joao fernando escreveu:Mas não dava pros Russos mandarem umas amostras gratis? Só pra mostrar que o treco é bom?
Ganhei esses dias valvulas russas, militares. Dão uma sobra de potencia sobre as Yaques. E tem gente que reclama do material militar russo
Ps - Valvulas de transmissão de radio...
Um amigo meu que trabalha em uma empresa de distribuição de energia elétrica, em um papo casual, me relatou uma verdadeira epopéia. Um equipamento russo venceu uma licitação e a pouco chegaria a empresa (já chegou). Se trata de religadores, equipamentos complexos de proteção de sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica. Custam mais de 30 mil a unidade. Segundo meu amigo três empresas no mundo são capazes de produzir o núcleo destes equipamentos, uma delas russa, as outras duas ele não tinha certeza se eram americanas, mas pelo menos uma é. Ou seja, é uma tecnologia mais restrita que bomba atômica! Essas três distribuem o equipamento extratégico a várias "montadoras" de religadores. Ele inclusive disse que uma montadora australiana usa estes núcleos russos. Esse meu amigo foi o responsável por fazer os testes na Rússia, na cidade de Yoshkar-Ola na República de Mariel. Segundo ele, quando falamos de frio, falamos do que não conhecemos!
Disse ele que, certa vez, ao sair para jantar (segundo ele era um suplício ter que sair naquele frio), coberto por uma camada de uns 30 cm de roupas, se deparou com um russo com um garrafa de vodka na mão vestido apenas de uma calça e uma camisa de manga curta, na calçada de frente a um bar! Atônito com o que observava, depois de observar sem reação, tratou de pegar a câmera e filmar tal episódio. Me mostrou o vídeo.
Sempre que nos encontramos, lá vem com aquela aos risos: "Já te contei do russo de camisa?". Ao que respondo: "Não menos que 20 vezes!
" Este episódio parece o ter marcado profundamente!
Mas voltando ao assunto. Inicialmente ele disse que encarou a vitória do equipamento russo com certo temor. Existe aquela fama...
Era a primeira vez, já que a empresa brasileira que os representa começou a atuar e comercializar os produtos recentemente. Mas lá foi ele cumprir seu trabalho. Pois qual não foi a surpresa dele, nos laboratórios da empresa russa chamada Tavrida, ao realizar toda a extensa rotina dos mais variados testes, de acordo com as rigorosas normas técnicas da empresa, normas estas que já reprovaram religadores da ABB, segundo ele, e constatar que o equipamento russo, do qual ele não esperava muito, superou todas suas expectativas assim como todos os concorrentes tradicionais neste mercado já operados por sua empresa. Segundo palavras dele, em um único teste (são dezenas, levam cerca de cinco dias para serem realizados) ele detectou uma uma característica técnica inferior aos já operados aqui no Brasil, de outras empresas. Os capacitores responsáveis pelo rearme para aberturas sequênciais sucessivas do equipamento eram de menor capacitância. Nos equipamentos ocidentais é possível fazer dez aberturas seguidas sem falhas. No russo cinco. Ele me explicou que na prática só se fazem duas seguidas, na curva rápida, ao que se passa para curva lenta. Mas a norma do teste dita que deve-se testar o equipamento até a primeira falha. Assim ele fez.
Segundo ele, imperava a tensão nos laboratórios. Ele considerou que eles estavam confiantes, mas são cinco dias de intensos testes. As vezes monta-se um arranjo de teste de forma errada e, até que se descubra isso, fica a impressão de que o equipamento testado falhou. Tenso! Diz ele que se ele ria, todo mundo ria!
Ele, famoso por não ter o dom de contar piadas, até se arriscou em umas pra quebrar um pouco o gelo. Tenho certeza de que, como sempre, foi desastroso nas piadas. Ele também.
Mas todos riram!
Ao final dos testes, apesar da formalidade e seriedade da posição de avaliador, diante da excelente surpresa, se sentiu compelido a parabenizar a equipe técnica. Ao fazer as observações que transcrevi acima sobre o desempenho do produto russo frente aos que a sua empresa já operava. Diz ele então que toda a tensão se esvaiu e toda equipe técnica sorriu, verdadeiramente desta vez, com muito orgulho nos rostos diante do que ouviram. Diz meu amigo que falou também do único revés, os capacitores, ao que ouviu de imediato dos orgulhosos russos: "Substituiremos por outros mais potentes."
Diante desta interessante epopéia de meu amigo às gélidas terras do histórico Canato de Kazan fico a me perguntar. Até que ponto é verdadeira a fama? O que é verdade e o que é mito? O que é realidade e o que é propaganda? Quanto aos religadores, obtive deste meu amigo as respostas a estes questionamentos.
Será que algum dia sanaremos estas dúvidas quanto a outros equipamentos?
Última observação. Segundo meu amigo o que mais o surpreendeu foi o fato de o religador russo conseguir esta façanha sendo significativamente menor e pesando menos da metade da média de seus concorrentes ocidentais!
Salu2