Barack, Teerã, Hitler, Guerra Fria, Praga, China, escala mundial, rota de colisão, ditadura, terroristas, persona non grata: a vida em 1,5 página de Word.Santiago escreveu:EDITORIAL
Brasil à deriva no apoio ao Irã
O presidente Barack Obama recepcionará líderes de 47 países na próxima semana, em
Washington, para uma reunião sobre segurança nuclear, com três trunfos na mão: a revisão da política
nuclear americana, há pouco anunciada, pela qual os Estados Unidos se comprometem a não usar
armas atômicas contra países que não as possuam, exceto estados sem lei, como Irã e Coreia do Norte;
a assinatura com a Rússia ontem, em Praga, de um pacto para redução em um terço dos arsenais
nucleares, apontando para uma nova era de cooperação entre os grandes ex-inimigos da Guerra Fria (a
Rússia é a sucessora legal da União Soviética); e, finalmente, a concordância da China em conversar
sobre as novas sanções que os EUA e o Ocidente desejam aplicar ao Irã, pela falta de transparência de
seu programa nuclear, considerado uma ameaça em escala mundial.
A revisão da política americana feita pelo governo Obama reflete preocupação, não com outras
potências nucleares, como Rússia e China, mas com a proliferação: se estados sem lei, no sentido de
não confiáveis, como Irã e Coreia do Norte, obtiverem armas atômicas, ainda que rudimentares, muito
mais provável se torna a hipótese de que elas caiam em poder de redes terroristas, como a al-Qaeda.
Estaria criado o pesadelo do terror nuclear.
Daí a busca de consenso para a imposição de sanções destinadas a interromper o
desenvolvimento do programa nuclear iraniano, uma vez que Teerã rejeita submetê-lo à Agência
Internacional de Energia Atômica (em relação à Coreia do Norte, há um trabalho permanente que
envolve os EUA, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha).
Nesse contexto, quanto mais cresce a compreensão de que é preciso evitar que o Irã -
governado por uma ditadura militar e teocrática com objetivos expansionistas - desenvolva armas
nucleares, mais delicada se torna a posição do Brasil. O governo Lula adota uma política externa de
protagonismo terceiro-mundista que, para seus artífices, o "Itamaraty do B", é a melhor forma de
defender os interesses do país. Ela se pauta, estranhamente, pelo apoio a ditaduras - como as de Cuba,
Venezuela e Irã - colocando o Brasil em rota de colisão com os EUA e o mundo. O argumento do
presidente Lula é que "o Brasil conversa com todos". O do chanceler Celso Amorim é que não se deve
pressionar o Irã porque isso poderá levar a maior radicalização de sua liderança. Imagine-se este
argumento aplicado a Hitler.
Os EUA aceleram as gestões para que o Conselho de Segurança da ONU aprove o quanto antes
novas sanções ao Irã. A China, o maior aliado iraniano, aceita conversar sobre a hipótese, embora não
se possa dizer que vá concordar com ela. Sobra o Brasil, que, claro, também aceita conversar, mas
insiste em dar o benefício da dúvida ao Irã. Se não houver uma evolução da posição brasileira, o
presidente Lula chegará a Teerã em maio, retribuindo visita de Ahmadinejad a Brasília, em novembro,
num um dilema infernal: se o Brasil votar na ONU a favor das sanções, desembarcará como persona non
grata. Se recorrer à abstenção, desagradará tanto a Ahmadinejad quanto ao Primeiro Mundo. E se, num
ato delirante, votar contra as sanções, a diplomacia brasileira terá ficado refém de Teerã.
A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Moderador: Conselho de Moderação
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Prezados,
Peço a todos, por gentileza, a colocação dos links relativos às matérias postadas.
Um abraço.
Peço a todos, por gentileza, a colocação dos links relativos às matérias postadas.
Um abraço.
- Viktor Reznov
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Não, para O Globo é um ultraje a política externa ser independente e soberana mediante países ricos, mas vassala e submissa mediante países pobres. Aprenda a ler.DELTA22 escreveu:![]()
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Para "O Globo" é um ultraje a política externa brasileira ser independente, ou não convergente às dos países "centrais"... É quase um chute no saco! A Time Life / CIA não gosta disso!
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Mas se esquecem do quanto exportamos para os persas e importamos uma ninharia...![]()
O copo está meio cheio, ou meio vazio? Cada um com seu olhar.
[]'s a todos.
I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Ah, tá! Me engana que eu gosto!Cross escreveu:Não, para O Globo é um ultraje a política externa ser independente e soberana mediante países ricos, mas vassala e submissa mediante países pobres. Aprenda a ler.
![Laughing :lol:](./images/smilies/icon_lol.gif)
Reescrevo a frase de modo correto então:
Para O Globo, bom é ser vassalo e submisso mediante os países ricos, mas independente, soberano e com o porrete na mão mediante os países pobres!
Ficou melhor e mais realista assim, não?
![Twisted Evil :twisted:](./images/smilies/icon_twisted.gif)
[]'s.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Tu ainda te presta Delta22
... Seu comuna ![Mr. Green :mrgreen:](./images/smilies/icon_mrgreen.gif)
![Laughing :lol:](./images/smilies/icon_lol.gif)
![Mr. Green :mrgreen:](./images/smilies/icon_mrgreen.gif)
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enlil escreveu:Tu ainda te presta Delta22... Seu comuna
![Mr. Green :mrgreen:](./images/smilies/icon_mrgreen.gif)
![Mr. Green :mrgreen:](./images/smilies/icon_mrgreen.gif)
Mas pode me chamar de Brasileiro Xiita (no bom sentido), por gentileza!!!
![Wink :wink:](./images/smilies/icon_wink.gif)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Apesar de não ser uma entrevista tão recente (foi feita antes do encontro dos líderes mundiais nos USA), vale a pena ver as respostas sobre diversos questionamentos sobre a política externa brasileira quanto a questão nuclear ( e outras) dadas por quem de direito.
Um fraternal abraço,
Um fraternal abraço,
.'.
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
- Edu Lopes
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
A diplomacia topa tudo
Carlos Alberto Sardenberg - O Estado de S.Paulo
Está certo que a diplomacia requer gestos de aproximação aos países com cujos governos se negocia. Mas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, precisava aparecer sorridente diante dos fotógrafos entregando uma camisa da seleção brasileira para o também sorridente presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?
Dirão: ora, foi uma simples gentileza, que não melhora nem piora a complexa questão de como lidar com o Irã.
Vá lá, aceitemos provisoriamente a desculpa.
Agora, se não estivesse escrito em documento oficial, pareceria uma gozação dizer que os governos brasileiro e chinês farão "um intercâmbio de experiências e de melhores práticas" na área de... direitos humanos!
Pois é, está cravado no documento que lança o Plano de Ação Conjunta Brasil-China. Portanto, cabe especular sobre quais práticas poderão ser trocadas.
Os chineses poderão nos ensinar técnicas de execução de condenados, pois são bons nisso. É o país em que mais se aplica a pena capital.
Também poderemos aprender com eles como calar a oposição política, como prender dissidentes e processá-los por crimes comuns.
O governo chinês detém ainda uma tecnologia que muita gente por aqui pode vir a gostar: como controlar e censurar a internet. Com inovadoras ferramentas, as autoridades chinesas conseguem bloquear todas as informações que consideram ser inconvenientes.
O presidente Lula vive reclamando que a imprensa não cobre corretamente os bons feitos do governo. Pois seu colega Hu Jintao não tem do que se queixar: a imprensa de lá só publica o que o chefe quer ler. O governo decide o que o público deve saber, assim como define o que sejam direitos humanos.
E que experiências o Brasil poderia enviar à China? Nosso sistema prisional, por exemplo, que solta rapidinho os condenados. Ou que tal um Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) que, aplicado lá, tornaria obrigatória a abertura dos arquivos da Revolução Cultural da era Mao Tsé-tung, apontando-se os responsáveis por milhões de assassinatos, torturas e violações generalizadas?
Não se trata de brincar com coisa séria. Se é, então a brincadeira é anterior, de quem colocou em um documento oficial que o Brasil e a China trocarão experiências na área de direitos humanos.
Alguns dizem que é tudo por negócios. No mundo democrático, ninguém desconhece como age o governo chinês e todo mundo faz negócios com eles. Também muitos países ocidentais e/ou democráticos fazem negócios com o Irã.
Verdade, mas isso apenas prova que é possível fazer negócios sem gestos que denotem tolerância ou mesmo simpatia a posições indefensáveis.
Tome-se o Irã. Entre os principais países que exportam para lá estão Alemanha, Itália e França. Os três endossam e participam do processo de definição de sanções ao Irã, os três são críticos severos do programa nuclear e das declarações do presidente Ahmadinejad.
Se o Brasil tiver produtos e serviços importantes para o Irã, não precisa entregar camisas da seleção para vendê-los.
Do mesmo modo, o comércio com a China cresceu muito nos últimos anos, não por causa da diplomacia Sul-Sul, muito menos por causa da aceitação dos direitos humanos à chinesa.
Aconteceu, simplesmente, que os chineses precisam muitíssimo de minério de ferro, soja e petróleo, produtos disponíveis no Brasil. São esses três itens que compõem a maior parte das exportações brasileiras - e que continuariam compondo a maior parte das exportações mesmo se o presidente Lula fizesse uma homenagem especial ao dalai-lama.
Há sete anos, quando o presidente Hu Jintao esteve no Brasil pela primeira vez, prometeu bilhões de dólares em investimentos diretos em troca de o governo brasileiro declarar a China como "economia de mercado", condição importante para sua posição na Organização Mundial do Comércio (OMC).
As empresas chinesas não investiram e o governo brasileiro não concretizou a declaração. E as nossas exportações cresceram mesmo assim.
Os investimentos estão começando a chegar, mas são menores e vão especialmente para áreas que interessam diretamente aos negócios chineses. Eles estão entrando em minas de ferro, usinas de aço e portos que exportam para a China.
Já o agronegócio brasileiro tem muita vontade e condição de exportar carnes para lá, mas esbarra nas regras sanitárias aplicadas seletivamente pelo governo chinês. Há negociações, houve uma liberação parcial para exportação de frangos, mas vai tudo muito lentamente.
Os chineses não têm pressa, pois seu mercado é bem abastecido por carnes americanas, por exemplo. (E, por falar nisso, a Rússia, nossa colega de Bric, também dá mais espaço às carnes dos Estados Unidos.)
E se aqueles gestos da diplomacia brasileira não têm eficácia econômica, qual seu objetivo? O comando da política externa parece entender que consegue a liderança sendo tolerante e passivo diante das posições e atitudes dos outros.
O presidente Lula está seguro que deu certo, que ele é um grande líder mundial e que as exportações do Brasil cresceram por causa disso.
Porém o Brasil, economicamente estável, é um baita país, qualquer que seja o presidente ou a presidenta; todos os emergentes importantes aumentaram suas exportações e nem todos têm Lula.
JORNALISTA.
E-MAIL: SARDENBERG@CBN.COM.BR CARLOS.SARDENBERG@TVGLOBO.COM.BR
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 0155,0.php
Carlos Alberto Sardenberg - O Estado de S.Paulo
Está certo que a diplomacia requer gestos de aproximação aos países com cujos governos se negocia. Mas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, precisava aparecer sorridente diante dos fotógrafos entregando uma camisa da seleção brasileira para o também sorridente presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad?
Dirão: ora, foi uma simples gentileza, que não melhora nem piora a complexa questão de como lidar com o Irã.
Vá lá, aceitemos provisoriamente a desculpa.
Agora, se não estivesse escrito em documento oficial, pareceria uma gozação dizer que os governos brasileiro e chinês farão "um intercâmbio de experiências e de melhores práticas" na área de... direitos humanos!
Pois é, está cravado no documento que lança o Plano de Ação Conjunta Brasil-China. Portanto, cabe especular sobre quais práticas poderão ser trocadas.
Os chineses poderão nos ensinar técnicas de execução de condenados, pois são bons nisso. É o país em que mais se aplica a pena capital.
Também poderemos aprender com eles como calar a oposição política, como prender dissidentes e processá-los por crimes comuns.
O governo chinês detém ainda uma tecnologia que muita gente por aqui pode vir a gostar: como controlar e censurar a internet. Com inovadoras ferramentas, as autoridades chinesas conseguem bloquear todas as informações que consideram ser inconvenientes.
O presidente Lula vive reclamando que a imprensa não cobre corretamente os bons feitos do governo. Pois seu colega Hu Jintao não tem do que se queixar: a imprensa de lá só publica o que o chefe quer ler. O governo decide o que o público deve saber, assim como define o que sejam direitos humanos.
E que experiências o Brasil poderia enviar à China? Nosso sistema prisional, por exemplo, que solta rapidinho os condenados. Ou que tal um Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) que, aplicado lá, tornaria obrigatória a abertura dos arquivos da Revolução Cultural da era Mao Tsé-tung, apontando-se os responsáveis por milhões de assassinatos, torturas e violações generalizadas?
Não se trata de brincar com coisa séria. Se é, então a brincadeira é anterior, de quem colocou em um documento oficial que o Brasil e a China trocarão experiências na área de direitos humanos.
Alguns dizem que é tudo por negócios. No mundo democrático, ninguém desconhece como age o governo chinês e todo mundo faz negócios com eles. Também muitos países ocidentais e/ou democráticos fazem negócios com o Irã.
Verdade, mas isso apenas prova que é possível fazer negócios sem gestos que denotem tolerância ou mesmo simpatia a posições indefensáveis.
Tome-se o Irã. Entre os principais países que exportam para lá estão Alemanha, Itália e França. Os três endossam e participam do processo de definição de sanções ao Irã, os três são críticos severos do programa nuclear e das declarações do presidente Ahmadinejad.
Se o Brasil tiver produtos e serviços importantes para o Irã, não precisa entregar camisas da seleção para vendê-los.
Do mesmo modo, o comércio com a China cresceu muito nos últimos anos, não por causa da diplomacia Sul-Sul, muito menos por causa da aceitação dos direitos humanos à chinesa.
Aconteceu, simplesmente, que os chineses precisam muitíssimo de minério de ferro, soja e petróleo, produtos disponíveis no Brasil. São esses três itens que compõem a maior parte das exportações brasileiras - e que continuariam compondo a maior parte das exportações mesmo se o presidente Lula fizesse uma homenagem especial ao dalai-lama.
Há sete anos, quando o presidente Hu Jintao esteve no Brasil pela primeira vez, prometeu bilhões de dólares em investimentos diretos em troca de o governo brasileiro declarar a China como "economia de mercado", condição importante para sua posição na Organização Mundial do Comércio (OMC).
As empresas chinesas não investiram e o governo brasileiro não concretizou a declaração. E as nossas exportações cresceram mesmo assim.
Os investimentos estão começando a chegar, mas são menores e vão especialmente para áreas que interessam diretamente aos negócios chineses. Eles estão entrando em minas de ferro, usinas de aço e portos que exportam para a China.
Já o agronegócio brasileiro tem muita vontade e condição de exportar carnes para lá, mas esbarra nas regras sanitárias aplicadas seletivamente pelo governo chinês. Há negociações, houve uma liberação parcial para exportação de frangos, mas vai tudo muito lentamente.
Os chineses não têm pressa, pois seu mercado é bem abastecido por carnes americanas, por exemplo. (E, por falar nisso, a Rússia, nossa colega de Bric, também dá mais espaço às carnes dos Estados Unidos.)
E se aqueles gestos da diplomacia brasileira não têm eficácia econômica, qual seu objetivo? O comando da política externa parece entender que consegue a liderança sendo tolerante e passivo diante das posições e atitudes dos outros.
O presidente Lula está seguro que deu certo, que ele é um grande líder mundial e que as exportações do Brasil cresceram por causa disso.
Porém o Brasil, economicamente estável, é um baita país, qualquer que seja o presidente ou a presidenta; todos os emergentes importantes aumentaram suas exportações e nem todos têm Lula.
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- rodrigo
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Dois pesos e duas medidas nas relações internacionais
Não existem amigos nas relações internacionais. Existem interesses. A diplomacia deveria atuar em proveito dos interesses nacionais e não em nome de utópicos conceitos de ordem ideológica ou na ilusão de que cedendo obteremos a boa vontade do interlocutor. Todos tentarão impor sempre mais em proveito de seu povo, em detrimento dos demais.
As concessões feitas pelo atual governo às exigências de outros países culminam com a absurda pretensão formulada pelo Paraguai de “perdão” da dívida de US$ 19 bilhões, relativa à Itaipu. Ficamos em uma situação esdrúxula. Explorados pelos desenvolvidos em nome do cumprimento de acordos, aceitamos a argumentação injusta de países mais pobres, mas nada questionamos diante dos mais ricos. Até por questão de coerência devemos adotar uma política uniforme. Em nome dos mesmos princípios, deveriamos ter idêntica postura em relação aos nossos credores. Não é possível ser explorado por ambos os lados.
Gelio Fregapani
Não existem amigos nas relações internacionais. Existem interesses. A diplomacia deveria atuar em proveito dos interesses nacionais e não em nome de utópicos conceitos de ordem ideológica ou na ilusão de que cedendo obteremos a boa vontade do interlocutor. Todos tentarão impor sempre mais em proveito de seu povo, em detrimento dos demais.
As concessões feitas pelo atual governo às exigências de outros países culminam com a absurda pretensão formulada pelo Paraguai de “perdão” da dívida de US$ 19 bilhões, relativa à Itaipu. Ficamos em uma situação esdrúxula. Explorados pelos desenvolvidos em nome do cumprimento de acordos, aceitamos a argumentação injusta de países mais pobres, mas nada questionamos diante dos mais ricos. Até por questão de coerência devemos adotar uma política uniforme. Em nome dos mesmos princípios, deveriamos ter idêntica postura em relação aos nossos credores. Não é possível ser explorado por ambos os lados.
Gelio Fregapani
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
A dívida não foi cancelada, a bem da verdade nem foi votado no senado o novo acordo, o que o Paraguai terá a sim erroneamente é melhores condições da dívida, caso o senado aprove o que este ano não será.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Jeito ‘carinhoso’ do Brasil é obstáculo para estar entre os grandes, diz jornal
![Imagem](http://chc.cienciahoje.uol.com.br/blogue-do-rex/2009/novembro/imagens/Parecedepelciamasno3.jpg/image_large)
Um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito “carinhoso” do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.
O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil “tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber”.
Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.
Política de ‘arco-íris’
No entanto, segundo o texto, “a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”.
“Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também”, afirma o Financial Times.
Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”.
O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.
“Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto”, diz o texto.
Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer “erros” e não se acostumar “aos holofotes da opinião internacional”.
“Isso custou pouco ao Brasil até agora”, diz o Financial Times.
“Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis”, afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.
Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o “charme de Lula”.
“A imagem do império carinhoso pode não durar mais”, conclui o texto.
Fonte: BBC Brasil via Plano Brasil.
http://pbrasil.wordpress.com/2010/04/20 ... more-15281
![Imagem](http://chc.cienciahoje.uol.com.br/blogue-do-rex/2009/novembro/imagens/Parecedepelciamasno3.jpg/image_large)
Um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito “carinhoso” do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.
O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil “tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber”.
Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.
Política de ‘arco-íris’
No entanto, segundo o texto, “a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”.
“Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também”, afirma o Financial Times.
Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”.
O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.
“Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto”, diz o texto.
Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer “erros” e não se acostumar “aos holofotes da opinião internacional”.
“Isso custou pouco ao Brasil até agora”, diz o Financial Times.
“Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis”, afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.
Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o “charme de Lula”.
“A imagem do império carinhoso pode não durar mais”, conclui o texto.
Fonte: BBC Brasil via Plano Brasil.
http://pbrasil.wordpress.com/2010/04/20 ... more-15281
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Gostei do discurso... mostra que não é a política quem da o pitaco técnico nas decisões da diplomacia nacional ! ![Very Happy :D](./images/smilies/icon_biggrin.gif)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Por que a nossa política externa é assim
*João Mellão Neto
Para aqueles que não conseguem entender qual é a lógica que preside as aparentemente
tresloucadas opções de Lula no que tange à política exterior vai aqui uma pequena colaboração.
Como reza a sabedoria popular: "Se você vir uma tartaruga em cima de uma árvore, fique atento.
Tartaruga não sobe em árvore. Ou foi uma enchente ou então foi mão de gente." Se algo parece não
fazer sentido numa determinada situação, a dica é pesquisar o tema mais a fundo. É sempre positivo ter
em mente que absurdo não existe. Chamamos de absurdo tudo aquilo que "não se encaixa". Geralmente
é algo que provém de um ordenamento lógico cujo sentido não conhecemos.
Alguém, entre os leitores, já ouviu falar do Foro de São Paulo? Não se trata de nada clandestino.
É uma entidade latino-americana que, manifestamente, busca congregar e apoiar todos os partidos e
movimentos ditos "de esquerda" da América Latina. O foro já existe há quase duas décadas e se reúne
com frequência anual. Falar dele é um tabu em boa parte da mídia brasileira, tão infestada por patrulhas
ideológicas de todos os lados. Na internet, por exemplo, existem poucas referências ao tema, quase
todas elas carregadas de conteúdo ideológico: ou se é contra ou a favor. Informações precisas e
despidas de opiniões são raras.
Por essa razão é tão difícil abordar assuntos como o do foro. A entidade existe e tem até um site.
Acessa-se por meio da página do Partido dos Trabalhadores (PT). Sua história é a seguinte.
O Foro de São Paulo nasceu aqui, na nossa cidade, em julho de 1990. Foi uma reunião
internacional bancada pelo PT a partir de uma sugestão de Fidel Castro a Lula dada cerca de um ano
antes.
Como é próprio da ideologia de seus membros, a partir de então não parou de crescer. Os seus
membros se reúnem em congresso quase todos os anos - cada um numa cidade latino-americana
diferente - e aprovam atas, com posicionamentos políticos válidos para todos. Um de seus idealizadores
é Marco Aurélio Garcia, que, nos últimos anos, tem sido o principal formulador da política externa do
nosso governo, principalmente no que diz respeito à América Latina.
O objetivo mais importante do foro é manter acesa a chama do socialismo no nosso subcontinente.
A ideia do dito ex-presidente de Cuba, nos idos de 1990, foi, então, muito oportuna. O Muro
de Berlim, construção que dividia a Alemanha em duas partes e era o principal ícone do antigo regime
comunista soviético, caiu em novembro de 1989 - com o agravante de ter sido derrubado
espontaneamente pelas suas próprias vítimas. Aquelas pessoas que pelo mundo abraçavam a causa
socialista repentinamente ficaram órfãs. Seus ideais haviam sido cabalmente desmentidos pelos fatos. A
proposta de Fidel, à época, era altamente auspiciosa: reunir todos os partidos e movimentos políticos da
esquerda, na América Latina, para procurar estabelecer o diálogo entre eles e, a partir disso, a
articulação e a coordenação de suas ações.
Foi, e tem sido, um enorme sucesso. Hoje em dia, não há organização política representativa de
cunho socialista, em toda a América Latina, que não seja filiada ao Foro de São Paulo. Trocam, de modo
permanente, ideias e impressões entre si e - o mais importante - falam todos, agora, a mesma língua.
Muitos chegaram ao poder, como é o caso de Lugo, no Paraguai, Ortega, na Nicarágua, Morales,
na Bolívia, Correa, no Equador, e muitos mais. Outros tantos ocuparam o poder antes e, numa tentativa
oportunista de apresentar ao mundo alguma justificativa ideológica para seus governos, trataram de se
filiar ao foro. Um caso que todos conhecem bem é o de Hugo Chávez, na Venezuela - com o seu
conceitualmente confuso "bolivarianismo". Outro que chegou atrasado foi o presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya.
O caso do Brasil é muito peculiar: foi aqui que o foro se viabilizou, beneficiando-se da
infraestrutura oferecida pelo PT, já então um grande e representativo partido político. Luiz Inácio Lula da
Silva tratou logo de abraçar a bandeira oferecida por Castro, que tinha também outro grande atrativo:
caso o petista vencesse as eleições de 1990, contra Collor, o partido seria alçado à condição de grande
líder das esquerdas da América Latina. O fato é que naquela ocasião Lula perdeu. Perdeu a Presidência
da República e também a perspectiva de se tornar líder socialista do nosso sub-continente.
Já numa das primeiras assembleias anuais do foro ficou determinado, em ata, que era dever de
todos os partidos e movimentos filiados defender o governo cubano e o seu líder, Fidel.
Em meados da década de 1990, Hugo Chávez se filiou ao movimento. Foi uma aliança benéfica
para todos. Em troca de um pretexto e um aval ideológico consistente para o seu regime, ele vem
usando as suas divisas internacionais, provenientes do abundante petróleo venezuelano, para ajudar a
manter a economia cubana em pé e, também, estimular numerosos movimentos e partidos em toda a
América Latina.
O PT perdeu a sua chance de liderar o foro. Agora, quem dá as cartas ali é o "bolivarianismo".
E o governo brasileiro, sob Lula, contenta-se apenas em seguir fielmente as diretrizes emanadas
pela entidade.
Evidência disso é que Marco Aurélio Garcia ocupou, durante todos os últimos anos, o cargo de
assessor especial da Presidência da República para assuntos externos e, a partir dessa condição,
formulou livremente a nossa política diplomática para a América Latina.
O cidadão acaba de sair do governo para tentar alçar voos mais altos. Ele é, agora, o
coordenador da campanha eleitoral da situação. No que depender dele, a nossa canhestra política
externa vai ser, no futuro, ainda mais ideologizada do que é hoje.
Coitado do Brasil!
*JORNALISTA, DEPUTADO ESTADUAL, FOI DEPUTADO FEDERAL, SECRETÁRIO E
MINISTRO DE ESTADO - E-MAIL: J.MELLAO@UOL.COM.BR
*João Mellão Neto
Para aqueles que não conseguem entender qual é a lógica que preside as aparentemente
tresloucadas opções de Lula no que tange à política exterior vai aqui uma pequena colaboração.
Como reza a sabedoria popular: "Se você vir uma tartaruga em cima de uma árvore, fique atento.
Tartaruga não sobe em árvore. Ou foi uma enchente ou então foi mão de gente." Se algo parece não
fazer sentido numa determinada situação, a dica é pesquisar o tema mais a fundo. É sempre positivo ter
em mente que absurdo não existe. Chamamos de absurdo tudo aquilo que "não se encaixa". Geralmente
é algo que provém de um ordenamento lógico cujo sentido não conhecemos.
Alguém, entre os leitores, já ouviu falar do Foro de São Paulo? Não se trata de nada clandestino.
É uma entidade latino-americana que, manifestamente, busca congregar e apoiar todos os partidos e
movimentos ditos "de esquerda" da América Latina. O foro já existe há quase duas décadas e se reúne
com frequência anual. Falar dele é um tabu em boa parte da mídia brasileira, tão infestada por patrulhas
ideológicas de todos os lados. Na internet, por exemplo, existem poucas referências ao tema, quase
todas elas carregadas de conteúdo ideológico: ou se é contra ou a favor. Informações precisas e
despidas de opiniões são raras.
Por essa razão é tão difícil abordar assuntos como o do foro. A entidade existe e tem até um site.
Acessa-se por meio da página do Partido dos Trabalhadores (PT). Sua história é a seguinte.
O Foro de São Paulo nasceu aqui, na nossa cidade, em julho de 1990. Foi uma reunião
internacional bancada pelo PT a partir de uma sugestão de Fidel Castro a Lula dada cerca de um ano
antes.
Como é próprio da ideologia de seus membros, a partir de então não parou de crescer. Os seus
membros se reúnem em congresso quase todos os anos - cada um numa cidade latino-americana
diferente - e aprovam atas, com posicionamentos políticos válidos para todos. Um de seus idealizadores
é Marco Aurélio Garcia, que, nos últimos anos, tem sido o principal formulador da política externa do
nosso governo, principalmente no que diz respeito à América Latina.
O objetivo mais importante do foro é manter acesa a chama do socialismo no nosso subcontinente.
A ideia do dito ex-presidente de Cuba, nos idos de 1990, foi, então, muito oportuna. O Muro
de Berlim, construção que dividia a Alemanha em duas partes e era o principal ícone do antigo regime
comunista soviético, caiu em novembro de 1989 - com o agravante de ter sido derrubado
espontaneamente pelas suas próprias vítimas. Aquelas pessoas que pelo mundo abraçavam a causa
socialista repentinamente ficaram órfãs. Seus ideais haviam sido cabalmente desmentidos pelos fatos. A
proposta de Fidel, à época, era altamente auspiciosa: reunir todos os partidos e movimentos políticos da
esquerda, na América Latina, para procurar estabelecer o diálogo entre eles e, a partir disso, a
articulação e a coordenação de suas ações.
Foi, e tem sido, um enorme sucesso. Hoje em dia, não há organização política representativa de
cunho socialista, em toda a América Latina, que não seja filiada ao Foro de São Paulo. Trocam, de modo
permanente, ideias e impressões entre si e - o mais importante - falam todos, agora, a mesma língua.
Muitos chegaram ao poder, como é o caso de Lugo, no Paraguai, Ortega, na Nicarágua, Morales,
na Bolívia, Correa, no Equador, e muitos mais. Outros tantos ocuparam o poder antes e, numa tentativa
oportunista de apresentar ao mundo alguma justificativa ideológica para seus governos, trataram de se
filiar ao foro. Um caso que todos conhecem bem é o de Hugo Chávez, na Venezuela - com o seu
conceitualmente confuso "bolivarianismo". Outro que chegou atrasado foi o presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya.
O caso do Brasil é muito peculiar: foi aqui que o foro se viabilizou, beneficiando-se da
infraestrutura oferecida pelo PT, já então um grande e representativo partido político. Luiz Inácio Lula da
Silva tratou logo de abraçar a bandeira oferecida por Castro, que tinha também outro grande atrativo:
caso o petista vencesse as eleições de 1990, contra Collor, o partido seria alçado à condição de grande
líder das esquerdas da América Latina. O fato é que naquela ocasião Lula perdeu. Perdeu a Presidência
da República e também a perspectiva de se tornar líder socialista do nosso sub-continente.
Já numa das primeiras assembleias anuais do foro ficou determinado, em ata, que era dever de
todos os partidos e movimentos filiados defender o governo cubano e o seu líder, Fidel.
Em meados da década de 1990, Hugo Chávez se filiou ao movimento. Foi uma aliança benéfica
para todos. Em troca de um pretexto e um aval ideológico consistente para o seu regime, ele vem
usando as suas divisas internacionais, provenientes do abundante petróleo venezuelano, para ajudar a
manter a economia cubana em pé e, também, estimular numerosos movimentos e partidos em toda a
América Latina.
O PT perdeu a sua chance de liderar o foro. Agora, quem dá as cartas ali é o "bolivarianismo".
E o governo brasileiro, sob Lula, contenta-se apenas em seguir fielmente as diretrizes emanadas
pela entidade.
Evidência disso é que Marco Aurélio Garcia ocupou, durante todos os últimos anos, o cargo de
assessor especial da Presidência da República para assuntos externos e, a partir dessa condição,
formulou livremente a nossa política diplomática para a América Latina.
O cidadão acaba de sair do governo para tentar alçar voos mais altos. Ele é, agora, o
coordenador da campanha eleitoral da situação. No que depender dele, a nossa canhestra política
externa vai ser, no futuro, ainda mais ideologizada do que é hoje.
Coitado do Brasil!
*JORNALISTA, DEPUTADO ESTADUAL, FOI DEPUTADO FEDERAL, SECRETÁRIO E
MINISTRO DE ESTADO - E-MAIL: J.MELLAO@UOL.COM.BR
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco