EUA prometem transferir tecnologia caso vençam licitação de caças, diz Jobim
Washington 23 fev (EFE).- Os Estados Unidos prometeram transferir ao Brasil a tecnologia militar dos caças F-18 caso a Boeing vença a licitação para a compra de 36 caças aberta pelo Governo brasileiro, disse hoje em Washington o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
O Governo americano "afirma que apoia o projeto e fala de 98% (de transferência de tecnologia)", disse Jobim à imprensa após uma reunião com o secretário de Defesa americano, Robert Gates.
No entanto, o ministro reconheceu que a oferta apresentada pela empresa francesa Dassault leva vantagem na licitação.
"O presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) manifestou sua predisposição política em relação à França, mas é evidente que isso tem que ter um suporte técnico e é exatamente nisso em que estou trabalhando", afirmou.
Jobim analisa atualmente os detalhes das três ofertas de caças - os F-18 da Boeing, os Rafale da Dassault, e os Gripen da sueca Saab - e disse que entregará sua recomendação a Lula em até 20 dias.
Em seguida, Lula levará o tema ao Conselho de Defesa Nacional, órgão da Presidência. Depois da opinião do conselho, o presidente tomará a decisão final.
Jobim afirmou que a proposta vencedora deve contemplar a capacitação de pessoal brasileiro sobre os novos equipamentos, além da transferência de tecnologia.
Nesse sentido, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, comunicou ao Governo brasileiro que sua Administração autoriza a entrega de "informações relevantes e a transferência de tecnologias necessárias" por parte da Boeing.
Jobim disse que analisa agora o que significam "esses adjetivos" com a proposta americana nas mãos.
As outras duas ofertas também contam com a transferência de tecnologia, inclusive no caso da Saab, cujos caças usam peças e sistemas de vários países, como EUA, Alemanha, Israel, Reino Unido e África do Sul.
Gates pediu para se reunir hoje com Jobim, que em princípio só visitaria Nova York. Durante o encontro, ambos acordaram uma visita do secretário americano ao Brasil em abril, segundo o ministro.
Jobim também confirmou uma visita próxima de Hillary Clinton ao Brasil, mas não deu datas.
Em seu encontro com Gates, Jobim lhe colocou a "grande desconfiança da América do Sul em relação aos Estados Unidos", explicou.
Gates admitiu essa falta de confiança, pois "há países que simplesmente falam mal" dos EUA, disse Jobim. O Pentágono não fez declarações sobre o tema.
Jobim - que seguiu para Cuba para se juntar à comitiva do presidente Lula, o qual chega hoje a Havana - disse que uma das fontes da desconfiança é o embargo americano sobre a ilha caribenha e pediu uma mudança em sua política de isolamento.
Além disso, o ministro falou que a cooperação americana na reconstrução ao Haiti ajuda a dissipar essa desconfiança existente na região.
Jobim admitiu que, nos primeiros dias após o terremoto no Haiti, houve tensão sobre as competências das tropas americanas e da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada militarmente pelo Brasil, mas disse que o assunto foi resolvido.
Segundo o ministro, o importante agora é agilizar o financiamento das obras de reconstrução.
O Brasil propôs a construção de uma pequena usina hidroelétrica com capacidade para gerar 32 megawatts de energia para Porto Príncipe, com um custo estimado de US$ 200 milhões.
"Precisamos de ajuda para isso e os EUA estão dispostos a ajudar", disse Jobim, que conversou sobre o assunto com Gates e com o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, com quem também se reuniu em Washington.
DefesaNet :
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