kirk escreveu:Olá Justin,
Uma pergunta sobre sua "especialidade" o Rafale :
Sobre o M88-4 ECO que pretende aumentar a potência tanto quanto o SH ... ou seja 20%, será que estaremos vendo rafales com entradas de ar alterados? ...
Segunda pergunta: ... Essa também não está na internet
... Os dois concorrentes pretendem aumentar a potência de seus motores em 20% ... na sua opinião qual estará operacional primeiro? ... e será que enfrentará tantos problemas quantos o amigo julga que terá o SH ou será diferente no caso do Rafale?
Características ......................................M88-2 .... M88-4 ECO
Empuxo com pós-combustão (kN) (lb) 75 (17.000) 90 (20.250)
Empuxo sem pós-combustor (kN) (lb) 50 (11.250) 60 (13.500)
abc
kirk
Kirk, boa noite.
Com os comentários anteriores, poderíamos concluir que, ao colocar um motor mais potente em aeronave já existente, com relação às entradas de ar:
1. Podemos deixar como estão. Nesse caso, certamente as entradas de ar não estarão plenamente ajustadas para a potência, e utilizaremos apenas parcialmente a capacidade do novo motor em várias situações.
2. Podemos ajustar levemente as entradas de ar, sem grandes modificações estruturais, tentando diminuir a carga de trabalho para buscar nova certificação para a aeronave.
3. Podemos projetar nova entrada de ar, perfeitamente ajustada para a aeronave/motor (isso para uma aeronave ainda a ser produzida, é claro).
Com relação ao Rafale:
1. As forças francesas acham que a motorização atual é suficiente, atendendo aos requisitos do projeto. É evidente que sempre é interessante ter motor mais potente, mas, para manter a frota padronizada, teriam que retrofitar em torno de 150 aviões.
2. Como já comentei, os franceses decidiram aplicar as novas tecnologias desenvolvidas no perfil do motor original, aumentando a vida útil de suas partes e o intervalo entre inspeções, reduzindo assim o custo de operação.
3. Para potenciais clientes estrangeiros, o ideal seria projetar uma nova entrada de ar para o avião. Mas, além dos custos de desenvolvimento e certificação, as novas tecnologias aplicadas não poderiam mais ser fator de economia, pois os motores seriam ajustados para os parâmetros mais elevados, necessários à obtenção do aumento de potência.
4. Existe uma terceira possibilidade, que é uma modificação menor na entrada de ar, alterando apenas sua parte anterior (sem variar o tamanho dos dutos). Essa modificação seria feita apenas na "boca", ou melhor, afinando e reposicionando os "lábios" (lips) para ficar com a "boca" mais aberta. Seria uma solução intermediária, buscando aproveitar um pouco mais as potencialidades do novo motor.
No entanto, não creio que qualquer cliente externo venha a pedir remotorização do Rafale. Com o motor atual, o avião tem excelentes resultados para operação com qualquer tipo de carga externa e também nas manobras de combate.
Quando se projeta um avião novo, como o Rafale, que não é uma modificação de conceitos anteriores, tudo já está bem balanceado para atender aos requisitos.
Ao se tentar simplesmente modificar o projeto, alterando asa, motor, entrada de ar, trem de pouso, essas alterações acabam tendo muitos resultados paralelos indesejados, prejudicando outros aspectos.
Além disso, para quem já tem uma frota, retrofit também tem seus custos e problemas. A falta de padronização entre várias versões e lotes também reduz as economias de escala.
Num avião existente, acho que o ideal é modernizar apenas para que passe a fazer melhor ou mais eficientemente aquilo para o qual foi concebido.
Alterações exageradas tais como: transformar interceptadores em aviões de ataque ao solo, criar aviões embarcados a partir de uma concepção para operação em terra, aumentos de tamanho em algumas partes, trocas de motor, alterações significativas de perfil aerodinâmico, podem levar às famosas "gambiarras" que vemos surgir até com alguma frequência. Algumas coisas melhoram, mas vários outros aspectos são certamente prejudicados.
Quanto a qual solução ficará pronta antes, isso depende principalmente de quem vai contratar primeiro, tanto o desenvolvimento da modificação, como a aquisição ou retrofit das aeronaves.
É minha opinião.
Abraço e bom fim de semana,
Justin