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Enviado: Ter Mai 27, 2003 11:13 am
por VICTOR
Vinicius, você está falando sério mesmo? Se for, estou impressionado. Culpar o viciado é muito fácil, porque ele é a parte fraca. Nunca vi qualquer lugar que tivesse uma abordagem parecida com essa, se houver por favor me mostre. Sou da área da saúde, freqüentemente tenho contato com vítimas de tóxicos, e acho que o que pode ser feito nesse sentido é:
- educação e orientação para prevenir.
- depois que já é viciado, tratar como doente. Se for para a cadeia por causa disso, vai sair de lá bandido (e uma minoria dos usuáriossão bandidos).

E quem financia o tráfico? O consumidor "vítima". Vítima de quem? Dele próprio, só se for.

Uma pergunta: qual é sua sugestão, claramente, se você acha que estamos nessa situação por causa das vítimas? O que você faria com eles? E o que faria com os traficantes? :?:

abraço! :)

Enviado: Ter Mai 27, 2003 2:21 pm
por Vinicius Pimenta
Blz Victor e Zero,

Olha que fique claro, eu não sou contra a destruição das FARC não, se não me engano no início desse post eu achava que nós tínhamos que invadir a Colômbia e destruí-las mesmo. Mas o que me fez mudar de idéia? Eu passei a analisar as coisas, li muitas coisas, vi um documentário muito bom no meu curso e percebi que de nada vai adiantar acabar com as FARC sem arrumar a nossa casa. Mas que continuo dizendo, se eu pudesse escolher entre acabar com as FARC ou não, com certeza eu escolheria destruí-las.

Vinicius, você está falando sério mesmo? Se for, estou impressionado. Culpar o viciado é muito fácil, porque ele é a parte fraca. Nunca vi qualquer lugar que tivesse uma abordagem parecida com essa, se houver por favor me mostre.


Victor, essa é a minha opinião, errada ou não. Tem muita gente que concorda com ela e tem também muita gente que não concorda. Não sei se tem alguma coisa escrita com uma opinião igual a minha, mas pode ser que tenha, eu apenas não conheço.

Quando eu digo que o viciado tem muita culpa no cartório eu não estou dizendo aquele sem instrução, morador de favela, etc. Esse eu até defendi há algumas mensagens atrás. Eu culpo aquele cara que tem toda a instrução, família bem estruturada e todas as condições de não cair numa besteira dessas e que mesmo assim entra nessa furada. Os maiores consumidores não são os pobres que não têm 15 reais para comprar um papelote do cocaína, e sim aqueles mais afortunados das coberturas da Zona Sul do Rio (também não estou dizendo que são todos), os verdadeiros financiadores do tráfico.

Sou da área da saúde, freqüentemente tenho contato com vítimas de tóxicos, e acho que o que pode ser feito nesse sentido é:
- educação e orientação para prevenir.
- depois que já é viciado, tratar como doente. Se for para a cadeia por causa disso, vai sair de lá bandido (e uma minoria dos usuáriossão bandidos).


Eu não tenho nenhuma formação na área da saúde, mas eu concordo totalmente com você. Educação e orientação são fundamentais. Claro que viciado é doente e tem que ser tratado com tal, não é criminoso. Mas vou te dar um exemplo que talvez seja simplista mas eu acho que vai explicar um pouco do meu pensamento.

Sua mãe diz que você não pode sair de casa porque está chovendo e você pode ficar gripado. Você não a obedece, sai assim mesmo e quando volta, fica doente, de quem é a culpa de ter você ficado doente? Sua. Da mesma forma, todo mundo diz para não usar drogas, você mesmo assim vai lá e usa. Quem é o culpado? Porém isso não significa que sua mãe não vai cuidar de você, nem que o drogado não tenha que ser tratado.

É, talvez esse tenha sido um péssimo exemplo. :oops:

Uma pergunta: qual é sua sugestão, claramente, se você acha que estamos nessa situação por causa das vítimas? O que você faria com eles? E o que faria com os traficantes?


Minha sugestão é cuidar de tudo ao mesmo tempo. A destruição das FARC tem que ser conduzida ao mesmo tempo que ações sociais de prevenção, tratamento, etc. O que eu não concordo é achar que só a destruição das FARC vai ajudar em alguma coisa. Como eu já disse destruí-las sem fazer as outras ações é trocar seis por meia dúzia, pois outros fornecedores serão encontrados. Dessa forma o Brasil teria que montar grandes FFAA, porque terá que invadir um montão de países munda a fora.

Doentes devem ser tratados. Traficantes mortos. Mas não achem que é só destruir as FARC, invadir os morros e matar todo mundo que o problema será resolvido. Todo dia a polícia do Rio mata e prende traficantes, os principais chefões estão presos. Porém para cada um que é morto ou preso, exitem vários querendo assumir a vaga. Isso é realidade e não vai ser mudade sem mudanças sociais. Educação, saúde, emprego com remuneração decente, etc. Sem isso, vai ser muito difícil...

Enviado: Sáb Mai 31, 2003 9:51 pm
por Clermont
SOBRE AS FARC E GUERRILHAS DE MODO GERAL.

Guerrilhas podem ser derrotadas sim. Os britânicos mostraram isso na Malásia, na década de 50. Os filipinos, com auxílio americano, repetiram a mesma lição contra o movimento Hukbalahap, na década de 60. E aliás, não se precisa ir muito longe. Aqui mesmo no nosso quintal, o Peru, destruiu a espinha dorsal do Sendero Luminoso. E eu me lembro de como tinha analista militar na década de 80, jurando que os comunistas iriam levar a melhor. Talvez ainda existam senderistas, mas já não tem importância. Apenas as condições internas do Peru poderão provocar uma nova erupção.

E aí chegamos a uma questão interessante de como conter guerrilhas. Elas nascem, crescem e, às vezes vencem, de acordo com A REALIDADE INTERNA DOS PAÍSES. É claro que ajuda e encorajamento externo (principalmente o de caráter ideológico, como o comunismo latino-americano), tem muita importância. Mas estes elementos NÃO SÃO DETERMINANTES. O não reconhecimento disso é que levou a muitas tragédias e derrotas no esforço anti-guerrilha por todo o mundo. Essa fantasia da extrema direita de julgar tudo uma “conspiração do Kremlin” e menosprezar a realidade interna do países convulsionados.

Se os camponeses colombianos estão pegando em armas, sob liderança de chefes comunistas, é devido à realidade interna da Colômbia. E não por que estes camponeses, vivendo felizes e cevados, um dia foram apresentados à um exemplar de “O Capital” de Karl Marx, e tenham dito: “Pô, aí, maneiro esse Marx. Vou fazer uma revolução marxista também!” Então, se essas condições internas é que geram, PRIMORDIALMENTE, os movimentos revolucionários (penso mais nos movimentos de cunho ideológico, como os comunistas. As lutas tipo Chechênia, tem um caráter étnico-religioso de libertação nacional. Aliás, neste caso, ferozmente anticomunista...) Então para serem combatidas com sucesso, será preciso buscar-se a SOLUÇÃO PARA ESSES PROBLEMAS INTERNOS.

E onde ficam os militares? Bem, se reconhecermos que os fatores geradores de uma guerrilha seja ela ideológica ou étnico-religiosa são fatores de ordem social, política e econômica, então devemos concluir que o elemento preponderante no seu combate tem de ser o POLÍTICO. Aliás, isto deveria ser o óbvio, mesmo para quem apenas ouviu falar de Karl Von Clausewitz. Assim, a resposta a essas insurreições NÃO PODE SER DE CARÁTER MILITAR. As forças militares tem de se SUBORDINAREM às orientações políticas e morais de um governo. De preferência, civil e democrático.

Realmente, a Colômbia não deveria ter permitido que as coisas chegassem a este estágio. Mas a resposta não seria uma repressão militar-policial, mais antecipada. Seria a Sociedade colombiana parar, e refletir por que seus camponeses mais pobres estavam começando a achar melhor pegar num fuzil e investir contra as autoridades constituídas, dispostos a matar ou morrer. Mas este tipo de reflexão é mais fácil de falar do que fazer. A resolução dos problemas internos deste país, que provocaram tal reação dos habitantes do interior, muitos deles de origem indígena, significaria um combate à corrupção, ao abuso das elites brancas espanholas. Um combate pela redistribuição de renda; pela educação ampla. Ou seja, dar a CIDADANIA a estas pessoas, sem que elas fossem obrigadas a buscá-la na ponta do fuzil.

Acho que foi um dos maiores erros da história a concessão de um “território liberado” para as FARC, pelo governo colombiano anterior. Isso significou que um país independente e soberano, simplesmente abriu mão da sua soberania sobre uma parcela do território nacional. É incrível! Mas não acho que a guerrilha colombiana seja imbatível. Eles já começaram a se retrair um pouco. A Força Aérea colombiana tem feito alguns bons estragos nos guerrilheiros. Logo, os americanos irão alterar sua legislação que impede o uso de equipamento militar contra as FARC (no início, ele deveria ser utilizado só contra os Narcotraficantes). Mas a chave, em última instância, será no desempenho político e social do governo. Apenas ele poderá convencer as bases que compõe o corpo da guerrilha, de que há outras alternativas além de buscar a cidadania pela força das armas. Quanto aos radicais comunistas que chefiam as FARC, bem aí é uma questão de operações de inteligência, e coisas do gênero.

E, repetindo o que já postei em mensagem anterior: em minha opinião, o Brasil não tem nada que se meter diretamente, nesta guerrilha interna da Colômbia. Ainda que o atual presidente do pais fosse o Bolsonaro ou o Enéas - única hipótese onde seria imaginável uma intervenção brasileira -, duvido que exista qualquer oficial-general das Forças Armadas brasileiras que apoiasse uma loucura como essa.

Li várias sugestões sobre ações que o Brasil poderia empreender. Fornecer material bélico aos colombianos (mas como? O Brasil não tem dinheiro nem para fornecer esse material aos militares brasileiros?); treinar militares colombianos (após décadas e décadas de combate real nas selvas, tenho dúvidas sobre o que os colombianos possam aprender conosco).

Então, o que o atual governo (e não algum governo abstrato) poderia fazer? Continuar insistindo numa alternativa de diálogo e cessar-fogo, característica da melhor tradição diplomática brasileira. Ao mesmo tempo que deixa claro que a ÚNICA AUTORIDADE RECONHECIDA pelo nosso governo é o presidente, legitimamente eleito, da Colômbia. E como já escrevi antes, buscar reforçar o controle sobre qualquer insumo usado na produção de cocaína. Principalmente, o éter, que circula livremente pela fronteira. Não entendo dessas coisas, mas é difícil acreditar que não se consiga conter sua exportação ilegal. Além do mais, tenho dúvidas se o Exército é o órgão mais apropriado para supervisionar essas coisas. Também seria importante, que o partido governante brasileiro, rompesse, absolutamente, qualquer vínculo com as FARC. Ainda que de caráter secundário, como esse Manifesto do fórum de São Paulo que ambos assinaram, junto com várias outras organizações de esquerda. Muitas delas de caráter pacífico.

Como não sou militar não posso falar sobre características profissionais da luta anti-guerrilha. Mas tem um elemento dessa doutrina que me chama a atenção. Creio que o exemplo colombiano mostra o perigo inerente ao treinamento de “milícias cívicas”, para dar combate a guerrilheiros. Na teoria ela parece ser muito boa, usar antiguerrilheiros, da mesma origem dos guerrilheiros, e motivados pela defesa de suas aldeias, e cidades. Aliás, isso foi a razão de ser inicial das Forças Especiais do Exército americano. Mas isso só deve dar certo se elas forem mantidas sob RIGOROSO COMANDO das forças militares regulares. Por que se não, elas criam vida, e se tornam, elas mesmas, novos focos de guerrilha. Ainda que anti-comunistas. E mais, ficam sob controle direto das elites agrárias, e passam a funcionar como guarda patrimonial, prontas a cometerem toda espécie de arbitrariedade. Na Colômbia, tais milícias anti-guerrilha são responsabilizadas pelas piores atrocidades.

Esta é uma questão que, espero, chame a atenção dos militares brasileiros, numa – três batidinhas na madeira, tomara que nunca aconteça! – eventual necessidade de reprimir algum movimento insurrecional no Brasil. Já imaginaram o ACM, ou o Jáder Barbalho, comandando seus próprios batalhões de luta anti-guerrilha para enfrentar o MST?

Enviado: Dom Jun 01, 2003 12:35 am
por Clermont
SOBRE TÓXICOS E COMBATE AOS TRAFICANTES.

1) Se não estou enganado, tem baixado o número de fumantes, ao menos nas partes mais desenvolvidas do mundo. Isto após uma tremenda mobilização deixando claro a todos, menos aos mais idiotas, os malefícios do cigarro. Acho contraditório, ao extremo, justamente agora, quando estamos avançando para liquidar com uma droga legalizada - e já vemos os primeiros passos para fazer o mesmo com a bebida - pensarmos na hipótese de tirar da ilegalidade a maconha, a cocaína e congêneres. Justamente, quando travamos uma luta dura contra as plantações de fumo, vamos agora legalizar as plantações de maconha e coca? E tem mais, como é que ficaria a imagem do Brasil perante nossos vizinhos sul-americanos? A Colômbia e o Peru travam uma luta de vida e morte contra os narcotraficantes e as guerrilhas marxistas, e vem o Brasil e libera o consumo de tóxico? Quer dizer, o Brasil vai passar a ser cliente das FARC? Dos Cartéis colombianos? E qual seria a reação dos Estados Unidos? O Brasil estaria preparado para enfrentar as inevitáveis, e implacáveis medidas de represália dos americanos? Será que vale a pena arranjar mais esta encrenca, somente para facilitar a vida de um bando de viciados? Ou vamos adotar a linha "esquerda heróica" e: "Danem-se os ianques! Somos soberanos! Com brasileiro não há quem possa!" É preciso meditar bem, aonde este humanitarismo com os viciados pode levar a nossa nação.

2) Não faço a mínima idéia do número de viciados no Rio de Janeiro, mas vamos supor: existem 100 (cem) viciados. Ou seja, apesar de toda a repressão, do estigma que recai sobre as pessoas tachadas de "maconheiro", "viciado"; das campanhas de televisão. Bem apesar de tudo isto, existem 100 viciados. Eu pergunto, o que aconteceria se fossem legalizadas as drogas? Aliás, o que vai acontecer, agora, no Rio de Janeiro, já que a Polícia recebeu ordens de cumprir a nova legislação que proíbe a detenção de viciados? Afinal, até ontem, todo o viciado tinha o receio de ser pego com drogas e enfiado no xadrez. Mas, isto acabou. Então eu pergunto: quem garante que o número hipotético de viciados não vai subir de 100 para 200? Ou 300? É como se fosse um dique, atualmente está contendo a inundação, mas a água não pára de transbordar. Penso que essa lei, é como se alguém dissesse: "Ora, não adianta, a água não pára de vazar! Vamos logo abrir as comportas e deixar a água inundar o vale todo! Depois só teremos que secar tudo com um canudinho."

A questão é: estamos preparados para entrarmos nos “playgrounds” de nossos prédios, e encontrarmos viciados fumando maconha, ou cheirando cocaína, sem o menor receio em serem punidos? E pergunto à todos aqueles que tenham filhos e filhas não-envolvidos com tóxicos: vocês estão dispostos a compactuar com uma medida que aumente os riscos de que seus filhos possam ser arrastados para o vício?

3) Terá mesmo sido feito tudo que é possível na repressão? Não sei. Por exemplo, aqui no Brasil, um jovem compositor, filho de uma jornalista conhecida, ficou famoso com uma musiquinha asquerosa louvando o consumo de maconha. Ora, este cidadão, há um ou dois anos atrás foi contratado - vejam só! - pelo Ministério da Saúde (do senhor José Serra), para fazer uns comerciais que nem me lembro direito do que tratavam. Há alguns meses, apareceu em horário nobre da Rede Globo, fazendo anúncio de causas sociais. E há uma ou duas semanas atrás, apareceu no “Casseta & Planeta. Essa mesma Rede Globo, que se gabava de ter feito uma grande contribuição ao combate das drogas com uma novelinha. Volta e meia certos conjuntos de música pop, com nomes louvando a maconha aparecem por aí (tipo “Skank”). E nunca são reprimidos, em nome da liberdade de expressão. Pessoas morrem, direta ou indiretamente, devido aos tóxicos. Mas não temos o direito de punir esses cidadãos, que enriquecem com suas musiquinhas. Caça-se os traficantes, mas não vejo nenhuma sugestão prática para combater o que Afonso de Romano Sant'Anna chamou de a "cultura da marginalidade". Quem conhece algum cantor, artista de novela, pintor, etc que tenha sido detido por consumo de tóxico, de acordo com velha lei? Se esse tipo de gente, da elite cultural fosse penalizado, publicamente, isto não teria algum efeito no consumo de tóxicos?

4) E quanto as plantações de coca, maconha e papoula? O homem foi capaz de erradicar da face do planeta o vírus da varíola. Por que não é capaz de fazer o mesmo com essas plantas? Ah, mas você pode dizer: "E como é que fica a cultura dos povos andinos? Eles precisam da folha de coca?" Com todo o respeito, mas eu quero que se danem os povos andinos e a sua cultura! Eu sou favorável a extinção da folha da coca da face da Terra, custe o que custar. Morram quantos tiverem que morrer. Ok?

5) Há algo de moralmente repulsivo nesta linha de raciocínio: "Não podemos impedir que as pessoas se viciem! Temos de legalizar o vício!" Acho que nunca vai se impedir o estupro, nem por isso, creio que alguém irá sugerir que todas as mulheres passem a andar com um zíper bem mais embaixo, nas suas calças... Isso me cheira a capitulação, à submissão covarde. Eu sei que, às vezes, temos de nos render. Exceto se formos, "kamikazes". Mas, antes de fazer isso, gostaria de ter certeza de que não há outra alternativa.

6) Essa questão da prisão dos viciados. Por que será que no Brasil temos sempre de ir aos extremos? Ou deixamos todo mundo fumando maconha por todo lado (aliás, acho o cheiro de maconha, nojento...) ou então colocamos este pessoal, logo de cara, junto com o Elias Maluco, na mesma cela. Ora, será que a nossa maravilhosa elite jurídica não é capaz de pensar em algum meio-termo? Sugestão de leigo: pega-se o sujeito na primeira vez, e o obrigamos a entrar numa das hipotéticas novas clínicas de dexintoxicação. O sujeito sai, e reincide. Nós o pegamos, e o botamos em trabalho forçado (não em "trabalho comunitário) e mais dexintoxicação. O sujeito sai e reincide, de novo. Bem, aí é o seguinte: "Filhinho, fizemos tudo que era possível. Agora, prepara as partes de baixo, por que vais ser noivinha num presídio comum!"

7) E a prevenção? Será que já esgotamos o nosso arsenal, de tal forma que devemos legalizar o consumo de tóxicos? Há uns 20 anos, um professor preparou a sua turma do 1o ano do segundo grau para visitar uma instalação de polícia. Ele queria mostrar aos estudantes, como eram as drogas, maconha, cocaína. Para quebrar o encanto que a curiosidade desperta. Pois bem, este professor quase foi demitido. A ira dos pais, foi histérica. Eu sei, por que eu estava lá. E hoje em dia? Será que algum colégio dá algum tipo de ensino anti-drogas? Não faço a mínima idéia. Mas acho que só propaganda na TV, ou novelinha não vai dar. Eu acredito que todas as crianças, em todas as escolas, a partir da menor idade recomendada, deviam ter uma intensa e obsessiva educação anti-drogas e contra a falsa cultura intelectualizada que favorece o consumo de tóxico.

8 ) Existe uma belíssima tirada filosófica do filósofo John Stuart Mill, usada por defensores da legalização do tóxico: "A respeito de si mesmo, sobre seu corpo e mente, o indivíduo é soberano". Só que ele esqueceu que, viciados, ao contrário do Homem-Aranha versão 2002 e sua teia, não produzem cocaína internamente. Logo, o consumo deles diz respeito a sociedade, sim senhor. É com este consumo, que os traficantes compram armas e munição. E pior ainda, é com este consumo que os traficantes geram um movimento que se converte na atração de novos consumidores.

O companheiro Victor citou o fato de os viciados serem a “parte fraca” do elo. Me lembrei, então, de uma conversa entre dois oficiais alemães, na Grande Guerra de 1914. Um deles sugeria uma linha de ação, o outro contestava. Este último disse: “Vocês do estado-maior só querem lutar onde o inimigo não está!” Ao que o primeiro oficial respondeu: “Pois eu penso que esta é a forma mais inteligente de se fazer guerra”.

Realmente, os viciados não formam quadrilhas de mais de 50 elementos. Eles não usam AR-15, AK-47 ou granadas-de-mão. E é por isso, que seria mais econômico e menos sangrento, combatê-los, e por meio disso, destruir – ou ao menos, reduzir - os fundamentos da cultura do tóxico.

Eu lamento a situação dos viciados. Li aquele famoso livro “Christiane F. Drogada e prostituída”. Creio que o governo deve usar todos os recursos disponíveis para lhes permitir livrarem-se do domínio da droga. E é por isso, que faço ressalvas há algumas proposições que sugerem uma expansão desmedida das forças armadas brasileiras, pois creio que tais recursos, no momento, são necessários em situações como essa, do combate aos traficantes e ao efeito do tóxico. Mas lamento ainda mais, as pessoas assassinadas por balas de fuzis de traficantes. Balas que foram compradas com o dinheiro que esses viciados, trocam por tóxicos.

Eu lamento pelos viciados. Mas devo dizer que entre eles, e a minha vida; a vida dos que me são queridos; e a própria sobrevivência da minha Nação, bem esses viciados TERÃO que sobrar, caso se recusem a colaborar em sua própria cura.

Lei da selva, ou eles ou nós. Uma pena que tenha de ser assim...

Enviado: Dom Jun 01, 2003 10:01 pm
por VICTOR
Salve Clermont, é uma satisfação tê-lo conosco! :)

FARC
Tenho sérias discordâncias quanto à origem "social" das Farc. Todos os países têm problemas sociais que devem ser cuidados, mas uma minoria desenvolve guerrilhas marxistas. O pobres camponeses são USADOS por canalhas Marxistas-Leninistas, que estão pura e simplesmente em busca do poder. Didaticamente:
- Marx achava que a classe operária iria tomar o poder por si (Manifesto 1848)
- Décadas depois, veio com o termo "Ditadura do Proletariado" (notou ainda em vida que as classes baixas não tomariam naturalmente o poder)
- Marxismo-Leninismo: em 1917, uma ELITE cultural / intelectual guiou a Revolução, e deu no que deu (uma elite que controlava tudo, em nome da farsa, digo, ditadura do proletariado).
Resumo: as Farc são resultado de gente perversa que quer tomar o poder, e políticas sociais não vão mudar as idéias dessa corja, daí a necessidade de eliminá-los.
Já que você citou Von Clausewitz, concordo: na minha ótica, riscar as Farc do mapa é a continuação do processo político (Não esqueçamos que Uribe se elegeu com um programa de linha-dura com a Farc).
Não temos que chorar o leite derramado (camponeses excluídos, elite com mentalidade tacanha, Farc com limites territoriais); neste exato momento, a presença das Farc ATRAPALHA a integração dos excluídos, e ela deve ser enderaçada concomitantemente aos problemas sociais. Torço para que a Colômbia dê conta, claro, mas se virmos que não vai dar, devemos oferecer ajuda, porque ninguém sabe até que ponto esses caras mandam no Rio.

DROGAS
Novamente, sérias discordâncias. Acho que você entendeu que defendo a descriminalização das drogas e não é nada disso (falha minha, de comunicação). Na teoria, parece atraente perseguir os consumidores, mas o problema é que na prática é impossível fazer qualquer coisa parecida com o que foi sugerido. Matar os viciados? Trancafiá-los na cadeia? Qualquer hipótese dessas não é aplicável (não há pena de morte; trancá-los na cadeia apenas produz um viciado bandido no lugar de um viciado recuperável). Sou a favor de cadeias especiais para essa gente, e antes disso, penas alternativas como trabalhos comunitários, e como último estágio, cadeia. E concordo com você que deveria-se "apertar o cinto" na parte cultural, de orientação etc., mas a merda é que a coisa vem até de fora (Beatles e Stones falavam mais de drogas que de outra coisa, por exemplo). Esse tema é bem mais complexo na prática do que na teoria, não sei se você viu "Traffic" e "Bicho de Sete Cabeças", mas eles refletem bem que pode parecer fácil querer exterminar os usuários, mas na vida real é muito mais em baixo.
Então é legal voar no pescoço dos doentes só porque eles não usam AR-15? Mas e daí os traficantes continuam lá com seus crimes, com sua corrupção da polícia e juízes etc? Na minha humilde opinião, isso se equivale a matar as galinhas para sacanear com a raposa (ela acha outras), ou a matar o refém para sacanear o seqüestrador (mas não estamos aqui para defender o refém?).

Clermont Cara, gostaria de reforçar que considero este tipo de fórum fantástico pelo fato de poder discutir com sujeitos como você. Um abraço a você e a todos!

Enviado: Seg Jun 02, 2003 12:11 pm
por Zero
Caros colegas,

Sou contra o extermínio de qualquer grupo de pessoas por qualquer motivo que seja. Sou contra considerar viciados cidadãos de segunda categoria, ou seja, agir como se eu fosse melhor que eles.

Não incluo pena de morte para quem comete crimes hediondos como forma de extermínio mas como aplicação de justiça. Concedo que crimes hediondos sofrem uma grande influência de fatores culturais. O que é hediondo no Brasil pode não ser em outro país. Talvez o que seja hediondo em São Paulo seja aceitável em Recife por exemplo. Mas crimes hediondos podem ser listados na Lei e acabou.

O caso das FARC é um exercício acadêmico apenas. Nada será feito contra as FARC pelo dirigente Lula. As FARC vão continuar sequestrando, matando, explodindo bombas por controle-remoto na Colômbia e exportando cocaína e tecnologia de guerrilha urbana para o Brasil e o máximo que se fará é dar treinamento GLO para os cadetes do 4o ano...

Lamentável, mas parece que o futuro do EB é se tornar guarda nacional. Ou, se depender do Ministro da Justiça, talvez o EB se torne um esquadrão... O tal deu até o número de soldados, 1500. Quem sabe nos dê o nome e endereço também...

Lamentável que a maioria seja contra a destruição das FARC com participação ativa do EB na Colômbia. Lamentável o dirigente Lula dizer que um soldado de 20 anos não vale nada... Não merece medalha de mérito por afirmar que o treinamento do EB é inútil? Lamentável o mesmo dirigente dizer que as FARC são uma entidade legítima do povo colombiano.

Enquanto isso militares e civis morrem em emboscadas. Muitos são destruídos pelo vício. E muitos outros destruídos moralmente pela corrupção.

Destruam o fornecedor e cuidem dos brasileiros, sãos ou viciados.

Destruam as FARC antes que elas nos destruam.

Pra quem não entendeu, destruam as FARC antes que elas destruam seus filhos e filhas.

Não fazer nada é ser cúmplice!

Enviado: Seg Jun 02, 2003 9:27 pm
por Zero
Agencia Estado:
http://www.estadao.com.br/agestado/noti ... 02/304.htm


Sócio de Fernandinho Beira-Mar é preso no Paraguai



São Paulo - O traficante Claudair Lopes de Faria, compadre e sócio de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi preso na hoje no Paraguai. Ele é acusado de vender no Brasil de 800 quilos a 1 tonelada de cocaína por mês, comprada das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

A prisão ocorreu em um posto de controle na cidade paraguaia de Ypacarai, a 35 quilômetros de Assunção, e foi possível com as informações passadas à polícia paraguaia pelos investigadores do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo, que estavam no Paraguai havia dez dias. Os policiais paulistas monitoravam os telefones de Claudair no Paraguai.

Foragido da polícia brasileira desde 1995, ele, "batizado pelo Comando Vermelho", abastecia com cocaína 50 favelas de São Paulo. Foi surpreendido no volante do carro quando voltava da Colômbia, para onde viajara. Ele fora "fechar" com as Farc a compra de 2 toneladas da droga. O traficante foi deportado pela polícia do Paraguai por estar irregularmente naquele país e chegou em São Paulo, hoje.

Renato Lomba

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Destruam as FARC, já!

Enviado: Seg Jun 02, 2003 9:51 pm
por Clermont
Salve, Victor, Zero e todo mundo.

Realmente, Victor, este fórum está ótimo. A gente tem uma enorme variedade de informações sobre todo o campo das atividades militares. Brasileiras e internacionais. E com a vantagem de podermos debater em paz, sem as baixarias do outro site, graças a presença constante de Vinicius e César.

Quanto aos problemas dos tóxicos e das FARC eu vejo mais concordâncias do que divergências, com vc, Victor.

Quanto a vc, Zero, não se preocupe tanto. O novo presidente da Colômbia parece ser um líder decidido, e não um panacão, como aquele Pastrana (o que abriu mão da soberania de um pedaço da própria pátria. Se eu fosse colombiano, iria às ruas, pedir o enforcamento dele, num mastro de bandeira).

Eu creio que o destino das FARC já está traçado. É só questão de tempo.

Enviado: Ter Jun 03, 2003 8:33 am
por VICTOR
Olá amigos
http://www.estado.estadao.com.br/editor ... nt007.html

Fazendeiro morre ao ser forçado a dirigir carro-bomba das Farc
Veículo explode antes de chegar ao alvo, um posto militar ao sul de Bogotá

BOGOTÁ - Um carro-bomba explodiu ontem em El Castillo, 120 quilômetros ao sul de Bogotá, matando uma pessoa, informou a 7.ª Brigada do Exército da Colômbia. Rebeldes da Frente 27 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) carregaram um jipe com explosivos e pretendiam detoná-lo perto de um posto de vigilância militar.

Mas o veículo explodiu antes de chegar ao seu destino, causando a morte do motorista, um conhecido fazendeiro da região que havia sido forçado pelas Farc a levar o jipe até o posto. Outros dois veículos foram incendiados nas proximidades de El Castillo pela guerrilha na mesma ação, mas não houve vítimas.

No sábado à noite, os militares colombianos anunciaram a descoberta de quatro campos minados instalados pelas Farc nos departamentos (províncias) da Colômbia de Boyacá, no centro, e Caquetá, no sul. Os soldados também desativaram sete cilindros-bomba que seriam utilizados pela guerrilha em ataques, informaram porta-vozes militares.

Segundo a Agência de Notícias do Exército, tropas do grupo de Cavalaria Motorizada Juan del Corral encontraram também 370 quilos de rocha fosfórica, 130 quilos de pólvora preta, 10 quilos de sulfato de zinco, 30 quilos de sulfato de cobre e meia tonelada de uréia - material que seria usado pelas Farc para a fabricação de poderosos explosivos. A maior parte desse material estava em San Vicente del Caguán, antiga zona desmilitarizada cedida às Farc para abrigar as negociações de paz, no Departamento de Caquetá. (AP, EFE e AFP)

Enviado: Qua Jun 04, 2003 12:26 pm
por Clermont
Fox escreveu: Clermont meus parabéns por essa indicação. Se tiver mais site do tipo pode nos passar, porque eu vou pesquisar.


Experimenta esse aqui:

http://www.canalha11.hpg.ig.com.br/index.htm

É um pouquinho passional, mas dá pra rir um pouco.

No intervalo dos vômitos, bem entendido...

Enviado: Dom Jun 08, 2003 11:27 am
por VICTOR
Brasileiros abastecem as Farc na fronteira
KÁTIA BRASIL
Enviada especial da Folha de S.Paulo a San Felipe

Comerciantes brasileiros conhecidos como regateiros fornecem comida, cerveja, remédios, gasolina e outros produtos para bases das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) montadas na região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela.

Como forma de pagamento, os brasileiros recebem em ouro ou bolívares venezuelanos. A Polícia Federal suspeita que alguns deles tragam cocaína da Colômbia.

No final de maio, a Agência Folha viajou com um regateiro até San Felipe, no Departamento (Estado) de Guainía, na Colômbia, ficou em contato com guerrilheiros durante quatro dias e observou como funciona o domínio das Farc sobre a região.

Por questão de segurança, já que os guerrilheiros são avessos a entrevistas, as repórteres não se identificaram como jornalistas --disseram ser pesquisadoras de uma universidade e parentes do dono do barco.

Os regateiros partem de São Gabriel da Cachoeira (850 km a oeste de Manaus) em barcos de médio porte conhecidos na Amazônia como regatões.

Viajam por quase 40 horas, rio Negro acima, lotados de suprimentos e passageiros.

Para vender os produtos em San Felipe, as Farc cobram pedágio dos regateiros. "Tive que dar 50 litros de diesel", disse um deles.

Na viagem feita pela Agência Folha, o regatão saiu às 8h10 do dia 24 (10h10 em Brasília), sem fiscalização na Capitania dos Portos, com um total de 40 t de mercadorias e 26 pessoas. No dia seguinte, às 10h30, passou por Cucuí, localidade brasileira na tríplice fronteira, e foi vistoriado por um soldado do Exército e um policial federal, que pediram notas fiscais das mercadorias e carteiras de identidades dos passageiros e tripulantes.

Em Cucuí, desembarcaram sete pessoas, incluindo a família de dois militares do 4º Pelotão Especial de Fronteira. Seguiram no barco garimpeiros rumo a uma mina na Venezuela. Às 14h20, o regatão partiu, seguindo pela margem colombiana do rio Negro. Chegou às 22h a San Felipe.
Com duas ruas e uma praça, San Felipe parece uma cidade abandonada.

Antes da chegada das Farc, recebia turistas e tinha cerca de 600 habitantes. Hoje, tem 218, segundo os guerrilheiros. A maioria fugiu temendo o recrutamento forçado pela guerrilha.

A prefeitura, a corregedoria de Justiça e o posto policial foram fechados depois da ocupação pela guerrilha em 1998. Funcionam hoje um hospital, com um único cirurgião, e uma escola com 153 crianças em regime de internato.

Quem dá as ordens é um guerrilheiro que estudou em Cuba, o comandante Hugo, 23. Moradores e guerrilheiros dizem que o comandante, com 1,55 m, é o responsável por aplicar sentenças de morte a quem não cumpre suas ordens.

Segundo os regateiros, em dezembro, o povoado perdeu o único padeiro, que foi morto depois que a guerrilha descobriu que ele passava informações ao governo.

Em fevereiro, um garimpeiro brasileiro teria se desentendido com Hugo durante uma bebedeira no bar local, o Cotilitodance. Teria sido fuzilado na praça.

Há três meses, um guerrilheiro tentou estuprar uma adolescente. "Morreu também fuzilado a mando de Hugo", disse um regateiro.

Nos quatro dias de estada em San Felipe, só no terceiro o comandante Hugo chegou ao povoado. Ele ficou no local por nove horas e retornou levando parte das mercadorias brasileiras.

Érica, 15, guerrilheira

Três guerrilheiros acompanharam a reportagem de perto, fazendo vistorias na bagagem e questionando sobre o real motivo da viagem: o subcomandante Horácio Pescadillo, 27, Tony (um ex-estudante de arquitetura em Bogotá), 29, e Érica, 15.

Érica é uma garota de 1,82 m, com uma cicatriz no queixo, herança de um combate. Como os homens, veste farda e acessórios: um fuzil AK-47 e um colete com 12 kg de munição.

Érica diz ter deixado a família e os estudos no ensino fundamental em Bogotá para ingressar na guerrilha aos 12 anos.

"Estou na peleja [luta], não sei quantos matei, matei muitos. Eles [os soldados colombianos] nos matam também. Se chegarem aqui, temos que fugir para o mato", afirmou.

A moeda corrente em San Felipe é o ouro ou o bolívar venezuelano. Um grama do metal vale na cidade 14 mil bolívares, o que dá uns R$ 25 (menos do que a cotação do ouro no Brasil, R$ 34). Os regateiros vendem 1 kg de frango por 3.500 bolívares, 1 kg de arroz por 1.800 bolívares, 1 litro de gasolina por 4.000 bolívares.

É de São Gabriel da Cachoeira (a 850 km oeste de Manaus) que sai o combustível, frango, arroz, óleo, açúcar, biscoitos, cerveja, peças de reposição de motor de popa e remédio para malária que chegam à guerrilha por San Felipe.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 9890.shtml

Enviado: Dom Jun 08, 2003 12:19 pm
por Clermont
Solução mais apropriada? Perguntar ao comandante da guarnição do Exército em S. G. da Cachoeira, que é que há de errado, e pq não estão conseguindo bloquear essas remessas.

E tb seria bom questionar a Marinha, e lhes perguntar se o dinheiro que usaram para formar seu novo batalhão de fuzileiros navais em Manaus, não poderia ter sido utilizado em algumas lanchas de patrulha fluvial, para vigiar esse trecho do Rio Negro.

E, se existir alguma omissão, seja pq motivo for, entào é preciso que a sociedade faça pressão, por meio de seus representantes no Congresso para obrigar o Governo Federal a tomar as medidas necessárias para bloquear esses fornecimentos ilegais.

Enviado: Dom Jun 08, 2003 1:00 pm
por Vinicius Pimenta
Mas segundo eu li na reportagem, eles foram parados pelo EB e pela PF e tiveram que mostrar as notas fiscais das mercadorias. Depois de apresentadas, foram liberados. Qual é a culpa do EB nisso? Todo mundo é inocente até que se prove o contrário, os soldados não podem apreender a mercadoria e prender as pessoas só porque elas estão se dirigindo com a Colômbia. Embora nós saibamos que essas mercadorias possam servir para abastecer as FARC, não há como imperdirmos isso, pelo menos não com as atuais leis.

Não acho que esse problema seja culpa do EB ou da PF.

Enviado: Dom Jun 08, 2003 1:46 pm
por Clermont
É, Vinicius, olhando por esse ângulo (aliás, o único disponível, após uma interpretação correta do texto) vc tem toda a razão.

Então, vamos deixar o cmt da guarnição do Exército em paz. Afinal, a reportagem não mencionou materiais ilegais (embora, seja bem provável que eles existam) sendo transportados ilegalmente. Portanto, o Exército e a Polícia Federal cumpriram com os seus deveres, nesta reportagem.

Agora, da minha mensagem anterior, só gostaria de continuar sustentando a necessidade de maior fiscalização fluvial nessa região e a questão da necessidade de pressão sobre o governo federal.

E esse último ponto, vai de encontro a sua observação quanto às leis atuais.

Já escrevi antes que sou contrário a qualquer participação direta do Brasil no conflito interno colombiano. Mas sou totalmente favorável a que o nosso país empreenda uma tática de estrangulamento às FARC. Ou seja, que se corte qualquer possibilidade de entrada de materiais legais ou ilegais para elas.

Eu só posso imaginar que tal medida seja muito mais fácil de se digitar na tela do monitor, do que de se realizar, lá no terreno real. Devem haver complicadores econômicos (esses "regateiros" brasileiros que daí tiram seu sustento não ficariam felizes); complicadores políticos (as facções radicais do governo brasileiro, que simpatizam com as FARC, irão tornar a vida de Lula pior do que ela já é); diplomáticos (suponho que as populações civis colombianas da fronteira necessitem de muita coisa que lhes chega pela fronteira brasileira. E de caráter operacional (seria preciso um grande reforço de elementos das Forças Armadas e da Polícia Federal, na região. E isso custa dinheiro).

E acima de tudo, os riscos militares. As FARC, diante de tal medida hostil, poderiam reagir pela força das armas. E aí, teríamos uma guerra de guerrilha em nossa fronteira.

De qualquer forma, me parece uma imoralidade, um país como o Brasil, permitir que fornecimentos de meios logísticos (ainda que não ofensivos, como comida, combustível e remédios) possam transitar por nosso território e alcançar forças guerrilheiras que desafiam o governo democrático de um país irmão.

Enviado: Dom Jun 08, 2003 2:13 pm
por Vinicius Pimenta
Então Clermont, você mesmo falou, colocar isso em prática é muito difícil.

Embora seja necessário que o Brasil aperte o cerco contra as FARC, há dificuldades de todos os lados. Acho que a única forma de impedir que as FARC sejam abastecidas é organizar um amplo cerco militar combinado entre Brasil e Colômbia. Mas como isso é improvável e politicamente discutível, acho que essa situação deve durar bastante tempo.