosamente mantendo a PC fora do negócio, a rivalidade existe mesmo. Bueno, em dado momento alguém cantou a pedra, o vago estava no Mutirão, uma vila FDP daqui. Tocou o telefone, eu estava de plantão e atendi. Era o CMT, Major fulano. Queria falar com o Diretor, AP Bitelo. Passei a ligação e fui achar algo para fazer senão alguém vem e acha. Fui procurar o AP Valdir, que estava de plantão comigo, para combinar a revista dos externos. Estava no alojamento dormindo, o vadio. Bueno, daqui a pouco o Bitelo vem:
- E aí, meu galo cinza, vamos rodar?
- O que tá pegando?
- O vago aquele do Núcleo, tá no Mutirão, o fulano nos convidou pra festa.
- Eu é que não vou lá pra servir de caguete dos gadianos. Leva o Valdir, é um inútil mesmo, pode ser até que pegue um balaço...
O Valdir tinha acordado e fez cara feia quando falei isso. Dei risada, era mesmo um imprestável mas eu gostava dele. Gosto ainda, ele agora 'trabalha' em outro EP. O Bitelo:
- Cara, vamos de igual pra igual. Quem pegar leva!
E foi na direção da VTR, um Uno.
- Te vira aí, Vadio - atirei as chaves pro Vadio, aliás Valdir. E fui pra VTR. Tocamos com tudo, o Bitelo dirige bem pra caramba. Mesmo tendo começado por último, nosso Uninho 1.3 fez a última curva para entrar na vila emparelhado com o Pálio do SR, os Vectras tinham todos ficado para trás. Eu nem sabia para onde íamos exatamente, nem o Bitelo, mas ele queria chegar primeiro e pronto. Vmos uma correria mais adiante e ele:
- É ali, te liga!
Paramos com estrépito, seguidos daquele véio e 'adrenalínico' chiar de freios das outras VTRs. Em um instante eu tinha saltado do Uno e no seguinte tinha gadiano por toda parte. Vi o Bitelo entrar numa das várias casinhas daquele terreno grandão seguido por uns caras do Choque, vi um matagal num canto e me pareceu que dali eu teria visão ampla do local todo, incluindo TODAS as vias de acesso e movimentos nas redondezas. Fui para lá e um Sgt me perguntou o que eu estava fazendo. Respondi e ele mandou dois Sds comigo e disse que não se entra sozinho, sorriu e piscou o olho. Tínhamos participado de um treinamento poucos meses antes e tinha Entrada de Assalto no programa, o referido Sgt - que não vejo faz anos, por isso não lembro o nome - tinha sido meu dupla no curso. Entendi a puxada de orelha e fiquei frio, ele tinha razão.
Bem, progredimos em 'trenzinho do mal', fila indiana com cada um apontando para um dos lados, eu na frente para montar meu PO. Estava quase chegando e, como não podia ver tudo, fiz sinal pra dividir, prosseguindo em linha reta e os dois gadianos abrindo em leque, para flanquear qualquer vago que estivesse porventura oculto ali, era um PO pra lá de bueno, mato pela cintura, dava para ver tudo nos arredores e ser bem pouco visto. Tinha entrado e me posicionado, nada de vago. Nisso um barulhão e um grito. Agachei e apontei o 38 para onde ouvira o som, era onde estava um dos gadianos. O outro continuou em pé e retornou em direção ao colega.
- Te abaixa, desgraçado! - berrei.
Ele parou, ainda em pé e começou a dar risada. Não entendi nada. Então senti o cheiro de josta.
O meu infeliz colega fardado havia pisado numa laje quebrada e meio coberta de terra que encobria a fossa séptica (aqui chamada 'poço negro') daquelas casas todas. Estava até o peito de josta. Estendeu o braço.
- Dá uma mão aqui, PQP!
Eu e o outro Sd olhamos aquele braço todo kgado ali, olhamos um pra cara do outro e caímos na gargalhada, a gente não pegaria na mão dele nem para salvar sua vida, POWS!!!
- Te vira, kgado!
Bueno, o vago estava mesmo na casa onde o Bitelo entrara por puro instinto, escondido em baixo de uma cama no meio de um montão de trapos e sacolas. Entregou a 380 que tinha e se rendeu ao Bitelo sem disparos. Na hora de levar embora os gadianos começaram a encher, que queriam levar numa VTR deles porque a DP isso e aquilo. Eu tinha contado ao Bitelo do gadiano kgado (que teve mesmo que se safar sozinho, sob as risadas de mais de dez outros, nem corda jogaram só para rir mais) ee falou ao CMT, que insistia em levar as glórias:
- Major, vocês já não fizeram m* que chegue por hoje?
E riu. Botei o preso na VTR e tocamos pro Presídio. Para poder fazer o registro, a DP teve que mandar um escrivão no PEO, ponto para nós. Até os gadianos gostaramn fim."
Uma pequena crônica sobre rivalidades, no fim...
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