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Enviado: Seg Set 18, 2006 11:14 am
por Túlio
Rui Elias Maltez escreveu:Imagem

O que é a "Semana Farroupilha"?

É uma festividade dái?

E se sim, o que comemoram?


Maltez, a Semana Farroupilha é a semana na qual cai o dia 20 de setembro (quarta-feira próxima).

Comemoramos a Revolução Farroupilha (1835/1845), também conhecida como Guerra dos Farrapos, que foi inicialmente um movimento armado contra o Império, que taxava pesadamente os produtos Gaúchos em benefício dos Países Platinos. Evoluiu para uma Guerra Separatista que só se concluiu com o Tratado de Paz de Ponche Verde, celebrado pelo maior dos Soldados que o Brasil já teve, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias (também o único Duque que o Brasil já teve).

Tenho para mim que os Gaúchos negros não deveriam comemorá-la, eis que a paz foi celebrada tendo como acréscimo a IMOLAÇÃO de uma das maiores Forças de Elite que já existiram por estes pagos, os LANCEIROS NEGROS, que eram escravos libertos em troca de lutarem pela República. E COMO lutaram, os 'Caramurus" se borravam só de ver a crioulada dando uma carga de cavalaria...
Celebrada a Paz, eles seriam livres, mas como o Império era escravagista, foram desarmados por seus chefes brancos os Lanceiros Negros e deixados num acampamento onde, à mais pérfida TRAIÇÃO, foram massacrados pelas tropas imperiais. Tremo de indignação ao digitar isso, pois foi com a cumplicidade de meus antepassados que se perpetrou tal chacina... :evil:

Enviado: Seg Set 18, 2006 11:47 am
por yuri
Aliás participei de uma festa farroupilha, acho que em 2004, foi muito boa, alem das tradições gauchas como roupas, churrasco, area campestre, etc, teve alguns bailões muito bons foi show de bola....

E claro as lindas gauchas....e as danças tradicionais no galpão crioulo.

Enviado: Seg Set 18, 2006 11:50 am
por Rui Elias Maltez
Obrigado pelas dicas, Túlio. [009]

Vou tentar investigar para conhecer melhor esse episódio da História do Brasil

Enviado: Seg Set 18, 2006 4:36 pm
por FinkenHeinle
tulio escreveu:Tenho para mim que os Gaúchos negros não deveriam comemorá-la, eis que a paz foi celebrada tendo como acréscimo a IMOLAÇÃO de uma das maiores Forças de Elite que já existiram por estes pagos, os LANCEIROS NEGROS, que eram escravos libertos em troca de lutarem pela República. E COMO lutaram, os 'Caramurus" se borravam só de ver a crioulada dando uma carga de cavalaria...
Celebrada a Paz, eles seriam livres, mas como o Império era escravagista, foram desarmados por seus chefes brancos os Lanceiros Negros e deixados num acampamento onde, à mais pérfida TRAIÇÃO, foram massacrados pelas tropas imperiais. Tremo de indignação ao digitar isso, pois foi com a cumplicidade de meus antepassados que se perpetrou tal chacina... :evil:

É bom lembrar que tal Hipótese não foi, até hoje, confirmada, e que existem OUTRAS hipóteses, consideradas em alta conta por Historiadores de altíssima credibilidade...

Enviado: Seg Set 18, 2006 4:37 pm
por Túlio
FinkenHeinle escreveu:
tulio escreveu:Tenho para mim que os Gaúchos negros não deveriam comemorá-la, eis que a paz foi celebrada tendo como acréscimo a IMOLAÇÃO de uma das maiores Forças de Elite que já existiram por estes pagos, os LANCEIROS NEGROS, que eram escravos libertos em troca de lutarem pela República. E COMO lutaram, os 'Caramurus" se borravam só de ver a crioulada dando uma carga de cavalaria...
Celebrada a Paz, eles seriam livres, mas como o Império era escravagista, foram desarmados por seus chefes brancos os Lanceiros Negros e deixados num acampamento onde, à mais pérfida TRAIÇÃO, foram massacrados pelas tropas imperiais. Tremo de indignação ao digitar isso, pois foi com a cumplicidade de meus antepassados que se perpetrou tal chacina... :evil:

É bom lembrar que tal Hipótese não foi, até hoje, confirmada, e que existem OUTRAS hipóteses, consideradas em alta conta por Historiadores de altíssima credibilidade...


Fuentes? :twisted: :twisted: :twisted:

Enviado: Seg Set 18, 2006 4:53 pm
por Túlio
Bueno, havia escrito de memória, daí teu comentário, Finkenzito, me deixou meio que intrigado, daí fui pesquisar...



Porongos: surpresa ou massacre?

O Cerro dos Porongos é um lugar pálido em setembro, quando os campos estão desbotados pelo inverno e o gado está espalhado, dividido em pequenos grupos nos poucos lugares onde o pasto surge mais úmido. Do alto da colina é possível enxergar os campos que se estendem até onde a vista alcança. Na madrugada de 14 de novembro de 1844, entretanto, a sentinela das tropas farrapas não percebeu o avanço da cavalaria do coronel Francisco Pedro de Abreu, o Moringue. Antes que a manhã acabasse, o acampamento havia sido dizimado e os corpos de cem farrapos - 80 deles integrantes do 1º Corpo de Lanceiros Negros - recobriam o cerro e os campos a sua volta.
O combate de Porongos é, talvez, a história mais controversa de toda a Revolução Farroupilha. Até hoje historiadores e pesquisadores tentam responder se houve ou não traição nas coxilhas de Pinheiro Machado. O grupo que defende a tese da não-traição refere-se ao episódio como “A Surpresa de Porongos”. Enquanto os que acreditam que o general David Canabarro entregou intencionalmente seus lanceiros às espadas de Moringue, chamam o combate de “O Massacre de Porongos”.
“O fator surpresa é um princípio de guerra e nele não há chance de reação e foi o que houve. Canabarro foi vítima de uma intriga, que acabou passando como verdade para a história”, defende Cláudio Moreira Bento, historiador e coronel reformado do Exército Brasileiro, autor de 70 livros, a maior parte deles sobre história militar.
Para o professor José Plínio Fachel, coordenador do curso de História da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), os números da batalha - cem farrapos mortos, nenhum imperial morto ou ferido - servem como a sombria confirmação sobre o que aconteceu. “Todos os documentos e o desenrolar da batalha fazem com que a historiografia atual seja praticamente consensual sobre o conluio da minoria farrapa com os imperiais. O tempo é amigo da verdade e, hoje, o que era negado passa a ser aceito pela história oficial.”


Dois campos para a mesma batalha
As controvérsias em torno de Porongos cercam até mesmo o lugar onde o combate foi travado. Hoje, dois marcos - um do Movimento Tradicionalista Gaúcho e outro do Movimento Negro - distantes mais de um quilômetro um do outro indicam locais diferentes para o episódio. E, conforme o pesquisador Artêmio Vaz Coelho, 56 anos, os dois estão errados. “Acredito que o alto de uma coxilha não seja o local mais apropriado para se montar um acampamento de guerrilheiros”, justifica.
O trabalho como agrônomo agrimensor possibilitou a Coelho percorrer uma infinidade de propriedades da região e de seus proprietários ouviu uma série de relatos sobre Porongos. Com base nestas histórias defende que o acampamento das tropas farroupilhas naquele final de primavera em novembro estava atrás dos cerros onde estão fincados os marcos.
O local apontado por Coelho é uma estreita e extensa clareira protegida pelo mato entrecortado por uma sanga de águas cristalinas. Ali, as coronilhas, murtas e caneleiras formam uma uma espécie de cúpula tornando possível esconder homens e cavalos tanto à noite como durante o dia.
Depois de ter resgatado a história do combate e dos lanceiros negros, Coelho quer ver resolvida a polêmica em torno do local onde ocorreu o massacre ou a surpresa de Porongos, pois assim acredita estar contribuindo para revisar uma das histórias mais polêmicas do Rio Grande do Sul. “A gente não sabe por que está no mundo, pode ser que daqui há uns dez anos a gente possa ver este assunto esclarecido, não é mesmo?”

O COMBATE
COMANDANTES: Bento Gonçalves (F) x Soares Paiva (I)

Farroupilhas- Imperiais
Mortos 100 - -
Feridos - - 4
Prisioneiros - - -

A preservação de uma história sem fim

Foi em uma barbearia no centro de Pinheiro Machado, que a história dos lanceiros negros começou a ser resgatada em 1996, ou seja, 152 anos depois do combate. Naquele dia de inverno um amigo pediu a Artêmio Coelho uma sugestão para inovar no desfile de 20 de Setembro. “Falei sobre a infantaria negra de Canabarro e por mais impressionante que seja, por aqui ninguém lembrava de ter ouvido falar”, conta. Coelho atribui o desconhecimento ao fato da Revolução Federalista (1893) ter apagado as lembranças coletivas sobre a Guerra dos Farrapos. “A Federalista marcou esta gente, que sofreu muito naquele período”, justifica.
A partir daquele dia, o agrônomo converteu-se em pesquisador e passou a buscar todo o tipo de informação sobre os lanceiros, descritos assim por Giuseppe Garibaldi em suas memórias redigidas por Alexandre Dumas: “Suas lanças, seus rostos pretos como azeviche, seus robustos membros e sua perfeita disciplina tornara-os o terror dos inimigos”.
Meses depois, a comunidade da pequena cidade do sul do estado assistia ao inédito desfile de uma tropa de infantaria negra, orgulhosamente vestida com réplicas dos uniformes da época. À frente deles, Coelho seguia fazendo as vezes do tenente-coronel Joaquim Teixeira Nunes. “Enquanto seguíamos para a avenida do desfile, um cidadão que nos viu passando, chegou a parar o carro e tirar o chapéu em sinal de respeito. Acho que ele pensou que era uma tropa oficial”, orgulha-se.



Memória e tradição

O resgate da história do combate Porongos colocou o município na rota do turismo cultural do estado, que deverá ganhar um novo fôlego a partir da inauguração do memorial financiado pela Fundação Palmares, que já adquiriu a área em torno do local onde está fixado o marco do Movimento Negro. A idéia é transformar os campos que serviram de mortalha aos lanceiros em local de lazer e possibilitar a realização de escavações arqueológicas com o objetivo de trazer, literalmente, à tona o restos sepultados do combate que se transformou primeiro em massacre e depois em lenda.


Enviado: Seg Set 18, 2006 5:25 pm
por FinkenHeinle
tulio escreveu:Bueno, havia escrito de memória, daí teu comentário, Finkenzito, me deixou meio que intrigado, daí fui pesquisar...

Legal Túlio, é um tema interessantíssimo...

Enviado: Seg Set 18, 2006 10:04 pm
por WalterGaudério
FinkenHeinle escreveu:
tulio escreveu:Bueno, havia escrito de memória, daí teu comentário, Finkenzito, me deixou meio que intrigado, daí fui pesquisar...

Legal Túlio, é um tema interessantíssimo...


Obrigado pela pesquisa Túlio.

Essa história do massacre dos lanceiros dá um nó na garganta de qualquer conterrâneo mesmo.
Ouço as lendas/versões em torno dos lanceiros desde piá. Mas nunca consegui chegar a conclusão de bom grado.
Meu avô paterno(que nem brasileiro era-era Ucraniano) dizia ele que Porongos era(seria) mais ou menos como 0o massacre de Shabra e Shatilah, em que os israelenses fizeram vista grosssa para o massacre dos palestinos dequeles pagos.

Uma feliz e proveitosa comemoração de nossa semana farroupilha para os colegas conterrâneos. Por aqui em Fortal, em companhia da minha guria(nascida em Cruzeiro do Sul, na campanha)vou preparar uma churrascada, com direito a costeleta "no papel"(alumínio), picanha, maminha, coraçãozinho, contra-filé e....

... E uma garrafa de coca-cola (tavam pensando que era vinho?)que eu não tô nadando em dinheiro que nem os colegas abastados aí tchê!


Báh, boa noite e até a próxima charla.

Walter

Enviado: Seg Set 18, 2006 10:10 pm
por Túlio
cicloneprojekt escreveu:
FinkenHeinle escreveu:
tulio escreveu:Bueno, havia escrito de memória, daí teu comentário, Finkenzito, me deixou meio que intrigado, daí fui pesquisar...

Legal Túlio, é um tema interessantíssimo...


Obrigado pela pesquisa Túlio.

Essa história do massacre dos lanceiros dá um nó na garganta de qualquer conterrâneo mesmo.
Ouço as lendas/versões em torno dos lanceiros desde piá. Mas nunca consegui chegar a conclusão de bom grado.
Meu avô paterno(que nem brasileiro era-era Ucraniano) dizia ele que Porongos era(seria) mais ou menos como 0o massacre de Shabra e Shatilah, em que os israelenses fizeram vista grosssa para o massacre dos palestinos dequeles pagos.

Uma feliz e proveitosa comemoração de nossa semana farroupilha para os colegas conterrâneos. Por aqui em Fortal, em companhia da minha guria(nascida em Cruzeiro do Sul, na campanha)vou preparar uma churrascada, com direito a costeleta "no papel"(alumínio), picanha, maminha, coraçãozinho, contra-filé e....

... E uma garrafa de coca-cola (tavam pensando que era vinho?)que eu não tô nadando em dinheiro que nem os colegas abastados aí tchê!


Báh, boa noite e até a próxima charla.

Walter


Mas eu morro e num vejo tudo, POWS!!! :shock: :shock:


O Walter, um ÍCONE daqui do DB, o Beraldi dos Subs, nos visitando, aqui na mouraria... :shock: :shock: :shock:

Espero que pegues o hábito, gaudério, eis que tem muita coisa boa por aqui. Este tópico promete, continuo pesquisando sobre os Lanceiros Negros, e já estou, inclusive, mudando de opinião: TALVEZ não tenha havido a tale de traição, talvez tenha mesmo sido um ataque de surpresa, SEM a conivência dos chefes farrapos.

Continues acompanhando, é um imenso prazer ter-te por aqui.

Abração, índio véio!