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Uma avaliação francesa do tanque Panther

Enviado: Sáb Nov 16, 2019 2:03 am
por FilipeREP
Por Mark Singer, Escotilha do Chieftain, 11 de julho de 2012.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 05 de agosto de 2019.

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Panther "Bretagne" na Tankfest 2019.

Historiadores profissionais e entusiastas da história militar frequentemente descrevem o tanque Panther como o melhor tanque alemão, e talvez o melhor tanque em geral, da Segunda Guerra Mundial. Ele tinha um canhão de 75mm de alta velocidade poderoso e preciso, sua blindagem frontal era quase invulnerável para a maioria das armas antitanque aliadas, e tinha um motor potente, lagartas largas e um sistema de suspensão que lhe dava alta velocidade, excelente capacidade cross-country* e uma montaria suave. O que mais poderia um tanquista querer?

*Nota do Tradutor: capacidade todo terreno, fora de estradas.

Na verdade, um tanquista poderia pedir muito mais. A história do Panther está repleta de exemplos de problemas automotivos. A estréia em combate do Panther, durante a grande ofensiva alemã em Kursk em 1943 (Operação Cidadela), não foi particularmente auspiciosa. Dois tanques do destacamento inicial pegaram fogo devido a incêndios de motores simplesmente desembarcando dos trens! Isso trouxe um significado totalmente novo para a frase “batismo de fogo”.

Soldados americanos e britânicos que enfrentaram o Panther em combate tinham muito elogios para o tanque (se alguém pudesse usar a palavra "elogio" para um adversário temido). Apesar de nunca ter atingido as proporções de "bicho papão" do tanque Tiger, o Panther era muito mais frequente em combate e era de fato a ruína dos tanquistas aliados. Os oficiais alemães que comandavam unidades de tanques pareciam um pouco mais reservados em seus comentários.

E, no entanto, o Panther foi um beco sem saída em termos de desenvolvimento. Muitos veículos e armas da Segunda Guerra Mundial continuaram em serviço por anos ou mesmo décadas no pós-guerra. E muitos tiveram seus principais componentes de projeto "emprestados" para uso posterior em projetos do pós-guerra. Isso se aplica às armas dos EUA, soviéticas e britânicas, mas também das armas alemãs. O caça alemão Me-109 foi produzido e desenvolvido pela Espanha e pela Tchecoslováquia, e permaneceu em serviço de forma modificada até o início dos anos 1960. Assim também o bombardeiro He-111. Os fuzis Mauser eram a espinha dorsal de vários exércitos do pós-guerra. Algumas versões de veículos blindados alemães, como meia-lagartas e caçadores de tanques (Jagdpanzers) continuaram em produção e viram mudanças em seu desenvolvimento no pós-guerra. Mas o Panther era um beco sem saída.

Quase. Mas não é bem assim.

Os britânicos conseguiram construir um pequeno número de Panthers imediatamente após a guerra, usando técnicos e componentes alemães que haviam sido entregues à fábrica de montagem antes que ela fosse invadida. Algumas nações da Europa Oriental operavam unidades equipadas com Panthers capturados até que as peças de reposição fossem consumidas. Mas essas nações estavam sob a mão pesada dos soviéticos e tinham pesadas restrições em suas forças armadas no período imediato do pós-guerra. Assim, as unidades Panther no Leste eram em sua maioria cerimoniais ou de reserva em sua natureza, e viam pouco em termos de desenvolvimento doutrinário ou manobras. E aquelas nações da Europa Oriental que construíram tanques adotaram projetos soviéticos para nova produção, de modo que nenhuma engenharia foi levada adiante com conceitos de projeto vindos do Panther

No entanto, no Ocidente, os franceses também operaram unidades Panther no pós-guerra. Aqui, quando os franceses reconstruíram sua própria indústria de armas domésticas, houve uma maior disposição para emprestar conceitos do Panther ou qualquer outro desenho alemão disponível. De fato, vários desenhos franceses do pós-guerra mostraram considerável influência dos veículos blindados alemães do tempo de guerra. Mas para determinar quais aspectos do Panther usar, que aspectos copiar e refinar, ou que aspectos abandonar, os franceses deveriam primeiro examinar a verdadeira utilidade operacional do tanque Panther. Isso faz com que as observações francesas do Panther no pós-guerra sejam particularmente interessantes.

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Um Panther no jogo World of Tanks.

Antecedentes: Visões mistas dos anos de guerra.

Soldados americanos que enfrentaram o Panther em combate foram quase universais nas altas notas que deram às características do Panther.

Em 1945, o clamor dos tanquistas norte-americanos havia chegado aos ouvidos do General Eisenhower muitas vezes. Em março de 1945, ele escreveu para os generais comandantes das 2ª e 3ª Divisões Blindadas dos norte-americanas sobre o tema do Panther, declarando:

De tempos em tempos, encontro histórias curtas em que algum repórter supostamente está citando oficiais não-comissionados em nossas formações de tanques, no sentido de que nossos homens, em geral, consideram nossos tanques muito inferiores em qualidade àqueles dos alemães. …

Nossos homens, em geral, percebem que o Sherman não é capaz de se manter em uma luta direta, frente-a-frente, com um Panther. Nem na potência do canhão, nem na blindagem o presente Sherman é justificado em empreender tal competição. Por outro lado, a maioria deles percebe que nós… não queremos monstros difíceis de manejar; que nosso tanque tem grande confiabilidade, boa mobilidade e que o canhão foi amplamente melhorado. A maioria deles também sente que desenvolveu táticas que lhes permitem empregar seu número superior para derrotar o tanque Panther, desde que não sejam surpreendidos e possam descobrir o Panther antes que ele tenha conseguido três ou quatro tiros bons. …

O acima, no entanto, são meras impressões que obtive através de conversas casuais. Estou escrevendo para você ... com o pedido de que, o mais cedo possível, você me escreva uma carta informal que me dê ... um resumo das opiniões de seus comandantes de tanques, motoristas, artilheiros, e assim por diante, sobre esses assuntos gerais.


O General White, comandante da 2ª Divisão Blindada, sentiu necessidade de apresentar sua resposta ao General Eisenhower, pedindo-lhe que fizesse concessões “pelo entusiasmo tradicional demonstrado pelo soldado americano quando lhe é dado (ou ele toma!) a oportunidade de se expressar no que diz respeito a possíveis falhas em seu… equipamento.” Isto, porque o comentário sobre o Panther pintou um quadro comparativo bastante sombrio.

Mas não foi apenas "o soldado americano" que ofereceu uma avaliação tão sombria. O General Collier, comandante do Combat Command A (Comando de Combate A) da 2ª Divisão Blindada de White, ofereceu essa avaliação:

O consenso de opinião de todo o pessoal do 66º Regimento Blindado é que o tanque alemão e as armas antitanque são muito superiores às americanas nas seguintes categorias:

• Flotação superior.
• Maior mobilidade Isso é diretamente contrário à opinião popular de que o tanque pesado é lento e desajeitado.
• Os canhões alemães têm uma velocidade inicial muito maior e nenhum brilho luminoso revelador. A trajetória plana resultante dá grande penetração e é muito precisa.
• O 90mm, embora seja uma melhoria, não é tão bom quanto os 75 ou 88. …
• Os sistemas de mira dos tanques alemães são definitivamente superiores aos sistemas de mira americanos. Estes, combinados com a trajetória plana dos canhões, dão grande precisão.
• Tanques alemães têm melhor blindagem inclinada e uma silhueta melhor que os tanques americanos.


Não é uma comparação feliz.

Os oficiais alemães não eram tão universais em seus elogios ao Panther. O General Fritz Bayerlein, comandante da Divisão Panzer Lehr (Divisão Escola de Blindados), ofereceu este resumo do Panther após a campanha na Normandia.:

Enquanto o PzKpfw IV ainda podia ser usado com vantagem, o PzKpfw V [Panther] mostrou-se mal adaptado ao terreno. O Sherman por causa de sua capacidade de manobra e altura era bom ... [o Panther era] pouco adequado para terrenos de sebes por causa de sua largura. O canhão de cano longo e a largura do tanque reduzem a capacidade de manobra em combates em aldeias e florestas. Ele é muito pesado na frente e, portanto, rapidamente desgasta os comandos finais dianteiros, feitos de aço de baixa qualidade. Alta silhueta. Trem de força muito sensível que exige motoristas bem treinados. Blindagem lateral fraca; blindagem superior vulnerável a caças-bombardeiros. Linhas de combustível de material poroso que permitem o escapamento de gases da gasolina escapem para o interior do tanque, causando um grave risco de incêndio. Ausência de fendas de visão que impossibilita a defesa contra um ataque aproximado.

Parece que talvez um pouco do “entusiasmo tradicional” que o General White havia predito tenha existido, porventura, em ambos os lados.

Essa perspectiva de antecedentes, vinda de oficiais-generais comandando as formações de tanques americanas e alemãs, aumenta o interesse em uma perspectiva equilibrada e imparcial.

Esta é uma perspectiva que os franceses podem fornecer.

A experiência francesa no pós-guerra

Os franceses fizeram um esforço concertado para reconstruir seu poderio militar nacional após a Segunda Guerra Mundial. Além das legítimas preocupações com a defesa nacional na florescente Guerra Fria, a França também tinha interesses coloniais em várias partes do mundo e buscava recuperar sua posição como potência política no cenário mundial.

As unidades do exército francês foram reequipadas com equipamento americano e treinadas na doutrina americana, a partir de 1943. Várias unidades francesas lutaram com considerável élan* e foram altamente elogiadas por oficiais americanos e britânicos durante as campanhas na Itália e na França em 1944 e 45.

*Nota do Tradutor: Vontade, energia, coragem.

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Um dos primeiros Panthers examinado pelos aliados ocidentais foi este Panther Ausf. A, capturado em condição de funcionamento pelas forças francesas na Itália, 25 de março de 1944.

Mas no período pós-guerra, a França buscou um caminho independente para suas armas. A produção foi reiniciada em uma variedade de produtos militares, incluindo armas de pequeno porte e artilharia. Mas a tecnologia de veículos blindados avançou rapidamente durante os anos de guerra. A França não possuía projetos de tanques domésticos dignos de produção no pós-guerra.

Assim, além dos equipamentos norte-americanos fornecidos pelos programas de ajuda militar de empréstimo-e-arrendamento e os do pós-guerra, os franceses coletaram as muitas centenas de tanques Panther abandonados em todo o país e se empenharam em reabilitar aqueles que poderiam se tornar operacionais. Eles colocaram estes em serviço no 501º e 503º Regimentos Blindados.

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O 503º Regimento francês de manobras com tanques Panther em 1947.

O 503º operou um batalhão completo de 50 Panthers, junto com um batalhão de tanques Sherman fabricados nos Estados Unidos, até 1947. O 501º também operou os Panthers até 1949 - com quase o dobro do tempo em Panthers do que qualquer formação alemã.

Em 1947, um relatório sobre o Panther foi publicado pelo Ministério da Guerra, Seção Técnica do Exército, Grupamento Auto-Carro (Ministère de la Guerre, Section Technique de L’Armée, Groupement Auto-Char). Este relatório, intitulado "Le Panther, 1947" capturou as observações francesas e recomendações para operar o tanque Panther.

A seguir, trechos deste relatório:

O acionamento da rotação da torre não é forte o suficiente para girar a torre ou segurá-la no lugar quando o Panther estiver em uma inclinação de mais de 20 graus. Portanto, o Panther não é capaz de disparar quando dirigindo em cross-country.

Relatórios de combate da Segunda Guerra Mundial indicaram que os tanques Sherman frequentemente conseguiam obter o primeiro tiro em combate com os tanques Panther. Essa limitação na ação da torre pode muito bem ser um dos fatores contribuintes.

Elevar o canhão é normalmente simples, mas é difícil se o estabilizador operado por nitrogênio comprimido tiver perdido a pressão.

Aqui os franceses estão descrevendo uma elevação pneumática para ajudar a manter o grande peso do canhão KwK 42. Ele não tinha "estabilizador" no sentido da unidade de estabilização de giro do tanque Sherman.

A cúpula do comandante, com seus 7 periscópios, proporciona uma visibilidade quase perfeita em todas as direções. Periscópios danificados por granadas de artilharia podem ser substituídos muito rapidamente.

Um periscópio de tesoura com grande poder de ampliação foi fixado a um reparo na cúpula do comandante.


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Nota do Tradutor: Sf.14Z Scherenfernrohr (Periscópio de tesoura) de ampliação 6x30.

Modelos posteriores dos tanques Sherman também tinham cúpulas dos comandantes com visibilidade de 360 graus. Mas esse recurso não apareceu comumente nos tanques norte-americanos até a produção de 1944. Vários relatórios aliados dão grande crédito à visibilidade das cúpulas dos tanques alemães desde 1940.

Além do seu de periscópio de mira do canhão (que é excelente), o artilheiro não tem outro tipo de dispositivo de observação. Ele é, portanto, praticamente cego, uma das maiores deficiências do Panther.

A mira do canhão com dois estágios de ampliação é notavelmente clara e tem seu campo de visão claro no centro. A mira do canhão permite a observação de um alvo e granadas até mais de 3000 metros.

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Nota do Tradutor: Dois tanques Panther da Divisão Wiking vistos através das lentes de um periscópio de tesoura SF14Z de outro Panther no verão de 1944. A Divisão lutava desesperadamente para preservar a frente destruída e conter o Exército Vermelho quando da ofensiva de verão soviética, codinome Bagration , rebentou como um trovão.

Uma vez que o comandante tenha localizado um alvo, demora entre 20 e 30 segundos até que o atirador possa abrir fogo. Este dado, que é significativamente maior que o do Sherman, deriva da ausência de um periscópio para o artilheiro.


Os franceses identificaram um aspecto-chave que está faltando nas comparações e críticas norte-americanas sobre as miras do canhão nos tanques Sherman em comparação com os tanques Panther (e outros alemães). Sim, a óptica alemã era boa. A clareza era excelente e os retículos eram mais eficazes. No entanto, foi observado em relatórios de combate que os artilheiros norte-americanos conseguiram encontrar e mirar no alvo mais rapidamente. [Nota do Chieftain: Para ser claro, isso faz parte do processo de transferência do comandante para o artilheiro. Com um zoom fixo na mira, seu campo de visão é limitado. Como resultado, o comandante que direciona o artilheiro para o alvo deve colocar o artilheiro em um grau mais alto de precisão antes que o artilheiro possa até mesmo ver o alvo em seu campo de visão para identificá-lo ou mirar nele. Os tanques americanos têm um campo de visão (não ampliado) para dar ao artilheiro a consciência situacional de onde ele precisa ficar para ver o alvo na mira de alta potência. No M1A1 Abrams, o interruptor x3/x10 executa o mesmo papel com uma mira]

Nenhum tipo de munição de carga oca é planejada para o Panther.

A granada HE (alto explosivo) pode ser acionada com um retardo de 0,15 segundos.

A PzGr 40 (Panzergranate 40) teve melhor penetração até 1500 metros do que a PzGr 39, mas sua trajetória cai consideravelmente.


O retardo descrito para o projétil HE seria um retardo na operação da espoleta. A configuração retardada seria usada para que o projétil pudesse penetrar na cobertura leve antes de explodir. Uma configuração como essa seria usada para disparar contra infantaria ou armas antitanque em prédios ou atrás de sacos de areia.

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Nota do Tradutor: Desenho em corte da PzGr. 39 7,5cm. 1: Espoleta; 2: Traçante; 3: Banda de Condução; 4: Preenchimento Explosivo; 5: Penetrador; 6: Coifa Descoberta; 7: Coifa Balística.

A PzGr 40 era projétil leve com um penetrador de tungstênio, equivalente à granada APCR (Armour Piercing Composite Rigid/Perfurante de Blindagem, Composta e Rígida) para os britânicos, Ponta-de-Flecha ou Núcleo-Duro na terminologia russa, e HVAP (High-Velocity Armor-Piercing/Perfurante de Blindagem de Alta Velocidade) na linguagem de Material Bélico dos EUA. A PzGr 39 foi a granada perfurante mais comum. O canhão KwK 42 do Panther na verdade disparou uma versão revisada deste projétil, chamada PzGr 39/42.

Durante uma cadência de tiro rápida, não é incomum ser forçado a interromper o disparo quando o recuo da arma atingiu seu limite permissível (cessar-fogo).

Uma cadência de tiro de 20 tiros por minuto só é permitida em casos excepcionais, quando as circunstâncias assim o exigirem.


Estes referem-se a uma limitação no canhão do Panther. O mecanismo de recuo exigia tempo para se recuperar das forças aos disparar repetidamente o canhão. Depois de alguns tiros, o canhão precisava de um período de cessar-fogo. Isso não é incomum para canhões de alta velocidade.

Ao disparar uma granada, o chassis não demonstra nenhuma reação desfavorável, independentemente da posição da torre.

O Panther era um veículo grande. A suspensão proporcionava uma estabilidade muito boa. Alguns tanques demonstram efeitos adversos por conta de disparos, principalmente quando disparando de lado. Mas não o Panther.

A vida útil das peças mecânicas foi projetada para 5000km. O desgaste em muitas peças é maior que o esperado. As lagartas e as peças de rolamento têm uma vida de 2000 a 3000km. As lagartas quebram muito raramente, mesmo em terrenos rochosos. As rodas bogie, no entanto, podem se deformar quando acionadas com força.

As partes do trem de força (com exceção do acionamento final) atendem à vida útil planejada. A substituição de uma transmissão requer menos de um dia.


Esses comentários, partindo de experiência operacional, destacam que muitos aspectos do Panther eram de fato realmente comparáveis em confiabilidade aos contemporâneos americanos ou britânicos. [Nota do Chieftain: Como um aparte, quando no telefone com Tom Jentz, ele foi bastante inflexível sobre o fato de que, embora o M4 tinha uma enorme reputação de confiabilidade, não havia provas documentais para provar isso. Com toda a justiça, eu também não vi nenhuma: estaríamos à procura de uma cifra de 'tempo médio entre falhas'. As taxas de prontidão operacional, por exemplo (digamos, o Xº Batalhão Blindado tinha 99 tanques em funcionamento dentre 100 em qualquer dia específico) podem simplesmente refletir a eficiência da cadeia de suprimento ou facilidade do trabalho de reparo para componentes que falham normalmente, e não a chance do tanque quebrar para início de conversa. Não tendo visto tal estudo, não tomo posição firme.]

Por outro lado, o motor não estava operável a mais de 1500km. A média da vida útil do motor era de 1000km. A reposição do motor era realizada em 8 horas por um Unteroffizier (mecânico por ocupação) e 8 homens com o auxílio de um guindaste de tripé ou um Bergepanther [tanque de recuperação baseado no Panther]. O canhão principal podia ser substituída usando o mesmo equipamento dentro de algumas horas. As unidades de manutenção alemãs realizaram seu trabalho notavelmente bem.

Como resultado, o Panther não é de forma alguma um tanque estratégico. Os alemães não hesitaram em aumentar economicamente a vida útil do motor carregando o tanque em vagões de trem, mesmo para distâncias muito curtas (25km).


A referência a um “tanque estratégico” é reveladora. Os tanques da metade para o fim da guerra norte-americanos e britânicos, tais como o Sherman, Cromwell e Comet, eram esperados que cobrissem longas distâncias sob sua própria potência, como e quando necessário. O Panther não poderia ser contado para fazer isso.

O verdadeiro ponto fraco do Panther é seu acionamento final, que é um projeto muito frágil e tem uma vida útil média de apenas 150 km.

[Nota do Chieftain: Isto é e o comentário do motor é, não obstante a afirmação acima pelo Sr. Jentz. Será que 'confiável' significa 'sempre funcionará' ou 'sempre funcionará quando você espera?' E essas deficiências foram rebatidas por vantagens comparativas de confiabilidade em outros lugares? Vale a pena notar que, na opinião de Hilary Doyle, havia pouco que era inaceitável sobre a qualidade do Panther do final da guerra: ver a discussão Operação Think Tank]


Metade dos Panthers abandonados encontrados na Normandia, em 1944, mostrou evidências de quebras no acionamento final.

É preciso apenas um único elo fraco para quebrar uma corrente. O Panther tinha muitas qualidades excelentes. Mas aqui encontramos uma fraqueza severa.

Para evitar essas quebras, recomenda-se que os seguintes pontos sejam observados de perto: ao descer uma encosta e de ré, bem como em terrenos irregulares, tenha cuidado especial ao mudar para uma marcha mais baixa. Além disso, um Panther nunca deve ser rebocado sem desacoplar a unidade de acionamento final. Finalmente, sob nenhuma circunstância as duas alavancas de direção devem ser operadas simultaneamente, independentemente da situação.

Os tanquistas americanos frequentemente observavam que o Panther podia “dirigir neutro” - ele podia girar no mesmo lugar movendo uma lagarta para a frente e a outra para trás. O Sherman não tinha essa capacidade.

Mas parece que a experiência disse aos franceses para nunca USAREM essa capacidade. É uma vantagem poder girar um tanque em combate. Mas não se o resultado for um tanque imobilizado.

Uma granada de fumaça lançada no convés traseiro ou nas aberturas de ventilação do motor iniciarão um incêndio.

A couraça do Panther foi projetada para ser à prova d'água, para permitir travessias profundas. Isso teve o infeliz efeito colateral de incentivar a gasolina e óleo a se acumularem no compartimento do motor. Os relatórios alemães frequentemente condenam a tendência do Panther em relação a incêndios nos motores. Os franceses observaram o mesmo.

O equipamento de rolamento é sensível a granadas HE. Calibres 105mm e maiores podem tornar o veículo imóvel (Rammersmatt, 8 de dezembro de 1944).

Isso não é uma grande surpresa. Granadas 105mm HE danificariam o equipamento de rolamento da maioria dos tanques contemporâneos!

Granadas de fragmentação ou projéteis de 75 mm que atinjam no mesmo ponto na placa frontal podem penetrá-lo ou fazer com que as costuras de solda se quebrem (Miinsingen, 1946).

O fenômeno da rachadura das soldas foi observado em disparos de testes americanos no verão de 1944 e também em testes soviéticos durante a guerra.

Em todos os casos, o grande alcance do canhão deve ser explorado ao máximo. O tiro pode começar a uma distância de 2000 metros com uma precisão considerável. A maioria dos acertos foi realizada a uma distância de 1400 a 2000 metros. O gasto de munição foi relativamente baixo; em média, o quarto ou quinto tiro encontrou sua marca, mesmo quando usando granadas HE.

Essa observação descreve o aspecto que os tanquistas americanos (e soviéticos) mais temiam no Panther. Seu canhão era preciso e poderoso a longas distâncias, e sua blindagem o protegia do fogo de resposta. De perto, o Panther muitas vezes podia ser manobrado e superado, apesar da potência e velocidade do motor. Mas, se enfrentado através de campos abertos, o Panther era um feroz adversário.

Talvez a observação mais reveladora das experiências francesas com o Panther seja sua resposta às preocupações com relação a blindados chineses na Indochina. Quando o governo francês tomou conhecimento de que os comunistas chineses haviam recebido tanques IS de fabricação soviética, concluíram que suas próprias forças na Indochina francesa (hoje Vietnã, Camboja e Laos) precisavam de poderosas forças móveis para repelir qualquer intervenção chinesa. Eles consideraram o envio de tanques Panther, mas determinaram que não seria possível fornecer o apoio que os Panthers exigiam no cenário de uma colônia distante com uma infra-estrutura ferroviária inadequada.

Como resultado, eles enviaram unidades equipadas com os destruidores de tanques M36 fornecidos pelos EUA. O Panther, apesar de todo o seu talento, não era "um tanque estratégico".

Sumário

Muitos entusiastas da história militar parecem imbuir blindados alemães da segunda guerra mundial com qualidades quase místicas. Mas, na verdade, qualquer tanque tem pontos fortes e pontos fracos.

Os franceses conseguiram operar o Panther por vários anos. Sua avaliação do Panther, extraída de sua considerável experiência com ele, fornece uma visão prática e equilibrada deste tanque fascinante.

Ele era poderoso. O canhão era excepcional. A blindagem frontal era excelente. Essas características, juntamente com excelentes materiais ópticos, fizeram do Panther um poderoso matador de tanques de longo alcance.

Mas as características automotivas do Panther foram além da tecnologia automotiva da época. Era simplesmente impraticável criar um tanque “médio” de 45 toneladas com um motor de 600cv e direção neutra usando tecnologias automotivas alemãs de meados da década de 1940. O resultado foi um tanque que era muito temido quando conseguia chegar ao campo de batalha, mas foi encontrado com a mesma frequência abandonado ao longo da ribanceira da estrada fora do campo de batalha.

Original: https://worldoftanks.com/en/news/chieft ... -panthers/

Patton na lama de Argonne

Enviado: Sáb Nov 16, 2019 2:11 am
por FilipeREP
Por Camille Harlé Vargas, 18 de março de 2019.
Tradução Filipe A. Monteiro, 08 de agosto de 2019.

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Tenente-Coronel George S. Patton em frente a um Renault FT-17 no centro de treinamento de blindados em Bourg, 15 de julho de 1918.

O General Patton é conhecido por suas ações de combate durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente depois de desembarcar na Normandia à frente do 3º Exército dos EUA. Antes disso, ele já havia demonstrado durante a Grande Guerra suas habilidades de luta e sua lendária ousadia.

Patton chega à França

Quando os EUA entraram na guerra em 6 de abril de 1917, o presidente Wilson nomeou o General Pershing como comandante-em-chefe da AEF; O capitão Patton, que era então seu assistente pessoal no seio do seu estado-maior, o acompanhou e desembarcou na França em 28 de maio de 1917. Depois de um tempo passado no QG da AEF em Chaumont, o fervente Patton suporta cada vez menos sua função com papelada no estado-maior e desenvolve um certo fascínio pelos carros de assalto, cujo potencial na guerra moderna agrada o caráter impetuoso do futuro general. As altas autoridades militares americanas estimam que os EUA devem ter um "tank corps" e Pershing confia sua constituição ao coronel Rockenbach. Patton, em seguida, conseguiu ser atribuído neste novo corpo, onde foi encarregado da criação de um centro de treinamento em Bourg (perto de Langres). Patton, muito entusiasmado e zeloso, foi rapidamente promovido a tenente-coronel com apenas 32 anos. Depois de ter seguido um treinamento acelerado dado pelos franceses para saber tudo sobre o novo carro leve Renault FT-17, ele foi nomeado para o comando da 1ª brigada de carros americana. Ele segue os cursos de Champlieu no Oise, visita as fábricas que produzem os carros Renault.

À frente de uma unidade blindada

Seu batismo de fogo ocorreu em setembro de 1918, quando a brigada, composta dos 344º e 345º batalhões de carros, se dedicava à redução do saliente de Saint-Mihiel. Mas é durante a ofensiva de Meuse-Argonne, conduzida pelo 1º Exército americano em direção a Sedan, que o futuro general se distingue particularmente.

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Carro Saint-Chamond

Na manhã de 26 de setembro de 1918 (dia do lançamento da ofensiva), Patton, violando as ordens, deixa seu PC para ver como são engajados seus carros no terreno; estes últimos apóiam então o ataque da 35º DI americana em Cheppy. Ele encontra o 138º RI (35º DI) em apuros ao sul de Cheppy, seu ataque totalmente encalhado pela tenaz resistência dos batalhões da guarda alemã. Os pequenos carros Renault da Companhia B do 345º Batalhão, para apoiar o ataque, são então completamente colados ao solo devastado pelos tiros da artilharia. Dois carros pesados franceses Saint-Chamond se juntam ao ataque, mas também se atolam em uma trincheira alemã. Patton, usando seu caráter execrável, reúne as tripulações e alguns elementos da infantaria para desencalhar os veículos e relançar o ataque para o sudoeste de Cheppy; ele pessoalmente assume o comando de um ataque visando reduzir um ninho de metralhadoras bloqueando o avanço da infantaria na estrada Cheppy-Varennes. Expondo-se imprudentemente para despertar o ardor da tropa e estimular sua combatividade, ele proclama sobre seu inimigo “Que vão pro inferno! Eles não podem me pegar!”, ele é quase imediatamente baleado na coxa. Ele é resgatado pelo soldado de primeira classe Joe Angelo, distinguido pela DSC por este ato, e então Patton continua a ordenar seus homens de um buraco de obus antes de ser evacuado uma hora depois.

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Joe Angelo

O ataque criou uma cuia nas linhas alemãs entre Cheppy e Varennes, enquanto outras duas companhias de carros leves do 345º Batalhão contornaram o sólido ponto de apoio de Cheppy pelo leste, forçando os alemães a recuarem. Patton, gravemente ferido, foi levado para o centro de socorro de Neuvilly-en-Argonne, depois de apresentar seu relatório ao QG. Após sua convalescença, ele retorna à frente em 28 de outubro, mas sem participar dos combates.

Esta ação lhe rendeu a atribuição da Distinguished Service Cross (Cruz de Serviços Distintos, a segunda maior condecoração americana), insuficiente aos seus olhos, ele teria, de acordo com sua lendária modéstia, dito que tal ação valia uma Medal of Honor (Medalha de Honra). Ao mesmo tempo, ele é promovido ao posto de coronel.

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Depois da guerra

De volta aos Estados Unidos, ele foi transferido para o Fort Meade, Maryland, para trabalhar no desenvolvimento de uma arma blindada. Pouco tempo depois, Patton encontra Eisenhower, que lhe será uma ajuda preciosa em seu projeto de concepção de uma unidade mecanizada.

Camille Harlé Vargas
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Fontes:
PATTON and his third army. http://www.pattonthirdarmy.com/pattonww ... 6TFtWgcQCo
The AEF in the great War, Meuse Argonne 1918: breaking de line, Maarten Otte. https://pt.scribd.com/book/376783799/Am ... gWOaY4udSs

Características do carro Saint-Chamond:
- 1 canhão de 75mm abastecido de 106 obuses, 4 metralhadoras
- Hotchkiss Mle 1914 de 8mm (7488 cartuchos).
- Comprimento: 8,83 m. Largura: 2,67 m, Altura: 2,365m. Peso: 24t
- Blindagem : de 17 à 11mm
- Tripulação: 9 homens; chefe de carro, chefe de peça, 2 artilheiros, 4 metralhadores, mecânico
- Motor : Panhard 4 cilindros sem sans válvulas de 90cv à 1450t/m
- Autonomia: 6 à 8 horas
- Velocidade: 4km/h em todo-terreno
- 400 exemplares construídos aproximadamente.

Características técnicas do carro Renault FT-17:
- Fabricante: Renault (1850), Berliet (800), SOMUA (600), Delauney-Belleville (280)
- Período de produção: 1917 – 1920
- Tipo: Carro leve
- Tripulação: 2 hommes
- Comprimento (m): 4,95 m
- Largura (m): 1,74 m
- Altura (m): 2,14 m
- Peso em ordem de combate: 6 700 kg
- Blindagem máxima: 22mm
- Equipemento de rádio: nenhum.
- Armamento
- Armamento principal: 1 metralhadora Hotchkiss de 8mm ou 1 canhão de 37mm SA18
- Rotação (graus): 360°
- Elevação (graus): + 35° – 20°
- Mobilidade
- Motor: Renault
- Tipe & Deslocamento: 4cyl 4,48l
- Potência (máx.): 35cv
- Relação peso/potência: 5cv/t
- Caixa de velocidades: 4 velocidades
- Combustível: Gasolina
- Autonomia: 35km
- Consumo: 30 litros/100km
- Capacidade de combustível: 100 litros
- Velocidade sobre estrada: 7,5 km/h
- Lagartas: 32 sapatas
- Largura da lagarta: 0,34m
- Distância do solo (m): 0,43m
- Inclinação: 10°
- Obstáculo vertical: 0,60m
- Passagem à vau: 0,70m
- Travessia: 1,35m

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Camille Herlé Vargas

Autora e especialista aa história de conflitos e da memória do século XX. Encarregada da missão no ONAC-VG do Marne como parte do Centenário da Grande Guerra (programa educacional, mediação e implementação de projetos). Envolvida na vida da comunidade para divulgar ao público a história e os locais da Primeira Guerra Mundial (Main de Massiges). Em colaboração com historiadores para a redação de artigos e livros sobre as duas guerras mundiais.


Original: https://theatrum-belli.com/patton-dans- ... -largonne/

O Urutu no CFN

Enviado: Sáb Nov 16, 2019 3:04 pm
por FilipeREP
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"Em 1973, continuando no objetivo de obtenção de material anfíbio, o CFN adquiriu cinco viaturas de transporte de tropa, blindadas, sobre rodas Urutu, que foram recebidas em cerimônia realizada no CIAdestCFN, presidida pelo Ministro da Marinha, com a presença do comandante-geral do CFN e o presidente da empresa montadora. Esses veículos possuíam capacidade anfíbia limitada a águas tranqüilas pois, com o mar de popa, inclinavam-se para vante imergindo mais do que o desejável e com banda para boreste. Impulsionados por hélice, quando na água desenvolviam baixa velocidade, não possuíam sistema de governo adequado, não enfrentavam ondas e não podiam ser lançados e recolhidos através da rampa dos NDCC, por serem sobre rodas e com espaçamento entre eixos muito grande, não tendo sido aprovados no teste realizado na Operação Dragão XI, em 1975. Agravava ainda mais a situação esses Urutus constituírem os primeiros fabricados pela indústria nacional, sendo diferentes entre si e diferentes dos produzidos em série para o Exército Brasileiro e para exportação, acarretando dificuldade para sua manutenção.

Foram utilizados como transporte terrestre, na Companhia de Viaturas Anfíbias do Batalhão de Transporte, porém não permaneceram muito tempo em serviço, acabando seus dias como monumento na entrada de OM da FFE, como símbolo da primeira tentativa de obtenção de uma viatura blindada para assalto anfíbio e, porque não dizer, de incentivo à indústria nacional.

Foi ainda dentro desse cenário favorável que a administração naval, no início de 1974, destinou uma verba no exterior para aquisição dos carros de lagarta anfíbios. Colocada a encomenda, a empresa FMC montadora desses veículos informou que a linha de produção estava fechada e que seria reaberta somente em um prazo de dez anos aproximadamente. Entretanto, a firma ofereceu a preços inferiores a viatura sobre lagarta M-113, que possuía a limitada capacidade para travessia de curso de água.

Embora reconhecendo não ser o M-113 uma viatura anfíbia, o CFN decidiu pela sua compra, com o intuito de introduzir a lagarta no seu inventário e permitir ao nosso pessoal a obtenção de conhecimento sobre as suas operações e manutenção. Esses carros demonstraram a sua utilidade e, decorridos quase 30 anos de sua aquisição, continuam hoje a prestar serviço à FFE. Na sua chegada ao Brasil eles foram incorporados ao Batalhão de Transporte Motorizado."

- Fuzileiros Navais: Das praias de Caiena às ruas do Haiti, pg. 40-41.

Comentários sobre o mesmo texto em um grupo de fuzileiros navais:

Camarada Filipe, mesmo eu tendo servido sempre na Infantaria, eu não me lembro de ter feito nenhuma manobra com o Urutu. Todos os blindados do CFN eram lotados no antigo Batalhão de Viaturas Anfíbias da Tropa de Reforço que era situada em Niterói, e ficava bem distante de onde eu servia, que era na Divanf, na Ilha do Governador... E agora eu tô pensando que esse Urutu aí da foto, talvez seja o mesmo Urutu que eu e o outro campanha da escola lixamos, por causa do comentário feito pelo nosso campanha Agilson, que identificou a trave do gol no fundo da foto lá do Batalhão de Comando da Divanf e pela localização do carro na fotografia, bem próximo ao campo de futebol, e que agora estou me lembrando ser no mesmo local onde na época lixamos o carro ... rsrs...

Eu fiz algumas manobras de Apoio Mútuo Carro Infantaria com os blindados M113, que até hoje estão em pleno uso no CFN, e foi também na minha época de SD, que o CFN adquiriu os primeiros Clanfs... Fizemos uma manobra na ilha da Marambaia em 1987 com os Calnfs dos Marines, mas havia lá também apenas um carro Urutu, zero Km da empresa bélica ENGESA, sendo testado pelo CFN, mas esse carro de combate afundou ao descer a rampa do NDCC no mar da Marambaia! Sorte a nossa que só havia apenas o motorista à bordo do carro, mas ele foi muito safo, estava com colete salva-vidas e abandonou rapidamente o Urutu onceiro! rsrs... (Filipe Amaral, essa história do Urutu que afundou na Marambaia, não é Guerra!) e o carro foi reprovado no teste! rsrs... Se tiver algum naval aqui da página, que estava nessa manobra, talvez ainda consiga se lembrar desse cenário com o Urutu que afundou... rsrs...

Então amigo, o CFN aprovou os carros lagarta anfíbios, e meses depois, a Marinha adquiriu seus primeiros 12 Clanfs... O Clanf 01, era somente para transportar as autoridades do Estado Maior do CFN envolvidas nas manobras anfíbias, o Clanf 02, era o carro guincho de socorro, reboque e reparo rápido, e dentro dele era repleto de peças de reposição para os outros Clanfs, para serem usadas caso algum Clanf daqueles se quebrasse em alguma manobra... Já os outros 10 Clanfs eram para o desembarque anfíbio e transporte somente para os pelotões de fuzileiros dos batalhões de infantaria, por que quem não era dos pelotões de infantaria, não desembarcava pelos Clanfs, mas, tinha que descer pela rede de transbordo para desembarcar na praia pelas EDCG... Pelo menos naquela época inicial em que o CFN havia adquirido os seus primeiros 12 Clanfs, as manobras anfíbias eram feitas assim.

-x-

Pois é camarada Agilson, mas o Urutu foi resgatado no mesmo dia pelos mergulhadores de combate marujos que vieram do Rio de helicóptero especialmente para mergulhar e amarrar os cabos de aço no Urutu, e depois o guindaste do NDCC içou o urutu até a rampa do NDCC, e os marujos MR usando um equipamento com sistema de tração do próprio NDCC, se encarregaram de puxar o Urutu para dentro do deck do navio... E isso não é guerra não campa! Quem estava nessa manobra deve se lembrar desse cenário... kkk

-x-

O mais hilário nesse cenário aí do Urutu, campa Agilson, é que estavam todos os navais dos pelotões de infantaria armados e equipados, reunidos no Deck do NDCC Duque de Caxias aguardando a vez para embarcar nos Clanfs, e o Urutu 0 km da ENGESA todo pintado na cor preta, desceu primeiro a rampa do navio só com o seu motorista, e assim que ele bateu nágua, afundou imediatamente, mas nós que estávamos olhando o desembarque, pensávamos que ele iria emergir, porque até os Clanfs quando descem a rampa do navio, sempre dão uma pequena afundada mas logo emergem á tona, mas nesse caso aí, só quem emergiu do mar, foi o piloto do Urutu, e todos ficamos espantados com aquele cenário triste, e o cara subiu rapidamente à rampa, aí ele disse, afundou, não pegou sustentação! kkkk

Re: tanques e blindados

Enviado: Sáb Nov 16, 2019 3:13 pm
por FilipeREP
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Um dos dois M577A1 – viaturas de comando – do Batalhão de Blindados dos Fuzileiros Navais.

Operação Quartzo - Rodésia 1980

Enviado: Dom Nov 17, 2019 2:18 pm
por FilipeREP
Por R. Allport.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de julho de 2019.

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T-55A rodesiano com a camuflagem final sul-africana.

As eleições de 1980.

Após a eleição do governo do Bispo Muzorewa em 1979, os rodesianos esperavam que a Grã-Bretanha e a comunidade internacional reconhecessem sua administração e acabassem com as sanções. Afinal, observadores britânicos haviam declarado a eleição livre e justa em seu relatório oficial. Os eleitores africanos compareceram em grande número para votar no Bispo e, com algumas poucas exceções, não houve intimidação ou coerção. Os rodesianos achavam, com razão, que haviam cumprido as exigências da comunidade internacional para o governo de maioria africana na Rodésia, agora renomeada Zimbábue-Rodésia.

Nyerere da Tanzânia e Kaunda da Zâmbia, no entanto, opuseram-se à reunião de Chefes de Governo da Commonwealth em Lusaka em agosto de 1979, exigindo que seus protegidos, Mugabe e Nkomo, líderes dos dois principais grupos terroristas em busca de poder, fossem incluídos em qualquer acordo final para o governo de maioria na Rodésia. Sua pressão foi fundamental para levar Thatcher a reter o reconhecimento. O fato de Muzorewa ter sido democraticamente eleito ao poder por uma maioria de 67%, enquanto seus críticos, Kaunda e Nyerere, serem ambos chefes de ditaduras de partido único com economias instáveis (Kaunda foi até mesmo incapaz de providenciar um tapete vermelho para a Rainha na reunião de Lusaka e foi obrigado a pegar um tapete emprestado da "arqui-inimiga" África do Sul...).

A pressão foi assim aumentou para que os rodesianos realizassem novas eleições, novamente monitoradas pela Commonwealth, mas desta vez incluindo os partidos de Mugabe e Nkomo. Cansado da guerra e das sanções, e com o crescente nível de emigração branca afetando seriamente a economia, Muzorewa acabou sendo forçado a aceitar um acordo para uma nova eleição.

O fato de as forças de segurança rodesianas estarem aumentando as suas operações transfronteiriças contra bases terroristas na Zâmbia e em Moçambique persuadiu os presidentes Kaunda e Machel a exercerem a sua influência sobre Nkomo e Mugabe para moderarem as suas condições para participarem na nova eleição. Mugabe, por exemplo, exigira inicialmente que as forças de segurança rodesianas fossem dissolvidas antes da eleição e que o país fosse policiado por uma combinação das forças terroristas. Essa era uma condição com a qual os rodesianos nunca concordariam, pois era uma tentativa claramente transparente da ZANU de garantir que suas forças tivessem o controle de fato do país antes da eleição, e de permitir que ele [Mugabe] influenciasse a votação e ignorasse qualquer resultado desfavorável à ZANU. A desconfiança resultante que os rodesianos sentiram pelos métodos e manobras de Mugabe foi provavelmente a principal razão por trás da preparação de um plano de contingência.

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Manutenção de rotina no Quartel Nkomo.

Por fim, chegou-se a um acordo para a realização de novas eleições. Forças de monitoramento da Commonwealth chegaram à Rodésia e as forças terroristas da ZAPU e da ZANU começaram a enviar seus homens para os Pontos de Reunião por todo o país.

À meia-noite de 28 de dezembro de 1979, um cessar-fogo entrou em vigor. A maioria dos rodesianos brancos queriam ou esperavam que Muzorewa asseguraria novamente o voto majoritário. No entanto, não demorou muito para que especialistas como John Redfern, Diretor de Inteligência Militar, concluíssem que isso não aconteceria. Por um lado, milhares de terroristas armados do ZANLA permaneceram em liberdade dentro do país. Em seu lugar nos Pontos de Reunião havia milhares de jovens disfarçados de guerrilheiros, deixando os verdadeiros terroristas livres para intimidar a população e influenciar a votação. Comandantes das forças de segurança da Rodésia informaram isso ao General Walls, e ele tentou persuadir Lord Soames, o governador temporário enviado pela Grã-Bretanha para presidir a eleição, a desqualificar a ZANU. Soames deu vários avisos a Mugabe, mas não tomou mais nenhuma providência para impedir que a ZANU participasse da eleição.

Antes da eleição, um estuda de inteligência militar foi preparado por oficiais rodesianos, definindo os possíveis cursos de ação para opor a ZAPU e a ZANU, e impedindo-os de ganhar a eleição. Um segundo documento de inteligência previu uma vitória de Mugabe e advertiu que isso poderia precipitar uma onda de terroristas vitoriosos convergindo na capital, Salisbury, confrontando civis brancos e as forças de segurança. Outros estudos descreveram o que seriam "Terrenos de Ativos Vitais" no caso de isso acontecer e uma ação detalhada que precisaria ser tomada para manter essas áreas estratégicas. Os estudos também enfatizaram a necessidade, neste caso, de "neutralizar" rapidamente os Pontos de Reunião terroristas. Os membros do COMOPS (Comando de Operações) e do Special Branch (serviço especial) envolvidos na elaboração desses documentos pareciam convencidos da necessidade de algum tipo de ação preventiva para evitar que o país caísse no caos.

Operação Quartzo

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O projétil de 100m.

Esses documentos de inteligência provavelmente formaram a base do plano que recebeu o codinome "Operação Quartzo". Este plano previa colocar as tropas rodesianas em pontos estratégicos dos quais eles poderiam simultaneamente destruir os terroristas nos Pontos de Reunião e assassinar Mugabe e os outros líderes terroristas em seus quartéis-generais de campanha. O ataque seria auxiliado por helicópteros Puma da Força Aérea da África do Sul e envolveria a participação de unidades de elite Recce do exército sul-africano. Claramente os rodesianos haviam discutido a Operação Quartzo com suas contrapartes nas SADF (Forças de Defesa Sul-Africanas) e obtiveram sua aprovação e cooperação. Lorde Soames já havia concordado em permitir que 400 tropas sul-africanas entrassem no país para proteger a área de Beitbridge, a principal rota de fuga para os brancos se a situação degenerasse em caos e guerra total. De fato, o número de homens que as SADF enviou para além da fronteira era mais próximo de 1.000, embora alguns tenham sido retirados depois dos protestos de Mugabe.

A Operação Quartzo foi aparentemente baseada na suposição de que, se Mugabe fosse derrotado nas eleições, seria necessário realizar um ataque contra a ZANU para impedir que suas forças tentassem um golpe e tomassem o país à força. O plano pressupunha uma vitória de Nkomo ou Muzorewa ou, mais provavelmente, de uma coalizão dos dois. As forças do ZIPRA já haviam, de fato, iniciado exercícios conjuntos de treinamento com as forças rodesianas e, sem dúvida, seus líderes tinham uma ideia do que a Operação Quartzo implicaria. No entanto, Nkomo não era popular entre os brancos, e havia uma possibilidade distinta de que as tropas brancas ignorassem as ordens para evitar conflitos com o ZIPRA.

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Preparando munição.

Embora os detalhes completos da Operação Quartzo nunca tenham sido tornados públicos, alguns aspectos do plano foram revelados por ex-membros das forças de segurança. O plano foi dividido em duas partes: a Operação Quartzo, um ataque aberto contra os terroristas, e a Operação Héctica, um ataque secreto para matar Mugabe e seu pessoal-chave.

Os Pontos de Reunião haviam sido acordados como parte do Acordo da Casa de Lancaster e eram simplesmente enormes campos onde milhares de terroristas se reuniam. As forças de segurança da Rodésia tinham sido encarregadas de monitorar as atividades pré-eleitorais e manter a paz. A maioria das unidades de linha de frente, portanto, já estava em posições a uma distância fácil de ataque dos campos terroristas. Os ataques nos campos seriam precedidos por ataques da Força Aérea Rodesiana.
A parte secreta do plano - Operação Héctica - deveria ser executada pelas tropas de elite do Serviço Aéreo Especial da Rodésia (Special Air Service, SAS). O esquadrão "A" do SAS assassinaria Mugabe, enquanto o esquadrão "B" cuidaria do vice-presidente Simon Muzenda e do contingente de 100 homens do ZANLA baseado no Centro de Artes Médicas. O esquadrão ‘C’ foi designado para eliminar os 200 homens do ZIPRA e do ZANLA com seus comandantes (Rex Nhongo, Dumiso Dabengwa e Lookout Musika) baseados no prédio de Artes Audiovisuais da Universidade da Rodésia. Tanto quanto possível, os homens do ZIPRA teriam a oportunidade de escapar, e possivelmente teriam sido informados do plano de antemão.

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Carga de combate completa de 43 projéteis.

Os esquadrões do SAS seriam apoiados por tanques e carros blindados do Regimento de Carros Blindados da Rodésia, junto com uma arma surpresa na forma de canhões sem recuo de 106mm, até então desconhecidos, no arsenal rodesiano.

Os carros blindados Eland apoiariam os esquadrões "A" e "B", enquanto os tanques T-55 rodesianos apoiariam o Esquadrão "C" macetando o prédio de Artes Audiovisuais até virar um monte de entulho antes do ataque das tropas. Inicialmente, pretendia-se que todos os oito tanques T-55 fossem usados contra os prédios da universidade, porém mais tarde quatro deles foram enviados a Bulawayo para ajudar o RLI Support Commando (4ª companhia, apoio, do Regimento Leve de Infantaria, "A Elite") no ataque planejado contra um grande Ponto de Reunião na área.

Os tanques foram secretamente colocados em navios de baixa carga e transferidos para uma área de reunião avançada no quartel King George VI. Os ensaios com os tanques haviam ocorrido no quartel de Kibrit, e o planejamento era completo e detalhado. Os tanques disparariam cerca de 80 projéteis de alto explosivo no prédio à queima-roupa, após o qual um único tanque derrubaria a parede de segurança ao redor da universidade. Com previsão, as tropas haviam até removido os pára-lamas dianteiros do tanque em questão, para que os destroços da parede não fossem pegos embaixo deles e sujassem nas lagartas! Este era o tanque de comando e durante os preparativos o CO (oficial comandante) estava em contato próximo com o major do SAS, Bob MacKenzie, cujas tropas subsequentemente entrariam no prédio e o limpariam. Trooper Hughes, que tirou as fotos exclusivas mostradas aqui, foi o municiador neste tanque em particular e ele lembra que os tanques também foram equipados com holofotes e totalmente abastecidos com munição extra 12,7 e 7,62 em adição à carga do canhão principal.

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Primeiros tiros de treinamento.

As equipes do SAS usariam essa brecha para assaltar o prédio e limpá-lo de terroristas, marcando cada sala limpa com um lençol pendurado para fora da janela. Os homens do SAS estavam bem preparados para a sua tarefa, equipados com fuzis AK-47, armaduras corporais e granadas de efeito moral, semelhantes às usadas pelos seus homólogos britânicos. A operação terminaria antes que os terroristas soubessem o que estava acontecendo.

Quando a votação chegou ao fim, as tropas do SAS, do RLI e dos Selous Scouts esperaram ansiosamente que a palavra-código "Quartzo" fosse dada. Eles estavam impacientes para enfrentar finalmente o inimigo que sempre usara táticas clássicas de guerrilha de ataque e fuga. Não pode haver dúvidas de que, se a ordem tivesse sido dada, as forças terroristas teriam sido dizimadas em poucas horas. Seu número superior teria contado por pouco diante de um ataque das pequenas, mas altamente motivadas e efetivas tropas rodesianas.

O sinal nunca foi dado.

Três horas antes, a operação foi cancelada e Mugabe foi anunciado como o vencedor, seus homens exultantes nas ruas de Salisbury, enquanto as tropas rodesianas observavam em silêncio.

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Segunda-feira, 04 de março de 1980 - 09:00h. História sendo feita - oportunidade perdida? Quartel Blakiston-Houston Barracks, membros do RhACR 'E' Sqn ouvem a transmissão do resultado da eleição na rádio ZRBC - Op Quartz terminou, para sempre.

A razão para o cancelamento da Operação Quartzo não é conhecida, mas existem várias explicações possíveis.

O Tenente-Coronel Garth Barrett, comandante do SAS, acreditava que ela havia sido comprometida por alguém nos níveis superiores de planejamento que trabalhava secretamente para os britânicos. Uma teoria verossímil, já que várias tentativas anteriores de matar Mugabe tinham sido aparentemente prejudicadas pela má sorte - reuniões onde emboscadas foram preparadas foram canceladas no último minuto e Mugabe escapou por pouco de várias tentativas à bomba contra a sua vida. Nkomo também havia escapado por pouco de uma tentativa bem planejada e executada contra sua vida pelo SAS na Zâmbia. Era quase como se estivessem sendo avisados de antemão.

Outra teoria é que a operação foi comprometida por homens do ZIPRA que foram informados do plano, seja de propósito ou por acidente. Sua proximidade com as forças do ZANLA dificultaria que eles mantivessem suas próprias preparações em segredo por muito tempo.

Uma terceira possibilidade é que, uma vez que o General Walls tenha percebido que Mugabe havia vencido a eleição, ele cancelou a operação, alegando que ela só deveria ser implementada se Mugabe perdesse a eleição e tentasse tomar o poder pela força.

Walls afirmou mais tarde em uma entrevista que ele não sabia da Operação Quartzo, mas depois passou a explicar que ele não havia ordenado um golpe porque não teria durado 48 horas em face da oposição mundial. Ken Flower, chefe do CIO (Central Intelligence Organisation / Organização Central de Inteligência), certamente sabia dos planos, uma vez que eles haviam sido dados a ele por um oficial do Special Branch. Curiosamente, ele não fez menção à Operação Quartzo em suas memórias.

Ian Smith também teria dito a Ian Hancock, em uma entrevista em julho de 1989, que ele havia conversado com os comandantes da força em uma reunião em sua casa, em Salisbury, pouco antes das eleições, e disse que Walls lhe assegurou que Mugabe não ganharia, mas quando pressionado por Smith, Walls admitiu que havia um plano de contingência para deter Mugabe. Parece muito improvável, portanto, que Walls não estivesse ciente da existência dos planos da Operação Quartzo.

Mesmo após a vitória de Mugabe ter sido anunciada, tropas das forças de segurança esperaram em antecipação tensa e a situação permaneceu incerta até que Walls foi à televisão naquela noite e anunciou que "qualquer um que saia da linha ou por qualquer razão comece a desobedecer a lei será enquadrado com eficácia e rapidez ..." Esta declaração cuidadosamente redigida sinalizou o fim de qualquer esperança de que a Operação Quartzo ainda pudesse ocorrer.

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Segunda-feira 04 de março de 1980 - 0915h - 'A Realidade Bate' - membros do RhACR 'E' Sqn. ponderam os resultados eleitorais recém-anunciados pela rádio ZRBC. A ficha cai. Op Quartzo está acabada - Mugabe é o novo primeiro-ministro - a ZANU PF é o partido no poder. Alguns choram, alguns riem, os soldados estrangeiros planejam suas fugas - no fundo, o rugido dos soldados africanos. A comemoração no Quartel KG VI cresce mais alto!

De acordo com o jornalista Pat Scully, os detalhes sobre a Operação Quartzo tornaram-se públicos depois que Mugabe decidiu se livrar de Peter Walls, após os comentários cáusticos deste último sobre Mugabe na TV e entrevistas na África do Sul. Ao acusar Walls de ter sido o cérebro por trás de todo o plano, Mugabe poderia dispensá-lo e, ao mesmo tempo, distrair a atenção do público do "Caso Tekere" (Edgar Tekere, um dos ministros de Mugabe, foi preso pelo assassinato de um idoso fazendeiro branco), o que estava dando a Mugabe muita má publicidade no exterior na época.

Nathan Shamuyarira (Ministro da Informação), portanto, acusou Walls na Casa da Assembléia em 15 de agosto de traição e afirmou o seguinte:

1. A Operação Quartzo envolveu uma aquisição militar do país em 4 de março, o dia da vitória eleitoral de Mugabe.
2. As tropas do ZANLA tinham sido propositalmente reunidas em pontos de reunião para que a Força Aérea da Rodésia pudesse destruí-las em massa.
3. O ZIPRA não deveria ser atacado, na esperança de promover uma aliança entre Nkomo e Muzorewa depois do ZANLA ter sido neutralizado.
4. A Operação Quartzo foi cancelada apenas três horas antes de ser lançada, porque Walls achou que não poderia ter sucesso em vista da esmagadora vitória de Mugabe nas urnas.

John Ellison, um editor estrangeiro do "Daily Express" (Londres), que originalmente divulgou a história, afirmou mais tarde que a versão dada por Shamuyarira na Casa da Assembléia tinha sido deliberadamente distorcida para implicar Walls. A Operação Quartzo, de acordo com Ellison, era simplesmente um plano de contingência que havia sido elaborado seis semanas antes e foi projetado para proteger o governo de coalizão (Nkomo-Muzorewa), que muitos acreditavam que seria o resultado final da eleição. A operação teria sido executada, caso se provasse necessário, em apoio a um governo legalmente eleito.

O General Walls negou categoricamente as alegações de Shamuyarira, dizendo que ele nunca tinha ouvido falar da Operação Quartzo, mas Mugabe se recusou a acreditar nisso, exigindo que Walls deixasse o país o mais rápido possível. Walls já havia apontado para Mugabe que ele não tinha controle suficiente sobre as 3 ex-forças terroristas, e em uma entrevista em agosto, na SABC-TV, previu que encrenca estava chegando. Ele estava certo - três semanas depois, tiroteios entre ZIPRA e ZANLA começaram...

Os sinais da Operação Quartzo

Que a Operação Quartzo foi de fato considerada seriamente pelas forças de segurança e que os preparativos foram detalhados e muito avançados no momento da eleição, é demonstrado pela existência de alguns dos sinais originais enviados às unidades do exército. Cópias foram mantidas, contra ordens, por alguns dos oficiais, e vários desses originais estão agora em posse da Associação do Exército da Rodésia, que está preparando uma história da guerra. Os exemplos a seguir foram fornecidos pelo Capitão Peter Bray do RhACR, e são aqui reproduzidos com exatidão (incluindo erros de digitação):

Sinal 1: http://www.rhodesia.nl/signal1.htm
Sinal 2: http://www.rhodesia.nl/signal2.htm
Sinal 3: http://www.rhodesia.nl/signal3.htm

Os tanques T-55 rodesianos

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Esquema de camuflagem líbio original.

Antes de 1979, o exército rodesiano não possuía tanques. Em outubro daquele ano, eles receberam oito tanques T-55 da África do Sul, confiscados de um navio francês, o “Astor”, que transportava uma remessa de armas pesadas da Líbia para Idi Amin, em Uganda. O regime de Amin entrou em colapso no dia em que o navio atracou em Mombasa e foi redirecionado para Angola. O navio ligou para Durban, onde a carga, incluindo dez tanques T-55LD construídos pela Polônia (construídos em 1975), foi apreendida, e a África do Sul, naquele momento, estava considerando entrar em guerra com Angola. Dois dos tanques foram mantidos pelos sul-africanos para avaliação. Os oito restantes foram transportados para a Rodésia, juntamente com assessores das SADF, com o objetivo de treinar tripulações rodesianas. O rumor foi espalhado de que os tanques haviam sido capturados em Moçambique, a fim de obscurecer o comprometimento da África do Sul no acordo.

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Esquema de camuflagem americano.

Os tanques, agora parte do Rhodesian Armoured Car Regiment (Regimento de Carros Blindados da Rodésia) - em um recém-formado “E” Squadron (Esquadrão "E") - foram levados por transportadores de tanque por vários meses para dar a impressão de que os rodesianos possuíam um grande número de tanques pesados. Ao chegarem, os T-55 usavam o esquema original de camuflagem da Líbia. O Major Winkler ordenou que eles fossem repintados em camuflagem americana, o que era eminentemente inadequado, e finalmente os instrutores sul-africanos os ordenaram pintados em camuflagem sul-africana anti-infravermelho, o que provou ser perfeito para as condições rodesianas.

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A camuflagem SADF se mostra ideal.

As tripulações dos tanques vieram do 'D' Sqn RhACR, soldados da força regular que tinham assinado um período mínimo de 3 anos. Tripulações treinadas eram vitais se os tanques fossem usados com máxima eficiência e era necessário assegurar que as tripulações permanecessem no Exército por algum tempo. Alguns poucos homens já tinham experiência com tanques, mas inicialmente havia muita experimentação e dependência dos manuais, até que o QG do Exército providenciou treinamento adequado ministrado por membros da Escola de Blindados das SADF.

O comando do 'E' Sqn foi dado ao Capitão Kaufeldt, um experiente tanquista da Alemanha Ocidental. Mais recrutas da RLI e Selous Scouts chegaram para preencher as lacunas e se saíram bem em sua nova tarefa.

Os rádios fabricados pelos soviéticos foram removidos dos tanques e substituídos pelos rádios e fones de ouvido sul-africanos usados nos blindados Eland 90. Eles usavam um sistema de microfone ativado pela garganta e eram muito superiores aos modelos soviéticos. Nos tanques soviéticos, os rádios eram operados pelo municiador, além de sua tarefa no canhão principal. Os rodesianos, argumentando que o municiador já tinha o suficiente para mantê-lo ocupado, moveram os rádios para a posição do comandante do tanque. As tripulações dos tanques receberam fuzis de assalto AKMS soviéticos novinhos em folha e estavam ansiosos para testá-los em condições de combate. Eles estavam destinados a permanecer não usados.

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Ligeiramente maior que um cano de AK.

Original: http://www.rhodesia.nl/quartz.htm?fbcli ... ZVnf-lBJAU

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Nov 17, 2019 2:20 pm
por FilipeREP
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Grupo de rodesianos posando em cima de um dos seus T-55.

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Nov 17, 2019 7:34 pm
por jambockrs
Meus prezados
Mais "Eitan", o irmão mais novo do Merkava

Eitan = o veneno
IDF = Israel Defense Forces

Re: tanques e blindados

Enviado: Dom Nov 17, 2019 9:39 pm
por FCarvalho
O mundo inteiro indo de 8x8 e nós aqui capengando em um 6x6 do qual não conseguimos derivar sequer uma única versão. É triste, para não dizer lastimável.

abs

Carros de combate Leopard 2A4 do Exército Indonésio.

Enviado: Dom Nov 17, 2019 10:34 pm
por FilipeREP
Carros de combate Leopard 2A4 do Exército Indonésio.

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Desfile do dia do Exército Real Tailandês

Enviado: Seg Nov 18, 2019 8:30 pm
por FilipeREP
Em 18 de janeiro de 2018, um desfile militar foi realizado em Bangcoc em homenagem ao Dia do Exército Real Tailandês.

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Re: tanques e blindados

Enviado: Seg Nov 18, 2019 9:03 pm
por FilipeREP
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Carros de combate T-54A soviéticos em Budapeste, 1956. Eles estão com as torres em 180º com proteções no chassis.


Re: tanques e blindados

Enviado: Ter Nov 19, 2019 11:25 am
por cabeça de martelo
Iron Spear – World’s Largest Tank Concentration and Shooting Competition

[youtube][/youtube]

[youtube][/youtube]

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1º - France – Foxtrot 5
2º - Norway – November 5
3º - USA – Yankee2

Re: tanques e blindados

Enviado: Ter Nov 19, 2019 12:44 pm
por Arariboia
Dia do Artilheiro na Russia



No final se gastou mais munição que o Exercito Brasileiro em um década... :lol: :mrgreen:

Manobras com o Sherman no Brasil

Enviado: Ter Nov 19, 2019 5:13 pm
por FilipeREP
Carros de Combate M4A1 Sherman (Couraça Composta) em manobras no Campo de Gericinó, Rio de Janeiro, próximos à escola de blindados, em abril de 1957.

LIFE Magazine, fotografias de Dmitri Kessel, originais em preto e branco e coloridas.

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Re: tanques e blindados

Enviado: Qui Nov 21, 2019 8:39 pm
por FilipeREP