Do alto de meu nada abalizado ponto de vista, falar em NAe (não vi ninguém aqui falando, que eu me lembre) como defensor do Pré-Sal é me chamar de Juca. Vejo o referido navio como um meio de projeção de força - e a loooonga distância. Caberia até questionar o que esperamos de um meio desses, como ele realmente se insere na END. Botar Rafale no A-12, com todas as limitações expostas naquele post do Lynx que citei, e notem que não falo apenas dos quarenta minutos (vinte mais vinte) mas do próprio navio, ou seja, catapultas, cabos de retenção & quetales, parece a mim pouco efetivo. Assim, será mesmo que ter Rafale operando a meia-boca (bobear e é 'um quarto de boca') num NAe pequeno e já idoso é mais barato e produtivo do que mandar alguns Aviadores Navais fazerem com os Franceses o que os Argentinos fazem com a MB? Em suma, estou questionando o custo-benefício das opções e não num sentido meramente econômico mas intrinsecamente OPERATIVO.
Ressalto que faço a pergunta não para puxar brasa para o assado de ninguém mas porque realmente quero APRENDER, e é o que mais faço quando encopntro um debate como este.
Caro Túlio, é sempre uma imensa satisfação tentar explicar o que possa, quantas vezes forem necessárias.
Não vai conseguir tirar meu título de saco de adamântium
![Laughing :lol:](./images/smilies/icon_lol.gif)
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Vamos lá.
Em primeiro lugar teremos que nos reportar várias vezes a END e ao esquecido tópico de Estratégia Naval.
O que diz a END sobre a MB?
A prioridade é assegurar os meios para negar o uso do mar a qualquer concentração de
forças inimigas que se aproxime do Brasil por via marítima. A negação do uso do mar
ao inimigo é a que organiza, antes de atendidos quaisquer outros objetivos estratégicos,
a estratégia de defesa marítima do Brasil. Essa prioridade tem implicações para a
reconfiguração das forças navais.
Ao garantir seu poder para negar o uso do mar ao inimigo, precisa o Brasil manter a
capacidade focada de projeção de poder e criar condições para controlar, no grau necessário à defesa e dentro dos limites do direito internacional, as áreas marítimas e águas interiores de importância político-estratégica, econômica e militar, e também as suas linhas de comunicação marítimas.
Aqui vemos claramente o que a END define para a MB.
Estes conceitos estão explicados no pobre tópico citado, sobre Estratégia Naval.
E continua:
A negação do uso do mar, o controle de áreas marítimas e a projeção de poder devem ter por foco, sem hierarquização de objetivos e de acordo com as circunstâncias:
(a) defesa pró-ativa das plataformas petrolíferas;
(b) defesa pró-ativa das instalações navais e portuárias, dos arquipélagos e das
ilhas oceânicas nas águas jurisdicionais brasileiras;
(c) prontidão para responder à qualquer ameaça, por Estado ou por forças não convencionais
ou criminosas, às vias marítimas de comércio;
(d) capacidade de participar de operações internacionais de paz, fora do território
e das águas jurisdicionais brasileiras, sob a égide das Nações Unidas ou de
organismos multilaterais da região;
Então, as tarefas que a MB deve cumprir estão perfeitamente definidas, sem sombra de dúvidas.
Onde se insere o PA?
No controle do mar e na projeção de poder, além da contribuição para a dissuasão, que a END não trata especificamente para o meio.
Como o PA defenderá o pré-sal?
Controlando o mar na área das plataformas.
De que modo?
Garantindo a superioridade aérea na área desejada, realizando reconhecimento aéreo, patrulha A/S com seus meios, destruindo com ataques aéreos qualquer meio que as ameace, etc.
Se voltarmos ao pobre tópico citado, a proteção a uma área pode ser próxima, ou distante.
Próxima, mantendo-se na área em questão, e esperando para reagir; distante, interpondo-se entre a área e a força inimiga, buscando a Batalha para destrui-la.
Mas como a END trata o tema PA, diretamente?
A força naval de superfície contará tanto com navios de grande porte, capazes de operar e de permanecer por longo tempo em alto mar, como de navios de porte menor, dedicados a patrulhar o litoral e os principais rios navegáveis brasileiros.
Ainda:
Entre os navios de alto mar, a Marinha dedicará especial atenção ao projeto e à
fabricação de navios de propósitos múltiplos que possam, também, servir como
navios-aeródromos. Serão preferidos os navios-aeródromos convencionais e de dedicação exclusiva.
Quanto ao Rafale em si, podia ser qualquer outro para o raciocínio, quando o MD apresentar ao Presidente e ao CDN o resultado do estudo do FX, onde a palavra UNIFICAÇÃO é muito forte, e explica o mesmo meio para as duas Forças, estará dizendo que o projeto de obtenção de um NAe de 50.000 ton é condizente com a END, deve ser referendado pelo Estado brasileiro, que precisa do meio.
Lembrando a END:
Unificar as operações das três Forças, muito além dos limites impostos pelos protocolos de exercícios conjuntos.
Então, quanto ao SP, se ele opera full o rafale, ou não, estamos nos prendendo ao passado, e não vendo o futuro.
Estamos errando gravemente e criando as condições para perdermos um conflito em que estivermos metidos.
Esta é a questão primordial, vista por poucos, como o mano velho Orestes.
Erro que não está sendo cometido pelas altas esferas de decisão nacionais, ainda bem.
Se puder ajudar em algo mais, sempre as ordens.
Forte abraço