Mercenários pelo que vi esses dias já estão indo mesmo, mas acho que irão "mercenários" que nada mais são que o exercito Russo mesmo.
Re: SYRIA
Enviado: Sex Jun 14, 2013 11:34 am
por pt
Clermont escreveu:Curioso que esta decisão americana veio logo após o Exército sírio dar sinais de recuperação, tomando cidades importantes e ameaçando avançar ainda mais no coração do território sob controle rebelde.
Não é assim tão curioso, quando consideramos o que aconteceu na Líbia, em que uma decisão foi tomada poucas horas antes de Kadafi tentar o ataque final contra a cidade de Benghazi, ameaçando com um banho de sangue.
O problema neste momento, é que muita gente não está disposta a aceitar os ataques contra populações civis com armas químicas como argumento. É preciso que mais alguém venha também provar que o regime socialista atacou a população civil com essas armas.
Curioso é que a Zona de Exclusão será (se for implementada) na fronteira entre a Síria e a Jordânia, porque não é possível implementa-la no norte, por causa da situação na Turquia, o mesmo que aconteceu com o Iraque.
Mas para implementar uma ZEA, é imprescindível destruir o que ainda resta da capacidade aérea e anti-aérea da fação de Bashar Al Assad e do Hezbollah.
E o Hezbollah, lutará até ao último sírio. Nasrallah joga tudo nessa guerra. Sem a Síria ficará completamente isolado.
Israel agradece isto tudo.
Re: SYRIA
Enviado: Sex Jun 14, 2013 11:55 am
por pt
FCarvalho escreveu:Tanto é que os russos recentemente já voltaram a operar com regularidade a sua frota no mediterrâneo, e outras providencias de cunho militar estão também sendo tomadas desde já há algum tempo.
Nem no tempo da União Soviética os russos tinham capacidade para desenvolver grandes operações militares. A capacidade anfibia para operações combinadas da Russia Comunista era umas 20 vezes maior que hoje, e estava pensada para um ataque no mar Báltico contra as costas da Alemanha e da Dinamarca para encerrar o Báltico aos aliados e contra a Turquia no Mar Negro. Tudo alvos a distâncias médias de 500km da base.
Todas estas operações teriam lugar a menos de 1000km da base dos navios russos. Os mais de 40 Polochny de 800t transportavam grupos de 120 a 180 homens e 6 tanques. Os 24 (vinte e quatro ) Ropucha de 3800t transportavam uma brigada ligeira de 400 homens e alguns BRDM / BMP e BTR e os três Ivan Rogov tinham capacidade para transportar um batalhão reforçado com até 500 homens e carros pesados.
Mesmo com esta estrutura a Russia soviética não tinha capacidade para intervir no mediterrâneo.
Onde estão os Ivan Rogov ?
Os navios mais pequenos nem fazem parte das esquadras. A Russia só tem um pequeno número de navios com uma ou duas fragatas modernizadas. Os grandes navios de representação, servem para isso mesmo, representar e meter medo a quem pode ficar impressionado com o tamanho mas não conhece a sua verdadeira capacidade militar.
Não tenhamos ilusões. A Russia é uma sombra efemera do antigo país comunista e não vai arriscar a sua economia, a sua opinião pública, as suas relações internacionais, numa aventura que nunca levaria a nada que não fosse a humilhação internacional.
A Síria não é a Georgia, onde se chega atravessando um tunel através de uma montanha. Fica a 4 horas de viagem de Iliushyn 72 e a 18 dias de viagem de barco a 12 nós.
Se os navios russos viajarem à velocidade máxima, têm que reabastecer e o reabastecedor e o rebocador que os acompanha não atingem a velocidade das fragatas.
Enfim...
Isto das operações militares é muito complicado.
Manter a Zona de Exclusão custa 50 milhões por dia, mas manter um navio de guerra a mais de 5.000 milhas náuticas da base, sem apoios, é igualmente muito, muito caro.
Cumprimentos
Re: SYRIA
Enviado: Sex Jun 14, 2013 5:13 pm
por FCarvalho
Caro pt, tenho cá comigo que os russos tem bem plena consciência das limitações que expusestes sobre si mesmos, e do quadro de entorno da Síria; principalmente em se falando do Putin, que não gosta, e nem admite, passar por vexames, quaisquer que sejam.
Então o jogo será complicado para ambos os lados, e o tabuleiro no mediterrâneo é/está extremamente complexo, visto que os USA e/ou OTAN também não tem e nem estão lá assim com essa folga toda, diria, para sair por aí e implementar ZEA's no oriente médio, sem achar que não serão importunados por ninguém.
Os russos podem ser tudo, menos ingênuos ou tolos. E o porto de Tartus na própria Síria já é um ponto de apoio mais do que importante para os russos e sua frota no mediterrâneo, por todas as movimentações que se tem visto até hoje, e parece valer o esforço russo. Mesmo que frota russa seja atualmente um ator meramente representativo naquelas águas, só o simples fato de sua presença no mediterrâneo oriental bem as barbas da 5a Frota americana já é motivo para muito desassossego e preocupação para qualquer planejador naval. Como bom português sabes bem sobre esse tipo de coisas na história naval.
Então, como disse, os russos, que não são bobos nem nada, vão jogar ali de acordo com as probabilidades dos acontecimentos, sobre suas atuais competências e interesses. Eles podem não dispor mais das capacidades soviéticas, mas acredito que antes de tudo, quando instigados a determinar-se a defender o que creem serem um interesse seu, ainda não vi, na história passada, e menos ainda na recente, uma atitude outra deles que não fosse a de simplesmente fazer o que lhes convém, não importando muito o preço.
A Russia não é mais a URSS. Mas também não é o Iraque, e menos ainda a Líbia ou o Afeganistão. E muito menos o Brasil.
abs.
Re: SYRIA
Enviado: Sex Jun 14, 2013 8:00 pm
por pt
FCarvalho escreveu:Caro pt, tenho cá comigo que os russos tem bem plena consciência das limitações que expusestes sobre si mesmos, e do quadro de entorno da Síria; principalmente em se falando do Putin, que não gosta, e nem admite, passar por vexames, quaisquer que sejam.
Eu também acho que os russos têm a noção das suas (deles) debilidades. E eles entendem isso muito melhor que nós.
Já o Putin, ele engolirá o que tiver que engolir e desde que não possa evitar.
Quando os russos invadiram a Georgia em 2008, no Pentágono houve generais que juraram que a Russia pagaria caro, muito caro, a afronta. A Russia já está a pagar desde a queda de Kadafi e a Síria será mais uma etapa na jura de vingança americana.
Falamos muito que o Putin não leva desaforo para casa e tendemos a esquecer que os americanos levam ainda menos, só que trabalham a longo prazo.
A China entendeu muito rápidamente o que os americanos estavam a fazer e de imediato preparou-se para substituir a Russia. Pela primeira vez vimos navios de guerra chineses no mediterrâneo e esquadras de navios chineses já visitaram até Lisboa.
FCarvalho escreveu:E o porto de Tartus na própria Síria já é um ponto de apoio mais do que importante para os russos e sua frota no mediterrâneo, por todas as movimentações que se tem visto até hoje, e parece valer o esforço russo. Mesmo que frota russa seja atualmente um ator meramente representativo naquelas águas, só o simples fato de sua presença no mediterrâneo oriental bem as barbas da 5a Frota americana já é motivo para muito desassossego e preocupação
A Russia pode enviar para o mediterrâneo apenas um pequeno grupo de navios. E os russos não vão arriscar um conflito generalizado por causa de um porto que serve apenas para facilitar a entrada e saida de marinheiros da esquadra e o reabastecimento de combustível de quatro navios.
Os russos podem utilizar outros portos, o problema é que não querem faze-lo por uma questão de prestigio.
As esquadras russas só dão dores de cabeça, quando têm capacidade real para complicar a vida dos outros e as opções táticas e estratégicas dos outros.
Na década de 1960 a esquadra russa tinha facilidades em vários portos, desde a Líbia ao Egito passando pela Síria e pela Argelia. Nessa altura ela era mais perigosa e muito mais numerosa.
A esquadra russa nop mediterrâneo hoje, é uma sombra do passado, desesperadamente agarrada a um símbolo.
A China já enviou mais navios modernos para o mediterrâneo que a Russia e não precisou de nenhum porto sírio.
A verdade é que não há verdadeiramente nenhum grande interesse estratégico russo em jogo na Síria. Já pode ter havido, mas hoje não há mais. Os portos de Latakia e Tarteso estão na região xiita e a ligação que têm para Damasco, é através da recentemente reconquistada estrada que passa pela cidade de Qusair. Se os rebeldes começarem a receber reforços, Qusair será dos primeiros alvos e as cidades da costa voltarão a ficar isoladas.
Este é um conflito inutil. Já morreram quase 100.000 pessoas (inumeras vezes mais que na Líbia) e para quê ?
A Síria não tem petróleo...
Re: SYRIA
Enviado: Sáb Jun 15, 2013 1:44 am
por hades767676
Você apoia uma intervenção na Síria?
O presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu dar um apoio militar para a oposição síria. Isto deve significar o fornecimento de armamentos e o treinamento de rebeldes, mas, pelo menos por enquanto, não o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea
Esta decisão traz uma série de consequência
.É fácil entrar em um conflito, mas extremamente difícil sair
. Não se sabe qual o destino destes armamentos. Basta ver a Líbia, onde milícias armadas pela OTAN cometeram atentados contra consulados e embaixadas ocidentais e ainda desrespeitam o controle do Estado. No Afeganistão, nos anos 1990, os mujahedin, armados pelos EUA, se transformaram no regime do Taleban
. O grupo mais forte da oposição é a Frente Nusrah, aliada da Al Qaeda e considerada terrorista pelo próprio governo americano
. Minorias religiosas, especialmente os alauítas e cristãos, que apoiam abertamente Assad, devem ser massacrados futuramente pelos rebeldes, majoritariamente sunitas religiosos. Inclusive, muitos já foram, como xiitas pró-regime ontem
. O armamento dos rebeldes não garante vitória alguma. Rússia, Irã, Iraque e Hezbollah devem intensificar o apoio ao regime, que deve intensificar os esforços para vencer o conflito
. Os EUA partem do pressuposto que a maior parte da população síria é contra Assad. Não há nenhuma indicação neste sentido. No Golã, em território controlado por Israel, e sem a presença do regime, os moradores sírios apoiam abertamente Assad. Converse mesmo com sírios no Brasil e nos EUA, especialmente cristãos, e vejam de que lado eles estão
. O regime permanece extremamente forte em Damasco e na Costa Mediterrânea. Nesta área, em cidades como Tartus e Latakia, a força e o apoio ao regime é enorme. Não dá para imaginar como seria possível derrota-los, ainda que a capital venha a ficar nas mãos dos rebeldes
. Os EUA intervieram no Iraque e derrubaram Saddam Hussein em 2003. Dez anos mais tarde, apesar de o país já ter chegado a receber 180 mil membros das tropas da OTAN, a guerra continua – e o ˜número de mortos é mais do que o dobro na Síria, com um governo em Bagdá aliado do regime iraniano e também de Assad
. O objetivo pode ser derrubar Assad. Mas e depois? Como estabilizar o país? O que fazer com todas as Forças Armadas da Síria, que estão ao lado do regime? E as milícias pró-Assad? E como impedir a Frente Nusrah e outros grupos extremistas da oposição de assumirem o poder?
. Os EUA dizem defender a democracia. Mas, neste caso, estarão se aliando a regimes não democráticos. Um deles, a Arábia Saudita, possui um regime de Apartheid contra as mulheres. Qual a lógica?
. O que são os rebeldes? São mais de mil facções armadas, sendo a mais forte delas ligada à Al Qaeda. O Exército Livre da Síria existe apenas no nome, sendo uma colcha de retalhos de grupos independentes. No Iraque, onde os EUA tinham 180 mil soldados e muito menos facções armadas, os americanos tiveram dificuldades sobre com quem fazer alianças
Obs. Obama concorda com todos os pontos citados acima, tanto que, mesmo depois de dois anos e meio de conflito, se mantinha relutante em se envolver. Mas o presidente acabou cedendo a pressões de figuras como John McCain e Bill Clinton. O risco, como diriam os libertários americanos, são os EUA se aliarem à Al Qaeda, que está na oposição, contra os cristãos sírios, que apoiam o regime. É totalmente antagônico, mas é exatamente isso
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado,
ESTADAO
Re: SYRIA
Enviado: Sáb Jun 15, 2013 6:15 am
por pt
O grupo mais forte da oposição é a Frente Nusrah, aliada da Al Qaeda e considerada terrorista pelo próprio governo americano
Este grupo tem de 5.000 a 10.000 combatentes.
O Exército da Síria livre tem entre 60.000 e 140.000 (dependendo das fontes e do que se considera um combatente). A estrutura não é coesa e poderá controlar de facto apenas 20.000 a 30.000 homens.
Mas é o exército da Síria livre que tem a única estrutura com alguma coisa que parece ser comando e controlo além de logística. E é esta organização que vai ter acesso a armas e dinheiro fresco.
E quem paga é quem manda.
Há outros grupos com importância como os curdos no norte, que foram deixados sozinhos para criar problemas aos turcos, mas de resto há grupos que sendo numerosos e não estando enquadrados, desaparecem por si, quando a guerra acabar.
É evidente no entanto que estes grupos não vão desaparecer todos e que os seus militantes não vão ficar todos no desemprego sem nada para fazer.
Há quem afirme que quando os estados do golfo lhes cortarem a gasolina eles desaparecem ou perdem grande parte da força. Como são sunitas eles não vão receber apoio dos iranianos.
Evidentemente que os neocons, a direita conservadora americana, os grupos de fanáticos evangelicos os Tea-Parties etc. não querem ouvir falar de um conflito em que não há petróleo.
Deste ponto de vista, nunca a esquerda europeia, a Russia e a direita americana estiveram tão próximos uns dos outros.
Deve ser o fim dos tempos
Re: SYRIA
Enviado: Sáb Jun 15, 2013 11:08 am
por cabeça de martelo
Re: SYRIA
Enviado: Sáb Jun 15, 2013 3:38 pm
por Clermont
A tentação da intervenção.
Estará a loucura coletiva de Washington empurrando a América rumo a uma guerra na Síria?
Por Doug Bandow - The American Spectator - 13.06.13.
Desde o alvorecer da história humana, homens tem guerreado uns contra os outros. As mais amargas destas lutas tendem a ser travadas no interior de comunidades políticas, o tipo de guerras civis que assolaram a América, Rússia, China entre muitos outros. Hoje, a Síria está atravessando um brutal derramamento de sangue similar. O resultado é uma tragédia horrível.
Autoridades da administração americana estão, segundo relatos, debatendo sobre o fornecimento de armas aos insurgentes da Síria. Uma porta-voz do Conselho de Segurança Nacional explicou: "Estamos examinando mais de perto o que podemos fazer para auxiliar a oposição."
É uma má idéia. Este tipo de conflito confuso é precisamente do tipo no qual Washington não devia se envolver. Nem tudo no mundo é ou deveria ser da conta dos Estados Unidos, ou sobre o que Washington deseja.
De fato, a pressão para intervir sugere que trabalhar em Washington leva à loucura política. Apesar do fim da Guerra Fria, as Forças Armadas americanas passaram a maior parte do último quarto do século engajadas em combate. No mesmo momento em que Washington deveria estar perseguindo uma política de paz, os fazedores de política estão considerando ingressar numa guerra civil na qual a segurança da América não está envolvida, outras nações tem muito mais em jogo, muitos dos caras "bons", de fato são maus, e de onde não haverá nenhuma saída fácil.
O ponto de partida para a política externa americana deveria ser a paz. Algumas vezes, tempos trágicos exigem a guerra, mas apenas raramente. A maioria das guerras da América são difíceis de justificar, com mortes e destruição em massa infligidas por razões que, em retrospectiva, parecem frívolas ou tolas. Ação militar não devia ser uma questão de escolha, apenas outra opção política. A guerra não é uma ferramenta humanitarista a ser empregada para "consertar" sociedades estrangeiras. O governo não devia convocar os americanos às armas a menos que sua própria comunidade política tivesse algo de substancial em jogo.
Nenhum tal interesse existe na Síria.
A intervenção contra Damasco significa guerra. Alguns ativistas imaginam que Washington só precisa balançar um dedo ou dois e o presidente Bashar Assad cairá. No entanto, embarques de armamentos, zonas de exclusão aérea e de segurança não serão o bastante para derrubar um regime que sobreviveu a dois anos de combates. O poder aéreo aliado foi singularmente eficaz na Líbia devido ao seu terreno aberto e a falta de modernas defesas aéreas pelo governo, e mesmo então, o conflito arrastou-se por meses. Uma ineficaz intervenção custaria vidas e credibilidade enquanto garantiria um futuro envolvimento mais forte.
Não há nenhuma razão de segurança séria para a guerra. Damasco não atacou ou ameaçou atacar a América. Os amigos próximos da América, Israel e Turquia, possuem poderosas forças armadas e eram capazes de se defenderem da Síria mesmo antes deste país mergulhar na guerra civil.
A intervenção tem sido sugerida como retaliação por Damasco ou ter aquiescido ou facilitado ataques contra as forças militares americanas durante a ocupação do Iraque. Este é um casus belli um pouco velho, no entanto. Pior, a América tem rotineiramente auxiliado insurgentes contra regimes inamistosos e seus protetores melhor armados: Afeganistão, Angola, Cuba e Nicarágua, entre outros, com a União Soviética como superpotência patrocinadora comum. Washington pode fazer isto de novo. Presumivelmente, os EUA não desejarão que outros países considerem tal assistência como causa para a guerra.
Outra preocupação é que o conflito espraie-se pelas fronteiras da Síria. O país transformou-se num campo de batalha por procuração para Qatar e Arábia Saudita versus Irã. A intervenção do Hezbollah para apoiar o regime Assad detonou manifestações e violência no Líbano; a guerra está inflamando a fronteira sectária dividindo o Iraque. Refugiados tem fluído para a Turquia. Israel preocupa-se com o combate migrando para o sul, rumo às Colinas de Golan.
Mas nada disto exige uma intervenção americana. A manutenção da estabilidade geopolítica raramente se aproxima de um interesse vital justificando a guerra. Certamente não faz isto neste caso.
Tentar intervir no curto prazo pode mudar o equilíbrio do poder, mas não produzir estabilidade. Tentar impor estabilidade através da real invasão e ocupação tornará a América parcela da subseqüente instabilidade. Washington, tolamente, tentou impor ordem na guerra civil do Líbano, três décadas atrás, e foi forçado a uma embaraçadora retirada. Não há razão alguma para acreditar que ingressar na festa de morte síria renderá um resultado melhor.
Outra afirmação é que a derrubada da ditadura síria, uma aliada antiga de Teerã, enfraquecerá este último. Provavelmente, mas isto pode não redundar em benefício para Washington. Então, o Irã terá um ainda maior incentivo para enfatizar seus laços com o Iraque dominado por xiitas, que também tem auxiliado Assad. Uma Síria sectária, fragmentada e caótica, provavelmente contribuirá mais para intranqüilizar Iraque, Israel e Líbano, aliados ou amistosos para com a América, do que o Irã. E mais, a dividida elite de Teerã poderá cerrar fileiras em resposta a uma sensação de cerco. Fazer guerra contra a Síria de forma a golpear indiretamente o Irã poderá ser um péssima barganha.
Advogados da ação americana apontam um dedo acusador contra o Irã, o Hezbollah do Líbano e a Rússia por ajudarem Damasco. No entanto, moralizações hipócritas não são argumento para a guerra. Afinal de contas, Washington não pediu permissão de ninguém antes de se movimentar rumo ao Iraque na porta ao lado. Qatar e Arábia Saudita estão fornecendo dinheiro e armas para os rebeldes. A Turquia está oferecendo santuário para os insurgentes. E autoridades americanas proclamam o direito de intervir por quaisquer razões a qualquer tempo. A natureza internacional do conflito é uma boa razão para Washington ficar de fora.
Os estoques de armas químicas da Síria também servem de argumento contra a intervenção. Embora chamados de armas de destruição em massa, agentes químicos são os menos eficazes e mais geograficamente restritos. O "vazamento" mais provavelmente ameaçaria os vizinhos da síria do que a América. Enfraquecer ou derrubar o regime de Assad mais provavelmentre liberaria agentes químicos para governos ou grupos potencialmente hostis. Ataques aéreos poderiam provocar a contaminação de civis próximos com agentes químicos. Coturnos no terreno significariam mudança de regime, deixando Damasco sem motivo algum para não utilizar armas químicas como último recurso de defesa.
A mais premente preocupação é humanitária. Estimativas dos mortos em dois anos de guerra alcançam 70 mil ou mais. Porém, a Síria não é um caso de genocídio cometido por um governo armado contra um povo desarmado. Existem duas forças prontas para matar. Derrotar uma não significa paz. Antes, significa que a outra chegará ao poder, talvez de forma ruinosa.
Tanto em Kosovo quanto em Ruanda, os vitoriosos apoiados pelos EUA cometeram atrocidades. Mesmo hoje, os primeiros negam aos sérvios étnicos o direito a autodeterminação e os últimos mantém um governo autoritário. Na Síria, represálias são certas seja quem vencer, a não ser que Washington entre e então, fique atolado numa tentativa de "construção de nações". Nem o Afeganistão, nem o Iraque oferecem razões para otimismo - extenso derramamento de sangue, interminável envolvimento, resultado desapontador. O resultado na Síria, na verdade, poderá ser, de longe, pior, devido ao risco do radicalismo islâmico entre os insurgentes.
De fato, a mais séria ameaça a segurança da América de hoje, é o terrorismo. Entretanto, ataques contra civis americanos raramente ocorrem num vácuo. Intervenção promíscua ao redor do mundo cria inimigos. Não importa se Washington acredita que um ataque de drones, operação aérea, invasão ou ocupação é justificada. Alguém na ponta receptora provavelmente sentirá de outra forma, e decidirá que os americanos são um alvo apropriado para a violência.
Embora isto não signifique que o governo americano nunca deva agir, significa que Washington devia contabilizar, cuidadosamente, o custo de intervir. Pular para dentro do imbroglio sírio significará tomar partido no conflito dos outros, naturalmente encorajando a retaliação, como aconteceu após o presidente Ronald Reagan inserir forças americanas na multilateral guerra civil do Líbano em 1983. Aqueles na ponta receptora do poder de fogo americano bombardearam tanto a embaixada americana quando o quartel do Corpo de Fuzileiros Navais. Outros, enraivecidos pela intervenção dos EUA, eventualmente visaram civis americanos.
O conflito sírio poderá encorajar o terrorismo de outras formas. Derrubar o regime Assad simultaneamente encorajará a fragmentação do país e a dispersão das armas químicas do governo. Ao mesmo tempo, a vitória dará o poder aos radicais islâmicos, alguns vinculados a al Qaeda. No domingo, na cidade de Aleppo, estes excelentes camaradas executaram um menino de 15 anos por blasfêmia na frente dos seus pais.
O senador John McCain (Republicanos - Arizona), talvez o advogado mais entusiasta da guerra permanente na Colina do Capitólio, enunciou o curioso argumento de que os insurgentes, furiosos com a falta de apoio dos EUA, poderiam atacar a América. De fato, se os rebeldes estivessem realmente tentando extorquir auxílio desta forma, isso justificaria uma ação de Washington - contra eles. Isto representaria uma genuína ameaça terrorista.
Mas isto é uma afirmação sem-sentido. Nenhum membro da oposição síria emitiu um tal aviso. De qualquer modo, os rebeldes estarão ocupados tentando sobreviver, se perderem e tentando governar, se vencerem. A história está cheia de tiros pela culatra, mas sempre como retaliação por intervenção ativa. Como vimos nas guerras de Washington no Afeganistão e Iraque e ataques de drones no Paquistão e Iêmen.
O lance final para a guerra é camuflado como um apelo pela liderança americana. A atual confusão supostamente mostraria o que acontece se Washington não lidera. O conflito pode parecer irrelevante para os EUA, previne Bret Stephens do Wall Street Journal, mas os governantes do Irã e Rússia "são empreendedores geopolíticos que sentem uma oportunidade na onda da retirada americana."
Se assim for, é uma oportunidade bem disfarçada, como Winston Churchill chamou sua derrota na eleição de 1945. Embora Moscou e Teerã possam acreditar que perderão com a derrota de Assad, isto não quer dizer que os EUA vencerão atacando Assad. Pelo contrário, a América poderá perder também. As melhores oportunidades de Washington virão da paz.
Embora a diplomacia pareça condenada depois de dois anos de combate, ela permanece a melhor esperança. Apesar dos recentes ganhos militares pelas forças de Assad, é improvável que ele seja capaz de retomar o controle sobre a metade norte do país. As divisões da oposição e o apoio externo de Assad tornam uma completa vitória rebelde improvável. Todos os estados vizinhos tem muito a perder e pouco a ganhar da continuação da guerra. Um modus vivendi poderia ser possível.
Mesmo se a diplomacia falhar, no entanto, Washington deveria ficar de fora da guerra.
A Síria é uma tragédia. Não há razão alguma para torná-la uma tragédia da América. Até agora, o presidente Barack Obama, obviamente tem sido relutante em intervir. Quando pressionado a agir, ele deveria perguntar: ele deseja que sua administração seja definida pelo envolvimento numa guerra sem vitória, desnecessária e impopular, como foi a do seu predecessor?
__________________________
Doug Bandow é um bolsista no Instituto Cato. Foi Assistente Especial do presidente Ronald Reagan, é autor de diversos livros incluindo The Politics of Plunder: Misgovernment in Washington.
Re: SÍRIA
Enviado: Dom Jun 16, 2013 1:18 pm
por pt
A mais premente preocupação é humanitária. Estimativas dos mortos em dois anos de guerra alcançam 70 mil ou mais. Porém, a Síria não é um caso de genocídio cometido por um governo armado contra um povo desarmado. Existem duas forças prontas para matar. Derrotar uma não significa paz. Antes, significa que a outra chegará ao poder, talvez de forma ruinosa.
Na Síria, já morreram dez vezes mais pessoas que na Líbia. A diferença é que na Líbia ocorreu uma intervenção internacional. Se na Líbia o mundo tivesse ficado parado, a guerra continuaria e o regime de KAdafi continuaria em Tripoli.
Mas o mais engraçado é que morreram 100.000 pessoas mas não há genocidio. Há dois grupos, um armado com pouco mais que pedras e o outro com tanques, artilharia, helicópteros, aviões e mísseis...
Os dois devem matar da mesma maneira ...
Entretanto o Egito deixou de reconhecer o grupo xiita de Bashar Al Assad como governo legítimo da Síria e acusou o Hezbollah de estar a atacar o povo sírio ...
Quem achar que há aqui um problema entre Russia e Estados Unidos (que existe mas num nível muito, muito menos importante) deveria olhar para os sinais que se vão somando, com os estados sunitas a unir-se.
A situação síria é complicada, mas se a coisa não se resolver vai complicar e muito.
E não vai ser entre americanos e russos, vai ser muito mais azeda.
Se os socialistas do partido Baath forem derrotados e Bashar tiver o destino de Kadafi, poderá haver represálias contra os xiitas. Se houver represálias contra os xiitas, no Iraque ocorrerá o oposto, com represálias contra a minoria sunita.
Aí eu lembro sempre a ameaça Saudita de algum tempo atrás:
Eles vão intervir no Iraque se acharem que é preciso defender os sunitas de lá.
E se isso acontecer, estará aberto um caminho para o pior dos cenários: Um conflito entre as duas principais potencias da região, os Iranianos e os Sauditas (inevitavelmente com o apoio dos Emirados, do Koweit, do Qatar, do Omã e provavelmente do Egito).
E o mais curioso de tudo: Provavelmente com o apoio de Israel, que só não ajudará alegremente a Arábia Saudita se não for de todo possível.
Re: SYRIA
Enviado: Dom Jun 16, 2013 2:29 pm
por U-27
Iran to send 4,000 troops to aid President Assad forces in Syria
World Exclusive: US urges UK and France to join in supplying arms to Syrian rebels as MPs fear that UK will be drawn into growing conflict
Washington’s decision to arm Syria’s Sunni Muslim rebels has plunged America into the great Sunni-Shia conflict of the Islamic Middle East, entering a struggle that now dwarfs the Arab revolutions which overthrew dictatorships across the region.
For the first time, all of America’s ‘friends’ in the region are Sunni Muslims and all of its enemies are Shiites. Breaking all President Barack Obama’s rules of disengagement, the US is now fully engaged on the side of armed groups which include the most extreme Sunni Islamist movements in the Middle East.
The Independent on Sunday has learned that a military decision has been taken in Iran – even before last week’s presidential election – to send a first contingent of 4,000 Iranian Revolutionary Guards to Syria to support President Bashar al-Assad’s forces against the largely Sunni rebellion that has cost almost 100,000 lives in just over two years. Iran is now fully committed to preserving Assad’s regime, according to pro-Iranian sources which have been deeply involved in the Islamic Republic’s security, even to the extent of proposing to open up a new ‘Syrian’ front on the Golan Heights against Israel.
In years to come, historians will ask how America – after its defeat in Iraq and its humiliating withdrawal from Afghanistan scheduled for 2014 – could have so blithely aligned itself with one side in a titanic Islamic struggle stretching back to the seventh century death of the Prophet Mohamed. The profound effects of this great schism, between Sunnis who believe that the father of Mohamed’s wife was the new caliph of the Muslim world and Shias who regard his son in law Ali as his rightful successor – a seventh century battle swamped in blood around the present-day Iraqi cities of Najaf and Kerbala – continue across the region to this day. A 17th century Archbishop of Canterbury, George Abbott, compared this Muslim conflict to that between “Papists and Protestants”.
America’s alliance now includes the wealthiest states of the Arab Gulf, the vast Sunni territories between Egypt and Morocco, as well as Turkey and the fragile British-created monarchy in Jordan. King Abdullah of Jordan – flooded, like so many neighbouring nations, by hundreds of thousands of Syrian refugees – may also now find himself at the fulcrum of the Syrian battle. Up to 3,000 American ‘advisers’ are now believed to be in Jordan, and the creation of a southern Syria ‘no-fly zone’ – opposed by Syrian-controlled anti-aircraft batteries – will turn a crisis into a ‘hot’ war. So much for America’s ‘friends’.
Its enemies include the Lebanese Hizballah, the Alawite Shiite regime in Damascus and, of course, Iran. And Iraq, a largely Shiite nation which America ‘liberated’ from Saddam Hussein’s Sunni minority in the hope of balancing the Shiite power of Iran, has – against all US predictions – itself now largely fallen under Tehran’s influence and power. Iraqi Shiites as well as Hizballah members, have both fought alongside Assad’s forces.
Washington’s excuse for its new Middle East adventure – that it must arm Assad’s enemies because the Damascus regime has used sarin gas against them – convinces no-one in the Middle East. Final proof of the use of gas by either side in Syria remains almost as nebulous as President George W. Bush’s claim that Saddam’s Iraq possessed weapons of mass destruction.
For the real reason why America has thrown its military power behind Syria’s Sunni rebels is because those same rebels are now losing their war against Assad. The Damascus regime’s victory this month in the central Syrian town of Qusayr, at the cost of Hizballah lives as well as those of government forces, has thrown the Syrian revolution into turmoil, threatening to humiliate American and EU demands for Assad to abandon power. Arab dictators are supposed to be deposed – unless they are the friendly kings or emirs of the Gulf – not to be sustained. Yet Russia has given its total support to Assad, three times vetoing UN Security Council resolutions that might have allowed the West to intervene directly in the civil war.
In the Middle East, there is cynical disbelief at the American contention that it can distribute arms – almost certainly including anti-aircraft missiles – only to secular Sunni rebel forces in Syria represented by the so-called Free Syria Army. The more powerful al-Nusrah Front, allied to al-Qaeda, dominates the battlefield on the rebel side and has been blamed for atrocities including the execution of Syrian government prisoners of war and the murder of a 14-year old boy for blasphemy. They will be able to take new American weapons from their Free Syria Army comrades with little effort.
From now on, therefore, every suicide bombing in Damascus - every war crime committed by the rebels - will be regarded in the region as Washington’s responsibility. The very Sunni-Wahabi Islamists who killed thousands of Americans on 11th September, 2011 – who are America’s greatest enemies as well as Russia’s – are going to be proxy allies of the Obama administration. This terrible irony can only be exacerbated by Russian President Vladimir Putin’s adament refusal to tolerate any form of Sunni extremism. His experience in Chechenya, his anti-Muslim rhetoric – he has made obscene remarks about Muslim extremists in a press conference in Russian – and his belief that Russia’s old ally in Syria is facing the same threat as Moscow fought in Chechenya, plays a far greater part in his policy towards Bashar al-Assad than the continued existence of Russia’s naval port at the Syrian Mediterranean city of Tartous.
For the Russians, of course, the ‘Middle East’ is not in the ‘east’ at all, but to the south of Moscow; and statistics are all-important. The Chechen capital of Grozny is scarcely 500 miles from the Syrian frontier. Fifteen per cent of Russians are Muslim. Six of the Soviet Union’s communist republics had a Muslim majority, 90 per cent of whom were Sunni. And Sunnis around the world make up perhaps 85 per cent of all Muslims. For a Russia intent on repositioning itself across a land mass that includes most of the former Soviet Union, Sunni Islamists of the kind now fighting the Assad regime are its principal antagonists.
Iranian sources say they liaise constantly with Moscow, and that while Hizballah’s overall withdrawal from Syria is likely to be completed soon – with the maintenance of the militia’s ‘intelligence’ teams inside Syria – Iran’s support for Damascus will grow rather than wither. They point out that the Taliban recently sent a formal delegation for talks in Tehran and that America will need Iran’s help in withdrawing from Afghanistan. The US, the Iranians say, will not be able to take its armour and equipment out of the country during its continuing war against the Taliban without Iran’s active assistance. One of the sources claimed – not without some mirth -- that the French were forced to leave 50 tanks behind when they left because they did not have Tehran’s help.
It is a sign of the changing historical template in the Middle East that within the framework of old Cold War rivalries between Washington and Moscow, Israel’s security has taken second place to the conflict in Syria. Indeed, Israel’s policies in the region have been knocked askew by the Arab revolutions, leaving its prime minister, Benjamin Netanyahu, hopelessly adrift amid the historic changes.
Only once over the past two years has Israel fully condemned atrocities committed by the Assad regime, and while it has given medical help to wounded rebels on the Israeli-Syrian border, it fears an Islamist caliphate in Damascus far more than a continuation of Assad’s rule. One former Israel intelligence commander recently described Assad as “Israel’s man in Damascus”. Only days before President Mubarak was overthrown, both Netanyahu and King Abdullah of Saudi Arabia called Washington to ask Obama to save the Egyptian dictator. In vain.
If the Arab world has itself been overwhelmed by the two years of revolutions, none will have suffered from the Syrian war in the long term more than the Palestinians. The land they wish to call their future state has been so populated with Jewish Israeli colonists that it can no longer be either secure or ‘viable’. ‘Peace’ envoy Tony Blair’s attempts to create such a state have been laughable. A future ‘Palestine’ would be a Sunni nation. But today, Washington scarcely mentions the Palestinians.
Another of the region’s supreme ironies is that Hamas, supposedly the ‘super-terrorists’ of Gaza, have abandoned Damascus and now support the Gulf Arabs’ desire to crush Assad. Syrian government forces claim that Hamas has even trained Syrian rebels in the manufacture and use of home-made rockets.
In Arab eyes, Israel’s 2006 war against the Shia Hizballah was an attempt to strike at the heart of Iran. The West’s support for Syrian rebels is a strategic attempt to crush Iran. But Iran is going to take the offensive. Even for the Middle East, these are high stakes. Against this fearful background, the Palestinian tragedy continues.
Barack Obama deu seus primeiros passos de bebê rumo a uma guerra na Síria que pode definir e destruir sua presidência.
Quinta-feira, enquanto se cercava de foliões LGBT durante o Mês do Orgulho Gay, um membro de sua equipe informava a imprensa na Casa Branca que armas americanas seriam enviadas aos rebeldes sírios.
Durante dois anos Obama tinha ficado de fora desta guerra civil-sectária que já consumiu 90 mil vidas. Por quê está entrando agora?
A Casa Branca afirma que agora tem provas de que Bashar Assad utilizou gás sarin para matar entre 100 e 150 pessoas, desta forma cruzando a "linha vermelha" que Obama riscou como "virando o jogo". Desafiado, com sua credibilidade contestada, ele tinha de fazer algo.
Ainda assim, o alegado uso do sarin para justificar a intervenção americana parece menos com uma razão para nos enfiar nesta guerra do que uma desculpa.
Pois a Casa Branca decidiu intervir semanas atrás, antes que o uso do sarin fosse confirmado. E por quê Assad usaria apenas pequenas quantidades? Onde estão as evidências fotográficas de mortos desfigurados?
Que provas temos de que os rebeldes não fabricaram o uso do sarin, ou que, eles mesmos o usaram para enrolar americanos crédulos fazendo-os lutar em sua guerra?
E mais, por quê o presidente Obama, que se vangloria de que irá nos desvencilhar das guerras iraquiana e afegã, como Dwight Eisenhower fez na Guerra da Coréia, nos afundaria numa nova guerra?
Ele tem sofrido uma intensa pressão estrangeira e política para fazer alguma coisa depois de Assad e o Hezbollah recapturaram a estratégica vila de Qusair e começaram a preparar a recaptura de Aleppo, a maior cidade.
Se Assad tiver sucesso, isso significará uma derrota decisiva para os rebeldes e seus apoiadores: os turcos, sauditas e qataris. E isto significaria uma vitória geoestratégica para o Irã, Hezbollah e a Rússia, que se provaram aliados confiáveis.
Para impedir esta derrota e humilhação, estaremos agora embarcando armas e munição para manter os rebeldes em ação e no controle de bastante território para negociar uma paz que remova Assad.
Nós vamos tornar esta uma luta justa.
O que há de errado com esta estratégia? Ela é uma política de um amador. Ela trata a guerra como um jogo. Ela ignora as lições da história. E, como ela prolonga um banho de sangue sem perspectiva de fim à vista, ela é imoral.
Em toda grande guerra civil da modernidade - a guerra civil russa de 1919-1921, a guerra civil espanhola de 1936-1939 e a guerra civil chinesa de 1945-1949, um lado triunfa e toma o poder. O outro perde e vive com as conseqüências - derrota, morte, exílio.
Qual será a provável reação para nossa escalada de ajuda humanitária para ajuda militar? Contra-escalada. A Rússia, Irã e o Hezbollah provavelmente avançarão mais armas e tropas para acelerar o progresso do exército de Assad antes que as armas americanas cheguem.
E se eles aumentarem as apostas e pagarem para ver, o que Obama fará?
Já agora, pode-se ouvir um clamor de nossos clientes no Oriente Médio e no Congresso para esburacar as pistas de pouso da Síria com mísseis de cruzeiro, para enviar armamento pesado para os rebeldes, para destruir a força aérea de Assad no chão, para bombardear suas posições antiaéreas
Tudo isso são atos de guerra. Porém, sob a Constituição, apenas o Congresso autoriza a guerra.
Quando foi que o Congresso autorizou Obama a nos levar à guerra na Síria? Onde foi que nosso imperial presidente tirou autoridade para desenhar linhas vermelhas e atacar países que as atravessem?
Deixamos de ser uma república? O Congresso tornou-se um mero espectador das decisões presidenciais sobre guerra e paz?
Já que Vladimir Putin parece um guerreiro menos relutante, o que faremos se Moscou responder à escalada americana, cumprindo seu contrato para o fornecimento de mísseis antiaéreos S-300 para Damasco, que podem cobrir metade de Israel?
Obama colocou-nos no elevador de escalada rumo a uma guerra que já transborda pelas fronteiras da Síria na direção da Turquia, Líbano, Iraque e Jordânia, uma guerra que agora esfacela o Oriente Médio inteiro ao longo de linhas sunitas e xiitas.
Ele está tornando-nos aliados de fato da Frente al-Nusra do tipo al-Qaida, do Hamas e jihadistas de toda a região e da Confraria Muçulmana. O presidente do Egito Mohammed Morsi acabou de romper relações com a Síria e está exigindo uma "zona de exclusão aérea" que deverá ser imposta, podemos presumir, pela força aérea americana e não pela egípcia.
Nossas elites derramam lágrimas pelos mais de 90 mil mortos na Síria. Mas o que estamos perto de fazer não irá parar a matança, mas simplesmente, alongar a duração da guerra e aumentar os números de mortos e feridos.
No topo deste elevador que nosso país começou a subir está não apenas uma guerra por procuração com o Irã na Síria, mas uma guerra real que poderá implicar em desastre para a economia mundial.
Se a derrubada de Assad é o que as potências sunitas da Turquia, Arábia Saudita e Egito exigem, por quê não deixá-las fazer isto?
Os anti-intervencionistas deveriam exigir uma votação nominal aberta no Congresso para determinar se Obama tem a autoridade para nos envolver nesta guerra síria.