RÚSSIA
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Re: RÚSSIA
Piloto russo desaparecido há mais de 30 anos no Afeganistão é encontrado vivo
Um piloto soviético cujo avião foi abatido durante a intervenção das tropas da antiga URSS no Afeganistão (1979-989) foi encontrado vivo e quer voltar ao seu país natal, informou um general russo na passada sexta-feira.
"Um piloto russo, cuja aeronave foi abatida na década de 1980 sobre o Afeganistão, acaba de ser encontrado. Ele está vivo. É incrível", afirmou o chefe da União de Paraquedistas russos, o general Valeri Vostrotin, citado pela agência de notícias Ria Novosti.
O avião foi abatido "em 1987. Ele deve ter provavelmente pelo menos 60 anos. Talvez esteja no Paquistão, já que todos os campos de prisioneiros soviéticos estavam lá", disse outra fonte à agência, pedindo anonimato.
Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão em 1989, cerca de 300 soldados do Exército Vermelho foram considerados desaparecidos.
Desde então, cerca de 30 reapareceram, graças aos esforços de suas famílias e do comité de ex-combatentes soviéticos para encontrá-los. A maioria retornou aos seus países de origem.
O piloto, cujo nome não foi revelado, "quer voltar ao seu país natal", destacou o vice-diretor de uma organização de ex-combatentes, Viatsheslav Kalinin, citado por Ria Novosti.
Segundo ele, estão a ocorrer negociações com diplomatas afegãos para confirmar sua identidade e organizar seu retorno.
"É surpreendente que ele ainda esteja vivo depois do seu avião ter sido abatido por mujahedeens", disse Kalinin.
Em março, segundo o jornal online russo Golbis, um soldado soviético ucraniano, Igor Bilokurov, aprisionado por afegãos em 1988, foi encontrado por acaso no norte do Afeganistão por uma expedição científica ucraniana.
Alguns anos antes, em 2013, o soldado Bakhretdin Kakimov, natural do Uzbequistão, foi encontrado vivo no Afeganistão.
Kakimov, gravemente ferido em 1980, foi salvo por civis afegãos e permaneceu no país onde mudou seu nome, segundo o jornal russo Argumenty i Fakty.
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/p ... trado-vivo
Um piloto soviético cujo avião foi abatido durante a intervenção das tropas da antiga URSS no Afeganistão (1979-989) foi encontrado vivo e quer voltar ao seu país natal, informou um general russo na passada sexta-feira.
"Um piloto russo, cuja aeronave foi abatida na década de 1980 sobre o Afeganistão, acaba de ser encontrado. Ele está vivo. É incrível", afirmou o chefe da União de Paraquedistas russos, o general Valeri Vostrotin, citado pela agência de notícias Ria Novosti.
O avião foi abatido "em 1987. Ele deve ter provavelmente pelo menos 60 anos. Talvez esteja no Paquistão, já que todos os campos de prisioneiros soviéticos estavam lá", disse outra fonte à agência, pedindo anonimato.
Quando as tropas soviéticas deixaram o Afeganistão em 1989, cerca de 300 soldados do Exército Vermelho foram considerados desaparecidos.
Desde então, cerca de 30 reapareceram, graças aos esforços de suas famílias e do comité de ex-combatentes soviéticos para encontrá-los. A maioria retornou aos seus países de origem.
O piloto, cujo nome não foi revelado, "quer voltar ao seu país natal", destacou o vice-diretor de uma organização de ex-combatentes, Viatsheslav Kalinin, citado por Ria Novosti.
Segundo ele, estão a ocorrer negociações com diplomatas afegãos para confirmar sua identidade e organizar seu retorno.
"É surpreendente que ele ainda esteja vivo depois do seu avião ter sido abatido por mujahedeens", disse Kalinin.
Em março, segundo o jornal online russo Golbis, um soldado soviético ucraniano, Igor Bilokurov, aprisionado por afegãos em 1988, foi encontrado por acaso no norte do Afeganistão por uma expedição científica ucraniana.
Alguns anos antes, em 2013, o soldado Bakhretdin Kakimov, natural do Uzbequistão, foi encontrado vivo no Afeganistão.
Kakimov, gravemente ferido em 1980, foi salvo por civis afegãos e permaneceu no país onde mudou seu nome, segundo o jornal russo Argumenty i Fakty.
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Triste sina ter nascido português
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Re: RÚSSIA
Nada mais hilariante que ver um comuna Portugues a defender cegamente o Paulo Portas da Rússia!
EX DSA
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Re: RÚSSIA
As superarmas russas:
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: RÚSSIA
Ofereceu sexo para trabalhar em organização americana e recebia instruções de alto funcionário russo
MARIA BUTINA/FACEBOOK
A alegada agente do Kremlin Maria Butina está detida desde domingo e assim deverá continuar até ao seu julgamento por existir perigo de fuga. “Em pelo menos uma ocasião, ofereceu sexo em troca de uma posição numa organização de interesse especial”, refere a acusação. O nome da organização não é revelado, mas as redes sociais de Butina mostram que frequentava eventos da Associação Nacional de Armas (NRA, na sigla inglesa)
HÉLDER GOMES
Uma alegada agente do Kremlin ofereceu sexo em troca de um emprego numa organização americana. A informação foi divulgada depois de Maria Butina, que está presa desde domingo, ter comparecido esta quarta-feira num tribunal de Washington. Devido às suas ligações aos serviços de informação russos, um juiz federal considerou existir perigo de fuga e, por isso, Butina continuará detida até ao seu julgamento.
Com 29 anos, enfrenta acusações por não se ter registado como agente estrangeira e de conspirar contra o Governo dos EUA. No entanto, não está acusada de espionagem e o seu caso não faz parte da investigação sobre a possível interferência russa nas eleições americanas de 2016.
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que a prisão de Butina se destinava a minar os “resultados positivos” da cimeira entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Helsínquia, na segunda-feira. Por seu turno, a defesa alega que Butina tem cooperado com o Governo norte-americano há vários meses.
BUTINA TERÁ OFERECIDO SEXO PARA TRABALHAR NA NRA
As acusações apresentadas na quarta-feira revelam que Butina vivia com um norte-americano de 56 anos, mantendo com ele uma “relação pessoal”. Contudo, “em pelo menos uma ocasião, ofereceu sexo a outra pessoa em troca de uma posição numa organização de interesse especial”. O nome da organização não é revelado, mas as redes sociais de Butina mostram que frequentava eventos da Associação Nacional de Armas (NRA, na sigla inglesa).
O Departamento de Justiça alega ainda que Butina trabalhava “sob a direção e controlo” de um alto funcionário russo, cujo nome não é revelado mas que lhe dava indicações através de mensagens online.
Apesar de este caso não fazer parte da investigação à intromissão russa nas eleições americanas, um mês antes da votação, Butina terá enviado uma mensagem privada via Twitter ao seu contacto, dizendo “agora, tudo tem de ficar quieto e cuidadoso”. E na noite da votação, terá escrito: “Vou dormir. São três da manhã aqui. Estou pronta para novas ordens”.
http://expresso.sapo.pt/internacional/2 ... gs.lMwsf9Q
MARIA BUTINA/FACEBOOK
A alegada agente do Kremlin Maria Butina está detida desde domingo e assim deverá continuar até ao seu julgamento por existir perigo de fuga. “Em pelo menos uma ocasião, ofereceu sexo em troca de uma posição numa organização de interesse especial”, refere a acusação. O nome da organização não é revelado, mas as redes sociais de Butina mostram que frequentava eventos da Associação Nacional de Armas (NRA, na sigla inglesa)
HÉLDER GOMES
Uma alegada agente do Kremlin ofereceu sexo em troca de um emprego numa organização americana. A informação foi divulgada depois de Maria Butina, que está presa desde domingo, ter comparecido esta quarta-feira num tribunal de Washington. Devido às suas ligações aos serviços de informação russos, um juiz federal considerou existir perigo de fuga e, por isso, Butina continuará detida até ao seu julgamento.
Com 29 anos, enfrenta acusações por não se ter registado como agente estrangeira e de conspirar contra o Governo dos EUA. No entanto, não está acusada de espionagem e o seu caso não faz parte da investigação sobre a possível interferência russa nas eleições americanas de 2016.
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros afirmou que a prisão de Butina se destinava a minar os “resultados positivos” da cimeira entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Helsínquia, na segunda-feira. Por seu turno, a defesa alega que Butina tem cooperado com o Governo norte-americano há vários meses.
BUTINA TERÁ OFERECIDO SEXO PARA TRABALHAR NA NRA
As acusações apresentadas na quarta-feira revelam que Butina vivia com um norte-americano de 56 anos, mantendo com ele uma “relação pessoal”. Contudo, “em pelo menos uma ocasião, ofereceu sexo a outra pessoa em troca de uma posição numa organização de interesse especial”. O nome da organização não é revelado, mas as redes sociais de Butina mostram que frequentava eventos da Associação Nacional de Armas (NRA, na sigla inglesa).
O Departamento de Justiça alega ainda que Butina trabalhava “sob a direção e controlo” de um alto funcionário russo, cujo nome não é revelado mas que lhe dava indicações através de mensagens online.
Apesar de este caso não fazer parte da investigação à intromissão russa nas eleições americanas, um mês antes da votação, Butina terá enviado uma mensagem privada via Twitter ao seu contacto, dizendo “agora, tudo tem de ficar quieto e cuidadoso”. E na noite da votação, terá escrito: “Vou dormir. São três da manhã aqui. Estou pronta para novas ordens”.
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Re: RÚSSIA
O nome "Maria Butina" não é apropriado para uma espiã russa. Num romance de espionagem teria um nome mais digno de uma espião de primeira classe, tipo "Olga Ivanovich". Maria Butina está mais para as "Maria Chuteira" ou "Maria Gasolina", aquelas meninas que vivem correndo atras de jogadores de futebol ou pilotos de corrida no afã de arrumarem um filho e depois pedirem uma gorda pensão.
Mas podemos deduzir algo no final do romance: Não confiem em mulheres russas, ruivas e lindas. São o caminho para a danação eterna.
Mas podemos deduzir algo no final do romance: Não confiem em mulheres russas, ruivas e lindas. São o caminho para a danação eterna.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: RÚSSIA
A NATO, a Rússia e o fim de uma era (por Diana Soller)
A trave-mestra da estratégia norte-americana consiste em privilegiar a relação com a Rússia. Uma parceria para contrabalançar a China. Neste contexto os aliados europeus tornaram-se quase dispensáveis
Gostaria de fazer um ponto prévio: não se deve olhar para a viagem do presidente norte-americano como visitas-cimeiras distintas umas das outras, mas um todo indivisível. O mais importante não foi o que se disse nas conferências de imprensa. Foi a forma como a NATO e a Grã-Bretanha foram tratadas, como estados dependentes e pouco importantes para os Estados Unidos, enquanto a a Rússia foi alvo de todas as deferências.
A Cimeira de Bruxelas veio mostrar aquilo que já se suspeitava: acabou-se a aliança entre democracias, e deu-se início a uma nova organização que de semelhante com à anterior pouco mais tem o nome. Não houve propriamente nada de novo: os países reiteraram as suas promessas (feitas a Barack Obama na Cimeira de Gales de 2014) de aumentar paulatinamente a percentagem do seu PIB em gastos de defesa até 2024. Mas instalou-se uma espécie de drama diplomático em vários atos, com Tump a engasgar Merkel ao pequeno-almoço ao apontar a dependência energética alemã da Rússia, e a interromper as reuniões agendadas para voltar a falar do contributo dos aliados europeus.
Disse-se, inclusive, que o presidente americano terá ameaçado deixar a instituição. Mesmo que não tenham sido estas as palavras de Trump, o certo que houve “reunião de emergência”. Mas muito mais importante: não terá havido grandes debates sobre os temas regionais de segurança que estariam na agenda. E esta omissão acaba por ser a mais forte expressão de forma diminuída como os Estados Unidos da America vêm a Europa. Como um “foe” (prefiro a expressão em inglês, porque a tradução é dúbia, correspondendo mais ou menos a um entidade com a qual se está em competição) no qual não reconhece importância suficiente para discutir assuntos de defesa comum.
Esse papel coube à Rússia. Na primeira cimeira bilateral entre os dois países, Donald Trump e Vladimir Putin sentaram-se a debater todos os assuntos de segurança e economia que afetam a região. Do DAESH e da Síria à proliferação nuclear e à cooperação comercial. Ter-se-á até debatido a situação na Ucrânia. Ao contrário do que fez com os parceiros de sempre, o presidente americano tratou Putin como líder de uma grande potência com deveres e responsabilidades. Como parte da solução e não parte do problema. Mais significativo ainda, foram duas declarações que elucidam para onde querem que caminhe a relação bilateral: falaram de Xi Jinping e declaram estar no caminho da cooperação. E Trump ainda enalteceu a sua própria ousadia política em romper com a longa inimizade entre Washington e Moscovo.
Destes episódios, que não ocorreram por acaso em menos de uma semana (aos quais se podem acrescentar uma relação cada vez mais incómoda com o Canadá, um elogio a Boris Johnson e uma descompostura da Theresa May), podem tirar-se várias conclusões. A primeira é prosaica, mas não menos importante – e já foi foi referida aqui noutras ocasiões. Trump pode ter uma personalidade que desconcerta os chefes de estado, mas já vai sendo tempo de percebermos que há uma estratégia concreta e coerente relativamente ao mundo em geral e ao espaço euro-asiático em particular.
Em segundo lugar, a trave-mestra dessa estratégia consiste em privilegiar uma relação com a Rússia. Uma parceria até, se possível. É certo que Trump nunca escondeu a sua admiração por Putin, mas a razão principal é que a administração acredita que Moscovo é o único estado capaz de conter a China que, não tenhamos dúvidas, é a maior preocupação de Washington.
Em terceiro lugar, os aliados europeus tornaram-se praticamente dispensáveis por três razões. Porque a visão americana de que os Estados Unidos deviam valorizar as relações com as democracias acabou, e em vez dela surgiu uma nova em que a União Europeia prejudica os EUA não só em questões económicas (é importante não esquecer que há uma guerra comercial em curso), como em questões de segurança (os EUA pagam pela defesa europeia sem receberam nada em troca). Também porque Trump não se dá bem com fóruns multilaterais. Prefere chefes de estado com quem possa negociar de um para um do que complicadas relações institucionais burocráticas e demasiadas amarras normativas. Finalmente, porque, precisamente devido à sua fraqueza militar, a Europa tem pouco a contribuir para as necessidades de segurança dos Estados Unidos.
Em dois anos o mundo mudou consideravelmente. Ironicamente, não tanto pela ascendência chinesa, como esperávamos, mas porque a ainda única grande potência, os Estados Unidos, se tornou, novamente, revisionista. Partindo dos princípios que os EUA são um estado “normal” sem obrigações de criação de ordem e sem restrições normativas, e que todos os estados são inimigos dos Estados Unidos até prova em contrário, Trump reformulou toda a política externa do seu país até esta ficar quase irreconhecível. Mas não é uma questão de personalidade. É uma questão de visão do mundo em que os mais fortes cooperam e competem de acordo com os seus interesses. E os mais fracos adaptam-se.
Podemos argumentar que este é um revisionismo temporário, até pela resposta do Congresso, que parece não estar pelos ajustes com a política de Trump. Mas ainda assim, a Casa Branca tem um poder muito vasto no que respeita à política externa e estas mudanças uma vez implementadas, podem ser mais duradouras do que um (ou dois mandatos) de um presidente. E porque há muitas razões para se duvidar da viabilidade da parceria Washington-Moscovo. Mas entretanto a Europa não pode ficar de braços cruzados. É que, bem vistas as coisas, uma Rússia mais forte com a conivência americana, enquanto ainda estamos fragilizados pela nova visão geoestratégica dos EUA, pode ser uma ameaça à Europa, que surja bem mais depressa que a preponderância chinesa de facto no mundo.
https://observador.pt/opiniao/a-nato-a- ... e-uma-era/
A trave-mestra da estratégia norte-americana consiste em privilegiar a relação com a Rússia. Uma parceria para contrabalançar a China. Neste contexto os aliados europeus tornaram-se quase dispensáveis
Gostaria de fazer um ponto prévio: não se deve olhar para a viagem do presidente norte-americano como visitas-cimeiras distintas umas das outras, mas um todo indivisível. O mais importante não foi o que se disse nas conferências de imprensa. Foi a forma como a NATO e a Grã-Bretanha foram tratadas, como estados dependentes e pouco importantes para os Estados Unidos, enquanto a a Rússia foi alvo de todas as deferências.
A Cimeira de Bruxelas veio mostrar aquilo que já se suspeitava: acabou-se a aliança entre democracias, e deu-se início a uma nova organização que de semelhante com à anterior pouco mais tem o nome. Não houve propriamente nada de novo: os países reiteraram as suas promessas (feitas a Barack Obama na Cimeira de Gales de 2014) de aumentar paulatinamente a percentagem do seu PIB em gastos de defesa até 2024. Mas instalou-se uma espécie de drama diplomático em vários atos, com Tump a engasgar Merkel ao pequeno-almoço ao apontar a dependência energética alemã da Rússia, e a interromper as reuniões agendadas para voltar a falar do contributo dos aliados europeus.
Disse-se, inclusive, que o presidente americano terá ameaçado deixar a instituição. Mesmo que não tenham sido estas as palavras de Trump, o certo que houve “reunião de emergência”. Mas muito mais importante: não terá havido grandes debates sobre os temas regionais de segurança que estariam na agenda. E esta omissão acaba por ser a mais forte expressão de forma diminuída como os Estados Unidos da America vêm a Europa. Como um “foe” (prefiro a expressão em inglês, porque a tradução é dúbia, correspondendo mais ou menos a um entidade com a qual se está em competição) no qual não reconhece importância suficiente para discutir assuntos de defesa comum.
Esse papel coube à Rússia. Na primeira cimeira bilateral entre os dois países, Donald Trump e Vladimir Putin sentaram-se a debater todos os assuntos de segurança e economia que afetam a região. Do DAESH e da Síria à proliferação nuclear e à cooperação comercial. Ter-se-á até debatido a situação na Ucrânia. Ao contrário do que fez com os parceiros de sempre, o presidente americano tratou Putin como líder de uma grande potência com deveres e responsabilidades. Como parte da solução e não parte do problema. Mais significativo ainda, foram duas declarações que elucidam para onde querem que caminhe a relação bilateral: falaram de Xi Jinping e declaram estar no caminho da cooperação. E Trump ainda enalteceu a sua própria ousadia política em romper com a longa inimizade entre Washington e Moscovo.
Destes episódios, que não ocorreram por acaso em menos de uma semana (aos quais se podem acrescentar uma relação cada vez mais incómoda com o Canadá, um elogio a Boris Johnson e uma descompostura da Theresa May), podem tirar-se várias conclusões. A primeira é prosaica, mas não menos importante – e já foi foi referida aqui noutras ocasiões. Trump pode ter uma personalidade que desconcerta os chefes de estado, mas já vai sendo tempo de percebermos que há uma estratégia concreta e coerente relativamente ao mundo em geral e ao espaço euro-asiático em particular.
Em segundo lugar, a trave-mestra dessa estratégia consiste em privilegiar uma relação com a Rússia. Uma parceria até, se possível. É certo que Trump nunca escondeu a sua admiração por Putin, mas a razão principal é que a administração acredita que Moscovo é o único estado capaz de conter a China que, não tenhamos dúvidas, é a maior preocupação de Washington.
Em terceiro lugar, os aliados europeus tornaram-se praticamente dispensáveis por três razões. Porque a visão americana de que os Estados Unidos deviam valorizar as relações com as democracias acabou, e em vez dela surgiu uma nova em que a União Europeia prejudica os EUA não só em questões económicas (é importante não esquecer que há uma guerra comercial em curso), como em questões de segurança (os EUA pagam pela defesa europeia sem receberam nada em troca). Também porque Trump não se dá bem com fóruns multilaterais. Prefere chefes de estado com quem possa negociar de um para um do que complicadas relações institucionais burocráticas e demasiadas amarras normativas. Finalmente, porque, precisamente devido à sua fraqueza militar, a Europa tem pouco a contribuir para as necessidades de segurança dos Estados Unidos.
Em dois anos o mundo mudou consideravelmente. Ironicamente, não tanto pela ascendência chinesa, como esperávamos, mas porque a ainda única grande potência, os Estados Unidos, se tornou, novamente, revisionista. Partindo dos princípios que os EUA são um estado “normal” sem obrigações de criação de ordem e sem restrições normativas, e que todos os estados são inimigos dos Estados Unidos até prova em contrário, Trump reformulou toda a política externa do seu país até esta ficar quase irreconhecível. Mas não é uma questão de personalidade. É uma questão de visão do mundo em que os mais fortes cooperam e competem de acordo com os seus interesses. E os mais fracos adaptam-se.
Podemos argumentar que este é um revisionismo temporário, até pela resposta do Congresso, que parece não estar pelos ajustes com a política de Trump. Mas ainda assim, a Casa Branca tem um poder muito vasto no que respeita à política externa e estas mudanças uma vez implementadas, podem ser mais duradouras do que um (ou dois mandatos) de um presidente. E porque há muitas razões para se duvidar da viabilidade da parceria Washington-Moscovo. Mas entretanto a Europa não pode ficar de braços cruzados. É que, bem vistas as coisas, uma Rússia mais forte com a conivência americana, enquanto ainda estamos fragilizados pela nova visão geoestratégica dos EUA, pode ser uma ameaça à Europa, que surja bem mais depressa que a preponderância chinesa de facto no mundo.
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Re: RÚSSIA
A Quebra dos Paradigmas
Uma das coisas estudadas em administração são as consequência da quebra de um paradigma. Um exemplo é a fotografia digital. Sua criação tornou, de uma hora pára outra, obsoleta as câmaras de rolo e os filmes, levando à decadência gigantes como a KODAK e a FUJI FILMES. Pode-se dizer que o fim da União Soviética e da ameaça comunista, seguida de uma aproximação entre EUA e Rússia, será uma quebra de paradigma, A NATO e as bases americanas na Europa vão ficar de uma hora para outra obsoletas para os USA. Qual o motivo deles continuarem a investir bilhões de dólares nisso? Penso que tudo pode mudar em pouco tempo, independente de quem assumir o governo americano após o Trump.
Uma das coisas estudadas em administração são as consequência da quebra de um paradigma. Um exemplo é a fotografia digital. Sua criação tornou, de uma hora pára outra, obsoleta as câmaras de rolo e os filmes, levando à decadência gigantes como a KODAK e a FUJI FILMES. Pode-se dizer que o fim da União Soviética e da ameaça comunista, seguida de uma aproximação entre EUA e Rússia, será uma quebra de paradigma, A NATO e as bases americanas na Europa vão ficar de uma hora para outra obsoletas para os USA. Qual o motivo deles continuarem a investir bilhões de dólares nisso? Penso que tudo pode mudar em pouco tempo, independente de quem assumir o governo americano após o Trump.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.