GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
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Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
23 de julho de 2011 às 12:31
A Obsessão e o Complexo de Vira-lata
por Celso Amorim, em CartaCapital
Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar. Uma força-tarefa criada pelo Conselho de Relações Exteriores, organização estreitamente ligada ao establishment político/intelectual/empresarial dos Estados Unidos, acaba de publicar um relatório exclusivamente dedicado ao Brasil, -pontuado de elogios e manifestações de respeito e consideração. Fizeram parte da força-tarefa um ex-ministro da Energia, um ex-subsecretário de Estado e personalidades destacadas do mundo acadêmico e empresarial, além de integrantes de think tanks, homens e mulheres de alto conceito, muitos dos quais estiveram em governos norte-americanos, tanto democratas quanto republicanos. O texto do relatório abarca cerca de 80 páginas, se descontarmos as notas biográficas dos integrantes da comissão, o índice, agradecimentos etc. Nelas são analisados vários aspectos da economia, da evolução sociopolítica e do relacionamento externo do Brasil, com natural ênfase nas relações com os EUA. Vou ater-me aqui apenas àqueles aspectos que dizem respeito fundamentalmente ao nosso relacionamento internacional.
Logo na introdução, ao justificar a escolha do Brasil como foco do considerável esforço de pesquisa e reflexão colocado no empreendimento, os autores assinalam: “O Brasil é e será uma força integral na evolução de um mundo multipolar”. E segue, no resumo das conclusões, que vêm detalhadas nos capítulos subsequentes: “A Força Tarefa (em maiúscula no original) recomenda que os responsáveis pelas políticas (policy makers) dos Estados Unidos reconheçam a posição do Brasil como um ator global”. Em virtude da ascensão do Brasil, os autores consideram que é preciso que os EUA alterem sua visão da região como um todo e busquem uma relação conosco que seja “mais ampla e mais madura”. Em recomendação dirigida aos dois países, pregam que a cooperação e “as inevitáveis discordâncias sejam tratadas com respeito e tolerância”. Chegam mesmo a dizer, para provável espanto dos nossos “especialistas” – aqueles que são geralmente convocados pela grande mídia para “explicar” os fracassos da política externa brasileira dos últimos anos – que os EUA deverão ajustar-se (sic) a um Brasil mais afirmativo e independente.
Todos esses raciocínios e constatações desembocam em duas recomendações práticas. Por um lado, o relatório sugere que tanto no Departamento de Estado quanto no poderoso Conselho de Segurança Nacional se proceda a reformas institucionais que deem mais foco ao Brasil, distinguindo-o do contexto regional. Por outro (que surpresa para os céticos de plantão!), a força-tarefa “recomenda que a administração Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É curioso notar que mesmo aqueles que expressaram uma opinião discordante e defenderam o apoio morno que Obama estendeu ao Brasil durante sua recente visita sentiram necessidade de justificar essa posição de uma forma peculiar. Talvez de modo não totalmente sincero, mas de qualquer forma significativo (a hipocrisia, segundo a lição de La Rochefoucault, é a homenagem que o vício paga à virtude), alegam que seria necessária uma preparação prévia ao anúncio de apoio tanto junto a países da região quanto junto ao Congresso. Esse argumento foi, aliás, demolido por David Rothkopf na versão eletrônica da revista Foreign Policy um dia depois da divulgação do relatório. E o empenho em não parecerem meros espíritos de porco leva essas vozes discordantes a afirmar que “a ausência de uma preparação prévia adequada pode prejudicar o êxito do apoio norte-americano ao pleito do Brasil de um posto permanente (no Conselho de Segurança)”.
Seguem-se, ao longo do texto, comentários detalhados sobre a atuação do Brasil em foros multilaterais, da OMC à Conferência do Clima, passando pela criação da Unasul, com referências bem embasadas sobre o Ibas, o BRICS, iniciativas em relação à África e aos países árabes. Mesmo em relação ao Oriente Médio, questão em que a força dos lobbies se faz sentir mesmo no mais independente dos think tanks, as reservas quanto à atuação do Brasil são apresentadas do ponto de vista de um suposto interesse em evitar diluir nossas credenciais para negociar outros itens da agenda internacional. Também nesse caso houve uma “opinião discordante”, que defendeu maior proatividade do Brasil na conturbada região.
Em resumo, mesmo assinalando algumas diferenças que o relatório recomenda sejam tratadas com respeito e tolerância, que abismo entre a visão dos insuspeitos membros da comissão do conselho norte-americanos- e aquela defendida por parte da nossa elite, que insiste em ver o Brasil como um país pequeno (ou, no máximo, para usar o conceito empregado por alguns especialistas, “médio”), que não deve se atrever a contrariar a superpotência remanescente ou se meter em assuntos que não são de sua alçada ou estão além da sua capacidade. Como se a Paz mundial não fosse do nosso interesse ou nada pudéssemos fazer para ajudar a mantê-la ou obtê-la.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -lata.html
A Obsessão e o Complexo de Vira-lata
por Celso Amorim, em CartaCapital
Até os jornais brasileiros tiveram de noticiar. Uma força-tarefa criada pelo Conselho de Relações Exteriores, organização estreitamente ligada ao establishment político/intelectual/empresarial dos Estados Unidos, acaba de publicar um relatório exclusivamente dedicado ao Brasil, -pontuado de elogios e manifestações de respeito e consideração. Fizeram parte da força-tarefa um ex-ministro da Energia, um ex-subsecretário de Estado e personalidades destacadas do mundo acadêmico e empresarial, além de integrantes de think tanks, homens e mulheres de alto conceito, muitos dos quais estiveram em governos norte-americanos, tanto democratas quanto republicanos. O texto do relatório abarca cerca de 80 páginas, se descontarmos as notas biográficas dos integrantes da comissão, o índice, agradecimentos etc. Nelas são analisados vários aspectos da economia, da evolução sociopolítica e do relacionamento externo do Brasil, com natural ênfase nas relações com os EUA. Vou ater-me aqui apenas àqueles aspectos que dizem respeito fundamentalmente ao nosso relacionamento internacional.
Logo na introdução, ao justificar a escolha do Brasil como foco do considerável esforço de pesquisa e reflexão colocado no empreendimento, os autores assinalam: “O Brasil é e será uma força integral na evolução de um mundo multipolar”. E segue, no resumo das conclusões, que vêm detalhadas nos capítulos subsequentes: “A Força Tarefa (em maiúscula no original) recomenda que os responsáveis pelas políticas (policy makers) dos Estados Unidos reconheçam a posição do Brasil como um ator global”. Em virtude da ascensão do Brasil, os autores consideram que é preciso que os EUA alterem sua visão da região como um todo e busquem uma relação conosco que seja “mais ampla e mais madura”. Em recomendação dirigida aos dois países, pregam que a cooperação e “as inevitáveis discordâncias sejam tratadas com respeito e tolerância”. Chegam mesmo a dizer, para provável espanto dos nossos “especialistas” – aqueles que são geralmente convocados pela grande mídia para “explicar” os fracassos da política externa brasileira dos últimos anos – que os EUA deverão ajustar-se (sic) a um Brasil mais afirmativo e independente.
Todos esses raciocínios e constatações desembocam em duas recomendações práticas. Por um lado, o relatório sugere que tanto no Departamento de Estado quanto no poderoso Conselho de Segurança Nacional se proceda a reformas institucionais que deem mais foco ao Brasil, distinguindo-o do contexto regional. Por outro (que surpresa para os céticos de plantão!), a força-tarefa “recomenda que a administração Obama endosse plenamente o Brasil como um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. É curioso notar que mesmo aqueles que expressaram uma opinião discordante e defenderam o apoio morno que Obama estendeu ao Brasil durante sua recente visita sentiram necessidade de justificar essa posição de uma forma peculiar. Talvez de modo não totalmente sincero, mas de qualquer forma significativo (a hipocrisia, segundo a lição de La Rochefoucault, é a homenagem que o vício paga à virtude), alegam que seria necessária uma preparação prévia ao anúncio de apoio tanto junto a países da região quanto junto ao Congresso. Esse argumento foi, aliás, demolido por David Rothkopf na versão eletrônica da revista Foreign Policy um dia depois da divulgação do relatório. E o empenho em não parecerem meros espíritos de porco leva essas vozes discordantes a afirmar que “a ausência de uma preparação prévia adequada pode prejudicar o êxito do apoio norte-americano ao pleito do Brasil de um posto permanente (no Conselho de Segurança)”.
Seguem-se, ao longo do texto, comentários detalhados sobre a atuação do Brasil em foros multilaterais, da OMC à Conferência do Clima, passando pela criação da Unasul, com referências bem embasadas sobre o Ibas, o BRICS, iniciativas em relação à África e aos países árabes. Mesmo em relação ao Oriente Médio, questão em que a força dos lobbies se faz sentir mesmo no mais independente dos think tanks, as reservas quanto à atuação do Brasil são apresentadas do ponto de vista de um suposto interesse em evitar diluir nossas credenciais para negociar outros itens da agenda internacional. Também nesse caso houve uma “opinião discordante”, que defendeu maior proatividade do Brasil na conturbada região.
Em resumo, mesmo assinalando algumas diferenças que o relatório recomenda sejam tratadas com respeito e tolerância, que abismo entre a visão dos insuspeitos membros da comissão do conselho norte-americanos- e aquela defendida por parte da nossa elite, que insiste em ver o Brasil como um país pequeno (ou, no máximo, para usar o conceito empregado por alguns especialistas, “médio”), que não deve se atrever a contrariar a superpotência remanescente ou se meter em assuntos que não são de sua alçada ou estão além da sua capacidade. Como se a Paz mundial não fosse do nosso interesse ou nada pudéssemos fazer para ajudar a mantê-la ou obtê-la.
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Re: GEOPOLÍTICA
Brasil decide apoiar palestinos na ONU e irrita Israel
24/7/2011 9:40, Por Vermelho
O governo Dilma Rousseff já se decidiu: em setembro, quando a Autoridade Palestina pedir para se tornar o 194.º país-membro da ONU, terá o voto brasileiro. A garantia de apoio foi passada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, por um mensageiro especial de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, há menos de um mês. Lula prontificou-se ainda a pessoalmente ajudar Ramallah a conquistar votos de países em desenvolvimento.Israel, do outro lado, tenta agora uma ofensiva para “contenção de danos”. Dois integrantes do primeiro escalão do governo estão a caminho do Brasil. Um deles, Moshe Yaalon, vice do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, solicitou um encontro com Dilma – que deverá ser recusado pelo Planalto.
Os israelenses sabem que ao final não conseguirão reverter a decisão brasileira, mas querem evitar que Brasília “puxe votos” contra Israel.
“O objetivo do Brasil é ajudar a criar um fato político que empurre israelenses e palestinos para uma negociação direta. Do jeito que está, o conflito tende a se eternizar”, explicou ao Estado o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “A questão palestino-israelense é o foco de desestabilização do Oriente Médio”, defendeu Garcia.
Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o chanceler Antonio Patriota havia indicado que o Brasil “não terá dificuldades em votar a favor” do reconhecimento do Estado palestino pelas Nações Unidas.
Dilma discursará na sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, quando virá à baila a questão. Ela será a primeira a subir à tribuna em Nova York, conforme a tradição que, desde 1947, reserva ao Brasil a abertura dos discursos de chefes de Estado, ministros e demais autoridades nacionais na plenária.
O reconhecimento dos palestinos pela ONU, porém, deverá passar ainda pelo Conselho de Segurança, onde provavelmente acabará vetado pelos EUA.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo
http://correiodobrasil.com.br/brasil-de ... el/273356/
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- suntsé
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Re: GEOPOLÍTICA
Excelente iniciativa do Brasil, se o governo vendido dos EUA, não se mexe, os Países que estão comprometidos com uma solução teram que se mecher!DELTA22 escreveu:Brasil decide apoiar palestinos na ONU e irrita Israel
24/7/2011 9:40, Por Vermelho
O governo Dilma Rousseff já se decidiu: em setembro, quando a Autoridade Palestina pedir para se tornar o 194.º país-membro da ONU, terá o voto brasileiro. A garantia de apoio foi passada ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, por um mensageiro especial de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, há menos de um mês. Lula prontificou-se ainda a pessoalmente ajudar Ramallah a conquistar votos de países em desenvolvimento.Israel, do outro lado, tenta agora uma ofensiva para “contenção de danos”. Dois integrantes do primeiro escalão do governo estão a caminho do Brasil. Um deles, Moshe Yaalon, vice do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, solicitou um encontro com Dilma – que deverá ser recusado pelo Planalto.
Os israelenses sabem que ao final não conseguirão reverter a decisão brasileira, mas querem evitar que Brasília “puxe votos” contra Israel.
“O objetivo do Brasil é ajudar a criar um fato político que empurre israelenses e palestinos para uma negociação direta. Do jeito que está, o conflito tende a se eternizar”, explicou ao Estado o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “A questão palestino-israelense é o foco de desestabilização do Oriente Médio”, defendeu Garcia.
Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o chanceler Antonio Patriota havia indicado que o Brasil “não terá dificuldades em votar a favor” do reconhecimento do Estado palestino pelas Nações Unidas.
Dilma discursará na sessão anual da Assembleia-Geral da ONU, quando virá à baila a questão. Ela será a primeira a subir à tribuna em Nova York, conforme a tradição que, desde 1947, reserva ao Brasil a abertura dos discursos de chefes de Estado, ministros e demais autoridades nacionais na plenária.
O reconhecimento dos palestinos pela ONU, porém, deverá passar ainda pelo Conselho de Segurança, onde provavelmente acabará vetado pelos EUA.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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- J.Ricardo
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Re: GEOPOLÍTICA
Só não concordo com a recusa do Planalto a um encontro de Dilma com Moshe Yaalon, o diálogo nunca deve ser negado, seja com palestinos, seja como israelenses.
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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- suntsé
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Re: GEOPOLÍTICA
J.Ricardo escreveu:Só não concordo com a recusa do Planalto a um encontro de Dilma com Moshe Yaalon, o diálogo nunca deve ser negado, seja com palestinos, seja como israelenses.
concordo!
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Re: GEOPOLÍTICA
Seguindo a "nova tradição" - sempre houve mas, o Moshe deverá falar com o Patriota. Desde o FHC acho e principalmente depois do Lula, o Itamaraty endureceu e envia esses "mensageiros" para cada uma pessoa de mesmo nível hierárquico. Por isso achei estranha a notícia, a Dilma só atenderia em condições normais o PM ou o Presidente, se ela atender todo enviado estrangeiro o dia tem que ter mais de 24 horas.J.Ricardo escreveu:Só não concordo com a recusa do Planalto a um encontro de Dilma com Moshe Yaalon, o diálogo nunca deve ser negado, seja com palestinos, seja como israelenses.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: GEOPOLÍTICA
Perfeito.J.Ricardo escreveu:Só não concordo com a recusa do Planalto a um encontro de Dilma com Moshe Yaalon, o diálogo nunca deve ser negado, seja com palestinos, seja como israelenses.
Como o israelense é vice primeiro-ministro, poderia-se ao menos mandar o Temer recebe-lo.
Re: GEOPOLÍTICA
Paraguay acusa a la Argentina ante el Mercosur porque le impide vender energía
25/07/2011 - 18:37
URGENTE 24 - La delegación de la nación guaraní en el Parlasur denunció que el gobierno argentino pone trabas para la venta de electricidad a Uruguay y la acusó de "inmovilizar" la economía de Asunción.
La delegación de Paraguay ante el Parlasur, el parlamento del Mercosur, criticó con severidad este lunes (25/7) la supuesta traba que impone Argentina a la venta de energía paraguaya al Uruguay y advirtió que se trata de una "despreciable práctica" que busca "inmovilizar" la economía de Asunción.
El pronunciamiento emitido por la presidencia del grupo de Asunción se refirió a la "recurrente y poco novedosa actitud obstructiva del ejecutivo argentino hacia el Paraguay", consignó la agencia Ansa.
Esa actitud, agregó, no sólo "desnuda una política de mala vecindad hacia el Paraguay", sino "una despreciable práctica" para dañar intencionalmente a un miembro pleno de la alianza regional, el Mercosur.
El año pasado, Paraguay inició gestiones para vender energía hidroeléctrica a Uruguay proveniente de su central interna Acaray, hasta una cantidad de 200 Mw.
Para transportar el fluido Paraguay debe utilizar el sistema eléctrico argentino y según las autoridades de Asunción la necesidad de "ajustes técnicos" por parte del vecino demora la venta.
"La persistente oposición argentina de facilitar la exportación de su remanente energético al Uruguay a través de sus redes de transmisión, revela un reducido concepto del proceso de integración", sostuvo el pronunciamiento.
Por su parte, desde el gobierno paraguayo sostienen que la venta de electricidad a Uruguay de "una decisión política" del gobierno argentino. Así lo aseveró este lunes la viceministra de Minas y Energía de Paraguay, Mercedes Canese.
La funcionaria dijo este lunes a periodistas que aún existen puntos por definir y que en gran medida la concreción del proyecto estará pendiente de la buena voluntad de la Argentina.
Tras participar en la reunión del Consejo de Ministros que encabezó el vicepresidente Federico Franco, Canese hizo presente que en la Argentina "ya están en campaña electoral" y que ese aspecto "a veces complica un poco cualquier negociación".
Recordó que situación similar se había tenido antes con Brasil, por mejores beneficios de la participación paraguaya en la explotación hidroenergética, e insistió que la fase técnica concluyó y lo siguiente será una "decisión política" que no debería demorar.
Conforme a los datos reportados oficialmente, Paraguay podría recibir unos 40 millones de dólares al año con la venta de la energía producida en su represa hidroeléctrica del río Acaray, que opera la Administración Nacional de Electricidad (Ande).
La operación necesita del acuerdo argentino porque por ese territorio se hará la transmisión de la electricidad, y según los datos, existe un temor de las autoridades argentinas sobre el origen de la energía a ser vendida, que no debe ser de la usina binacional Yacyretá.
Funcionarios paraguayos y argentinos tienen previsto reunirse el próximo 2 de agosto en Buenos Aires para intentar avanzar en negociaciones que permitan acordar el paso de las líneas de transmisión de la energía por ese país.
A su vez, el canciller paraguayo Jorge Lara Castro declaró que "hay voluntad política de parte del gobierno argentino y se sigue negociando".
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Re: GEOPOLÍTICA
Vai dar um chororô na Argentina isso aqui...
Pela Primeira vez, Brasil Terá Estação Científica no Interior da Antártida
Hoje, pesquisadores brasileiros utilizam a unidade Comandante Ferraz, que foi criada em 1984 e fica na chamada Antártida Marítima, a 130 km do continente; novo módulo terá sensores que enviarão ao País, via satélite, dados meteorológicos e ambientais
Alexandre Gonçalves
O Estado de S.Paulo
26 de julho de 2011 - 0h 00
O Brasil deve iniciar em dezembro a instalação do seu primeiro módulo científico no interior do continente antártico. A unidade conterá sensores que enviarão, via satélite, dados meteorológicos e ambientais ao País. Será a primeira estação brasileira dentro do continente gelado. A Estação Comandante Ferraz, criada em 1984, fica na chamada Antártida Marítima, na Ilha Rei George, a 130 quilômetros do continente.
O coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera, Jefferson Simões, afirma que o módulo ficará a 84° de latitude sul, a cerca de 500 quilômetros do Pólo Sul geográfico. Comandante Ferraz está a 62° de latitude sul.
A nova estação recolherá informações sobre temperatura, ventos, radiação solar e umidade. Também medirá os níveis de material particulado e gás carbônico que chegam ao continente.
Os cientistas brasileiros vão aproveitar a viagem para realizar uma exploração glaciológica: levarão uma sonda para perfurar 100 metros na camada de gelo. "Poderemos analisar a história climática dos últimos 500 anos", explica Simões, primeiro glaciólogo brasileiro e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O módulo já tem nome: Criosfera 1. "Há muitas estações na costa da Antártida, mas no interior são poucas", afirma o pesquisador. "As condições são bem mais difíceis." Em Comandante Ferraz, a temperatura média gira em torno de -2,8°C. Criosfera 1 será instalada na região dos Montes Thiel, onde os termômetros costumam marcar -35°C.
Depois de instalada, a estação deverá receber visitas anuais de manutenção, normalmente perto do Natal, durante o verão antártico. Simões explica que, por enquanto, o custo torna inviável manter uma base habitada dentro do continente. Mas prevê que o módulo é o primeiro passo do País rumo ao manto de gelo oriental da Antártida, onde o ambiente é ainda mais hostil. Na base russa de Vostok, por exemplo, a temperatura já atingiu -89,3°C.
Simões sublinha que o objetivo da iniciativa não é substituir as pesquisas que são realizadas em Comandante Ferraz. "A estação atual é muito importante, principalmente nas áreas relacionadas às biociências", explica o glaciólogo. "Há muito trabalho para os biólogos na costa, no Mar Austral. Já o interior da Antártida é um grande deserto."
Logística - O climatologista Francisco Aquino, também da UFRGS, conta que o módulo está sendo fabricado na Suécia, por uma empresa especializada. Custou US$ 120 mil - cerca de R$ 185 mil.
Deve embarcar nos próximos dias e chegará ao Brasil no fim de agosto. Passará pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), para validação pelo pesquisador Heitor Evangelista da Silva, responsável pelas especificações do módulo. Depois, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), onde serão instalados mais equipamentos. O Inpe receberá os dados enviados por satélite quando o módulo estiver em operação.
No fim de outubro, o módulo estará em Porto Alegre e irá de carreta até Punta Arenas, no Chile. A carga incluirá, além do módulo, a sonda para perfuração, barracas, rádios, baterias e demais equipamentos, totalizando cerca de 6 toneladas. Os cientistas brasileiros contrataram a empresa americana Antarctic Logistics and Expeditions (ALE) para auxiliar o transporte e fornecer apoio operacional.
A ALE levará o módulo de avião até uma pista de gelo no interior do continente. Depois, no início de dezembro, deverá deixá-lo, de trator, no local combinado com os pesquisadores, próximo aos Montes Thiel.
A equipe brasileira - composta por 15 cientistas - deverá chegar no dia 20 de dezembro à Antártida. Entre o Natal e o Ano Natal, a expectativa é de que já estejam com o módulo. Permanecerão cerca de 25 dias trabalhando. Na segunda quinzena de janeiro, um avião deverá recolhê-los.
Custo baixo - Toda a operação, incluindo os custos com o módulo, custará US$ 600 mil - cerca de R$ 930 mil. "Conseguimos diminuir muito o preço negociando com a ALE e encaixando nossas demandas às operações que eles já tinham programadas", explica o climatologista.
O orçamento do INCT da Criosfera é de R$ 5 milhões para três anos e meio de estudos. O INCT Antártico de Pesquisas Ambientais, também vinculado ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar), recebe R$ 7 milhões. Nos últimos 10 anos, a China investiu 780 milhões de yuans - cerca de R$ 186 milhões.
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Re: GEOPOLÍTICA
Putz. (-89,3ºc) Cara, nem imagino isso.Depois de instalada, a estação deverá receber visitas anuais de manutenção, normalmente perto do Natal, durante o verão antártico. Simões explica que, por enquanto, o custo torna inviável manter uma base habitada dentro do continente. Mas prevê que o módulo é o primeiro passo do País rumo ao manto de gelo oriental da Antártida, onde o ambiente é ainda mais hostil. Na base russa de Vostok, por exemplo, a temperatura já atingiu -89,3°C.
Abraços.
"A aplicação das leis é mais importante que a sua elaboração." (Thomas Jefferson)
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Re: GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
Sen máis ánimo que o de dar unha opinión acerca deste tema, só dicir, que creo que o goberno de Brasil estase a equivocar moito. Os israelitas e os palestinos levan anos negociando directamente, non fai falta recoñecer ó estado palestino (¿cal deles?) para que estes negocien.DELTA22 escreveu:Brasil decide apoiar palestinos na ONU e irrita Israel
“O objetivo do Brasil é ajudar a criar um fato político que empurre israelenses e palestinos para uma negociação direta. Do jeito que está, o conflito tende a se eternizar”, explicou ao Estado o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “A questão palestino-israelense é o foco de desestabilização do Oriente Médio”, defendeu Garcia.
O recoñecemento do estado palestino debe vir, en primeiro lugar, de parte dos afectados, Israel e Palestina. Se Israel non recoñece Palestina, dará igual o que diga Brasil, Rusia ou EE.UU, porque Palestina non vai ser independente. O único que se gañará é un punto novo de disputa e fricción entre os dous países, porque é necesario saber que Israel, a pesares de estar na ONU, non é un estado recoñecido polos palestinos...logo pretender que se recoñeza Palestina sen que os palestinos recoñezan Israel, é polo menos, sorprendente, por non dicir hipócrita.
Por outra banda, é preciso coñecer que en Palestina non existe un só goberno. En Cisxordania goberna a OLP, Abbu Abbas, mentres que en Gaza desde hai varios anos, goberna Hamás, un grupo terrorista que se nega a recoñecer o dereito a existir do estado de Israel. Logo, ¿qué vai apoiar Brasil na ONU?¿A un grupo terrorista, un punto novo de disputa nunha zona xa de por sí explosiva, ou a hipocresía de que quen non recoñece ó veciño esixa ser recoñecido?
O Estado Palestino xa era unha realidade cando en 2005 se firmaron os acordos de Oslo e a posterior retirada israelí dos territorios ocupados ese mismo ano. Se hoxe non existe un Estado Palestino é só culpa dos radicais palestinos que se negan a acepta-la convivencia cos israelitas.
E Brasil, votando e/ou apoiando a presencia de Palestina na ONU (que xa está presente como membro observador) só está dando pulo ós radicais que ven como gracias ós seus atentados suicidas gañan presencia internacional.
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Re: GEOPOLÍTICA
Correta a decisão do Brasil e ponto final, Israel não gostar é direito seu. Se Israel vai mandar o 1° ministro, que seja recebido pelo presidente do senado, ou pelo vicepresidente da república.
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Re: GEOPOLÍTICA
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Posse de Humala reforça influência brasileira na América do Sul
28 de julho de 2011 •
A posse do líder nacionalista Ollanta Humala como presidente do Peru nesta quinta-feira sinaliza a influência de um modelo brasileiro de governar na região, na avaliação de especialistas entrevistados pela BBC Brasil.
Enquanto o chamado bolivarianismo do venezuelano Hugo Chávez se enfraquece, ganha terreno a fórmula de gestão que mescla democracia, a abertura do país ao capital estrangeiro e o combate à pobreza, o chamado Consenso de Brasília - termo cunhado pelo americano Michael Shifter.
A influência do Brasil ficou evidente na campanha de Humala, que não poupou elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi assessorado por dois petistas (Luiz Favre e Valdemir Garreta), comprometeu-se a manter os contratos com investidores, reforçar a democracia e repetiu o slogan da "esperança vencer o medo".
A mudança ocorre após parte do eleitorado peruano derrotar Humala nas urnas, há quatro anos, temeroso de suas propostas de estatização e de sua admiração por Chávez. Também vem em um momento em que as empresas brasileiras avançam ao Pacífico pelo Peru, agora também pela recém-inaugurada rodovia transoceânica, que sai do Acre e cruza a cordilheira dos Andes.
Ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim disse que "não gosta muito" do termo de Shifter, presidente do instituto Inter-American Dialogue.
"É uma referência ao Consenso de Washington (pacote de políticas liberais propagandeado pelos americanos, na década de 1990), uma doutrina hegemônica. E ninguém gosta de hegemonia", disse. Ele reconhece a influência, no entanto.
"Creio na difusão do modelo, mas não diminuiria os caso de êxito na região", diz. Amorim, no entanto, tenta evitar um confronto com o modelo de Chávez, dizendo que "o Brasil respeita a pluralidade de outros governos".
Mas as reações à influência crescente do Brasil nem sempre são positivas. No Paraguai, líderes camponeses chegaram a queimar a bandeira brasileira em protestos, em 2008. No Peru, a construção de uma réplica do Cristo Redentor em Lima, com financiamento da construtora Odebrecht, foi apontada por críticos como símbolo de um exagero na relação com o Brasil.
Direita e esquerda
Para Shifter, o Consenso de Brasília pode ser aplicado tanto por governos de direita como pelos de esquerda. "Não acredito que o rótulo de centro-esquerda ainda tenha grande significado. Tanto o governo colombiano como o chileno (ambos de centro-direita) estão mais próximos do Consenso de Brasília do que os bolivarianos", diz, a respeito de Bolívia, Equador e Nicarágua.
Historicamente ligada aos Estados Unidos, a Colômbia também vem se aproximando do Brasil. A primeira visita de Estado do presidente Juan Manuel Santos, ano passado, foi a Brasília.
"Santos está lutando para combinar governança democrática, com uma reforma do Estado com fortes políticas sociais e, claro, desempenho macroeconômio sólido, o que o aproxima do Consenso de Brasília", diz Shifter.
A administração de centro-direita de Sebastián Piñera, do Chile, também é vista como uma continuação do governo de centro-esquerda da Concertação.
Embora o modelo, que Shifter considera "sustentável", tenha ganhado proeminência no governo Lula, o americano diz que a fórmula também é fruto das políticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Apesar das restrições ao termo em si, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia (que serviu no governo FHC) e o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, também ressaltam que a fórmula tem origens no governo tucano.
Barbosa destaca ainda que o Uruguai já adotava "as mesmas políticas, preservando a democracia", antes mesmo do Brasil. Os especialistas afirmam ainda que o modelo vai além de Lula e deve ser seguido pela presidente Dilma Rousseff.
No caso específico do Peru, Barbosa vê como "positivo" o comportamento de Humala, mas ainda levanta dúvidas sobre o novo presidente peruano. "O Humala fez isso para ganhar a eleição, se distanciar do Chávez", diz. Ele lembra que o novo líder prometeu manter o presidente do Banco Central e indicar um conservador para o Ministério da Fazenda. "Mas não há certeza de que irá implementar essas políticas", diz.
Chávez
Embora Shifter defina o Consenso de Brasília como um modelo de governança não necessariamente ligado à ascensão do Brasil como ator global, outros analistas, como o argentino Rosendo Fraga, veem a influência política como parte de um processo de liderança do país na América do Sul.
Segundo Fraga, além do enfraquecimento da Argentina e o distanciamento dos Estados Unidos, outro grande referente político na região, o presidente da Venezuela, está perdendo força. "Chávez está declinando tanto internamente como regionalmente".
Para o ex-chanceler Lampreia, "a influência do Chávez passou há muito tempo, e o problema da saúde só reforça isso". Em meio a uma aguda crise econômica e o avanço das oposições, Chávez anunciou, no último mês, que está se tratando de um câncer, lançando incertezas sobre o futuro político do que chama de "revolução bolivariana".
O modelo brasileiro também tem ecos na América Central, onde Maurício Funes, de El Salvador, conseguiu chegar ao poder, em 2009, com a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, uma antiga guerrilha de esquerda. Casado com uma petista, Vanda Pignato, prometeu adotar o receituário de esquerda democrática, do Brasil.
Os analistas, no entanto, são céticos em dividir a América do Sul em zonas de influência de cada modelo, embora citem Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Brasil como países abertos a investimentos estrangeiros. Já os governos de Venezuela, Bolívia e Equador adotam um discurso nacionalista. O Paraguai, apesar da influência econômica brasileira, tem particularidades.
Na Argentina, que terá eleições neste ano, o analista Rosendo Fraga diz que tanto a situação como a oposição veem com bons olhos o modelo brasileiro, apesar das ligações dos governo de Néstor e Cristina Kirchner com Chávez.
Posse de Humala reforça influência brasileira na América do Sul
28 de julho de 2011 •
A posse do líder nacionalista Ollanta Humala como presidente do Peru nesta quinta-feira sinaliza a influência de um modelo brasileiro de governar na região, na avaliação de especialistas entrevistados pela BBC Brasil.
Enquanto o chamado bolivarianismo do venezuelano Hugo Chávez se enfraquece, ganha terreno a fórmula de gestão que mescla democracia, a abertura do país ao capital estrangeiro e o combate à pobreza, o chamado Consenso de Brasília - termo cunhado pelo americano Michael Shifter.
A influência do Brasil ficou evidente na campanha de Humala, que não poupou elogios ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi assessorado por dois petistas (Luiz Favre e Valdemir Garreta), comprometeu-se a manter os contratos com investidores, reforçar a democracia e repetiu o slogan da "esperança vencer o medo".
A mudança ocorre após parte do eleitorado peruano derrotar Humala nas urnas, há quatro anos, temeroso de suas propostas de estatização e de sua admiração por Chávez. Também vem em um momento em que as empresas brasileiras avançam ao Pacífico pelo Peru, agora também pela recém-inaugurada rodovia transoceânica, que sai do Acre e cruza a cordilheira dos Andes.
Ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim disse que "não gosta muito" do termo de Shifter, presidente do instituto Inter-American Dialogue.
"É uma referência ao Consenso de Washington (pacote de políticas liberais propagandeado pelos americanos, na década de 1990), uma doutrina hegemônica. E ninguém gosta de hegemonia", disse. Ele reconhece a influência, no entanto.
"Creio na difusão do modelo, mas não diminuiria os caso de êxito na região", diz. Amorim, no entanto, tenta evitar um confronto com o modelo de Chávez, dizendo que "o Brasil respeita a pluralidade de outros governos".
Mas as reações à influência crescente do Brasil nem sempre são positivas. No Paraguai, líderes camponeses chegaram a queimar a bandeira brasileira em protestos, em 2008. No Peru, a construção de uma réplica do Cristo Redentor em Lima, com financiamento da construtora Odebrecht, foi apontada por críticos como símbolo de um exagero na relação com o Brasil.
Direita e esquerda
Para Shifter, o Consenso de Brasília pode ser aplicado tanto por governos de direita como pelos de esquerda. "Não acredito que o rótulo de centro-esquerda ainda tenha grande significado. Tanto o governo colombiano como o chileno (ambos de centro-direita) estão mais próximos do Consenso de Brasília do que os bolivarianos", diz, a respeito de Bolívia, Equador e Nicarágua.
Historicamente ligada aos Estados Unidos, a Colômbia também vem se aproximando do Brasil. A primeira visita de Estado do presidente Juan Manuel Santos, ano passado, foi a Brasília.
"Santos está lutando para combinar governança democrática, com uma reforma do Estado com fortes políticas sociais e, claro, desempenho macroeconômio sólido, o que o aproxima do Consenso de Brasília", diz Shifter.
A administração de centro-direita de Sebastián Piñera, do Chile, também é vista como uma continuação do governo de centro-esquerda da Concertação.
Embora o modelo, que Shifter considera "sustentável", tenha ganhado proeminência no governo Lula, o americano diz que a fórmula também é fruto das políticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Apesar das restrições ao termo em si, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia (que serviu no governo FHC) e o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, também ressaltam que a fórmula tem origens no governo tucano.
Barbosa destaca ainda que o Uruguai já adotava "as mesmas políticas, preservando a democracia", antes mesmo do Brasil. Os especialistas afirmam ainda que o modelo vai além de Lula e deve ser seguido pela presidente Dilma Rousseff.
No caso específico do Peru, Barbosa vê como "positivo" o comportamento de Humala, mas ainda levanta dúvidas sobre o novo presidente peruano. "O Humala fez isso para ganhar a eleição, se distanciar do Chávez", diz. Ele lembra que o novo líder prometeu manter o presidente do Banco Central e indicar um conservador para o Ministério da Fazenda. "Mas não há certeza de que irá implementar essas políticas", diz.
Chávez
Embora Shifter defina o Consenso de Brasília como um modelo de governança não necessariamente ligado à ascensão do Brasil como ator global, outros analistas, como o argentino Rosendo Fraga, veem a influência política como parte de um processo de liderança do país na América do Sul.
Segundo Fraga, além do enfraquecimento da Argentina e o distanciamento dos Estados Unidos, outro grande referente político na região, o presidente da Venezuela, está perdendo força. "Chávez está declinando tanto internamente como regionalmente".
Para o ex-chanceler Lampreia, "a influência do Chávez passou há muito tempo, e o problema da saúde só reforça isso". Em meio a uma aguda crise econômica e o avanço das oposições, Chávez anunciou, no último mês, que está se tratando de um câncer, lançando incertezas sobre o futuro político do que chama de "revolução bolivariana".
O modelo brasileiro também tem ecos na América Central, onde Maurício Funes, de El Salvador, conseguiu chegar ao poder, em 2009, com a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, uma antiga guerrilha de esquerda. Casado com uma petista, Vanda Pignato, prometeu adotar o receituário de esquerda democrática, do Brasil.
Os analistas, no entanto, são céticos em dividir a América do Sul em zonas de influência de cada modelo, embora citem Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Brasil como países abertos a investimentos estrangeiros. Já os governos de Venezuela, Bolívia e Equador adotam um discurso nacionalista. O Paraguai, apesar da influência econômica brasileira, tem particularidades.
Na Argentina, que terá eleições neste ano, o analista Rosendo Fraga diz que tanto a situação como a oposição veem com bons olhos o modelo brasileiro, apesar das ligações dos governo de Néstor e Cristina Kirchner com Chávez.
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.