Infantaria da Aeronáutica

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Re: Infantaria da Aeronáutica

#46 Mensagem por Suetham » Ter Abr 09, 2024 9:45 am

FCarvalho escreveu: Seg Abr 08, 2024 1:39 pm Se tem algo para o qual não estamos definitivamente preparados, é a defesa de nossas bases aéreas, mesmo aquelas que foram desativadas e não possuem OM operacionais, ainda que mantenham suas capacidades latentes para as receber em caso de necessidade.

Hoje a FAB na prática rejeita a um segundo ou terceiro plano a defesa terrestre de suas OM, de forma que a organização e disposição de suas tropas de infantaria não possuem os recursos em quantidade e qualidade necessários à adequada e obrigatória defesa destas instalações.

O vídeo abaixo da guerra da Ucrânia é um exemplo de como hoje a FAB é extremamente dependente do exército, e até mesmo da marinha, para executar a defesa terrestre das bases aéreas que possui, de forma que a infantaria da aeronáutica pouco ou nada tem capacidade de executar operações de defesa efetivas e concretas sem a ajuda das tropas das demais forças. E esta parece ser uma condição indiferente ao comando da força aérea, que vê na sua infantaria pouco mais que uma guarda militar com jeito de polícia, e nada mais.



Fico pensando o que vai pela cabeça dos oficiais generais do comando da instituição, dado os muitos exemplos no último quarto de século em relação a esta questão que, pelo menos a nível de países desenvolvidos é levada muito a sério, e não tratada com desleixo e menosprezada como aqui.

Não seria nenhum problema, a meu ver, que o comando da FAB fizesse esforços junto ao EB e MB a fim de estudar propostas de modernização material, humana e tecnológica de suas forças através dos programas existentes COBRA e do CFN. Não vejo objeções quanto a este aspecto, a não ser a completa falta de importância dada à infantaria enquanto quadro e\ou serviço dentro da instituição força aérea brasileira.
Suas afirmações merecem um escrutínio maior acerca da validação do Ass Amv em Hostomel.

Vamos lá!!!

Esse seu parágrafo aqui é importante:
FCarvalho escreveu: Seg Abr 08, 2024 1:39 pm Se tem algo para o qual não estamos definitivamente preparados, é a defesa de nossas bases aéreas... ainda que mantenham suas capacidades latentes para as receber em caso de necessidade.
Ou seja, estamos definitivamente preparados com suas devidas capacidades "latentes". Vou usar o mesmo exemplo que você usa, o Ass Amv em Hostomel.

Sabe quando foi que a Ucrânia reforçou suas defesas no aeroporto de Hostomel?

Dia 23 de fevereiro de 2022. Sim!!! Um dia antes do assalto do aeroporto de Hostomel. E isso, CONSIDERANDO que a Ucrânia tinha sido informado ainda em JANEIRO DE 2022 pela CIA através do William Burns que o aeroporto de Hostomel seria um dos prováveis alvos do VDV. Ou seja, eles tinham um aviso de antecedência de um mês antes do ataque ao aeroporto e tinham tempo suficiente para reforçar a defesa do local com medidas de proteção contra desembarque totalmente factível e só conseguiram fazer isso um dia antes do assalto.

Quer usar esse assalto como exemplo? Então, use!!! Mas considere que com o mínimo de preparação e guarnecimento UM DIA ANTES, a Ucrânia conseguiu infligir 5 perdas aos russos dos seus 34 helicópteros(Mi- 17/08 e Ka-52) envolvidos nesse assalto helitransportado.

E se a Ucrânia tivesse se preparado adequadamente? As perdas seriam ainda maiores para os russos. Tome isso como nota para sua conclusão.

Fonte:
https://news.yahoo.com/antonovs-leaders ... ccounter=1
Leia sobre o que afirma o SBU. Confirma tudo o que eu disse.

A minha opinião é que se a Ucrânia tivesse realmente se preparado, basicamente nenhum daqueles helicópteros teria chegado à pista do aeroporto. Embora o VKS tenha lançado uma operação SEAD/DEAD pesado para limpar as rotas para esses aeroportos, a EW também estava fortemente focada lá, haveriam mais forças no terreno para receber o VDV, provavelmente muitos mais MANPADS também. E as colunas de socorro mecanizadas russas nunca teriam chegado perto de Hostomel, então seria uma rendição em massa em 3-4 dias no máximo.

Da mesma forma, na área de operações, o principal responsável pela defesa de área de Kiev teria provavelmente abatido todos os helicópteros que tentassem atacar aeroportos ao redor de Kiev ou invadi-los no local. Da forma que aconteceu, os russos tentaram três assaltos, mas apenas "conseguiram" em Hostomel. Nenhum teria tido sucesso se a AFU estivesse prontamente preparada. Troque AFU pela FAB e verá porque isso seria difícil aqui dentro da nossa realidade.

Uma coisa que haverá de anteceder o desembarque em qualquer lugar no nosso país é a destruição da FAB. Ou seja, teria que inviabilizar a FA a ponto de torná-la sem quaisquer meios a dispor para realizar uma tentativa de defender o espaço aéreo passível de ser atacado, escolha qualquer RDA, a FAB teria que ser destruída e isso nem é a parte toda do processo, ainda é passível de ser defendido por meios AAe em terra que, mesmo o inimigo obtendo a superioridade aérea, ainda é uma missão totalmente questionável, a menos que seja uma Coalizão com centenas de aeronaves invadindo o Brasil.

Retornando ao assunto de três tentativas de assalto para conseguir realizar o desembarque relativamente com sucesso em outro aeroporto é que o VDV tentou o assalto em mais dois aeroportos ao norte, o que eu acho curioso é que quase ninguém menciona isso, foram: Boryspil e Vasylkiv.
https://en.wikipedia.org/wiki/Northern_ ... n#Vasylkiv

No Brasil, o Júlio do Sala de Guerra não menciona nesse vídeo, mas eles tentaram:


E nem os canais estrangeiros também reportam isso. Enfim...

O abate alegado pela Ucrânia do ainda não comprovado Il-76 foi em Vasylkiv. Sabe-se que realmente decolaram 18 Il-76 de Pskov(https://kyivindependent.com/journalist- ... atroopers/) em direção a Ucrânia e eles tiveram que retornar, porque a operação ainda não havia sido concluído e com uma ainda enorme resistência da Ucrânia.

Ou seja, os russos tentaram tomar três aeroportos ao norte: Hostomel(50.596771, 30.198858), Boryspil(50.338626, 30.884794) e Vasylkiv(50.230244, 30.305293).
Imagem

Essas três tentativas sequer foram mencionadas no PADECEME analisando a Guerra na Ucrânia:
http://www.ebrevistas.eb.mil.br/PADECEM ... w/1403/259

O que relativamente cabe uma crítica legítima aqui. Até porque, isso impactaria a análise da junção de dois eixos dos comboios mecanizados russos, já que em Boryspil, localizado a 29 km a sudeste de Kiev, a coluna de 10 BTGs de Gomel-Chernobyl-Kiev sequer havia sido planejado para Hostomel e sim para realizar a junção em Boryspil, o que não tem absolutamente nenhuma conexão histórica com o assalto do aeroporto em Bagram que mencionam. Talvez teria alguma conexão com a junção do eixo Gomel-Chernobyl-Kiev e Sumy, já que os BTGs desse eixo chegaram próximo da área de operações:
Imagem

Sobre a tentativa de assalto em Boryspil, você encontra no tão criticado(por mim) ISW:
https://www.understandingwar.org/sites/ ... ssment.pdf
Pág 2:
Ukrainian forces are currently contesting the Hostomel military airport, 20 km northwest of Kyiv, against Russian VDV (airborne) troops likely from the 31st Guards Air Assault Brigade as of 9:30 pm local time after several unsuccessful counterattacks earlier in the day. Russian airborne forces were additionally unable to secure the Boryspil airport (Kyiv’s primary international airport), southeast of Kyiv. Ukraine’s contestation of the airport prevents Russia from airlifting reinforcements to isolate Kyiv from western Ukraine, as feared earlier in the day.
Aliás, outra tentativa de Ass Amv desconhecida foi em Balovne(Mykolaiv), outra tentativa de desembarque frustrado dos russos, se analisar pelo mapa, verá que existe uma pista de 2.5 km(47.057468, 31.919984) para aeronaves a leste da cidade.
https://interfax.com.ua/news/general/805739.html
https://www.unian.ua/war/v-mikolayevi-s ... 18331.html
Foi uma tentativa de assalto com 4 helicópteros.

Traçando um paralelo histórico, a batalha de Arnhem foi mais comparável ao Ass Amv VDV em Boryspil. Já Hostomel seria mais comparável com as dificuldades que o 82ª Divisão Aerotransportada teve em Nijmegen. O objetivo do assalto aéreo de Hostomel parece ter sido obter o controle do aeroporto para então se conectar com comboios terrestres, ao mesmo tempo em que pode transportar carregamentos e suprimentos aéreos. Tentativas de assaltos aéreos adicionais do VDV foram realizados em outros aeroportos da região de Kiev, principalmente em Boryspil, mas falharam.

A maneira como os russos capturaram as áreas defendidas pela AFU quando estavam concentrados e prontos o suficiente para defender em locais como Bucha, Irpin ou mesmo a própria Kharkiv é a prova de que isso poderia ter sido feito mais perto da fronteira. Basicamente, em todos os lugares em que os russos encontraram resistência, mesmo que leve, nas primeiras semanas, eles foram totalmente controlados ou forçados a contornar. Se a AFU tivesse sido parcialmente mobilizada antes da invasão, mais pontes menores teriam sido retidas ou destruídas antes que os russos pudessem cruzá-las, mais estradas importantes seriam bloqueadas (especialmente considerando que a temporada de lama e as minas teriam tornado a tentativa de off road extremamente perigosa), mais cidades importantes e aldeias mantidas. No geral, os avanços internos da Rússia teriam sido muito limitados.

Mapa do dia 1, mostrando que o sul foi o eixo mais favorável em termos de avanços no terreno porque as defesas preparadas simplesmente era inexistentes ou em menor grau disponibilizado do que em outros eixos:
Imagem

Eu poderia continuar nisso. No geral, o total despreparo tático, operacional e estratégico da Rússia, a atitude indiferente e a dramática subestimação da vontade e capacidade da Ucrânia para resistir permitiram que a AFU tivesse um bom desempenho, apesar de estar em uma posição em que deveria ter sido pisoteado se os russos não tivessem invadido a Ucrânia como amadores.

O VDV lançou o que foi essencialmente um ataque aéreo de Hora H a Hostomel. De acordo com a sua doutrina, mas ainda muito audacioso, considerando que ainda não tinham neutralizado a DAAe da Ucrânia. E pelas afirmações limitadas, um ataque aéreo VDV a Boryspil e Vasylkiv foi completamente derrotado. Bem como um na costa sul em Mykolaiv. Nada disso foi um bom presságio para o planejamento russo ou para o progresso operacional. Se várias coisas que listei acima forem verdadeiras, essas são derrotas táticas definitivas e isso deve ser incluído nessa sua análise, porque até mesmo se usarmos Hostomel como exemplo, verá o motivo das nossas defesas de bases aéreas não ser tão fortemente defendido, até porque isso custaria dinheiro e dispensaria pessoal que seria bem útil em outras tarefas próprias da FAB. Existem capacidades mais importantes para a FAB adquirir que seriam muito mais valioso do que esta.

Tem lições tiradas erradas dessa guerra com base em variáveis erradas. Tome cuidado com isso!!!!




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#47 Mensagem por FCarvalho » Ter Abr 09, 2024 3:09 pm

Agradecido pelos comentários muito bem postos @Suetham
Existem muitas questões interessantes. Vou procurar responder pontualmente, e devagar, pois entendo este assunto de extrema relevância para nós.
Principalmente aqui no norte, onde ao menos o EB anda refazendo o seu pensamento corrente, que já vem de uns 40 anos, e que precisa melhorar, e muito, no que tange a defesa da região.
Não vejo FAB e MB fazendo o mesmo esforço, mas, enfim, cada um tem as suas prioridades.




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#48 Mensagem por Suetham » Ter Abr 09, 2024 4:19 pm

FCarvalho escreveu: Ter Abr 09, 2024 3:09 pm Agradecido pelos comentários muito bem postos @Suetham
Existem muitas questões interessantes. Vou procurar responder pontualmente, e devagar, pois entendo este assunto de extrema relevância para nós.
Principalmente aqui no norte, onde ao menos o EB anda refazendo o seu pensamento corrente, que já vem de uns 40 anos, e que precisa melhorar, e muito, no que tange a defesa da região.
Não vejo FAB e MB fazendo o mesmo esforço, mas, enfim, cada um tem as suas prioridades.
O que eu quis dizer é que dificilmente seríamos pegos desprevenidos considerando a escala desse assalto, a FAB(assim como o EB/MB) estaria de prontidão, provavelmente haveria medidas de apoio AAe nas bases e vários outros elementos para efetivar uma defesa preparada para isso. Poderiam até desembarcar mas não iriam retornar e considerando o nível de consciência situacional. O comando ucraniano errou em muito não preparando e declarando mobilização antes ou pelo menos ordenado uma defesa melhor estabelecida, inclusive, a captura do sul pelos russos com a facilidade que decorreu foi alvo de inquérito militar, alegando motivos de negligência, provavelmente esse inquérito ainda está aberto, mas revela o estado total de negligência ucraniana anterior à invasão.




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#49 Mensagem por FCarvalho » Ter Jun 25, 2024 12:06 pm

knigh7 escreveu: Sex Jun 21, 2024 12:44 am A FAB está analisando mísseis de grande altura:
https://www.infodefensa.com/texto-diari ... all-in-one
Obs: matéria do Caiafa
Tomei a liberdade de trazer para este tópico pois é o mais adequado ao tema dentro da FAB.

Li a matéria e é possível perceber alguns pontos contraditórios.

A primeira coisa a chamar a atenção é o quanto ao emprego e alcance do M200 Vigilante, que no texto é traduzido como de curta\baixa altura\alcance, quando todas as informações divulgadas até agora do mesmo o situam na média altura\alcance.

O site da Embraer traz um alcance de 200 km e altura de emprego na faixa dos 15 mil metros. Idem para o modelo M200 Multimissão, ainda que ambos estejam em fase de desenvolvimento.

O primeiro modelo pode ser usado também como orientação de tiro míssil AAe, enquanto o segundo faz, basicamente, o mesmo trabalho do GM200 comprado pela FAB, e que, segundo a matéria, tem alcance de até 350 km. Ou seja, pouco além do que o estipulado pela empresa brasileira para o seu radar.

Em segundo, a matéria sita o Projeto LORAD da força aérea, mas não encontrei nenhuma informação aberta sobre o mesmo disponível sobre o mesmo. Em tempo, a matéria afirma que a FAB está a procura de sistemas de longo alcance, como os citados, mas ao mesmo tempo, aponta o GM200 como sendo um radar de médio alcance\altura, ainda que possa operar na faixa de 350 km.

Dos sistemas apontados até o momento e verificados pela FAB, o S-400\500 são os únicos que ultrapassam o alcance de operação do radar francês. Os demais, atuam na faixa entre 200 e 300 km de alcance, a depender do míssil e sistemas de radar utilizados.

A Embraer apresenta no seu site o M200 Vigilante e Multimissão como radares AESA com capacidade de orientação, vigilância, varredura, e cobertura defesa aérea e AAe. Mas fato é que não existe informação no site da empresa quanto ao status do programa destes radares. A última notícia é de 1 ano atrás, quando o protótipo do modelo M200V foi empregado no meu estado para avaliação. Depois disso nada mais se soube.

Em tempo, falou-se em uma suposta versão M400, mas simplesmente não existe nada na internet que traga informação de valia sobre este modelo.

Não vou me alongar no assunto, mas, é preciso deixar claro que em algum momento houve uma decisão interna ao MD e ffaa's pela descontinuidade do desenvolvimento dos radares M200 e versões, ou no mínimo, por soluções de oportunidade, tendo em vista as restrições orçamentárias que minguam a capacidade de investimento em defesa e nos seus projetos.

Pelo tempo que já passou desde o lançamento do projeto radar M200, este radar já deveria estar prontos e funcionando. Mas fato é que nenhuma das versões saiu efetivamente do papel, e pouco ou nada se sabe sobre a situação dele hoje. E a Embraer não divulga ou explica qual condição está o projeto. Apesar disso, como de costume, as forças vão à feira comprar o que lhes aprouver sem qualquer drama de consciência em relação a este projeto, como hora visto a FAB encetar o GM200.

De qualquer forma, em termos de defesa AAe, o que parece claro de vez, é que cada força está realmente caminhando com as próprias pernas neste tema, indiferente o projeto capitaneado pelo MD. O que era para ser, teoricamente, o projeto de um guarda chuva com soluções comuns, ou no mínimo referenciadas em produtos e soluções nacionais, tornou-se na verdade mais do mesmo de sempre. O bom e velho cada um que se vire.




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#50 Mensagem por FCarvalho » Ter Jun 25, 2024 12:22 pm

Faixa de alcance dos sistemas especulados no Projeto LORAD de defesa AAe da Força Aérea Brasileira.

1. S-300VM - 200 a 250 km
2. S-400 - 400 km (dependendo do míssil utilizado)
3. S-500 - 600 km (estimado)
4. QH-9 - 250 km (dependendo da versão empregada)
5. PAC-3 - 160 km
5. THAAD - +200 km
6. BARAK 8 - 150 km
7. SAMP\T - +150 km

Como disse no outro tópico do FAB News, é improvável que chineses e russos coloquem seus produtos aqui, visto as ameaças de sansões que o tio Sam promove regularmente contra qualquer à menor menção de apoio aos seus desafetos.

Além destes, os primos ricos também não nos permitem operar THAAD e PAC-3, tipos de exportação somente para os amigos mais chegados, que nunca foi o nosso caso.

Resta olhar material europeu, indiano, israelense e de procedência oriental que não China, como a Coréia do Sul.

Em todo caso, Barak 8 e o Barax MX são basicamente o mesmo sistema, com as devidas adaptações de cada fornecedor, se Índia ou Israel.

O SAMP\T é muito caro, e está bem distante das nossas parcas capacidades de investimento, apesar de que do ponto de vista logístico e pós venda, ele faz muito sentido, pela presença da MBDA no país. Porém o seu custo é muito alto para o orçamento da FAB.

Dois pontos tem que ser questionados neste programa da FAB a meu ver.

Primeiro, o por que da manutenção da exclusividade de operação de meios de longo alcance\altura na força aérea, uma vez que a MB cedo ou tarde irá implantar, também, mísseis de defesa de área em seus navios, assim como o EB tem necessidade, e capacidade, para operar sistemas de longo alcance em proveito da defesa de sua infraestrutura, assim como de pontos nevrálgicos do poder político e zonas de interesse econômico e logístico?

A FAB, neste sentido, só defende a si mesma em relação ao emprego deste tipo de material, apesar de poder haver a superposição de sistemas AAe entre as forças, o que torna mais lógico ainda a proposição de meios comuns a todos.

Em segundo, se existe a necessidade, e a capacidade, das três forças operarem, também, sistemas de longo alcance para sua própria defesa e a de pontos de interesse no país, qual a lógica de deixar à FAB, logo ela, a iniciativa de prover tais sistemas, quando EB e MB tem muito mais expertise e conhecimento teórico-prático deste tipo de operação?

Não seria óbvio ao invés de cada um apontar o dedo para si mesmo, e reclamar a autoria\primazia da iniciativa de prover este ou aquele sistema e requisitos, engendrar dentro do Projeto Defesa AAe do MD os fundamentos necessários para emplacar um sistema que seja prospectivo a todas as forças, ressalvadas as devidas especificidades de cada uma?

Enfim, para quem está planejando construir um sistema AAe baseado em soluções, produtos e serviços com respaldo na BIDS, aparentemente este tipo de ação isolada e aparentemente indiferente ao que se passa no MD e com seus projetos, torna todo o processo, no mínimo, questionável.

É sempre bom lembrar que a defesa dos pontos focais do poder militar, político e econômico do país cabe ao EB, e não à FAB, como está bem descrito na doutrina de defesa AAe daquela força. Deixar tal capacidade, e função, no longo alcance à força aérea, quando esta tem interesse primário em defender seus próprios sistemas e estruturas soa disfuncional e contraditório. Seria de se esperar que todas as forças fossem equipadas com os sistemas necessários e impositivos aos diferentes níveis e alturas para a defesa AAe, e não uma "divisão formal" de recursos que, no fim, acabam deixando mais brechas do que as preenchendo.

A ver se o MD mais para frente alarde em algum momento sobre este projeto na FAB, principalmente agora que a sua função primária está indo cada vez mais ladeira abaixo em função do atendimento de outras demandas que não lhe são de obrigação, mas, na falta de quem faça melhor, vai ela mesmo.




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#51 Mensagem por FCarvalho » Ter Jun 25, 2024 2:42 pm

Na teoria, o sistema Barak 8\Barak MX é o que melhor preenche as necessidades das 3 forças no que diz respeito a atender os requisitos do Programa Defesa AAe Média Altura, e também, o LORAD da FAB, uma vez que os mísseis podem alcançar distâncias até 150 km, partindo dos 40 km mínimos determinados.

Conquanto, como não há dados abertos que se possa mensurar exatamente o que a FAB considera longo alcance\altura, fica difícil saber se o sistema indo-israelense de fato preenche na íntegra suas demandas para o Projeto LORAD.

Em termos comparativos, longo alcance pode ser considerado qualquer coisa que ultrapasse os 100 km de distância, isto em padrões operacionais ocidentais, o que já não acontece com modelos soviético\russo e chineses, onde alcances na faixa dos 200 km e acima são considerados longo alcance, como os S-300 e derivados.

Assim, no nosso mundinho perfeito padrão OTAN\STANAG, existem na verdade poucos sistemas disponíveis que possam atender ao que a FAB, supostamente, pretenda com o LORAD. A princípio, podemos julgar que alcances na faixa dos 100 a 200 km sejam o padrão, uma vez que a força segue sem titubear as mesmas normas europeias e estadunidense praticamente para tudo. E não seria\será diferente no quesito AAe.

Conquanto, para quem mantém a defesa AAe com bases em antiquados e já quase inúteis Manpad russos de décadas atrás, falar em sistemas de longo alcance é quase um salto quântico em termos operacionais.

Seria melhor, talvez, que a FAB desse um passo de cada vez antes de querer apontar as estrelas, quando mal e porcamente consegue mirar nas nuvens.




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Re: Infantaria da Aeronáutica

#52 Mensagem por FCarvalho » Ter Jun 25, 2024 3:08 pm

Project Kusha: India's Ambitious Long-Range Air Defence System

https://www.linkedin.com/pulse/project- ... stem-ofacf

Para pensar além das simples compras de prateleira. Se for possível.




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