Re: Super Tucano News
Enviado: Dom Ago 23, 2020 10:40 am
E não é só questão de recursos... é de expertise também. Uma coisa é fazer um desenho no CATIA (desenvolver um conceito), isso muitas empresas podem fazer (Desaer, por exemplo). Mas dominar o ciclo de vida completo: desenvolver, ensaiar, certificar, produzir, manter, atualizar, isso só a Embraer no Brasil.
É possível desenvolver esta competência em outras empresas? Sim, mas isso leva anos e muitos milhões de USD. Para uma demanda muito baixa vindo do nosso governo, isso não fecha um business plan para a iniciativa privada. Acho que a viabilidade teria de vir da produção de uma aeronave muito simples (mais barata de desenvolver e produzir), e que pudesse ser encomendada em certa quantidade para viabilizar o negócio.
Acho que quem chegou mais perto disso foi a Novaer quando iniciou o desenvolvimento de um treinador básico (substituição do T-25), que também teria uma versão civil para os aeroclubes. Mas ao que soube a FAB não se interessou porque sabia que a empresa não tinha as condições necessárias para se tornar sua fornecedora. Depois se meteu na arena das aeronaves CAS com aquele outro projeto. Apesar de terem construído um protótipo, era uma casca com motor... faltava a integração de todo o recheio (equipamentos de comunicação, de missão, de contramedidas), o que é muito caro e requer muita expertise. Aí se meteram com os árabes e deu no que deu.
No campo das empresas comerciais a coisa não é mais fácil... As empresas precisam ter segurança de suporte ao produto, precisam ter no fabricante a certeza de sua capacidade de suporte. Esse é um dos motivos da Sukhoi ter dificuldade de emplacar seus jato comercial no ocidente.
Empresas pequenas, que comprariam uma aeronave comercial mais simples (tipo o avião da Desaer), precisam ainda de mais suporte do fabricante, pois possuem muito menos recursos. Então o fabricante precisa fornecer ferramentas, manuais, spare parts (precisa ter estoques prontos para atender aos clientes), rede de oficinas próprias ou credenciadas (e certificadas pela autoridade aeronáutica), precisa ter centro de treinamento, e por aí vai.
Eu se fosse um empresário, pensaria muito em comprar um Desaer, mesmo que seu desempenho fosse melhor, se posso comprar um Cessna com garantia de suporte. Então existe um longo caminho (em termos de tempo e $$$) que uma empresa precisa trilhar para ser viável.
Qual a saída??? Bem, acho que a fórmula da criação da Embraer dá uma dica. Empresa nasce estatal, com uma infraestrutura mínima e com projetos direcionados para ela (aeronaves simples). Recebe encomendas do Estado para dar início a produção, ou o Estado faz algum tipo de reserva de mercado para garantir algumas vendas. Mas então vem o desafio. A empresa precisa olhar para fora do país se quiser crescer. Precisa desenvolver produtos para o Mundo, e não só para o Brasil. E depois precisa se independer do estado para não morrer.
Se a gente olhar para o mundo, existem muitos fabricantes estatais, mas a Embraer é um exemplo único de sucesso. E isso se deve ao fato dela sempre ter olhado para o mundo e não só para o Brasil, e de sempre ter aceitado os desafios que lhe eram impostos.
É possível desenvolver esta competência em outras empresas? Sim, mas isso leva anos e muitos milhões de USD. Para uma demanda muito baixa vindo do nosso governo, isso não fecha um business plan para a iniciativa privada. Acho que a viabilidade teria de vir da produção de uma aeronave muito simples (mais barata de desenvolver e produzir), e que pudesse ser encomendada em certa quantidade para viabilizar o negócio.
Acho que quem chegou mais perto disso foi a Novaer quando iniciou o desenvolvimento de um treinador básico (substituição do T-25), que também teria uma versão civil para os aeroclubes. Mas ao que soube a FAB não se interessou porque sabia que a empresa não tinha as condições necessárias para se tornar sua fornecedora. Depois se meteu na arena das aeronaves CAS com aquele outro projeto. Apesar de terem construído um protótipo, era uma casca com motor... faltava a integração de todo o recheio (equipamentos de comunicação, de missão, de contramedidas), o que é muito caro e requer muita expertise. Aí se meteram com os árabes e deu no que deu.
No campo das empresas comerciais a coisa não é mais fácil... As empresas precisam ter segurança de suporte ao produto, precisam ter no fabricante a certeza de sua capacidade de suporte. Esse é um dos motivos da Sukhoi ter dificuldade de emplacar seus jato comercial no ocidente.
Empresas pequenas, que comprariam uma aeronave comercial mais simples (tipo o avião da Desaer), precisam ainda de mais suporte do fabricante, pois possuem muito menos recursos. Então o fabricante precisa fornecer ferramentas, manuais, spare parts (precisa ter estoques prontos para atender aos clientes), rede de oficinas próprias ou credenciadas (e certificadas pela autoridade aeronáutica), precisa ter centro de treinamento, e por aí vai.
Eu se fosse um empresário, pensaria muito em comprar um Desaer, mesmo que seu desempenho fosse melhor, se posso comprar um Cessna com garantia de suporte. Então existe um longo caminho (em termos de tempo e $$$) que uma empresa precisa trilhar para ser viável.
Qual a saída??? Bem, acho que a fórmula da criação da Embraer dá uma dica. Empresa nasce estatal, com uma infraestrutura mínima e com projetos direcionados para ela (aeronaves simples). Recebe encomendas do Estado para dar início a produção, ou o Estado faz algum tipo de reserva de mercado para garantir algumas vendas. Mas então vem o desafio. A empresa precisa olhar para fora do país se quiser crescer. Precisa desenvolver produtos para o Mundo, e não só para o Brasil. E depois precisa se independer do estado para não morrer.
Se a gente olhar para o mundo, existem muitos fabricantes estatais, mas a Embraer é um exemplo único de sucesso. E isso se deve ao fato dela sempre ter olhado para o mundo e não só para o Brasil, e de sempre ter aceitado os desafios que lhe eram impostos.