Indústria aeroespacial Portuguesa
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
INEGI cria braço “elástico” para os satélites do futuro
15.10.19Por Isabel Pereira / INEGI
Componente inovador será aplicado em futuras missões da Agência Espacial Europeia (ESA) focadas nas telecomunicações.
Após dois anos de trabalho, o projeto COMETH está agora a entrar na fase final. FOTO: INEGI
Respondendo a um desafio lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) desenvolveu um braço em material compósito, ultraleve e de baixo custo, que funciona como uma espécie dobradiça “elástica”. O componente será aplicado em futuras missões espaciais focadas nas telecomunicações.
O desafio era claro, mas difícil de alcançar: desenvolver uma estrutura que funcionasse como uma mola, em que a energia elástica armazenada pelo material, ao efetuar o fecho em terra, pudesse ser utilizada para promover a sua abertura em órbita. Este novo componente em compósito será uma alternativa aos atuais braços, articulados através de mecanismos metálicos, difíceis de montar e de integrar, e que representam um peso acrescido na estrutura do satélite.
“Foram já produzidas e testadas com sucesso duas amostras com geometrias distintas, recorrendo a ferramentas desenvolvidas para o efeito, e o próximo passo será a criação de um protótipo à escala real, em parceria com o grupo Sonaca”, avança Ricardo Pinto, responsável pelo projeto no INEGI. A nova “dobradiça elástica self-deployable” será ainda submetida a testes com uma carga útil representativa, num ambiente controlado.
Ao INEGI, como entidade diretamente contratada pela ESA para este projeto, coube grande parte do trabalho de desenvolvimento do novo componente, desde conceitos preliminares e design do componente, com recurso a simulação computacional avançada, à otimização do processo de fabrico, passando pelo desenvolvimento de componentes e ferramentas para testes laboratoriais.
Mudança de paradigma com impacto em vários setores da indústria
Ao mostrar que é possível criar uma estrutura móvel mantendo a elevada rigidez característica dos materiais compósitos, “o sucesso do projeto COMETH contribui para uma alteração no paradigma de projeto de estruturas com materiais compósitos, demonstrando que estas podem afinal ter, em simultâneo, funções estruturais e móveis”, explica Ricardo Pinto.
Espera-se que esta alteração de paradigma venha a ter impacto também noutros setores da indústria para além do Espaço, como o Automóvel e a Aeronáutica. Futuras aplicações poderão assim vir a usufruir dos métodos de design, fabrico e aplicação desenvolvidos no âmbito do COMETH.
O projeto COMETH está a ser desenvolvido ao abrigo do programa da ESA dedicado à Investigação Avançada em Sistemas de Telecomunicações (ARTES Advanced Technology project, ESA Contract No. 4000120195/17/NL/EM).
https://noticias.up.pt/inegi-cria-braco ... 0SVlDdr2Hc
15.10.19Por Isabel Pereira / INEGI
Componente inovador será aplicado em futuras missões da Agência Espacial Europeia (ESA) focadas nas telecomunicações.
Após dois anos de trabalho, o projeto COMETH está agora a entrar na fase final. FOTO: INEGI
Respondendo a um desafio lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) desenvolveu um braço em material compósito, ultraleve e de baixo custo, que funciona como uma espécie dobradiça “elástica”. O componente será aplicado em futuras missões espaciais focadas nas telecomunicações.
O desafio era claro, mas difícil de alcançar: desenvolver uma estrutura que funcionasse como uma mola, em que a energia elástica armazenada pelo material, ao efetuar o fecho em terra, pudesse ser utilizada para promover a sua abertura em órbita. Este novo componente em compósito será uma alternativa aos atuais braços, articulados através de mecanismos metálicos, difíceis de montar e de integrar, e que representam um peso acrescido na estrutura do satélite.
“Foram já produzidas e testadas com sucesso duas amostras com geometrias distintas, recorrendo a ferramentas desenvolvidas para o efeito, e o próximo passo será a criação de um protótipo à escala real, em parceria com o grupo Sonaca”, avança Ricardo Pinto, responsável pelo projeto no INEGI. A nova “dobradiça elástica self-deployable” será ainda submetida a testes com uma carga útil representativa, num ambiente controlado.
Ao INEGI, como entidade diretamente contratada pela ESA para este projeto, coube grande parte do trabalho de desenvolvimento do novo componente, desde conceitos preliminares e design do componente, com recurso a simulação computacional avançada, à otimização do processo de fabrico, passando pelo desenvolvimento de componentes e ferramentas para testes laboratoriais.
Mudança de paradigma com impacto em vários setores da indústria
Ao mostrar que é possível criar uma estrutura móvel mantendo a elevada rigidez característica dos materiais compósitos, “o sucesso do projeto COMETH contribui para uma alteração no paradigma de projeto de estruturas com materiais compósitos, demonstrando que estas podem afinal ter, em simultâneo, funções estruturais e móveis”, explica Ricardo Pinto.
Espera-se que esta alteração de paradigma venha a ter impacto também noutros setores da indústria para além do Espaço, como o Automóvel e a Aeronáutica. Futuras aplicações poderão assim vir a usufruir dos métodos de design, fabrico e aplicação desenvolvidos no âmbito do COMETH.
O projeto COMETH está a ser desenvolvido ao abrigo do programa da ESA dedicado à Investigação Avançada em Sistemas de Telecomunicações (ARTES Advanced Technology project, ESA Contract No. 4000120195/17/NL/EM).
https://noticias.up.pt/inegi-cria-braco ... 0SVlDdr2Hc
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Governo salienta papel da Defesa na economia e diz que é um dos setores “mais promissores”
O setor da indústria de Defesa "já representa uma grande fatia, uma fatia muito significativa da nossa exportação”, afirmou o ministro da Defesa Nacional.
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, defendeu esta segunda-feira que o setor da indústria de Defesa é “um dos mais promissores para a economia nacional”, uma vez que “é tecnologicamente muito evoluído” e representa “um fatia significativa” das exportações.
“É um setor que é dos mais promissores para a economia nacional, e já representa uma grande fatia, uma fatia muito significativa da nossa exportação”, afirmou o ministro no final de um evento dedicado à aeronáutica, espaço e Defesa – AED Days – que decorreu no Taguspark, em Oeiras.
Em declarações à agência Lusa, João Gomes Cravinho apontou que este “é um setor que está a crescer e é um setor que exporta cerca de 80% daquilo que produz” e salientou que “essa combinação de um setor em crescimento e um setor que é um grande exportador traz uma enorme mais-valia” para a economia portuguesa. De acordo com o ministro, “hoje em dia, só o setor aeronáutico exporta qualquer coisa como mais do que o dobro do que o setor dos vinhos”.
Porém, alertou João Gomes Cravinho, esta “é uma área que internacionalmente está a passar por grandes transformações, transformações cujo resultado final está ainda longe de ser claro”. “E isso significa que é necessário agora fazer um esforço muito grande para estarmos muito atentos às mudanças no contexto internacional, e adaptar estratégias em função dessas mudanças”, afirmou, assinalando que “as mudanças trazem desafios novos” e ajudam a testar a capacidade de Portugal em “responder a esses desafios”.
“Nós temos um quadro europeu em que vai ser criado agora um fundo europeu de Defesa, há uma tendência para consolidação de consórcios europeus, o desafio para nós não é só ter empresas que produzem bem uma componente tecnológica, é ter empresas que fazem isso e que estão bem enquadradas em cadeias de valor internacionais, isso é um desafio”, apontou o ministro da Defesa Nacional.
Apesar de entender que “todos os desafios representam perigos”, Gomes Cravinho salientou igualmente que “a possível recompensa de estratégias bem montadas, é uma visão particularmente gratificante para as nossas empresas”. Assim, “isso significa que a Comissão vai ter de desenvolver mecanismos de cooperação com as estruturas intergovernamentais, com o Conselho Europeu, o Serviço Europeu de Ação Externa, por exemplo”, defendeu o ministro.
https://observador.pt/2019/10/29/govern ... omissores/
O setor da indústria de Defesa "já representa uma grande fatia, uma fatia muito significativa da nossa exportação”, afirmou o ministro da Defesa Nacional.
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, defendeu esta segunda-feira que o setor da indústria de Defesa é “um dos mais promissores para a economia nacional”, uma vez que “é tecnologicamente muito evoluído” e representa “um fatia significativa” das exportações.
“É um setor que é dos mais promissores para a economia nacional, e já representa uma grande fatia, uma fatia muito significativa da nossa exportação”, afirmou o ministro no final de um evento dedicado à aeronáutica, espaço e Defesa – AED Days – que decorreu no Taguspark, em Oeiras.
Em declarações à agência Lusa, João Gomes Cravinho apontou que este “é um setor que está a crescer e é um setor que exporta cerca de 80% daquilo que produz” e salientou que “essa combinação de um setor em crescimento e um setor que é um grande exportador traz uma enorme mais-valia” para a economia portuguesa. De acordo com o ministro, “hoje em dia, só o setor aeronáutico exporta qualquer coisa como mais do que o dobro do que o setor dos vinhos”.
A Defesa é também, por outro lado, “um setor que é tecnologicamente muito evoluído, e isso significa que, quanto mais este setor cresce, mais crescem também empresas tecnologicamente evoluídas que são empresas fornecedoras para este setor”, notou o ministro, indicando que “isso ajuda a qualificar ainda mais” a economia.Tipicamente pensamos Portugal como sendo exportador de produtos agrícolas, como é o caso do vinho – e ainda bem que exportamos também o vinho – mas estamos a exportar muito mais em matéria da área aeronáutica, do cluster aeronáutico. E, sobretudo, é um cluster em crescimento”, vincou.
Porém, alertou João Gomes Cravinho, esta “é uma área que internacionalmente está a passar por grandes transformações, transformações cujo resultado final está ainda longe de ser claro”. “E isso significa que é necessário agora fazer um esforço muito grande para estarmos muito atentos às mudanças no contexto internacional, e adaptar estratégias em função dessas mudanças”, afirmou, assinalando que “as mudanças trazem desafios novos” e ajudam a testar a capacidade de Portugal em “responder a esses desafios”.
“Nós temos um quadro europeu em que vai ser criado agora um fundo europeu de Defesa, há uma tendência para consolidação de consórcios europeus, o desafio para nós não é só ter empresas que produzem bem uma componente tecnológica, é ter empresas que fazem isso e que estão bem enquadradas em cadeias de valor internacionais, isso é um desafio”, apontou o ministro da Defesa Nacional.
Apesar de entender que “todos os desafios representam perigos”, Gomes Cravinho salientou igualmente que “a possível recompensa de estratégias bem montadas, é uma visão particularmente gratificante para as nossas empresas”. Assim, “isso significa que a Comissão vai ter de desenvolver mecanismos de cooperação com as estruturas intergovernamentais, com o Conselho Europeu, o Serviço Europeu de Ação Externa, por exemplo”, defendeu o ministro.
Gomes Cravinho explicou que a Defesa “é uma indústria que tem contornos geoestratégicos da maior importância para o futuro da Europa e, portanto, precisa de ser pensado, quer na sua lógica industrial e comercial, quer também na lógica geoestratégica”. “Há aqui a necessidade de fazer ajustamentos na forma como se trabalha interinstitucionalmente para corresponder. A nova Comissão Europeia ainda não nasceu, nascerá daqui a um mês e pouco, e espero que tenha em atenção esta realidade”, rematou o ministro da Defesa Nacional.Se se optar por trabalhar exclusivamente naquilo que é o âmbito do mandato da Comissão Europeia, a única coisa que se vai fazer é pensar nas indústrias de Defesa como se fossem uma outra indústria qualquer, e não são”, ressalvou.
https://observador.pt/2019/10/29/govern ... omissores/
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
A estratégia "Portugal Espaço 2030" no Orçamento de Estado 2020
Reforçar e valorizar a estratégia Portugal Espaço 2030 no contexto da valorização do posicionamento atlântico de Portugal na Europa
Valorizar o posicionamento atlântico de Portugal no Mundo, potenciando a atração de financiamento e mobilizando diversos atores, tanto nacionais como internacionais, em termos de uma abordagem inovadora e integrativa, incluindo:
Implementar a estratégia Portugal Espaço 2030, incluindo a dinamização de novas indústrias do espaço (New Space), a atração de investimento estrangeiro e a colaboração das instituições cientificas e de ensino superior na promoção de uma nova década de valorização de sistemas espaciais e de observação da Terra para estimular a atracão de recursos humanos qualificados e novas atividades económicas de maior valor acrescentado em Portugal em todos os setores de atividade;
Desenvolver e promover a agência espacial portuguesa, Portugal Space, num novo quadro de relacionamento institucional de valorização de sistemas espaciais e de observação da Terra na ciência, na economia e na defesa e segurança, quer a nível nacional, quer europeu e transatlântico, incluindo três eixos estruturantes, designadamente: (i) estímulo a utilizadores de dados espaciais e a novos mercados; (ii) estímulo à produção de dados, através de novos equipamentos, tecnologias de satélites e o apoio a lançadores de pequenas dimensões; (iii) capacitação científica e técnica e apoio à cultura científica para o Espaço;
Reforçar a valorização da participação de Portugal na Agência Espacial Europeia, designadamente no âmbito da copresidência do Conselho Ministerial da ESA, que Portugal assumirá para o período 2020-2023;
Implementar e reforçar o Programa Azores Intenational Satellite Launch Programme - Azores ISLP e os procedimentos para a instalação e operação de uma infraestrutura espacial para o lançamento de mini e micro satélites na Região Autónoma dos Açores;
Reforçar a agenda Interações Atlânticas e a promoção do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Center - Atlantic International Research Center), como uma efetiva instituição internacional em rede, em paralelo e em articulação com a instalação do Observatório para o Atlântico.
Fonte: http://www.oe2020.gov.pt/wp-content/upl ... o-2020.pdf
Reforçar e valorizar a estratégia Portugal Espaço 2030 no contexto da valorização do posicionamento atlântico de Portugal na Europa
Valorizar o posicionamento atlântico de Portugal no Mundo, potenciando a atração de financiamento e mobilizando diversos atores, tanto nacionais como internacionais, em termos de uma abordagem inovadora e integrativa, incluindo:
Implementar a estratégia Portugal Espaço 2030, incluindo a dinamização de novas indústrias do espaço (New Space), a atração de investimento estrangeiro e a colaboração das instituições cientificas e de ensino superior na promoção de uma nova década de valorização de sistemas espaciais e de observação da Terra para estimular a atracão de recursos humanos qualificados e novas atividades económicas de maior valor acrescentado em Portugal em todos os setores de atividade;
Desenvolver e promover a agência espacial portuguesa, Portugal Space, num novo quadro de relacionamento institucional de valorização de sistemas espaciais e de observação da Terra na ciência, na economia e na defesa e segurança, quer a nível nacional, quer europeu e transatlântico, incluindo três eixos estruturantes, designadamente: (i) estímulo a utilizadores de dados espaciais e a novos mercados; (ii) estímulo à produção de dados, através de novos equipamentos, tecnologias de satélites e o apoio a lançadores de pequenas dimensões; (iii) capacitação científica e técnica e apoio à cultura científica para o Espaço;
Reforçar a valorização da participação de Portugal na Agência Espacial Europeia, designadamente no âmbito da copresidência do Conselho Ministerial da ESA, que Portugal assumirá para o período 2020-2023;
Implementar e reforçar o Programa Azores Intenational Satellite Launch Programme - Azores ISLP e os procedimentos para a instalação e operação de uma infraestrutura espacial para o lançamento de mini e micro satélites na Região Autónoma dos Açores;
Reforçar a agenda Interações Atlânticas e a promoção do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Center - Atlantic International Research Center), como uma efetiva instituição internacional em rede, em paralelo e em articulação com a instalação do Observatório para o Atlântico.
Fonte: http://www.oe2020.gov.pt/wp-content/upl ... o-2020.pdf
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Equipa luso-americana desenvolve satélite para vigiar a gravidade da Terra
Empresa aeroespacial portuguesa Spin.Works coordena projecto para criação de um pequeno satélite, com cerca de oito quilos, que envolve um investimento de 2,6 milhões de euros. A data do lançamento apontada é 2023.
https://www.publico.pt/2020/07/01/cienc ... E0qcEdSTF8
Empresa aeroespacial portuguesa Spin.Works coordena projecto para criação de um pequeno satélite, com cerca de oito quilos, que envolve um investimento de 2,6 milhões de euros. A data do lançamento apontada é 2023.
https://www.publico.pt/2020/07/01/cienc ... E0qcEdSTF8
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Aeronáutica reunida no Alentejo. Foguetões podem gerar empregos e muitos milhões de euros
ANDRÉ GARCEZ
Ponte de Sor recebe a partir desta quarta-feira 120 estudantes de engenharia, que vão construir foguetões para lançar e testar nos céus alentejanos
Os pequenos foguetões para lançamento de satélites e cargas podem gerar no país mais de mil empregos e 500 milhões de euros de negócios espaciais. A pensar no futuro do Espaço, e num mercado que pode gerar receitas e empregos de valor acrescentado, Ponte de Sor recebe a partir desta quarta-feira 120 estudantes de engenharia, que vão construir foguetões para lançar e testar nos céus alentejanos.
O EuRoc, uma competição universitária europeia de lançamento de rockets, surge integrada no Portugal Air Summit, a maior cimeira aeronáutica da Península Ibérica, que decorre na cidade alentejana até sexta-feira para discutir o futuro dos sectores da aviação, espaço, defesa e aeronáutica, numa altura de profunda crise das viagens aéreas.
Os estudantes “irão criar e lançar os próprios foguetões, pondo em prática a investigação científica, a pensar no desenvolvimento do setor espacial em Portugal e nas potencialidades que o Espaço oferece, em termos de emprego e de geração de riqueza”, aponta Ricardo Conde, presidente da Portugal Space, que em conjunto com a Agência Espacial Europeia e a Câmara Municipal de Ponte de Sor organizam a primeira competição universitária europeia de lançamento de rockets.
O lançamento destes pequenos foguetões é também “uma oportunidade para chamar a atenção para a promoção de uma cultura científica e de inovação junto de jovens universitários, ampliando a base de recrutamento de futuros profissionais, para reforçar a sustentabilidade do setor aeroespacial em Portugal”, adianta o presidente da PT Space, a Agência Espacial Portuguesa. Conde aponta “as inúmeras potencialidades destes foguetões, capazes de colocar em órbita pequenos satélites com aplicações nas comunicações, nos dados e em diversos outros domínios”.
Em causa a ambição portuguesa de colocar a funcionar nos Açores “um porto espacial, capaz de ajudar a projetar uma constelação de microssatélites de observação da Terra, a Atlantic Constellation, num projeto de cooperação internacional” que junta diversas empresas portuguesas, como a Tekever, a Efacec ou a Edisoft.
O presidente da PT Space antevê ainda outra possibilidade para estes foguetões, com “o lançamento de um veículo suborbital reutilizável”, uma ideia que já está a ser desenvolvida em Portugal e que precisará de um foguetão de lançamento, como os rockets que os estudantes europeus vêm testar em Ponte de Sor.
Para atingir estes objetivos são precisos especialistas em física e engenharia e Ricardo Conde aponta para a criação, até 2030, “de mil postos de trabalho qualificados em Portugal, num sector que poderá atingir 500 milhões de euros em negócios”.
O Portugal Air Summit começa com uma conferência que junta o Ministro da Ciência Manuel Heitor e o Presidente da Agência Espacial Portuguesa com investigadores e representantes da indústria das áreas do Espaço, Oceanos, Florestas, Território e Aeronáutica. Em analise o “Planeta Digital: novas oportunidades, empregos e negócios associados à observação da Terra para a ação climática”.
https://expresso.pt/economia/2020-10-20 ... s-de-euros
ANDRÉ GARCEZ
Ponte de Sor recebe a partir desta quarta-feira 120 estudantes de engenharia, que vão construir foguetões para lançar e testar nos céus alentejanos
Os pequenos foguetões para lançamento de satélites e cargas podem gerar no país mais de mil empregos e 500 milhões de euros de negócios espaciais. A pensar no futuro do Espaço, e num mercado que pode gerar receitas e empregos de valor acrescentado, Ponte de Sor recebe a partir desta quarta-feira 120 estudantes de engenharia, que vão construir foguetões para lançar e testar nos céus alentejanos.
O EuRoc, uma competição universitária europeia de lançamento de rockets, surge integrada no Portugal Air Summit, a maior cimeira aeronáutica da Península Ibérica, que decorre na cidade alentejana até sexta-feira para discutir o futuro dos sectores da aviação, espaço, defesa e aeronáutica, numa altura de profunda crise das viagens aéreas.
Os estudantes “irão criar e lançar os próprios foguetões, pondo em prática a investigação científica, a pensar no desenvolvimento do setor espacial em Portugal e nas potencialidades que o Espaço oferece, em termos de emprego e de geração de riqueza”, aponta Ricardo Conde, presidente da Portugal Space, que em conjunto com a Agência Espacial Europeia e a Câmara Municipal de Ponte de Sor organizam a primeira competição universitária europeia de lançamento de rockets.
O lançamento destes pequenos foguetões é também “uma oportunidade para chamar a atenção para a promoção de uma cultura científica e de inovação junto de jovens universitários, ampliando a base de recrutamento de futuros profissionais, para reforçar a sustentabilidade do setor aeroespacial em Portugal”, adianta o presidente da PT Space, a Agência Espacial Portuguesa. Conde aponta “as inúmeras potencialidades destes foguetões, capazes de colocar em órbita pequenos satélites com aplicações nas comunicações, nos dados e em diversos outros domínios”.
Em causa a ambição portuguesa de colocar a funcionar nos Açores “um porto espacial, capaz de ajudar a projetar uma constelação de microssatélites de observação da Terra, a Atlantic Constellation, num projeto de cooperação internacional” que junta diversas empresas portuguesas, como a Tekever, a Efacec ou a Edisoft.
O presidente da PT Space antevê ainda outra possibilidade para estes foguetões, com “o lançamento de um veículo suborbital reutilizável”, uma ideia que já está a ser desenvolvida em Portugal e que precisará de um foguetão de lançamento, como os rockets que os estudantes europeus vêm testar em Ponte de Sor.
Para atingir estes objetivos são precisos especialistas em física e engenharia e Ricardo Conde aponta para a criação, até 2030, “de mil postos de trabalho qualificados em Portugal, num sector que poderá atingir 500 milhões de euros em negócios”.
O Portugal Air Summit começa com uma conferência que junta o Ministro da Ciência Manuel Heitor e o Presidente da Agência Espacial Portuguesa com investigadores e representantes da indústria das áreas do Espaço, Oceanos, Florestas, Território e Aeronáutica. Em analise o “Planeta Digital: novas oportunidades, empregos e negócios associados à observação da Terra para a ação climática”.
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Empresa espacial alemã RFA e CEiiA assinam parceria para fabrico de foguetões em Portugal
O CEIIA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento Rui Duarte Silva
Grupo alemão RFA, em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento(CEiiA), vai desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, num investimento de nove milhões de euros em três anos, foi divulgado esta segunda-feira.
A empresa espacial alemã RFA, em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), vai desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, num investimento de nove milhões de euros em três anos.
A Rocket Factory Portugal, subsidiária da Rockect Factory Augsburg (RFA), chegou a acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) "para um contrato de desenvolvimento e produção de sistemas para o seu veículo RFA ONE, numa 'joint-venture' com o CEiiA", com sede em Matosinhos.
O anúncio decorreu no evento "Space in the recovery of Portugal and Europe" [Espaço na recuperação em Portugal e Europa], em Lisboa.
A RFA é também membro de um dos consórcios que concorreram ao futuro Porto Espacial da Ilha de Santa Maria, Açores.
Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino superior, Manuel Heitor, a instalação da RFA Portugal abre uma nova fase na estratégia portuguesa para o Espaço e um novo momento de utilização eficaz dos sistemas espaciais na recuperação de Portugal e da Europa, é referido no comunicado.
"Estamos a atravessar uma fase muito empolgante no setor europeu do Espaço. Estão a formar-se novos mercados que novas e jovens empresas querem conquistar comercialmente. Uma série de 'startups' estão a desenvolver micro-lançadores espaciais em todo o mundo", afirmou, por sua vez, Marco Fuchs, membro do Conselho de Administração da RFA e presidente executivo da OHB SE, um dos maiores integradores de sistemas espaciais da Europa, citado no comunicado.
"Estou convencido de que este mercado de custos competitivos de lançadores espaciais fabricados industrialmente será altamente lucrativo. É por isso que estou muito satisfeito por iniciar esta 'joint-venture' entre a Rocket Factory Augsburg e a CEiiA para o design e industrialização de micro-lançadores espaciais em Portugal", adiantou o mesmo responsável.
"Portugal é um país emergente no setor espacial europeu especialmente na área dos micro-lançadores espaciais. Estou muito ansioso para arrancar o trabalho", acrescentou Marco Fuchs.
Por sua vez, o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, afirmou que "este projeto de investimento é um importante passo para colocar Portugal na vanguarda da inovação numa área tão pioneira como o desenvolvimento de lançadores espaciais, provando que o talento é uma das vantagens competitivas do país".
https://expresso.pt/economia/2021-04-26 ... KEfP3CgETs
O CEIIA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento Rui Duarte Silva
Grupo alemão RFA, em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento(CEiiA), vai desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, num investimento de nove milhões de euros em três anos, foi divulgado esta segunda-feira.
A empresa espacial alemã RFA, em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), vai desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, num investimento de nove milhões de euros em três anos.
A Rocket Factory Portugal, subsidiária da Rockect Factory Augsburg (RFA), chegou a acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) "para um contrato de desenvolvimento e produção de sistemas para o seu veículo RFA ONE, numa 'joint-venture' com o CEiiA", com sede em Matosinhos.
O anúncio decorreu no evento "Space in the recovery of Portugal and Europe" [Espaço na recuperação em Portugal e Europa], em Lisboa.
A RFA é também membro de um dos consórcios que concorreram ao futuro Porto Espacial da Ilha de Santa Maria, Açores.
Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino superior, Manuel Heitor, a instalação da RFA Portugal abre uma nova fase na estratégia portuguesa para o Espaço e um novo momento de utilização eficaz dos sistemas espaciais na recuperação de Portugal e da Europa, é referido no comunicado.
"Estamos a atravessar uma fase muito empolgante no setor europeu do Espaço. Estão a formar-se novos mercados que novas e jovens empresas querem conquistar comercialmente. Uma série de 'startups' estão a desenvolver micro-lançadores espaciais em todo o mundo", afirmou, por sua vez, Marco Fuchs, membro do Conselho de Administração da RFA e presidente executivo da OHB SE, um dos maiores integradores de sistemas espaciais da Europa, citado no comunicado.
"Estou convencido de que este mercado de custos competitivos de lançadores espaciais fabricados industrialmente será altamente lucrativo. É por isso que estou muito satisfeito por iniciar esta 'joint-venture' entre a Rocket Factory Augsburg e a CEiiA para o design e industrialização de micro-lançadores espaciais em Portugal", adiantou o mesmo responsável.
"Portugal é um país emergente no setor espacial europeu especialmente na área dos micro-lançadores espaciais. Estou muito ansioso para arrancar o trabalho", acrescentou Marco Fuchs.
Por sua vez, o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, afirmou que "este projeto de investimento é um importante passo para colocar Portugal na vanguarda da inovação numa área tão pioneira como o desenvolvimento de lançadores espaciais, provando que o talento é uma das vantagens competitivas do país".
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
É só "investimentos" mas depois nada acontece
Triste sina ter nascido português
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
SpaceX para breve, D. Sócas a liderar as negociaçõe$...
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Florbela Costa. "Por incrível que pareça, muitos dos processos de fabrico dos motores do helicópetro de Marte são manuais"
Tem 32 anos e liderou a equipa que desenvolveu os motores do helicóptero que esta semana voou pela primeira vez em Marte. Acredita que, depois deste feito, se fica mais perto de se poder pensar em voos tripulados noutro planeta.
Foi uma semana de estreias em Marte. Na segunda-feira, o primeiro voo controlado noutro planeta – que a NASA comparou ao histórico primeiro voo dos irmãos Wright há 117 anos – e na terça-feira cinco gramas de oxigénio extraídos pela primeira vez do dióxido de carbono que abunda na atmosfera do planeta vermelho, mais uma das experiências do rover Perseverance que chegou ao planeta vermelho há dois meses e que dariam para dez minutos de respiração de um astronauta. Florbela Costa, de 32 anos, nascida em Trappes (França) para onde os pais emigraram, regressou a Portugal com 11 anos. Formou-se cá, na Universidade da Beira Interior e depois de uma experiência que lhe abriu portas no desenvolvimento de uma aeronave de grande porte – o KC-390, com capacidade para 26 toneladas de carga – participou no primeiro feito deste pequeno helicóptero de 1,8 quilos que fica na história da exploração espacial. Em conversa com o i numa manhã depois de se confirmar que o Ingenuity consegue mesmo voar em Marte, contou que também chegou a sonhar com ser astronauta, mas na altura o que lhe disseram foi que isso era só para americanos. Coordenou o projeto do Space Lab da empresa suíça Maxon que desenvolveu e produziu os motores do aparelho, que não leva equipamentos a bordo e visa demonstrar se a explosão aérea pode ser viável no planeta.
Conseguiu dormir de domingo para segunda?
(risos) Sim, consegui. O nervosismo era grande há várias semanas desde que o Perseverance pousou em Marte a 18 de fevereiro. Estávamos muito ansiosos por ver este dia chegar, por ver o primeiro voo. Eu estava extremamente ansiosa mas sabia que tínhamos grandes probabilidade de correr bem. Sabemos que todo o trabalho que foi feito da parte da NASA e do Jet Propulsion Laboratory (JPL) foi um esforço muito grande para fazer isto acontecer, assim como da nossa parte na produção dos motores foi preciso cumprir todos os requisitos. O risco é minimizado, mas há sempre algum risco. Felizmente correu tudo bem.
Qual era a probabilidade de correr mal?
Não sei dizer, mas é bastante baixa. Testamos tudo até ao mínimo detalhe aqui na Terra. Na NASA fizeram uma câmara para simular o ambiente de Marte com um protótipo da aeronave a voar. Testaram tudo ao mínimo detalhe. E a prova disso é este voo que corre espetacularmente bem.
A Florbela tocou no aparelho que está agora em Marte ou não chegam a essa fase?
Sim, não no aparelho mas nos motores sim. O meu projeto era desenvolver os seis motores que controlam as pás do rotor, que dirigem o movimento da aeronave. Fizemos o desenvolvimento mas também ajudei na produção, que foi feita na Maxon. Passei dias na produção com os especialistas que estavam a fazer a montagem.
Portanto não é a NASA que depois monta?
Não. O aparelho não tive oportunidade de o ver ao vivo, mas nos motores posso dizer que ainda dei uma mãozinha durante a montagem.
Estamos a falar de peças de que tamanho? O helicóptero é pequeno, tem menos de dois quilos.
Tem 1,8 quilos. Os motores são extremamente pequenos, têm 10 milímetros de diâmetro, 20 milímetros de comprimento. Pesam menos de 9 gramas, entre sete e oito gramas. São mesmo muito, muito pequenos.
É comparável com o motor de alguma coisa que utilizemos no dia-a-dia?
No dia-a-dia não diria. Sei que a Maxon também produz motores ainda mais pequenos, com seis milímetros de diâmetro, que são usados por exemplo nas bombas de insulina. Por exemplo as pessoas que usam bombas de insulina automáticas dentro da pele.
Montar peças tão pequenas imagino que seja já um processo robótico.
Não, por muito incrível que pareça muitos destes processos são manuais.
Um trabalho de relojoeiro.
Exatamente. É um trabalho de muita precisão. Temos muitas mulheres a trabalhar na produção. As mulheres são mais adequadas, têm mãos mais pequenas. São pessoas absolutamente talentosas.
Quanto custa um motor como os do Ingenuity?
Um DCX10 (o motor utilizado no helicóptero) padrão custa cerca de 100chf (90,35 euros). Para o projecto do helicópetro de Marte os valores roundam os 100’000 chf (90 mil euros) para o desenvolvimento, testes e manufatura dos seis motores, o que é um valor bastante baixo por se tratar apenas de uma demonstração de voo. Para os restantes projectos para Marte a Maxon recebeu vários milhões para o desenvolvimento, testes e entrega de motores.
Tocou numa coisa que está a 278 milhões de quilómetros noutro planeta. O que se sente?
É maravilhoso. É muito bom saber que demos o nosso pequeno contributo e fazer com que pela primeira vez um helicóptero voe em Marte. É uma oportunidade única.
Marte tem um terço da gravidade da Terra, 1% da pressão à superfície. Qual é a dificuldade de pôr algo a voar nestas condições?
Um helicóptero em Marte tem de rodar as pás cinco vezes mais rápido do que por exemplo aqui em Portugal. É um dos desafios.
Com o ar mais rarefeito, tem de fazer mais força para se aguentar no ar?
Sim, um helicóptero para gerar propulsão para levantar basicamente o que faz é puxar o ar para baixo. Se há pouco ar, tem de puxar muito mais rapidamente o ar para baixo para criar essa levitação. É mais ou menos similar ao que acontece nos helicópteros que voam em elevadas altitude.
Esta tecnologia pode ajudar cá na Terra os helicópteros a voar mais alto? Vemos por exemplo algumas limitações em situações de resgate.
Sem dúvida. Não só no desenvolvimento das pás mas também nos processos mais básicos nos motores poderão ser utilizados na industria médica, na indústria automóvel. Todas as tecnologias que desenvolvemos para Marte são reutilizadas para outros clientes.
Tem essa visão mais utilitária da engenharia espacial ou é também uma apaixonada pela exploração do Espaço?
As duas coisas. Sou sem dúvida uma apaixonada pela exploração espacial e espero que continuemos nesta direção, a descobrir mais mas também acho muito importante que se desenvolvemos esta tecnologia para Marte, para outro tipo de missão, se possam utilizar os benefícios que podem ter aqui na Terra. É como as guerras. Apesar de serem péssimas, trouxeram muitos avanços tecnológicos ao mundo. Foi o caso do GPS, desenvolvido na II Guerra Mundial. O mesmo acontece agora com a exploração espacial.
Alguma vez quis ser astronauta?
Era um sonho de pequenina, sim.
Tentou candidatar-se?
Não. Quando era pequena disseram-me que era impossível e acho que a ideia ficou esquecida desde então.
Por ser menina, por ser portuguesa?
Acho que foi mais por ser portuguesa. Já não sei se foi alguém da minha família, ou amigos, mas isso também não interessa, mas foi aquela conversa “ah isso tinhas de ser americana para ir para a NASA”.
Mesmo na nossa geração acha que por desconhecimento ainda se cortaram alguns sonhos?
Acho que sim, havia alguma falta de informação. Não fazia ideia que havia astronautas europeus. Hoje é tudo completamente diferente, a informação é muito mais acessível e acho que isso com as crianças de hoje já não vai acontecer.
Quando se decidiu por Engenharia Aeronáutica? Já estava a viver em Portugal.
Sim, foi já no Secundário. O plano era entrar para a Força Aérea. Sempre fui fascinada pelo Espaço e pela Aviação e imaginei que seria o meu percurso. Candidatei-me com 17 anos quando acabei o Secundário, fiz as provas todas, cheguei a fazer prova de aptidão militar, que foram duas semanas de tropa. Depois fiquei em quarto lugar e não consegui entrar, porque só havia duas vagas para Engenharia Aeronáutica. Acabei por ir para a Universidade da Beira Interior, que é a única que tem o curso de engenharia aeronáutica.
Não queria aeroespacial?
Interessava-me o lado da aviação e por outro lado ficava mais perto de mim.
Mas foi satisfeita ou ficou chateada por não haver mais vagas na Força Aérea?
Na altura fiquei bastante desiludida porque queria mesmo muito entrar na Força Aérea. Hoje fico muito contente por ter tido o percurso que tive, de ter ido para a UBI onde aprendi imenso e fiz grandes amigos, por depois ter tido a oportunidade de entrar no CEEIa (Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos) na altura em que entrei.
Uma semana depois de entregar a tese de mestrado.
Sim. Acabei por ter muita sorte. Fiquei cinco anos e meio trabalhar no projeto de colaboração entre o CEEIa e a Embraer para o desenvolvimento do KC-390 e de depois tive esta oportunidade fantástica de vir para a Maxon, em Lucerna, e ter os motores para o helicóptero de Marte como o meu primeiro projeto.
É isso que é surpreendente: uma engenheira nova, de 32 anos, estar à frente desse projeto numa grande empresa. Ficou surpreendida com essa responsabilidade?
Fiquei. O meu chefe apostou em mim. Mas é isso, só foi possível porque viu que tinha a experiência do CEEIa. Quando entrei no CEEIa éramos 20 pessoas a trabalhar no projeto com a Embraer, todos muito novos, muitos de nós recém-licenciados ou com mestrados, sem experiência profissional nenhuma. Foram cinco anos em que cresci imenso, tive diferentes posições e no final estava como gestora de projeto à frente de uma equipa de 25 pessoas nesse grande projeto da Embraer em que desenvolvemos o Elevator & Sponson do KC-390, que foi o maior projeto de desenvolvimento que Portugal teve na aviação.
Para quem não percebe nada de aviões, estamos a falar de que parte do aparelho?
O KC-390 é a aeronave que vai por exemplo substituir o C-130 da Força Aérea Portuguesa, é uma aeronave muitíssimo grande, com 34 metros de envergadura. Nós fizemos a barriga do avião, que contém as portas do trem de aterragem, que se chama Sponson. E fizemos o Elevator que é a parte móvel da asa traseira que controla o pitch (movimento em torno do eixo horizontal) do avião, é um flight control (superfícies de controle de voo) da aeronave.
E estava a gerir uma equipa com 26 anos.
Sim, tive muita sorte e acabou por ser uma grande experiência. E isso permitiu-me depois candidatar-me a este trabalho de gestora de projeto na Maxon, apesar de ser muito mais nova do que as pessoas que trabalham comigo.
E como é que isso foi visto? É um ambiente com muita competição ou correu bem?
É um ambiente muito saudável, nunca senti por parte dos meus colegas alguma inveja. Todos trabalhamos em projetos interessantes. Na altura o meu chefe estava a trabalhar no programa ExoMars, que foi adiado para 2022. Tinha outra colega, também mulher, que estava a trabalhar com uma equipa nos motores do rover Perseverance. Na prática temos todos projetos tão espetaculares que não há inveja, pelo contrário há uma enorme entreajuda. Somos uma equipa multicultural. O meu chefe é inglês, essa colega que coordenou o outro projeto é meio suíça e meio americana e tenho outro colega gestor de projeto alemão. Somos metade mulheres, metade homens. É um ambiente muito diverso.
Mas a Maxon contrata com quotas de género?
Não. Foi o meu chefe que decidiu assim, gostou de nós. É a primeira pessoa a dizer que adora equipas multiculturais, com todos os géneros, pessoas de países diferentes.
Há quem diga que são equipas mais criativas, com mais recursos para ultrapassar os problemas.
Sim. E por ele puxar por isso já se começa a ver aqui na Maxon outros chefes de equipa irem à procura mais de mulheres e de pessoas que não sejam suíças para integrar as equipas. Veem o sucesso que ele tem tido (risos).
Falamos cedo, embora aí seja mais uma hora. Como é o dia a dia? Há condições para conciliar o trabalho com vida familiar?
Num dia normal começo a trabalhar entre as 6h e as 7h da manha e num dia bom acabo entre as 16h e as 17h.. Mas o horario é bastante flexivel. Devemos fazer 8h25 por dia, mas se trabalharmos mais horas num dia podemos recuperar noutro dia, o que dá muito jeito. Pelo menos uma vez por semana tiro cerca de 2h de almoço para ir correr por examplo. Esta flexibilidade ajuda muito. Depois claro, há períodos mais intensivos de trabalho, mas acho que aqui na Suiça há um bom balanço entre trabalho e vida privada. Dão muito valor à vida familia e a ter tempo para outras atividades, tal como praticar desporto. Começei a tirar o MBA há um ano e agora sim, ficou mais dificil de coordenar tudo, mas só falta um ano.
Há mais portugueses na Maxon?
Há outro português a trabalhar aqui na Maxon como gestor de projectos, na área automóvel e há muitas mulheres portuguesas a trabalhar na produção. Conheci algumas delas graças às aulas de alemão que temos em conjunto.
Quando era miúda já era engenhocas?
Não, mas gostava muito de ler sobre tecnologia. Parecia-me tudo tão surrealista, tão longe. Era muito dada a matemática, sempre adorei. Lembro-me de pedir à minha mãe nas férias para comprar aqueles livros de exercícios.
Qual era o sonho aos 11 anos quando vem viver para Portugal?
Queria ser boa aluna. Lembro-me que aos 15, 16 anos, sim, a Força Aérea era o meu sonho.
Os seus pais, como muitos portugueses, emigraram. Como veem agora as notícias?
Sentem imenso orgulho, felizes sobretudo por ter um trabalho estável e um trabalho de que gosto.
Nesta área a empregabilidade é de 100%?
Sim, todos os colegas que se formaram comigo arranjaram trabalho. Uns em Portugal, outros fora. Tenho amigos até na Nova Zelândia mas a maior parte está na Europa. Tenho colegas que estiveram comigo no CEEIa e que também estão aqui em Lucerna noutras empresas, também com projetos fantásticos.
Voltar para Portugal é uma opção?
Não num curto prazo. Quero continuar a crescer na minha carreira profissional e infelizmente não há tantas opções em Portugal. Um dia mais tarde quem sabe, neste momento não.
O que gostaria de ver cá?
Gostava de ver uma maior aposta na aviação e na indústria espacial. Já se veem empresas, mas gostava de ver mais. Temos engenheiros muito bons, mão-de-obra barata e acho que empresas nesta área conseguiriam vingar e trazer investimento para o país.
Que projetos tem em mãos?
Tenho mais projetos aqui na Maxon e estou muito entusiasmada. Ainda não posso falar sobre eles.
São secretos.
Sim. Estão naquela fase que ainda não são públicos.
Vendo as imagens do Ingenuity a voar, voou mesmo bem?
Foi exatamente como o esperado. Foi um voo de altitude, subiu três metros, rodopiou para mostrar a posição da câmara alinhada com o rover e voltou a pousar. Quase 40 segundos.
Depois deste marco, acha que alguma vez vamos ver voos tripulados em Marte?
Acho que já não falta tudo (risos). Se calhar uma década ou duas mas estamos cada vez mais perto.
E as pás aí terão de rodar mais depressa?
Vão ter de ser maiores para aguentar a carga.
https://ionline.sapo.pt/artigo/732335/f ... cao=Mais_i
Tem 32 anos e liderou a equipa que desenvolveu os motores do helicóptero que esta semana voou pela primeira vez em Marte. Acredita que, depois deste feito, se fica mais perto de se poder pensar em voos tripulados noutro planeta.
Foi uma semana de estreias em Marte. Na segunda-feira, o primeiro voo controlado noutro planeta – que a NASA comparou ao histórico primeiro voo dos irmãos Wright há 117 anos – e na terça-feira cinco gramas de oxigénio extraídos pela primeira vez do dióxido de carbono que abunda na atmosfera do planeta vermelho, mais uma das experiências do rover Perseverance que chegou ao planeta vermelho há dois meses e que dariam para dez minutos de respiração de um astronauta. Florbela Costa, de 32 anos, nascida em Trappes (França) para onde os pais emigraram, regressou a Portugal com 11 anos. Formou-se cá, na Universidade da Beira Interior e depois de uma experiência que lhe abriu portas no desenvolvimento de uma aeronave de grande porte – o KC-390, com capacidade para 26 toneladas de carga – participou no primeiro feito deste pequeno helicóptero de 1,8 quilos que fica na história da exploração espacial. Em conversa com o i numa manhã depois de se confirmar que o Ingenuity consegue mesmo voar em Marte, contou que também chegou a sonhar com ser astronauta, mas na altura o que lhe disseram foi que isso era só para americanos. Coordenou o projeto do Space Lab da empresa suíça Maxon que desenvolveu e produziu os motores do aparelho, que não leva equipamentos a bordo e visa demonstrar se a explosão aérea pode ser viável no planeta.
Conseguiu dormir de domingo para segunda?
(risos) Sim, consegui. O nervosismo era grande há várias semanas desde que o Perseverance pousou em Marte a 18 de fevereiro. Estávamos muito ansiosos por ver este dia chegar, por ver o primeiro voo. Eu estava extremamente ansiosa mas sabia que tínhamos grandes probabilidade de correr bem. Sabemos que todo o trabalho que foi feito da parte da NASA e do Jet Propulsion Laboratory (JPL) foi um esforço muito grande para fazer isto acontecer, assim como da nossa parte na produção dos motores foi preciso cumprir todos os requisitos. O risco é minimizado, mas há sempre algum risco. Felizmente correu tudo bem.
Qual era a probabilidade de correr mal?
Não sei dizer, mas é bastante baixa. Testamos tudo até ao mínimo detalhe aqui na Terra. Na NASA fizeram uma câmara para simular o ambiente de Marte com um protótipo da aeronave a voar. Testaram tudo ao mínimo detalhe. E a prova disso é este voo que corre espetacularmente bem.
A Florbela tocou no aparelho que está agora em Marte ou não chegam a essa fase?
Sim, não no aparelho mas nos motores sim. O meu projeto era desenvolver os seis motores que controlam as pás do rotor, que dirigem o movimento da aeronave. Fizemos o desenvolvimento mas também ajudei na produção, que foi feita na Maxon. Passei dias na produção com os especialistas que estavam a fazer a montagem.
Portanto não é a NASA que depois monta?
Não. O aparelho não tive oportunidade de o ver ao vivo, mas nos motores posso dizer que ainda dei uma mãozinha durante a montagem.
Estamos a falar de peças de que tamanho? O helicóptero é pequeno, tem menos de dois quilos.
Tem 1,8 quilos. Os motores são extremamente pequenos, têm 10 milímetros de diâmetro, 20 milímetros de comprimento. Pesam menos de 9 gramas, entre sete e oito gramas. São mesmo muito, muito pequenos.
É comparável com o motor de alguma coisa que utilizemos no dia-a-dia?
No dia-a-dia não diria. Sei que a Maxon também produz motores ainda mais pequenos, com seis milímetros de diâmetro, que são usados por exemplo nas bombas de insulina. Por exemplo as pessoas que usam bombas de insulina automáticas dentro da pele.
Montar peças tão pequenas imagino que seja já um processo robótico.
Não, por muito incrível que pareça muitos destes processos são manuais.
Um trabalho de relojoeiro.
Exatamente. É um trabalho de muita precisão. Temos muitas mulheres a trabalhar na produção. As mulheres são mais adequadas, têm mãos mais pequenas. São pessoas absolutamente talentosas.
Quanto custa um motor como os do Ingenuity?
Um DCX10 (o motor utilizado no helicóptero) padrão custa cerca de 100chf (90,35 euros). Para o projecto do helicópetro de Marte os valores roundam os 100’000 chf (90 mil euros) para o desenvolvimento, testes e manufatura dos seis motores, o que é um valor bastante baixo por se tratar apenas de uma demonstração de voo. Para os restantes projectos para Marte a Maxon recebeu vários milhões para o desenvolvimento, testes e entrega de motores.
Tocou numa coisa que está a 278 milhões de quilómetros noutro planeta. O que se sente?
É maravilhoso. É muito bom saber que demos o nosso pequeno contributo e fazer com que pela primeira vez um helicóptero voe em Marte. É uma oportunidade única.
Marte tem um terço da gravidade da Terra, 1% da pressão à superfície. Qual é a dificuldade de pôr algo a voar nestas condições?
Um helicóptero em Marte tem de rodar as pás cinco vezes mais rápido do que por exemplo aqui em Portugal. É um dos desafios.
Com o ar mais rarefeito, tem de fazer mais força para se aguentar no ar?
Sim, um helicóptero para gerar propulsão para levantar basicamente o que faz é puxar o ar para baixo. Se há pouco ar, tem de puxar muito mais rapidamente o ar para baixo para criar essa levitação. É mais ou menos similar ao que acontece nos helicópteros que voam em elevadas altitude.
Esta tecnologia pode ajudar cá na Terra os helicópteros a voar mais alto? Vemos por exemplo algumas limitações em situações de resgate.
Sem dúvida. Não só no desenvolvimento das pás mas também nos processos mais básicos nos motores poderão ser utilizados na industria médica, na indústria automóvel. Todas as tecnologias que desenvolvemos para Marte são reutilizadas para outros clientes.
Tem essa visão mais utilitária da engenharia espacial ou é também uma apaixonada pela exploração do Espaço?
As duas coisas. Sou sem dúvida uma apaixonada pela exploração espacial e espero que continuemos nesta direção, a descobrir mais mas também acho muito importante que se desenvolvemos esta tecnologia para Marte, para outro tipo de missão, se possam utilizar os benefícios que podem ter aqui na Terra. É como as guerras. Apesar de serem péssimas, trouxeram muitos avanços tecnológicos ao mundo. Foi o caso do GPS, desenvolvido na II Guerra Mundial. O mesmo acontece agora com a exploração espacial.
Alguma vez quis ser astronauta?
Era um sonho de pequenina, sim.
Tentou candidatar-se?
Não. Quando era pequena disseram-me que era impossível e acho que a ideia ficou esquecida desde então.
Por ser menina, por ser portuguesa?
Acho que foi mais por ser portuguesa. Já não sei se foi alguém da minha família, ou amigos, mas isso também não interessa, mas foi aquela conversa “ah isso tinhas de ser americana para ir para a NASA”.
Mesmo na nossa geração acha que por desconhecimento ainda se cortaram alguns sonhos?
Acho que sim, havia alguma falta de informação. Não fazia ideia que havia astronautas europeus. Hoje é tudo completamente diferente, a informação é muito mais acessível e acho que isso com as crianças de hoje já não vai acontecer.
Quando se decidiu por Engenharia Aeronáutica? Já estava a viver em Portugal.
Sim, foi já no Secundário. O plano era entrar para a Força Aérea. Sempre fui fascinada pelo Espaço e pela Aviação e imaginei que seria o meu percurso. Candidatei-me com 17 anos quando acabei o Secundário, fiz as provas todas, cheguei a fazer prova de aptidão militar, que foram duas semanas de tropa. Depois fiquei em quarto lugar e não consegui entrar, porque só havia duas vagas para Engenharia Aeronáutica. Acabei por ir para a Universidade da Beira Interior, que é a única que tem o curso de engenharia aeronáutica.
Não queria aeroespacial?
Interessava-me o lado da aviação e por outro lado ficava mais perto de mim.
Mas foi satisfeita ou ficou chateada por não haver mais vagas na Força Aérea?
Na altura fiquei bastante desiludida porque queria mesmo muito entrar na Força Aérea. Hoje fico muito contente por ter tido o percurso que tive, de ter ido para a UBI onde aprendi imenso e fiz grandes amigos, por depois ter tido a oportunidade de entrar no CEEIa (Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos) na altura em que entrei.
Uma semana depois de entregar a tese de mestrado.
Sim. Acabei por ter muita sorte. Fiquei cinco anos e meio trabalhar no projeto de colaboração entre o CEEIa e a Embraer para o desenvolvimento do KC-390 e de depois tive esta oportunidade fantástica de vir para a Maxon, em Lucerna, e ter os motores para o helicóptero de Marte como o meu primeiro projeto.
É isso que é surpreendente: uma engenheira nova, de 32 anos, estar à frente desse projeto numa grande empresa. Ficou surpreendida com essa responsabilidade?
Fiquei. O meu chefe apostou em mim. Mas é isso, só foi possível porque viu que tinha a experiência do CEEIa. Quando entrei no CEEIa éramos 20 pessoas a trabalhar no projeto com a Embraer, todos muito novos, muitos de nós recém-licenciados ou com mestrados, sem experiência profissional nenhuma. Foram cinco anos em que cresci imenso, tive diferentes posições e no final estava como gestora de projeto à frente de uma equipa de 25 pessoas nesse grande projeto da Embraer em que desenvolvemos o Elevator & Sponson do KC-390, que foi o maior projeto de desenvolvimento que Portugal teve na aviação.
Para quem não percebe nada de aviões, estamos a falar de que parte do aparelho?
O KC-390 é a aeronave que vai por exemplo substituir o C-130 da Força Aérea Portuguesa, é uma aeronave muitíssimo grande, com 34 metros de envergadura. Nós fizemos a barriga do avião, que contém as portas do trem de aterragem, que se chama Sponson. E fizemos o Elevator que é a parte móvel da asa traseira que controla o pitch (movimento em torno do eixo horizontal) do avião, é um flight control (superfícies de controle de voo) da aeronave.
E estava a gerir uma equipa com 26 anos.
Sim, tive muita sorte e acabou por ser uma grande experiência. E isso permitiu-me depois candidatar-me a este trabalho de gestora de projeto na Maxon, apesar de ser muito mais nova do que as pessoas que trabalham comigo.
E como é que isso foi visto? É um ambiente com muita competição ou correu bem?
É um ambiente muito saudável, nunca senti por parte dos meus colegas alguma inveja. Todos trabalhamos em projetos interessantes. Na altura o meu chefe estava a trabalhar no programa ExoMars, que foi adiado para 2022. Tinha outra colega, também mulher, que estava a trabalhar com uma equipa nos motores do rover Perseverance. Na prática temos todos projetos tão espetaculares que não há inveja, pelo contrário há uma enorme entreajuda. Somos uma equipa multicultural. O meu chefe é inglês, essa colega que coordenou o outro projeto é meio suíça e meio americana e tenho outro colega gestor de projeto alemão. Somos metade mulheres, metade homens. É um ambiente muito diverso.
Mas a Maxon contrata com quotas de género?
Não. Foi o meu chefe que decidiu assim, gostou de nós. É a primeira pessoa a dizer que adora equipas multiculturais, com todos os géneros, pessoas de países diferentes.
Há quem diga que são equipas mais criativas, com mais recursos para ultrapassar os problemas.
Sim. E por ele puxar por isso já se começa a ver aqui na Maxon outros chefes de equipa irem à procura mais de mulheres e de pessoas que não sejam suíças para integrar as equipas. Veem o sucesso que ele tem tido (risos).
Falamos cedo, embora aí seja mais uma hora. Como é o dia a dia? Há condições para conciliar o trabalho com vida familiar?
Num dia normal começo a trabalhar entre as 6h e as 7h da manha e num dia bom acabo entre as 16h e as 17h.. Mas o horario é bastante flexivel. Devemos fazer 8h25 por dia, mas se trabalharmos mais horas num dia podemos recuperar noutro dia, o que dá muito jeito. Pelo menos uma vez por semana tiro cerca de 2h de almoço para ir correr por examplo. Esta flexibilidade ajuda muito. Depois claro, há períodos mais intensivos de trabalho, mas acho que aqui na Suiça há um bom balanço entre trabalho e vida privada. Dão muito valor à vida familia e a ter tempo para outras atividades, tal como praticar desporto. Começei a tirar o MBA há um ano e agora sim, ficou mais dificil de coordenar tudo, mas só falta um ano.
Há mais portugueses na Maxon?
Há outro português a trabalhar aqui na Maxon como gestor de projectos, na área automóvel e há muitas mulheres portuguesas a trabalhar na produção. Conheci algumas delas graças às aulas de alemão que temos em conjunto.
Quando era miúda já era engenhocas?
Não, mas gostava muito de ler sobre tecnologia. Parecia-me tudo tão surrealista, tão longe. Era muito dada a matemática, sempre adorei. Lembro-me de pedir à minha mãe nas férias para comprar aqueles livros de exercícios.
Qual era o sonho aos 11 anos quando vem viver para Portugal?
Queria ser boa aluna. Lembro-me que aos 15, 16 anos, sim, a Força Aérea era o meu sonho.
Os seus pais, como muitos portugueses, emigraram. Como veem agora as notícias?
Sentem imenso orgulho, felizes sobretudo por ter um trabalho estável e um trabalho de que gosto.
Nesta área a empregabilidade é de 100%?
Sim, todos os colegas que se formaram comigo arranjaram trabalho. Uns em Portugal, outros fora. Tenho amigos até na Nova Zelândia mas a maior parte está na Europa. Tenho colegas que estiveram comigo no CEEIa e que também estão aqui em Lucerna noutras empresas, também com projetos fantásticos.
Voltar para Portugal é uma opção?
Não num curto prazo. Quero continuar a crescer na minha carreira profissional e infelizmente não há tantas opções em Portugal. Um dia mais tarde quem sabe, neste momento não.
O que gostaria de ver cá?
Gostava de ver uma maior aposta na aviação e na indústria espacial. Já se veem empresas, mas gostava de ver mais. Temos engenheiros muito bons, mão-de-obra barata e acho que empresas nesta área conseguiriam vingar e trazer investimento para o país.
Que projetos tem em mãos?
Tenho mais projetos aqui na Maxon e estou muito entusiasmada. Ainda não posso falar sobre eles.
São secretos.
Sim. Estão naquela fase que ainda não são públicos.
Vendo as imagens do Ingenuity a voar, voou mesmo bem?
Foi exatamente como o esperado. Foi um voo de altitude, subiu três metros, rodopiou para mostrar a posição da câmara alinhada com o rover e voltou a pousar. Quase 40 segundos.
Depois deste marco, acha que alguma vez vamos ver voos tripulados em Marte?
Acho que já não falta tudo (risos). Se calhar uma década ou duas mas estamos cada vez mais perto.
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Vão ter de ser maiores para aguentar a carga.
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
cabeça de martelo escreveu: ↑Qua Mai 12, 2021 8:36 am Florbela Costa. "Por incrível que pareça, muitos dos processos de fabrico dos motores do helicópetro de Marte são manuais"
Tem 32 anos e liderou a equipa que desenvolveu os motores do helicóptero que esta semana voou pela primeira vez em Marte. Acredita que, depois deste feito, se fica mais perto de se poder pensar em voos tripulados noutro planeta.
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
Portuguesa GeoSat compra dois satélites a canadiana falida e investe 20 milhões
A Global Earth Observation Satellites, criada já este ano, é a primeira empresa nacional a deter e operar satélites de observação da Terra, tornando-se assim à nascença um dos maiores operadores de satélites da Europa.
Constituída em fevereiro passado, é controlada pela Omnidea (55%), que tem como parceiros o CEiiA (35%) e o AIR Centre (10%). Chama-se GeoSat –Global Earth Observation Satellites e tornou-se logo à nascença um dos maiores operadores de satélites na Europa, após ter comprado, há poucos dias, dois satélites de observação da Terra ao falido grupo canadiano Urthecast.
"Com este investimento de 20 milhões de euros a cinco anos, a GeoSat junta-se ao clube restrito dos operadores privados de satélites de muito-alta resolução (submétrica) e torna-se a primeira empresa portuguesa a deter e operar satélites de observação da Terra, catapultando o setor espacial nacional para uma nova fase da sua história e abrindo um novo leque de oportunidades associadas à exploração de dados espaciais, à promoção de aplicações e de serviços ‘downstream’", avança a GeoSat, em comunicado.
A empresa não revela o valor da compra dos dois satélites, o Deimos 1 e o Deimos 2, que tinham sido avaliados, há já cerca de meia dúzia de anos, em mais de 70 milhões de euros.
Com escritórios em Évora, Monte da Caparica, Porto, Valladolid e Puertollano, a empresa portuguesa conta com 50 colaboradores na operação e processamento de imagens de satélite para produção de informação e serviços de elevado valor acrescentado.
Destacando a capacidade diferenciada dos ativos adquiridos, Tiago Pardal, CEO da Omnidea, refere que os dois satélites comprados à Urthecast "irão alavancar novas oportunidades de negócio ao longo da sua vida útil e abrir caminho para a criação de uma nova geração de satélites de alta resolução focada no Atlântico e noutros mercados de observação da Terra".
Constituída em fevereiro passado, é controlada pela Omnidea (55%), que tem como parceiros o CEiiA (35%) e o AIR Centre (10%). Chama-se GeoSat –Global Earth Observation Satellites e tornou-se logo à nascença um dos maiores operadores de satélites na Europa, após ter comprado, há poucos dias, dois satélites de observação da Terra ao falido grupo canadiano Urthecast.
"Com este investimento de 20 milhões de euros a cinco anos, a GeoSat junta-se ao clube restrito dos operadores privados de satélites de muito-alta resolução (submétrica) e torna-se a primeira empresa portuguesa a deter e operar satélites de observação da Terra, catapultando o setor espacial nacional para uma nova fase da sua história e abrindo um novo leque de oportunidades associadas à exploração de dados espaciais, à promoção de aplicações e de serviços ‘downstream’", avança a GeoSat, em comunicado.
A empresa não revela o valor da compra dos dois satélites, o Deimos 1 e o Deimos 2, que tinham sido avaliados, há já cerca de meia dúzia de anos, em mais de 70 milhões de euros.
Com escritórios em Évora, Monte da Caparica, Porto, Valladolid e Puertollano, a empresa portuguesa conta com 50 colaboradores na operação e processamento de imagens de satélite para produção de informação e serviços de elevado valor acrescentado.
Destacando a capacidade diferenciada dos ativos adquiridos, Tiago Pardal, CEO da Omnidea, refere que os dois satélites comprados à Urthecast "irão alavancar novas oportunidades de negócio ao longo da sua vida útil e abrir caminho para a criação de uma nova geração de satélites de alta resolução focada no Atlântico e noutros mercados de observação da Terra".
Já o seu homólogo do Air Centre, Miguel Belló, enfatiza que "a entrada em operação da GeoSat permitirá a Portugal acelerar a concretização da estratégia nacional para o Espaço e para o Atlântico, reforçando a cadeia de valor para a futura Constelação do Atlântico e criando novas oportunidades para toda a base tecnológica e industrial portuguesa e da rede do AIR Centre".
Segundo Francisco Vilhena da Cunha, o CEO da nova empresa, a GeoSat terá como prioridades, durante a fase inicial de operação, "fortalecer a sua posição no mercado global de observação da Terra, reforçar a capacidade na operação e processamento de imagem a partir das equipas em Portugal e Espanha, e estabelecer parcerias para a criação de uma nova geração de satélites de observação da Terra que venham a substituir os satélites atualmente em órbita".
https://www.jornaldenegocios.pt/empresa ... znp_tLN3M4
A Global Earth Observation Satellites, criada já este ano, é a primeira empresa nacional a deter e operar satélites de observação da Terra, tornando-se assim à nascença um dos maiores operadores de satélites da Europa.
Constituída em fevereiro passado, é controlada pela Omnidea (55%), que tem como parceiros o CEiiA (35%) e o AIR Centre (10%). Chama-se GeoSat –Global Earth Observation Satellites e tornou-se logo à nascença um dos maiores operadores de satélites na Europa, após ter comprado, há poucos dias, dois satélites de observação da Terra ao falido grupo canadiano Urthecast.
"Com este investimento de 20 milhões de euros a cinco anos, a GeoSat junta-se ao clube restrito dos operadores privados de satélites de muito-alta resolução (submétrica) e torna-se a primeira empresa portuguesa a deter e operar satélites de observação da Terra, catapultando o setor espacial nacional para uma nova fase da sua história e abrindo um novo leque de oportunidades associadas à exploração de dados espaciais, à promoção de aplicações e de serviços ‘downstream’", avança a GeoSat, em comunicado.
A empresa não revela o valor da compra dos dois satélites, o Deimos 1 e o Deimos 2, que tinham sido avaliados, há já cerca de meia dúzia de anos, em mais de 70 milhões de euros.
Com escritórios em Évora, Monte da Caparica, Porto, Valladolid e Puertollano, a empresa portuguesa conta com 50 colaboradores na operação e processamento de imagens de satélite para produção de informação e serviços de elevado valor acrescentado.
Destacando a capacidade diferenciada dos ativos adquiridos, Tiago Pardal, CEO da Omnidea, refere que os dois satélites comprados à Urthecast "irão alavancar novas oportunidades de negócio ao longo da sua vida útil e abrir caminho para a criação de uma nova geração de satélites de alta resolução focada no Atlântico e noutros mercados de observação da Terra".
Constituída em fevereiro passado, é controlada pela Omnidea (55%), que tem como parceiros o CEiiA (35%) e o AIR Centre (10%). Chama-se GeoSat –Global Earth Observation Satellites e tornou-se logo à nascença um dos maiores operadores de satélites na Europa, após ter comprado, há poucos dias, dois satélites de observação da Terra ao falido grupo canadiano Urthecast.
"Com este investimento de 20 milhões de euros a cinco anos, a GeoSat junta-se ao clube restrito dos operadores privados de satélites de muito-alta resolução (submétrica) e torna-se a primeira empresa portuguesa a deter e operar satélites de observação da Terra, catapultando o setor espacial nacional para uma nova fase da sua história e abrindo um novo leque de oportunidades associadas à exploração de dados espaciais, à promoção de aplicações e de serviços ‘downstream’", avança a GeoSat, em comunicado.
A empresa não revela o valor da compra dos dois satélites, o Deimos 1 e o Deimos 2, que tinham sido avaliados, há já cerca de meia dúzia de anos, em mais de 70 milhões de euros.
Com escritórios em Évora, Monte da Caparica, Porto, Valladolid e Puertollano, a empresa portuguesa conta com 50 colaboradores na operação e processamento de imagens de satélite para produção de informação e serviços de elevado valor acrescentado.
Destacando a capacidade diferenciada dos ativos adquiridos, Tiago Pardal, CEO da Omnidea, refere que os dois satélites comprados à Urthecast "irão alavancar novas oportunidades de negócio ao longo da sua vida útil e abrir caminho para a criação de uma nova geração de satélites de alta resolução focada no Atlântico e noutros mercados de observação da Terra".
Já o seu homólogo do Air Centre, Miguel Belló, enfatiza que "a entrada em operação da GeoSat permitirá a Portugal acelerar a concretização da estratégia nacional para o Espaço e para o Atlântico, reforçando a cadeia de valor para a futura Constelação do Atlântico e criando novas oportunidades para toda a base tecnológica e industrial portuguesa e da rede do AIR Centre".
Segundo Francisco Vilhena da Cunha, o CEO da nova empresa, a GeoSat terá como prioridades, durante a fase inicial de operação, "fortalecer a sua posição no mercado global de observação da Terra, reforçar a capacidade na operação e processamento de imagem a partir das equipas em Portugal e Espanha, e estabelecer parcerias para a criação de uma nova geração de satélites de observação da Terra que venham a substituir os satélites atualmente em órbita".
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Re: Indústria aeroespacial Portuguesa
WOW, não sabia que a OGMA tem mais de um século.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)