Re: ESTRATÉGIA NAVAL
Enviado: Sáb Ago 28, 2010 4:26 pm
Este é um artigo publicado no Plano Brasil.
Em primriro lugar, devemos louvar a iniciativa do autor, um forista/leitor do site, já que a iniciativa de publicar um estudo deste nível merece ser aplaudida.
Mas não é simples escrever sobre temas navais. Não somente isso, mas sobre estratégia de um modo geral, concepções modernas, confecção de cenários, projeto de forças, etc.
Por isso, por louvar a iniciativa, vou comentar o texto, o primeiro de quatro, de acordo com o site.
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Reflexões sobre a defesa nacional: Defesa do mar territorial e zona econômica exclusiva – Parte 1 de 4
28/08/2010 Vympel1274
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Autor: Vympel 1274
Plano Brasil
1. Definição das ameaças.
Quando se fala de defesa do nosso mar territorial, muitas vezes encontramos no blog, várias opiniões quanto a composição do que seria uma marinha pronta para garantir nossa soberania no mar. Alguns dizem que deveríamos ter tantos porta-aviões, tantos submarinos, tantos navios, etc…
Talvez o que realmente faz falta seja uma definição de quais seriam as verdadeiras ameaças para nossa soberania nas três principais dimensões (mar, ar e terra), com base nas necessidades e nas atitudes das principais potências que hoje regem o mundo, analisando suas ações no passado, presente e que poderão tomar no futuro.
Este, como sabemos aqui no DB, é um conceito ultrapassado.
Antigamente tínhamos: Hipótese de Guerra, Hipótese de Conflito, até chegarmos a Hipótese de Emprego.
A diferenciação da primeira para a segunda foi causada pelo Direito Internacional, que praticamente baniu a possibilidade de "guerra", com os países "driblando" a questão criando o termo conflito, mais ainda, "conflito internacional político-estratégico".
Nesta época se nomeavam inimigos, tornando-os reais.
Depois veio a hipótese de emprego, onde se preparam as FA para o emprego em cenários previstos, de acordo com capacidades a serem adquiridas, que permitirão atuar contra qualquer ameaça.
O momento em que forem definidos os possíveis adversários (por mais que pareçam “improváveis”, não quer dizer que sejam “impossíveis”), será o momento em que poderemos desenvolver / adquirir equipamentos de defesa, próprios para a missão que lhe seria destinada.
A "missão" é dada por uma situação única, particular, não repetida em outro caso, para uma Força Conjunta, ou singular, a fim de enfrentar a situação apresentada como "desafio", não por um adversário, mas pelo que ele pode fazer, ou está fazendo.
Os equipamentos são definidos pelas capacidades necessárias visualizadas por um determinado país para suas FA.
De nada adianta gastar bilhões de dólares em investimento de forças navais as quais não poderiam garantir sua própria sobrevivência em um combate moderno e que não tenham as características necessárias para enfrentar essas ameaças, pois uma estratégia baseada no poderio naval embarcado (devido á influência militar norte-americana), necessita de uma gama de investimentos que são, na realidade, impossíveis para o país a curto e médio prazos. São necessárias escoltas especializadas, aeronaves especializadas, sistemas de detecção e alerta antecipado de desenvolvimento próprio, sistemas de guerra eletrônica (ECM, ECCM, ESM, etc..), sistemas de defesa aérea de área e de ponto. E por aí vai…
É possível que o autor não esteja familiarizado com o PEAMB, com os meios previstos, com a quantidade, etc.
Estes investimentos não são impossíveis para o país, como sabemos.
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Porta-aviões A12 São Paulo. Será que dispomos de meios navais suficientes para garantir a operação em combate com segurança deste “concentrador de recursos” num ambiente moderno?
Não, a MB sabe disso, já disse ao poder político da nação, que está agindo para dotá-la de meios suficientes.
Tal decisão deve ser tomada com base na realidade de nossas condições financeiras e industriais, pois o desenvolvimento de certas tecnologias demoram por vezes anos para chegarem ao estágio de amadurecimento (Ex: soviéticos e chineses apesar de anos de pesquisa e desenvolvimento, não chegaram ao nível de especialização dos Estados Unidos em aviação embarcada). Deveríamos analisar as características do nosso mar territorial e de nossa costa, das nossas rotas de comércio exterior e da composição dos meios militares dos nossos possíveis futuros adversários. Só assim poderíamos definir que tipo de forças armadas são necessárias para nosso país. O melhor exemplo de uma doutrina não adaptada á realidade dos tempos modernos e as características da força militar do inimigo foi a “linha Maginot”, causando a derrota da França perante a Alemanha na 2ª guerra mundial.
Tudo o que o autor escreveu consta do Plano Estratégico da Marinha, ou PEM, e das avaliações dos poderes militares que normalmente são feitas, e que evidentemente não são ostensivos.
Um grave erro é tentar trazer exemplos d estratégia terrestre para o mei naval, como a linha maginot.
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Aeronaves A-4 “Skywahk” embarcados no porta-aviões A12 São Paulo. Serão aeronaves capazes de fornecer defesa aérea a grande distância para a força tarefa e enfrentar caças de alto desempenho de maneira eficaz?
Qualquer DBista pode responder.
2. Caracterização das ameaças.
Como já foi dito, futuras ameaças por mais que pareçam “improváveis”, não quer dizer que sejam “impossíveis”. Temos que ter em mente que, ao definir uma suposta ameaça, o país ou organização armada também irá tomar providências quanto a ser vista como ameaça (aqui o autor chega a conclusão clara que nomear uma ameaça é torná-la real) , o que pode ser desde um pronunciamento público (os EUA dizem ser “paranóia” a invasão da Amazônia), quanto uma demonstração legítima de força (constituição da 4ª frota para a América latina, além dos EUA não terem ratificado a convenção sobre o direito do mar). Comumente, as autoridades do nosso país tem suas decisões condicionadas á essa característica. Para a definição de ameaças, temos que considerar os seguintes fatores:
a) A ameaça tem capacidade militar de desdobramento?
b) A ameaça tem uma economia capaz de sustentar o “esforço de guerra” por tempo apreciável?
c) Nosso país tem algo que desperte o interesse da ameaça?
d) A ameaça (ou ameaças) tem respaldo entre os seus cidadãos para uma eventual guerra?
Quando confeccionamos cenários, é feita uma avaliação da conjuntura nacional, uma avaliação da conjuntura internacional, são definidos fatos portadores de futuro, entre ouras coisas, que abarcam tudo o escrito.
Estes são apenas alguns pontos á serem observados na definição de ameaças. Por exemplo, nos últimos anos:
Foram feitas declarações veladas ou não, a respeito da internacionalização de áreas do território nacional? (Amazônia verde e azul)
Foram feitas sondagens a respeito da internacionalização do mar territorial? (exploração de petróleo na plataforma continental e pré-sal)
Foram feitos protestos a respeito de problemas internos do nosso país que causem empatia na população mundial? (movimentos indígenas e movimentos dos sem terra)
Existe a tendência de não fornecer tecnologia de ponta para nosso país? (negativa de fornecer o M61A1 Vulcan, de 20 mm, instalado no AMX italiano, para o Brasil e o condicionamento da venda de mísseis BVR no começo do programa FX-2/F-18, ficando os referidos mísseis estocados em território americano, sendo fornecidos ao Brasil quando o mesmo fosse ameaçado por uma força extrangeira).
Tudo pode ser visto, na metodologia de confecção de cenários, como fatos portadores de futuro, que serão analizados profundamente com outros instrumentos.
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O AMX italiano, armado com um canhão M61A1 de seis canos calibre 20 mm. Foi negado o fornecimento da aeronave para o Brasil com o referido canhão, sendo adotado em seu lugar o DEFA 554 francês de 30 mm. Se somos considerados aliados, porque negar nosso acesso a tecnologia?
Ou seja, são países que estão fortemente armados (e que precisam de uma razão para manter o seu orçamento militar), que necessitam de recursos minerais, pois os seus recursos foram totalmente explorados ou são inexistentes (petróleo, urânio, etc..) ou países que se aproveitam de problemas internos do país alvo para justificar suas agressões militares (realizando o chamado “trabalho de convencimento”, que pode vir a durar anos ou poucos dias).
O trabalho de convencimento é de extrema importância, devido á necessidade de fazer com que a população desses países apóie integralmente as ações de suas forças armadas na frente de combate, sejam quais elas forem, e que seus soldados tenham um horizonte definido, para que sua “vontade de lutar” seja eterna e justa. No Iraque, ainda não acharam nenhum vestígio de armas de destruição em massa. Quais responsáveis pela guerra foram presos? Sendo uma guerra movida sem o aval das nações unidas, pode ser considerada uma guerra criminosa, mas quem foi preso por ordenar tal guerra?
O que se observa é que a história da humanidade sempre completa um círculo. E esse círculo seria que, são sempre os mesmos países que exploraram os outros em algum momento da história, são os que voltam a fazer o mesmo no futuro, utilizando sempre os mesmos métodos, apenas adaptados para os momentos atuais. Quem não estiver preparado devidamente, será dominado e ainda passará para a história como “eixo do mal”.
3. A riqueza está no mar
Pela primeira vez na história a população começa a ter esta visão.
Ignorada por milhões de brasileiros, entretanto, já vem sendo debatida em certos círculos militares e políticos nacionais a chamada Amazônia Azul, definida como uma região maior e mais rica do que a Amazônia Verde, pois compreende uma faixa de 200 milhas marítimas de largura ao longo do litoral do Brasil (em alguns pontos chagando a 350 milhas, como consequência do trabalho da MB no LEPLAC - ver o tópico Última fronteira do Brasil), chamada de Zona de Exploração (Econômica e não exploração) Exclusiva (ZEE – com 3,6 milhões de km²) (4,5 milhões de km²), e que o país pleiteia na ONU que seja alargada em alguns pontos para até 350 milhas por efeito da Plataforma Continental (PC – acrescentando outros 900 mil km²). Toda essa área marítima soma 4,4 milhões de quilômetros quadrados, 10% maior do que a ocupada pela floresta amazônica, acrescentando ao país o equivalente a mais de 50% de seu atual território.
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Conforme estabelecido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada por quase cem países, inclusive o Brasil, todos os bens econômicos existentes no seio da massa líquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho, ao longo de uma faixa litorânea de 200 milhas marítimas de largura, na chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE), constituem propriedade exclusiva do país ribeirinho. Em alguns casos, a Plataforma Continental (PC) - prolongamento natural da massa terrestre de um Estado costeiro - ultrapassa essa distância, podendo estender a propriedade econômica do Estado a até 350 milhas marítimas. Essas áreas somadas – ZEE mais a PC – caracterizam a imensa Amazônia Azul, medindo quase 4,5 milhões de Km², o que acrescenta ao País uma área equivalente a mais de 50% de sua extensão territorial.
É necessário que o Brasil crie mecanismos não apenas para defesa da Amazônia Verde, mas também da chamada Amazônia Azul, que, da mesma forma que a terrestre, também é sistematicamente invadida por exploradores estrangeiros. Já em 1963 tivemos a chamada “Guerra da Lagosta“, para evitar que embarcações francesas viessem explorar essa pesca em nossas águas. E a convenção do Direito do Mar – que não foi ratificada pelos Estados Unidos – estabelece que se o país não explorar os recursos vivos na Zona de Exploração Exclusiva, terá de permitir a outros que o façam. Já na extensão pleiteada até 350 milhas, o país ganharia a exclusividade na exploração dos recursos do solo e subsolo marinhos (mas não dos recursos vivos da camada líquida errado).
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Recursos encontrados na zona econômica exclusiva
4. Definindo as possíveis ameaças
Ao se definir a ameaça, deve-se analisar as condições de desdobramento que ela necessita para mover uma agressão contra o brasil. O território nacional pode ser ameaçado de várias formas:
a) Desembarque anfíbio, apoiado por uma poderosa marinha (litoral warfare) errado;
b) Concentração de força militar próximo á nossas fronteiras (bases em um país latino-americano com fronteiras comuns ao Brasil);
c) Ataque aéreo por aeronaves estratégicas (baseadas em seu próprio território) ou táticas (baseadas em porta-aviôes ou países amigos);
d) Fomento de movimentos insurretos, visando atrair atenção internacional para justificar uma intervenção (ONG, MST e índios).
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O controle britânico do MST – O controle que o Establishment britânico vem mantendo sobre o MST, praticamente desde sua fundação, presenteando o movimento com ajuda financeira, ao mesmo tempo em que se converteu, por meio de várias de suas fundações, no principal patrocinador da imagem internacional do MST, fornecendo-lhe um disfarce de genuíno movimento em prol da justiça social. A relação do MST com a Casa de Windsor se realiza principalmente por intermédio de dois canais, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Ministério de Desenvolvimento e Cooperação Internacional, o antigo Departamento Colonial.
Com base em todos estes dados, quais seriam os países que poderiam ameaçar o Brasil?
Rússia e China não dispõem de capacidade de desdobramento naval, com condições de controle de áreas marítimas (e negar o uso do mar, ou interferir nas rotas comerciais?), e nem são os principais algozes nos últimos anos. Os países latino-americanos não tem nem marinhas de envergadura suficiente para competir com o Brasil nem economias capazes de sustentar um “esforço de guerra” aprazível. Restam as forças militares da OTAN/EUA, as quais já mostraram repetidas vezes, intenções de caráter militar contra o Brasil. A criação da IV frota é o melhor exemplo da “diplomacia do porrete”, em que os EUA intimidam países com os quais não mantém relações políticas tão boas. A principal característica dos chamados CSG (Carrier Strike Group – Grupo de ataque centrado em porta-aviôes), os quais formam as frotas de combate da marinha americana, representando a principal força de projeção estratégica do governo americano, é a multiplicidade de tarefas os quais podem realizar, devido a diversidade e especialização dos meios de combate que dispõem. Esta formação de combate é variável de acordo com a necessidade, mas em linhas gerais, tem a mesma constituição.
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Área de responsabilidade da IV frota da marinha dos Estados Unidos e brasão representativo do comando sul.
Cabe ao autor informar que esta não é nenhuma dissertação com caráter político, mas sim uma proposta, que surgiu de uma análise fria e objetiva dos acontecimentos dos últimos anos no mundo, principalmente devido ao Brasil seguir sua meta política que, normalmente, colide com as metas de Washington (Ex: atual crise nuclear no Irã).
Continua..
Muito bom, esperemos pelos próximos capítulos.
Parabéns ao autor pela iniciativa.
Em primriro lugar, devemos louvar a iniciativa do autor, um forista/leitor do site, já que a iniciativa de publicar um estudo deste nível merece ser aplaudida.
Mas não é simples escrever sobre temas navais. Não somente isso, mas sobre estratégia de um modo geral, concepções modernas, confecção de cenários, projeto de forças, etc.
Por isso, por louvar a iniciativa, vou comentar o texto, o primeiro de quatro, de acordo com o site.
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Reflexões sobre a defesa nacional: Defesa do mar territorial e zona econômica exclusiva – Parte 1 de 4
28/08/2010 Vympel1274
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Autor: Vympel 1274
Plano Brasil
1. Definição das ameaças.
Quando se fala de defesa do nosso mar territorial, muitas vezes encontramos no blog, várias opiniões quanto a composição do que seria uma marinha pronta para garantir nossa soberania no mar. Alguns dizem que deveríamos ter tantos porta-aviões, tantos submarinos, tantos navios, etc…
Talvez o que realmente faz falta seja uma definição de quais seriam as verdadeiras ameaças para nossa soberania nas três principais dimensões (mar, ar e terra), com base nas necessidades e nas atitudes das principais potências que hoje regem o mundo, analisando suas ações no passado, presente e que poderão tomar no futuro.
Este, como sabemos aqui no DB, é um conceito ultrapassado.
Antigamente tínhamos: Hipótese de Guerra, Hipótese de Conflito, até chegarmos a Hipótese de Emprego.
A diferenciação da primeira para a segunda foi causada pelo Direito Internacional, que praticamente baniu a possibilidade de "guerra", com os países "driblando" a questão criando o termo conflito, mais ainda, "conflito internacional político-estratégico".
Nesta época se nomeavam inimigos, tornando-os reais.
Depois veio a hipótese de emprego, onde se preparam as FA para o emprego em cenários previstos, de acordo com capacidades a serem adquiridas, que permitirão atuar contra qualquer ameaça.
O momento em que forem definidos os possíveis adversários (por mais que pareçam “improváveis”, não quer dizer que sejam “impossíveis”), será o momento em que poderemos desenvolver / adquirir equipamentos de defesa, próprios para a missão que lhe seria destinada.
A "missão" é dada por uma situação única, particular, não repetida em outro caso, para uma Força Conjunta, ou singular, a fim de enfrentar a situação apresentada como "desafio", não por um adversário, mas pelo que ele pode fazer, ou está fazendo.
Os equipamentos são definidos pelas capacidades necessárias visualizadas por um determinado país para suas FA.
De nada adianta gastar bilhões de dólares em investimento de forças navais as quais não poderiam garantir sua própria sobrevivência em um combate moderno e que não tenham as características necessárias para enfrentar essas ameaças, pois uma estratégia baseada no poderio naval embarcado (devido á influência militar norte-americana), necessita de uma gama de investimentos que são, na realidade, impossíveis para o país a curto e médio prazos. São necessárias escoltas especializadas, aeronaves especializadas, sistemas de detecção e alerta antecipado de desenvolvimento próprio, sistemas de guerra eletrônica (ECM, ECCM, ESM, etc..), sistemas de defesa aérea de área e de ponto. E por aí vai…
É possível que o autor não esteja familiarizado com o PEAMB, com os meios previstos, com a quantidade, etc.
Estes investimentos não são impossíveis para o país, como sabemos.
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Porta-aviões A12 São Paulo. Será que dispomos de meios navais suficientes para garantir a operação em combate com segurança deste “concentrador de recursos” num ambiente moderno?
Não, a MB sabe disso, já disse ao poder político da nação, que está agindo para dotá-la de meios suficientes.
Tal decisão deve ser tomada com base na realidade de nossas condições financeiras e industriais, pois o desenvolvimento de certas tecnologias demoram por vezes anos para chegarem ao estágio de amadurecimento (Ex: soviéticos e chineses apesar de anos de pesquisa e desenvolvimento, não chegaram ao nível de especialização dos Estados Unidos em aviação embarcada). Deveríamos analisar as características do nosso mar territorial e de nossa costa, das nossas rotas de comércio exterior e da composição dos meios militares dos nossos possíveis futuros adversários. Só assim poderíamos definir que tipo de forças armadas são necessárias para nosso país. O melhor exemplo de uma doutrina não adaptada á realidade dos tempos modernos e as características da força militar do inimigo foi a “linha Maginot”, causando a derrota da França perante a Alemanha na 2ª guerra mundial.
Tudo o que o autor escreveu consta do Plano Estratégico da Marinha, ou PEM, e das avaliações dos poderes militares que normalmente são feitas, e que evidentemente não são ostensivos.
Um grave erro é tentar trazer exemplos d estratégia terrestre para o mei naval, como a linha maginot.
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Aeronaves A-4 “Skywahk” embarcados no porta-aviões A12 São Paulo. Serão aeronaves capazes de fornecer defesa aérea a grande distância para a força tarefa e enfrentar caças de alto desempenho de maneira eficaz?
Qualquer DBista pode responder.
2. Caracterização das ameaças.
Como já foi dito, futuras ameaças por mais que pareçam “improváveis”, não quer dizer que sejam “impossíveis”. Temos que ter em mente que, ao definir uma suposta ameaça, o país ou organização armada também irá tomar providências quanto a ser vista como ameaça (aqui o autor chega a conclusão clara que nomear uma ameaça é torná-la real) , o que pode ser desde um pronunciamento público (os EUA dizem ser “paranóia” a invasão da Amazônia), quanto uma demonstração legítima de força (constituição da 4ª frota para a América latina, além dos EUA não terem ratificado a convenção sobre o direito do mar). Comumente, as autoridades do nosso país tem suas decisões condicionadas á essa característica. Para a definição de ameaças, temos que considerar os seguintes fatores:
a) A ameaça tem capacidade militar de desdobramento?
b) A ameaça tem uma economia capaz de sustentar o “esforço de guerra” por tempo apreciável?
c) Nosso país tem algo que desperte o interesse da ameaça?
d) A ameaça (ou ameaças) tem respaldo entre os seus cidadãos para uma eventual guerra?
Quando confeccionamos cenários, é feita uma avaliação da conjuntura nacional, uma avaliação da conjuntura internacional, são definidos fatos portadores de futuro, entre ouras coisas, que abarcam tudo o escrito.
Estes são apenas alguns pontos á serem observados na definição de ameaças. Por exemplo, nos últimos anos:
Foram feitas declarações veladas ou não, a respeito da internacionalização de áreas do território nacional? (Amazônia verde e azul)
Foram feitas sondagens a respeito da internacionalização do mar territorial? (exploração de petróleo na plataforma continental e pré-sal)
Foram feitos protestos a respeito de problemas internos do nosso país que causem empatia na população mundial? (movimentos indígenas e movimentos dos sem terra)
Existe a tendência de não fornecer tecnologia de ponta para nosso país? (negativa de fornecer o M61A1 Vulcan, de 20 mm, instalado no AMX italiano, para o Brasil e o condicionamento da venda de mísseis BVR no começo do programa FX-2/F-18, ficando os referidos mísseis estocados em território americano, sendo fornecidos ao Brasil quando o mesmo fosse ameaçado por uma força extrangeira).
Tudo pode ser visto, na metodologia de confecção de cenários, como fatos portadores de futuro, que serão analizados profundamente com outros instrumentos.
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O AMX italiano, armado com um canhão M61A1 de seis canos calibre 20 mm. Foi negado o fornecimento da aeronave para o Brasil com o referido canhão, sendo adotado em seu lugar o DEFA 554 francês de 30 mm. Se somos considerados aliados, porque negar nosso acesso a tecnologia?
Ou seja, são países que estão fortemente armados (e que precisam de uma razão para manter o seu orçamento militar), que necessitam de recursos minerais, pois os seus recursos foram totalmente explorados ou são inexistentes (petróleo, urânio, etc..) ou países que se aproveitam de problemas internos do país alvo para justificar suas agressões militares (realizando o chamado “trabalho de convencimento”, que pode vir a durar anos ou poucos dias).
O trabalho de convencimento é de extrema importância, devido á necessidade de fazer com que a população desses países apóie integralmente as ações de suas forças armadas na frente de combate, sejam quais elas forem, e que seus soldados tenham um horizonte definido, para que sua “vontade de lutar” seja eterna e justa. No Iraque, ainda não acharam nenhum vestígio de armas de destruição em massa. Quais responsáveis pela guerra foram presos? Sendo uma guerra movida sem o aval das nações unidas, pode ser considerada uma guerra criminosa, mas quem foi preso por ordenar tal guerra?
O que se observa é que a história da humanidade sempre completa um círculo. E esse círculo seria que, são sempre os mesmos países que exploraram os outros em algum momento da história, são os que voltam a fazer o mesmo no futuro, utilizando sempre os mesmos métodos, apenas adaptados para os momentos atuais. Quem não estiver preparado devidamente, será dominado e ainda passará para a história como “eixo do mal”.
3. A riqueza está no mar
Pela primeira vez na história a população começa a ter esta visão.
Ignorada por milhões de brasileiros, entretanto, já vem sendo debatida em certos círculos militares e políticos nacionais a chamada Amazônia Azul, definida como uma região maior e mais rica do que a Amazônia Verde, pois compreende uma faixa de 200 milhas marítimas de largura ao longo do litoral do Brasil (em alguns pontos chagando a 350 milhas, como consequência do trabalho da MB no LEPLAC - ver o tópico Última fronteira do Brasil), chamada de Zona de Exploração (Econômica e não exploração) Exclusiva (ZEE – com 3,6 milhões de km²) (4,5 milhões de km²), e que o país pleiteia na ONU que seja alargada em alguns pontos para até 350 milhas por efeito da Plataforma Continental (PC – acrescentando outros 900 mil km²). Toda essa área marítima soma 4,4 milhões de quilômetros quadrados, 10% maior do que a ocupada pela floresta amazônica, acrescentando ao país o equivalente a mais de 50% de seu atual território.
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Conforme estabelecido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, ratificada por quase cem países, inclusive o Brasil, todos os bens econômicos existentes no seio da massa líquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho, ao longo de uma faixa litorânea de 200 milhas marítimas de largura, na chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE), constituem propriedade exclusiva do país ribeirinho. Em alguns casos, a Plataforma Continental (PC) - prolongamento natural da massa terrestre de um Estado costeiro - ultrapassa essa distância, podendo estender a propriedade econômica do Estado a até 350 milhas marítimas. Essas áreas somadas – ZEE mais a PC – caracterizam a imensa Amazônia Azul, medindo quase 4,5 milhões de Km², o que acrescenta ao País uma área equivalente a mais de 50% de sua extensão territorial.
É necessário que o Brasil crie mecanismos não apenas para defesa da Amazônia Verde, mas também da chamada Amazônia Azul, que, da mesma forma que a terrestre, também é sistematicamente invadida por exploradores estrangeiros. Já em 1963 tivemos a chamada “Guerra da Lagosta“, para evitar que embarcações francesas viessem explorar essa pesca em nossas águas. E a convenção do Direito do Mar – que não foi ratificada pelos Estados Unidos – estabelece que se o país não explorar os recursos vivos na Zona de Exploração Exclusiva, terá de permitir a outros que o façam. Já na extensão pleiteada até 350 milhas, o país ganharia a exclusividade na exploração dos recursos do solo e subsolo marinhos (mas não dos recursos vivos da camada líquida errado).
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Recursos encontrados na zona econômica exclusiva
4. Definindo as possíveis ameaças
Ao se definir a ameaça, deve-se analisar as condições de desdobramento que ela necessita para mover uma agressão contra o brasil. O território nacional pode ser ameaçado de várias formas:
a) Desembarque anfíbio, apoiado por uma poderosa marinha (litoral warfare) errado;
b) Concentração de força militar próximo á nossas fronteiras (bases em um país latino-americano com fronteiras comuns ao Brasil);
c) Ataque aéreo por aeronaves estratégicas (baseadas em seu próprio território) ou táticas (baseadas em porta-aviôes ou países amigos);
d) Fomento de movimentos insurretos, visando atrair atenção internacional para justificar uma intervenção (ONG, MST e índios).
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O controle britânico do MST – O controle que o Establishment britânico vem mantendo sobre o MST, praticamente desde sua fundação, presenteando o movimento com ajuda financeira, ao mesmo tempo em que se converteu, por meio de várias de suas fundações, no principal patrocinador da imagem internacional do MST, fornecendo-lhe um disfarce de genuíno movimento em prol da justiça social. A relação do MST com a Casa de Windsor se realiza principalmente por intermédio de dois canais, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Ministério de Desenvolvimento e Cooperação Internacional, o antigo Departamento Colonial.
Com base em todos estes dados, quais seriam os países que poderiam ameaçar o Brasil?
Rússia e China não dispõem de capacidade de desdobramento naval, com condições de controle de áreas marítimas (e negar o uso do mar, ou interferir nas rotas comerciais?), e nem são os principais algozes nos últimos anos. Os países latino-americanos não tem nem marinhas de envergadura suficiente para competir com o Brasil nem economias capazes de sustentar um “esforço de guerra” aprazível. Restam as forças militares da OTAN/EUA, as quais já mostraram repetidas vezes, intenções de caráter militar contra o Brasil. A criação da IV frota é o melhor exemplo da “diplomacia do porrete”, em que os EUA intimidam países com os quais não mantém relações políticas tão boas. A principal característica dos chamados CSG (Carrier Strike Group – Grupo de ataque centrado em porta-aviôes), os quais formam as frotas de combate da marinha americana, representando a principal força de projeção estratégica do governo americano, é a multiplicidade de tarefas os quais podem realizar, devido a diversidade e especialização dos meios de combate que dispõem. Esta formação de combate é variável de acordo com a necessidade, mas em linhas gerais, tem a mesma constituição.
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Área de responsabilidade da IV frota da marinha dos Estados Unidos e brasão representativo do comando sul.
Cabe ao autor informar que esta não é nenhuma dissertação com caráter político, mas sim uma proposta, que surgiu de uma análise fria e objetiva dos acontecimentos dos últimos anos no mundo, principalmente devido ao Brasil seguir sua meta política que, normalmente, colide com as metas de Washington (Ex: atual crise nuclear no Irã).
Continua..
Muito bom, esperemos pelos próximos capítulos.
Parabéns ao autor pela iniciativa.