Túlio escreveu:Bem, competimos usando o Super Tucano, não? Sei, a comparação é meio forçada mas...
O ST é praticamente um conceito nosso, autêntico Made-in-Brasil, baseado em uma doutrina de emprego da FAB que segue uma linha abandonada (talvez prematuramente) por outros países uma ou duas décadas atrás. Sendo um produto praticamente único no mercado (como demonstrou a recente concorrência dos EUA) o ST é o sucesso que temos visto. Isso é explicado muito bem no livro "Marketing de Guerra" de Al Ries e Jack Trout (o ST é uma clássica estratégia de "guerrilha de marketing").
Já no campo de caças de última geração, que inovação doutrinária ou técnica podemos oferecer? Que eu saiba a FAB sequer tem capacidade de inovar em doutrinas de combate aéreo (até por absoluta falta de experiência no ramo), e a Embraer sozinha também não tem. Se tentássemos desenvolver um Hi 5G seríamos praticamente forçados a desenvolver um avião que cairia exatamente na categoria do F-35/PAK-FA/J-20, em uma típica estratégia de marketing de "ataque", que é a pior possível, principalmente para um competidor que possui muito menos recursos do que a concorrência.
Seria como a carga da brigada ligeira, na melhor das hipóteses um movimento ousado e elegante, mas com absoluta certeza de um resultado suicida
.
sapao escreveu:Teriamos que pensar em 3 coisas:
-quantas unidades seriam necessárias para pagar o projeto?
-teriamos então condição de BANCAR sozinhos (como o A-29 e o 390 inicialmente)?
-e por ultimo: vamos ter a VONTADE para isso?
Porque o SSN está saindo é ate onde sei não existe a ideia de vende-lo para ninguem, nem mesmo os convencionais, e mesmo assim os estamos fabricando.
Então estou dizendo que concordo com você disse Leandro, mas entenda que o que eu quis dizer é que fariamos um caça para NÓS e assumiriamos o preço, assim como o VBTP, o 390 e o PRO-SUB.
Se houver parceiro ótimo, se não a gente paga sozinho a conta e capacita a industria nacional.
Seria um prejuizo ou investimento?
Pense assim, o custo do projeto de caça seria tanto maior quanto maior fossem a sofisticação e a capacidade do produto pretendido. Quanto mais sofisticado maior o custo e o prazo de desenvolvimento, e também o custo unitário. Já as eventuais encomendas da FAB teriam a relação exatamente oposta, quanto mais caro menos unidades a FAB poderia comprar e operar. Nestas condições, para onde você acha que caminharia o ponto de equilíbrio? Caso tivéssemos parceiros para o projeto a coisa poderia mudar de figura, principalmente pelo aumento da escala de compras (a realidade é que quase todo mundo no planeta compra mais caças do que o Brasil
). Aí talvez até desse para conversar.
O caso dos SSN´s é diferente por dois motivos: Primeiro porque eles são navios e não aviões, e portanto se pressupõem que sejam construídos e não fabricados. Isso faz toda a diferença, porque na construção o custo da linha de produção é muito baixo se comparado ao custo de desenvolvimento, ao passo que na fabricação em série (caso de aviões, cuja produção exige ferramental dedicado, dispositivos, programação de robôs, linhas de montagem, etc...) o custo da colocação em produção pode ser até maior que o de desenvolvimento. Portanto, após desenvolvido o primeiro SNB os demais poderiam ser construídos praticamente pelo custo de produção, ao passo que no caso de um caça após o primeiro protótipo ainda teria que ser montada uma complexa e caríssima linha de produção dedicada, um investimento altíssimo que teria que ser amortizado.
Além disso, caças você pode escolher o fornecedor no mercado e comprar, não existem restrições absolutas, é só uma questão de liberar a verba. Sub´s nucleares são outra história, só existe um caso de venda (na verdade arrendamento) na história, e ainda assim entre países que já são potências regionais e pertencem ao clube nuclear. Se o Brasil quiser caças é só pagar, já sub´s nucleares ou construímos ou ficamos chupando o dedo.
Leandro G. Card