ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4741 Mensagem por Francoorp » Ter Nov 02, 2010 3:24 pm

marcelo l. escreveu:“a ditadura abriu os caminhos para a democracia no Brasil”. Dilma, não acredito que foi gafe...

“A nossa tradição é de corporativismo estatizante, e isso está voltando. É uma mistura fina, uma mistura de Getúlio, Geisel e Lula. O Lula é mais complicado que isso, porque é isso e o contrário disso. Como é a metamorfose ambulante, faz a mediação de tudo com tudo. Lula sempre faz a mediação para que o setor privado não seja sufocado completamente. Não sei como Dilma vai proceder”.FHC

Ele pensa assim mesmo, não ve nada de bom no regime militar, é triste ver que até o PT consegue separar o joio do trigo de lá, o engraçado que ele tem como aliados vários políticos e grupos econômicos que ascenderam naquela époxa e os vê como democráticos...vai entender :wink:

E a caça ao Aécio continua nos blogs paulistas tucanos...haja rancor.

Ela errou, estava falando de democracia.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4742 Mensagem por xatoux » Ter Nov 02, 2010 3:29 pm

Da imprensa paulista: como enterrar o defunto político.

http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 3410,0.htm


‘Até logo’ de Serra desagrada a tucanos, que defendem renovação no partido
Integrantes do PSDB avaliam que ele foi personalista e não ajudou a promover os novos passos da legenda
01 de novembro de 2010 | 20h 31

Roberto Almeida e Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A declaração do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), que em discurso sobre o resultado de anteontem disse que não dava um "adeus", mas um "até logo", causou polêmica entre tucanos e aliados, que reservadamente defendem uma renovação dos quadros da oposição nos próximos anos.

Serra, ao reconhecer a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, sinalizou que não sairá da vida pública, embora não tenha mencionado se pretende voltar a disputar algum cargo eletivo. Houve repercussão negativa da declaração junto a aliados que se incomodaram com a frase "o povo não quis que fosse agora", usada por ele para falar da derrota.

No bastidor, integrantes do PSDB avaliam que Serra foi personalista na colocação e não promoveu o que deveriam ser os novos passos do partido, no momento em que sofre a segunda derrota na disputa pela Presidência da República. Há uma cobrança pela reconstrução do PSDB e a adoção imediata de uma bandeira para defender, como a reforma política, durante os quatro anos de administração Dilma.

Na visão desses tucanos, o posicionamento de Serra manifestado ontem impede a criação de um novo canal de interlocução com a sociedade, o que, segundo eles, pode ser decisivo para o fortalecimento da legenda e da oposição no País. E questionam qual espaço político será utilizado pelo candidato derrotado para ser um "militante produtivo".

O pano de fundo para o descontentamento interno de parte do PSDB é a briga, ainda discreta, por espaço político na legenda. Os principais protagonistas dessa disputa velada são os serristas e os entusiastas do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador eleito Aécio Neves (MG).

Com musculatura política renovada, Alckmin tem pela frente uma nova geração de tucanos, além de colaboradores tradicionais, que defendem o seu nome como principal liderança no Estado. Do lado mineiro, há descontentamento com a supremacia paulista na escolha dos presidenciáveis, além do entendimento de que São Paulo perdeu a vez com as duas derrotas de Serra e a de Alckmin, em 2006.

Tucanos serristas culpam Aécio pela derrota na eleição, já que o mineiro não conseguiu obter a vitória de Serra em seu Estado, apesar de ter emplacado um "novato" em eleições, o seu ex-vice e agora governador Antonio Anastasia, que conseguiu se reeleger. No discurso de anteontem, Serra não citou Aécio, mas conversou com ele por telefone à noite.

Para tentar evitar que o partido rache, como ocorreu às vésperas da disputa presidencial deste ano, com a indefinição em torno de quem seria o presidenciável, Serra ou Aécio, o presidente nacional do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), tem defendido que a escolha do nome que disputará a Presidência da República em 2014 deve ser feita nos próximos dois anos.

Discurso

Para aliados de Serra, o discurso de ontem foi importante para mandar um sinal para o eleitor que o escolheu."Serra demonstrou responsabilidade com as pessoas que votaram nele. Elas não podem ser esquecidas", afirmou o deputado Jutahy Junior (BA). "A realidade é que Serra tem mais de 40 anos de vida pública. Não tem motivo para abandonar isso, o que não significa, necessariamente, disputar um cargo eletivo. Fiquei satisfeito de ver que ele continuará na vida pública. É muito bom ver que alguém como ele está disposto a isso", completou o tucano.

Um dos coordenadores da campanha de Serra, José Henrique Reis Lobo, que reassumirá nesta semana a presidência do diretório municipal do partido, avalia que, em seu discurso, Serra "assumiu a tarefa de ser uma das lideranças da oposição". "Ele vai ser uma das grandes expressões e um oráculo das oposições, não só em estratégia, como em discurso", afirmou Lobo.

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que "não se pode exigir um discurso perfeito", no momento em que o candidato derrotado foi falar da derrota. "Foi um discurso que demonstrou sua maturidade aos 68 anos e experiência. Se deixou de citar um ou outro, é porque não estavam presentes", declarou.



http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 3410,0.htm




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4743 Mensagem por Francoorp » Ter Nov 02, 2010 3:35 pm

xatoux escreveu:Da imprensa paulista: como enterrar o defunto político.

http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 3410,0.htm


‘Até logo’ de Serra desagrada a tucanos, que defendem renovação no partido
Integrantes do PSDB avaliam que ele foi personalista e não ajudou a promover os novos passos da legenda
01 de novembro de 2010 | 20h 31

Roberto Almeida e Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A declaração do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), que em discurso sobre o resultado de anteontem disse que não dava um "adeus", mas um "até logo", causou polêmica entre tucanos e aliados, que reservadamente defendem uma renovação dos quadros da oposição nos próximos anos.

Serra, ao reconhecer a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, sinalizou que não sairá da vida pública, embora não tenha mencionado se pretende voltar a disputar algum cargo eletivo. Houve repercussão negativa da declaração junto a aliados que se incomodaram com a frase "o povo não quis que fosse agora", usada por ele para falar da derrota.

No bastidor, integrantes do PSDB avaliam que Serra foi personalista na colocação e não promoveu o que deveriam ser os novos passos do partido, no momento em que sofre a segunda derrota na disputa pela Presidência da República. Há uma cobrança pela reconstrução do PSDB e a adoção imediata de uma bandeira para defender, como a reforma política, durante os quatro anos de administração Dilma.

Verdade, ontem no JN o Governador d eleito pelo PSDB daqui ja apareceu dando entrevista... foi o unico dos 8 governadores eleitos do Brasil a dar entrevista ontem.

Tem 46 anos, e isso poderia representar a nova corrente do PSDB para o Brasil, a tal da renovação dos candidatos que procuram, pois o Serra realmente jà era, liderança creio que vai ser dificil ter novamente.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4744 Mensagem por PRick » Ter Nov 02, 2010 4:03 pm

Francoorp escreveu:
xatoux escreveu:Da imprensa paulista: como enterrar o defunto político.

http://www.estadao.com.br/noticias/naci ... 3410,0.htm


‘Até logo’ de Serra desagrada a tucanos, que defendem renovação no partido
Integrantes do PSDB avaliam que ele foi personalista e não ajudou a promover os novos passos da legenda
01 de novembro de 2010 | 20h 31

Roberto Almeida e Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A declaração do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB), que em discurso sobre o resultado de anteontem disse que não dava um "adeus", mas um "até logo", causou polêmica entre tucanos e aliados, que reservadamente defendem uma renovação dos quadros da oposição nos próximos anos.

Serra, ao reconhecer a vitória da candidata do PT, Dilma Rousseff, sinalizou que não sairá da vida pública, embora não tenha mencionado se pretende voltar a disputar algum cargo eletivo. Houve repercussão negativa da declaração junto a aliados que se incomodaram com a frase "o povo não quis que fosse agora", usada por ele para falar da derrota.

No bastidor, integrantes do PSDB avaliam que Serra foi personalista na colocação e não promoveu o que deveriam ser os novos passos do partido, no momento em que sofre a segunda derrota na disputa pela Presidência da República. Há uma cobrança pela reconstrução do PSDB e a adoção imediata de uma bandeira para defender, como a reforma política, durante os quatro anos de administração Dilma.

Verdade, ontem no JN o Governador d eleito pelo PSDB daqui ja apareceu dando entrevista... foi o unico dos 8 governadores eleitos do Brasil a dar entrevista ontem.

Tem 46 anos, e isso poderia representar a nova corrente do PSDB para o Brasil, a tal da renovação dos candidatos que procuram, pois o Serra realmente jà era, liderança creio que vai ser dificil ter novamente.
Vcs ainda não perceberam essa clivagem regional do PSDB não tem solução, se Minas não vota no PSDB paulista, os paulistas vão dar o troco no candidato Mineiro do PSDB, entenderam? É o oposto da política café com leite.

Qualquer candidato marcadamente Paulista ou Mineiro vai ser enterrado nas próximas eleições. O PSDB está marcado pelo mesmo regionalismo do PMDB, por isso, o PMDB não consegue um candidato viável para as eleições nacionais.

A solução está clara, o PSDB vai rachar. O DEM acabou, em breve, uma solução será criada, quer dizer, um novo partido ou uma fusão de partidos já existentes, outra possibilidade é um anabolizada de um partido já existente.

[]´s




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4745 Mensagem por GustavoB » Ter Nov 02, 2010 4:07 pm

A solução está clara, o PSDB vai rachar. O DEM acabou, em breve, uma solução será criada, quer dizer, um novo partido ou uma fusão de partidos já existentes, outra possibilidade é um anabolizada de um partido já existente.
Pra estes a solução será a mesma de sempre: inventar um novo partido.

No caso de Aécio, já falam que ele vai pro PSB. E não duvido.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4746 Mensagem por EDSON » Ter Nov 02, 2010 4:19 pm

02/11/2010 - 06h30
FHC diz não endossar mais PSDB que não defenda a sua história

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MARIA CRISTINA FRIAS
COLUNISTA DA FOLHA
VINICIUS MOTA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO

Atualizado às 06h58.

"Não estou mais disposto a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), ontem, em entrevista no instituto que leva seu nome, no centro de SP.

Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique defende que o partido anuncie dois anos antes das eleições presidenciais seu candidato. "O PSDB não pode ficar enrolando até o final para saber se é A, B, C ou D."

O ex-presidente diz que Lula "desrespeitou a lei abundantemente" na campanha e que promove "um complexo sindical-burocrático-industrial, que escolhe vencedores, o que leva ao protecionismo".

Para FHC, a tradição brasileira de "corporativismo estatizante está voltando". Lula é uma "metamorfose ambulante que faz a mediação de tudo com tudo".

Folha - José Serra aproveitou a oportunidade do segundo turno como deveria?
Fernando Henrique Cardoso - Cada um tem um estilo e Serra foi fiel ao estilo dele. Tomou as decisões dele na campanha, com o [marqueteiro Luiz] Gonzalez. Não fez diferente do que se esperaria de Serra como um candidato persistente, que define uma linha e, aconteça o que acontecer, vai em frente.

O PSDB, e não o Serra, tem outros problemas mais complicados. Não é falta de bons candidatos. O problema é ter uma noção do coletivo, uma linguagem que expresse o coletivo, que não pode ser fechado no partido. Numa sociedade de 130 milhões de eleitores, a mensagem conta muito --no conteúdo e no modo que se transmite.

Como o Lula ficou muito fixado numa comparação para trás, os candidatos esqueceram a campanha e não definiram o futuro. Esse é o desafio --para o PSDB também.

O nosso futuro vai ser, outra vez, fornecer produtos primários? Ou vamos desenvolver inovação, modificar a educação, continuar a industrialização. Isso não foi posto [na campanha]. Qual será nossa matriz energética. Preocupa-me muito a discussão do petróleo.

Nesse campo, o seu governo quebrou o monopólio da Petrobras e implantou o modelo de concessão. A fórmula proposta por Lula, de partilha, para o pré-sal, que traz novos privilégios à Petrobras, é melhor?
Não posso responder, porque não vi a discussão. Preocupa-me esse modelo porque força uma supercapitalização [da Petrobras] sem que se saiba bem qual será o modelo de venda desse petróleo. Essa forma de partilha proposta é uma estatização do risco. O risco quem corre é o Estado, ao contrário do modelo de concessão.

O que estamos fazendo é uma dívida. Isso obriga a sobrecapitalizar a Petrobras. Parece que não temos mais problemas de poupança no Brasil. Entramos numa ilusão tremenda nessa matéria. O Tesouro faz a dívida com o mercado e empresta para o BNDES ou para a Petrobras. É como se não precisássemos mais poupar. Mas a dívida está aí. Essa questão o PSDB não politizou.

O governo Lula mobiliza fundos públicos e paraestatais e patrocina a formação de grandes empresas no país, uma espécie de complexo "industrial-burocrático", parodiando o "industrial-militar" do Eisenhower [em 1961, ao deixar o governo, o então presidente dos EUA Dwight Eisenhower alertou para os riscos de uma influência excessiva do complexo industrial-militar para o processo democrático]. Há mais ruptura ou continuidade em relação ao processo que se iniciou no seu governo, quando o BNDES e os fundos de pensão das estatais viabilizaram as privatizações?
Tudo é uma questão de medida. Os fundos [de pensão] entraram na privatização porque já tinham ações nas teles e participar do grupo de controle lhes dava vantagem. Fizeram um bom negócios Mas tive sempre o cuidado da diversificação. No mundo integrado de hoje, convém que a economia tenha um setor público eficiente e que tenha um setor privado, nacional e estrangeiro. Tentamos equilibrar isso.

O problema agora é de tendência, de gigantismo de uns poucos grupos, nesse complexo, que na verdade é sindical-burocrático-industrial, com forte orientação de escolher os vencedores. Isso é arriscado do ponto de vista político e leva ao protecionismo.

A máxima "política tem fila" foi usada para defender a precedência de Serra sobre Aécio na eleição de 2010. A fila andou ontem? Chegou a vez de Aécio Neves no PSDB?
Eu não posso dizer que passou a primeiro lugar, mas que o Aécio se saiu bem nessa campanha, se saiu. Não posso dizer que passou a primeiro lugar porque o Serra mostrou persistência e teve um desempenho razoável.

Não diria que existe um candidato que diga: "Eu naturalmente serei". Mas o PSDB também não pode ficar enrolando até o final para saber se é A, B, C ou D. Dentro de dois anos temos de decidir quem é e esse é tem de ser de todo mundo, tem de ser coletivo.

Não estou disposto mais a dar endosso a um PSDB que não defenda a sua história. Tem limites para isso, porque não dá certo. Tem de defender o que nós fizemos. A privatização das teles foi bom para o povo, para o Tesouro e para o país. A privatização da Vale foi um gol importante, porque, além do mais, a Vale é uma empresa nacional. A privatização da Embraer foi ótima.

Então por que não dizer isso? Por que não defender? Privatizar não é entregar o país ao adversário, pegar o dinheiro do povo e jogar fora. Não. É valorizar o dinheiro do país. Tudo isso criou mais emprego, deu mais renda para o Estado.

Do ponto de vista econômico, as questões estão bem encaminhados. Os motores da economia são fortes. Os problemas maiores são em outras áreas: educação, segurança, democracia, igualdade perante a lei, droga. Não é para saber se a economia vai crescer, é se a sociedade vai ser melhor.

Sobre a democracia no Brasil, o sr. escreveu, recentemente, que é uma maquinaria institucional em andamento, mas que lhe falta o "espírito": "a convicção na igualdade perante a lei, a busca do interesse público e de um caminho para maior igualdade social". Sinais desse espírito no processo eleitoral que se encerrou?
Francamente não vejo. O presidente Lula desrespeitou a lei abundantemente. Do ponto de vista da cultura política, nós regredimos. Não digo do lado da mecânica institucional --a eleição foi limpa, livre. Mas na cultura política, demos um passo para trás, no caso do comportamento [de Lula] e da aceitação da transgressão, como se fosse banal.

Houve abuso do poder político, que tem sempre um componente de poder econômico. Quantos prefeitos foram cassados aqui em São Paulo, por exemplo em Mauá, por abuso do poder econômico? Por nada, comparado com esse abuso a que assistimos agora. Não posso dizer que houve progresso da cultura democrática brasileira.
Aqui está havendo outra confusão. Pensar que a democracia é simplesmente fazer com que as condições de vida melhorem. Ela é também, mas não se esqueça que as ditaduras fazem isso mais depressa.

Como o sr. vê a volta de temas como religião na campanha?
Com preocupação. O Estado é laico, e trazer a questão religiosa para primeiro plano de uma discussão política não ajuda. Todas as religiões têm o direito de pensar o que queiram e de pregar até o comportamento eleitoral de seus fieis. Mas trazer a questão como se fosse um debate importante, não acho que ajude.

A dose dos chamados marqueteiros nas campanhas tucanas está exagerada?
Sim, em todas as campanhas. Nós entramos num marquetismo perigoso, que despolitiza. Hoje a campanha faz pesquisas e vê o que a população quer naquele momento. A população sempre quer educação, saúde e segurança, e então você organiza tudo em termos de educação, saúde e segurança.

Sem perceber que a verdadeira questão é como você transforma em problema uma coisa que a população não percebeu ainda como problema. Liderar é isso. Aí você abre um caminho. A pesquisa é útil não para você repetir o que ela disse, mas para você tentar influenciar no comportamento, a partir de seus valores.

Suponha uma pesquisa sobre privatização em que a maioria é contra. A posição do líder político é tentar convencer a população [do contrário]. O que nós temos na campanha é a reafirmação dos clichês colhidos nas pesquisas. Onde é que está a liderança política, que é justamente você propor valor novo. O líder muda, não segue.

Como mostrar as diferenças entre PT e PSDB? As ideias tucanas não são difíceis de assimilar?
Você se lembra de quando fui presidente? A ambição de todo mundo era cortar a burocracia. Por quê? Porque foi politizado.

É preciso politizar, e não é na hora da campanha.O PSDB, quando digo que tem que ter por referência o coletivo e ter um projeto, é agora. Não é para daqui a quatro anos. Daqui a quatro anos é tarde. Ou durante quatro anos você martela os seus valores e transforma os seus valores em algo que é compartilhado por mais gente, ou chega lá e não consegue. É tarde.

Mas o PSDB deixou o Lula falando sozinho um bom tempo.
Não foi só o PSDB. Foi todo mundo. Quando o nosso sistema presidencialista é exercido a partir de uma pessoa carismática como o Lula e que tem por trás um partido organizado, ele quase se torna um pensamento único.

Aqui, fora da campanha, só o governo fala. Quando fala sem parar, o caso atual, e sob forma de propaganda, fica difícil de controlar. No meu tempo, também era o governo que falava. Como não tenho o mesmo estilo e não usava uma visão eleitoreira o tempo todo, não aparecia tanto. Mas isso é da cultura brasileira.

Jornal dá o "outro lado", mas a TV não dá --só dá na campanha. O que a mídia em geral transmitiu ao longo desses oito anos? Lula, violência e futebol.

A oposição, liderada pelo PSDB, ficou mais forte nos Estados e mais fraca no Congresso. Como fará para resistir à força gravitacional do Planalto?
Não é fácil, porque os Estados têm interesses administrativos. Mas um pouco mais de consistência oposicionista pode. No regime militar, Montoro e Tancredo eram governadores e se opunham. É preciso recuperar um pouco essa dimensão política.

Mas o carro chefe para puxar [a oposição] não pode ser o governador. Tem de ser o partido. E não é o PSDB só. Esses 44 milhões [votação de Serra no domingo] não são do PSDB. É uma parte da sociedade brasileira que pensa de outra maneira. E não se pode aceitar a ideia de que são os mais pobres contra os mais ricos. Nunca vi uma elite tão grande: 44 milhões de pessoas.

A polarização nacional entre PT e PSDB completou 16 anos. Tem feito mais bem ou mais mal ao Brasil?
O que o Chile fez na forma da Concertação [a aliança entre o Partido Socialista e a Democracia Cristã que governou o Chile de 1990 a 2010], fizemos aqui sob a forma de oposição. Há muito mais uma linha de continuidade que de quebra. Queira ou não queira, o pessoal do PT aderiu, grosso modo, ao caminho aberto por nós. Isso é que deu crescimento ao Brasil. A briga, na verdade, é pelo poder, não é tanto pelo conteúdo que se faz. No tempo que cheguei lá, eu escrevi o que ia fazer e fiz. Nunca mudei o rumo. O Lula mudou o rumo. Agora acho que tem aí o começo de um rumo que não é o mesmo meu, que é esse mais burocrático-sindical-industrial. E tem uma diferença na concepção da democracia, e o PSDB tem de acentuar essa diferença.

Mas o que seria essa social-democracia?
Social-democracia, vamos devagar com o ardor. O sujeito da social-democracia europeia eram a classe trabalhadora e os sindicatos. Aqui são os pobres. O Lula deixou de falar em trabalhador para falar em pobre. Mudou. Nós descobrimos uma tecnologia de lidar com a pobreza, mas estamos por enquanto mitigando a pobreza.

Tem de transformar o pré-sal em neurônio. Esse é o saldo para uma sociedade desenvolvida. Social-democracia hoje é isso. É inclusão social, respeitando o mercado, sabendo que o Estado terá um papel importante, mas não é tudo, e que o mercado tem de ser regulado de olho numa inclusão que não seja só de mitigação. Não pode ter predomínio do olhar do Estado. Está se perfilando, no PT e adjacências, uma predominância do olhar do Estado, como se o Estado fosse a solução das coisas. Continuo achando que o Estado é indispensável, mas a sociedade deve ter uma participação mais ativa. Os movimentos sociais estão todos cooptados.

Então a diferença entre PT e PSDB, para o sr., se dá em relação ao papel do Estado.
Mas não no sentido de não ter papel para o Estado. No sentido de que esse papel tenha de ser de um Estado que se abra para a sociedade. Não de um Estado burocrático, que se imponha à sociedade.

A nossa tradição é de corporativismo estatizante, e isso está voltando. É uma mistura fina, uma mistura de Getúlio, Geisel e Lula. O Lula é mais complicado que isso, porque é isso e o contrário disso. Como é a metamorfose ambulante, faz a mediação de tudo com tudo.

Lula sempre faz a mediação para que o setor privado não seja sufocado completamente. Não sei como Dilma vai proceder.

O sr. sente que isso tende a se aprofundar nesse novo governo?
Sim, a segunda parte do segundo mandato de Lula foi assim. A crise global deu a desculpa para o Estado gastar mais. E o pobre do Keynes pagou o preço. Tudo é Keynes [O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) defendeu, em sua obra "Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", a intervenção do Estado na economia para controlar as crises econômicas]. Investimento não cresceu, gasto público se expandiu, foi Keynes.

Não acho que o Brasil vá no sentido da Venezuela porque a sociedade nossa é mais forte. Aqui há empresas, imprensa, universidades, igrejas, uma sociedade civil maior, mais forte. Isso leva o governo a também ter cautela. Veja o discurso da Dilma de ontem [domingo]. Ela beijou a cruz.

Como todo mundo percebia uma tendência nesse sentido, ela disse: "Olha aqui, vou respeitar a democracia, vou dar a mão a todos". Ela tem que dizer isso, porque senão ela não governa.

O que esperar de Dilma Rousseff, que estreia num cargo eletivo logo na Presidência, no dia 1º de janeiro?
Nós não sabemos não só o que ela pensa, mas como é que ela faz. O Brasil deu um cheque em branco para a Dilma. Vamos ver o que vai acontecer com a conjuntura econômica, mundial e aqui. Há um problema complicado na balança de pagamentos, um deficit crescente, uma taxa de juros elevada e uma taxa de câmbio cruel.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4747 Mensagem por xatoux » Ter Nov 02, 2010 4:36 pm

Lula foi eleito, re-eleito, deixou a presidencia com popularidade recorde, elegeu a sucessora e tem reconhecimento internacional.

FHC é escondido pelos seus proprios companheiros de legenda.

Seu medo, eh que depois de morto(fisicamente, nao politicamente, pois ja o eh), o nome Fernando Henrique Cardoso seja para o povo algo equivalente a Dutra, Castelo Branco, Afonso Pena: apenas nome de rodovia ou avenida!! :lol:




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#4748 Mensagem por joaozinho » Ter Nov 02, 2010 4:43 pm





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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4749 Mensagem por EDSON » Ter Nov 02, 2010 4:44 pm

FHC em vez de tomar as rédeas do partido é tratado igual a um "cachorrão" pelo mesmo.

A voz de um fantasma que continua a artormentar na escuridão.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4750 Mensagem por joaozinho » Ter Nov 02, 2010 4:52 pm

EDSON escreveu:FHC em vez de tomar as rédeas do partido é tratado igual a um "cachorrão" pelo mesmo.

A voz de um fantasma que continua a artormentar na escuridão.
são personagens parecidos a zé dirceu e zé genoíno, o primeiro foi tido como nome forte pra sucessão, depois dos escândalos e do dinheiro na cueca...




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#4751 Mensagem por Francoorp » Ter Nov 02, 2010 4:53 pm

xatoux escreveu:Lula foi eleito, re-eleito, deixou a presidencia com popularidade recorde, elegeu a sucessora e tem reconhecimento internacional.

FHC é escondido pelos seus proprios companheiros de legenda.

Seu medo, eh que depois de morto(fisicamente, nao politicamente, pois ja o eh), o nome Fernando Henrique Cardoso seja para o povo algo equivalente a Dutra, Castelo Branco, Afonso Pena: apenas nome de rodovia ou avenida!! :lol:
:shock: :shock:

Forte essa hein... nào deixa de ter sentido!!

O texto ai eu li somente até a metade, as perguntas dirigidas pelo jornal e as respostas ja preparadas, pois no Vapt-Vupt das perguntas e respostas não tinha como desdenhar tantos detalhes de politica... parei de ler depois do parque industrial militar do Eisenhower... [024] [024]




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#4752 Mensagem por PRick » Ter Nov 02, 2010 5:14 pm

Diante de muito besteira que andam falando por aí, e estimulando preconceito contra nordestino, sobretudo de paulista ignorante. Vejam o quadro geral da votação presidencial no segundo turno de 2010.

Imagem

Reparem, Dilma vence nas duas regiões mais populosas do Brasil, Sudeste e Nordeste, também vence do Norte, quase empata no Centro-Oeste e só perde mesmo no Sul.

Dos 07 estados mais populosos da Federação, SP, MG, RJ, BA, PE, RS e CE, Dilma só perde em dois deles, São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo que nesse último a diferença não chega a 01%. Mesmo em São Paulo a diferença não chega a 10%.

Serra perdeu a eleição em seu estado natal, teve uma votação muito ruim, dado que Geraldo Alckmin teve um desempenho muito melhor que ele em 2006.

[]´s




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4753 Mensagem por Guerra » Ter Nov 02, 2010 10:12 pm

marcelo bahia escreveu:
Cross escreveu: Lambendo é pouco, entrou ali tudo, calabresa e os ovos. E depois ainda falam da imprensa PIG.
É PIG mesmo!!

Estão puxando o saco para tentar escapar da "Ley de medios"! Por uma mídia mais democrática e participativa!!

http://blogln.ning.com/profiles/blogs/n ... -medios-da

Sds.

Vamos no popular correto: leis de controle dos meios de comunicação a la chavez




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4754 Mensagem por Guerra » Ter Nov 02, 2010 10:20 pm

GustavoB escreveu:No caso de Aécio, já falam que ele vai pro PSB. E não duvido.
Fiquem de olho no PSB nas próximas eleições. Esse partido vai dar o que falar.




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Re: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010, BRASIL

#4755 Mensagem por Guerra » Ter Nov 02, 2010 10:31 pm

PRick escreveu:Qualquer candidato marcadamente Paulista ou Mineiro vai ser enterrado nas próximas eleições. O PSDB está marcado pelo mesmo regionalismo do PMDB, por isso, o PMDB não consegue um candidato viável para as eleições nacionais.
O PMDB não consegue um candidato forte porque virou um partido fraco quando meteu o pé na bunda dos tucanos. Com isso trocou um plano de governo por um plano de poder.

Agora, chamar o PMDB de regionalista é foda, né Prick! Nenhum partido brasoleiro teve uma formação homogenea e nacional como o PMDB.




Editado pela última vez por Guerra em Ter Nov 02, 2010 10:33 pm, em um total de 1 vez.
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