#398
Mensagem
por pafuncio » Ter Jan 27, 2009 10:58 pm
Vão me atirar pedras.
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O Irã não é uma criação imperialista, um rearranjo derivado do Grande Jogo do século XIX. Eles têm um sentido histórico, por mais que a "famíla real Pahlevi" fosse uma criação fantoche (o Tarik Ali disse que eles eram descendentes de cossacos, vejam só).
O próprio Sadam disse para jamais confiar em um persa, um dos legados do seu pai. "Persa", não iraniano.
E os iranianos não deixam de ter esse sentido histórico, de talvez ser o país mais importante do Oriente Médio, seja pelo óleo, seja pelo gás (onde são mais ricos ainda), seja pelas riquezas e promessas do Cáspio, seja pelo legado islâmico xiita, seja pela demografia, seja por terem enfrentado o Iraque, que era apoiado por americanos, russos, franceses, dentre outros. Não bastasse isso, ainda tem uma forma de democracia, que não é a ocidental, mas mui mais transparente que a dos países islâmicos.
Boa parte de juventude iraniana tem uma educação formal mui superior à dos vizinhos. A gurizada curte rock, as mulheres usam lingerie, nas cercanias de Teerã.
Acho que o soft power, aplicado ao Irã, contemplando o longo prazo, é do interesse do ocidente, Brasil incluso (lembrem-se do Cáspio e suas águas profundas).
Comparemos o Irã, em uma perspectiva de longo prazo, com o Paquistão, essa invenção inglesa, desprovido de unidade étnica (pashtuns vivendo tanto no Pak quanto no Afeganistão, por exemplo), incompetente na arte da guerra (e eram considerados tremendos guerreiros, quando da cisão com a Índia, muitos esperando que eles aniquilassem os hindus - novamente, Tarik Ali), com uma elita militar corrupta, fraticida e com coceira no gatilho, sustentando os sunitas mais radicais de todos.
Não estou defendendo o Irã, mas colocando em uma perspectiva de longo prazo (agora não, os iranianos são párias internacionais). Porém, para os paks, vendemos uma arma sensível, uma tecnologia que não sei se até então dispunham. E eles são e serão uma nação problemática.
E pensemos na Índia, no IBAS, nos projetos militares futuros, a possível influência da África do Sul. O papel que temos jogado no mais das vezes em conjunto com os hindus, no G20, e também em uma diplomacia mais do que tudo calcada no soft power.
Sei não, talvez os verdadeiramente espertos na parada tenham sido os paquistaneses. Adquirem uma arma sensível e friccionam nossa relação de longo prazo com os indianos. Touché ou xeque-mate ?
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Em suma, a longo prazo, não sei se a venda será interessante, oportuna ou conveniente. Quem sabe uma aposta grega ou indiana ?
Bem, saludos,people. alexandre.
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"