FCarvalho escreveu:Infelizmente, por aqui, operacionalidade e adaptação as suas condicionantes reais e efetivas em meio ao conflito moderno, parece ser algo tão idílico quanto surreal para a grande parte dos militares brasileiros, mais preocupados com a manutenção de tradições, 'burrocracias', desfiles e ordem unida.abs
Os militares tem, sim, capacidade de adaptação às realidades do combate, quando a situação aparece. Pode demorar um pouco, no entanto.
Quando ficou claro a existência de um foco guerrilheiro no Araguaia, em 1972, a primeira ação do Exército foi uma varredura convencional, na crença de que tratava-se tão somente, de terroristas urbanos se escondendo da polícia. A tropa empregada era convencional, de soldados conscritos. Os guerrilheiros se esconderam no mato, armando emboscadas sempre que as condições permitiam. E ficou claro que a tropa convencional não estava apta para a ação.
Anos depois, após uma meticulosa preparação de inteligência, uma nova operação foi empreendida. Desta vez, contando com soldados selecionados. E todos, totalmente descaracterizados, isto é, com roupas dos habitantes locais, cabelos e barbas grandes, e com a proibição de utilização de postos e saudações militares. Isso valia, inclusive, para o pessoal da FAB encarregado dos helicópteros "Sapão" (UH-1H "Huey"). Em questão de meses, a força guerrilheira teve sua capacidade de combate desmantelada, e a operação converteu-se em mera ação de limpeza dos sobreviventes, uma autêntica caçada humana.
Então, usar barba e cabelos compridos e vestimentas civis não é nenhuma novidade para as Forças Armadas brasileiras, quando a situação exige.
Isso é uma exceção,é uma tropa profissional, que fez isso então não vem ao caso, eu menciono tropas convencionais, de soldados que ficam todo o dia em serviço nessas missões de paz no RJ e fora, que são vistos todo dia pela criminalidade, e depois são reconhecidos e assassinados pelos bandidos, justamente pelo cabelo curto e a falta de barba.
Tropas profissionais não tem muito esse problema, pois muitas vezes eles já vão descaracterizados e recebem permissão para esconder a identidade.
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Seg Mar 28, 2016 12:50 pm
por cabeça de martelo
FOEsp e o 2ºBIPara em treino operacional:
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Ter Mar 29, 2016 6:05 am
por cabeça de martelo
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qui Mar 31, 2016 11:33 am
por cabeça de martelo
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qua Abr 06, 2016 9:57 am
por cabeça de martelo
7/4/1994 - Kigali (Rwanda) - RIP - We Will Remember Them
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qua Abr 06, 2016 6:47 pm
por FCarvalho
Que se passou com esses caras Cabeça?
abs
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qua Abr 06, 2016 8:23 pm
por Ckrauslo
Morreram Fcarvalho, isso são memoriais feitos à operadores, se o cabeça fez como está sendo feito, a data e local de morte foi o que ele escreveu abaixo da imagem deles, pelos nomes franceses e a bandeira devem ser belgas
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qui Abr 07, 2016 1:06 pm
por cabeça de martelo
Exacto, foi um autêntico massacre, tudo porque o comando deu ordens para que eles não fizessem nada e por causa disso foram chacinados.
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Qui Abr 07, 2016 4:29 pm
por FCarvalho
obrigado pela resposta. gostaria de saber mais sobre este episódio. onde posso encontrar informações?
abs
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Sex Abr 08, 2016 10:15 pm
por Poti
Lembro de ler um RAIDS magasine sobre isso. Foi em Ruanda, foram torturados um a um. Um dos belgas descrevia pelo rádio o que ocorria aos outros belgas numa posição próxima. Com machadinha cortavam membros dos soldados. Última palavra do belga no rádio foi "agora é minha vez". Os soldados na base por perto receberam ordens de não agir, este episódio foi trágico.
Re: Artigo Brigada de Infantaria Paraquedista
Enviado: Sáb Abr 09, 2016 8:12 am
por cabeça de martelo
Poti escreveu:Lembro de ler um RAIDS magasine sobre isso. Foi em Ruanda, foram torturados um a um. Um dos belgas descrevia pelo rádio o que ocorria aos outros belgas numa posição próxima. Com machadinha cortavam membros dos soldados. Última palavra do belga no rádio foi "agora é minha vez". Os soldados na base por perto receberam ordens de não agir, este episódio foi trágico.
Exacto, quando os soldados Belgas saíram do dito país a última coisa que fizeram antes de embarcar foi cortar, rasgar a Boina Azul da ONU. Ficaram com ódio da dita organização!
Eles tinham umas ROE extremamente restritivas e ainda por cima recebiam ordens para não actuar... isto tudo no meio de um massacre brutal (mesmo para os padrões africanos).
Um filme que mostra o ambiente em que tudo isto estava inserido, é o "Hotel Ruanda".
Poti escreveu:Lembro de ler um RAIDS magasine sobre isso. Foi em Ruanda, foram torturados um a um. Um dos belgas descrevia pelo rádio o que ocorria aos outros belgas numa posição próxima. Com machadinha cortavam membros dos soldados. Última palavra do belga no rádio foi "agora é minha vez". Os soldados na base por perto receberam ordens de não agir, este episódio foi trágico.
Exacto, quando os soldados Belgas saíram do dito país a última coisa que fizeram antes de embarcar foi cortar, rasgar a Boina Azul da ONU. Ficaram com ódio da dita organização! Eles tinham umas ROE extremamente restritivas e ainda por cima recebiam ordens para não actuar... isto tudo no meio de um massacre brutal (mesmo para os padrões africanos).
Um filme que mostra o ambiente em que tudo isto estava inserido, é o "Hotel Ruanda".
Não mais que por acaso eu assisti essa semana o referido filme. E me lembrei deste post e dos holandeses. Vergonha é uma palavra fraca para descrever tais coisas.
Penso então aqui comigo: se você diz a um soldado que ele não pode lutar, quando ele quer lutar, então você se arrisca a fazer dele ou um covarde, ou um assassino. Em qualquer uma destas consequências, ninguém sai ganhando.
Penso se tivéssemos sido nós lá, talvez as coisas teriam sido diferentes. Não sei. Acho que não.
Vai ver é por isso que talvez eu seja professor, e não soldado.
Obediência sempre deveria ser vista em relação. Mas fazer o quê.
Só podemos lamentar e nos envergonhar. Civis e soldados.
Mas vinte anos depois, pensando bem, alguma coisa mudou? Será que sentir vergonha nos ajudou a tornar o mundo um pouco melhor e a redimir nossas omissões?