4 de agosto de 2017 at 18:34
A faina da recuperação! MB marca a volta da ‘Noronha’ às operações para o fim do ano, e tem quase prontos os estudos que subsidiarão as decisões do Almirantado no tocante à revitalização das FCN e da CV ‘Barroso’
Corveta “Júlio de Noronha”
Por Roberto Lopes
O esforço de recuperação de meios, uma das marcas registradas da gestão Leal Ferreira na Marinha, está perto de mostrar os seus primeiros resultados.
O Comando da Força considera que, após um período de inatividade de aproximadamente nove anos (!), a corveta Júlio de Noronha (V-32) estará “plenamente operativa até o final do segundo semestre de 2017”, conforme informou à coluna INSIDER uma nota preparada pelo Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM).
O barco se encontra, atualmente, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), realizando a última docagem do seu Período de Manutenção Geral/Período de Modernização de Meios (PMG/MOD).
Trata-se da realização de serviços rotineiros de um navio docado, como jateamento, soldagem e substituição de chapas, recomposição de pintura, reparos em caixas de mar, troca de anodos de proteção, inspeção do sistema de governo e dos estabilizadores.
Após a desdocagem, prosseguirão os serviços de comissionamento da propulsão.
Em outubro de 2016 a corveta desatracou do Cais Sul do AMRJ (foto) para realizar um fundeio operativo nas proximidades da Escola Naval.
Entre os dias 20 e 21 daquele mês, a “Noronha” realizou verificações de sistemas e da propulsão, além de adestramentos para o pessoal que guarnece as estações de manobra, convés, máquinas e controle de avarias.
Objetivo: uma experiência de máquinas para o comissionamento das unidades de controle local dos motores de combustão principais, prevista para o mês seguinte.
Agora os sistemas, sensores e armamento que já foram reparados estão sendo paulatinamente comissionados e testados. Após essa etapa serão incrementados os adestramentos das equipes de bordo, visando a reintegração do navio à rotina operacional da Esquadra.
Equipamentos – Nove anos atrás, uma análise da revitalização requerida pela Júlio de Noronha calculou o gasto com o serviço (incluindo a melhoria das áreas habitáveis da embarcação) em R$ 13,8 milhões.
Naquela época o que se pensava recuperar era, principalmente, a propulsão; mas também se previa a substituição de alguns outros sistemas e sensores – como o sistema tático de comando, controle e combate.
A modernização compreenderia as seguintes instalações:
- Sistema SICONTA Mk.4;
Radar de busca combinada Selex Sistemi RAN-20S bidimensional;
Radar de DT Selex Sistemi RTN-30X;
Radar de navegação Furuno FR 8252;
MAGE – DEFENSOR;
Sistema de Navegação Inercial – SIGMA 40 INS (SAGEM);
Sistema de Controle e Monitoração SCM;
Jaceguai – A corveta “Jaceguai” (V-31), que já chegou a fazer uma travessia Rio-Santos para teste de motores, também cumpre extenso programa de adestramentos e de exercícios, visando a qualificação das suas equipes nos trabalhos e manobras próprias dessa classe de navio.
No que diz respeito ao material, prossegue a revisão geral do motor gerador nº 4 e o reparo de seus grupos de osmose reversa.
No agrupamento dos escoltas de maior porte, apenas três Niterói e a corveta Barroso (V-34) serão submetidas às atualizações que os seus diferentes sistemas requerem.
Recomposição – Segundo o CCSM, os estudos que vão amparar as decisões relativas a esse serviço “estão praticamente finalizados e serão apresentados em curto espaço de tempo à decisão da Alta Administração Naval” (Comandante da Marinha mais Almirantado).
Nesses navios, o programa de revitalização pode ser dividido em duas partes: a da atualização de sensores, sistema de combate e armamentos, e uma outra, referente a períodos de manutenção das plataformas, “cujo escopo tratará, primordialmente, da parte estrutural dos navios, e dos sistemas de propulsão, geração e distribuição de energia elétrica, comunicações e ar condicionado”.
A fragata Defensora (F-41) tem seu retorno ao setor operativo da Armada previsto para o primeiro semestre do ano que vem.
Ela deixou o Dique Almirante Jardim, no AMRJ, no dia 15 de março (foto abaixo); quatro meses mais tarde – a 13 de julho – recebeu os seus dois últimos motores propulsores.
Sua tripulação procede, agora, a testes com os diferentes equipamentos que já foram e ainda vem sendo embarcados no navio – etapa prévia à realização das provas de mar.
Embarque dos dois últimos motores da fragata “Defensora”, em julho
Estão sendo experimentados os motores de combustão principal (MCP) e os de combustão auxiliares.
O pessoal do barco também trabalha no restabelecimento dos sistemas de refrigeração e de ar comprimido, além da recomposição do sistema de combate, que deve se prolongar até dezembro deste ano.
Rimpac – A recuperação dessas fragatas e corvetas servirá para aliviar a carga de comissionamentos que recai, hoje, sobre unidades que já vem sendo exigidas no rodízio de embarcações na costa do Líbano e em operações multinacionais de patrulhamento do Golfo da Guiné, na costa ocidental da África.
Mas tanto a Esquadra como o Comando de Operações Navais ainda são comedidos acerca da previsão de empenho das suas unidades em outras jornadas a longa distância.
A coluna INSIDER perguntou ao CCSM sobre a resposta que será dada à solicitação recebida da Marinha dos Estados Unidos, para que a MB se faça representar na RIMPAC 2018.
“O convite está em avaliação pelo Comando de Operações Navais e a Marinha poderá participar do exercício com o envio de navio ou apenas de pessoal nas fases de planejamento e execução, de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros”, foi a resposta da Comunicação Social da Força.
A operação Rim of Pacific, no eixo Havaí-litoral do estado americano da Califórnia, é o maior exercício naval multinacional do mundo.
Ano passado a Força Naval brasileira cancelou sua participação, em razão da indisponibilidade de meios e das restrições financeiras.
Avisos-Rádio – Mas é certo que a MB mantém bem vivo o seu desejo de operar longe da costa, e, até mesmo, longe do Atlântico Sul.
Na entrevista concedida à coluna INSIDER, terça-feira passada (01.08) à tarde, o Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira confirmou que, apesar da escassez de recursos, a Força mantém um Adido Naval em Adis Abeba, a capital etíope de 3 milhões de habitantes que sedia a União Africana.
Adis Abeba
Esse oficial chegou ao posto em 2015, época em que se pensava fosse ser possível que um navio da Esquadra compartilhasse com barcos da Agência Europeia de Defesa e da Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) o patrulhamento anti-pirataria do chamado Chifre da África – como, por sinal, já faz a Marinha da Colômbia (com a assistência da Marinha espanhola).
O Comando da Força Naval tem muitas preocupações com o tráfego dos navios mercantes de bandeira brasileira em áreas marítimas consideradas perigosas.
“Há alguns anos a Marinha do Brasil emite regularmente Avisos-Rádio Náuticos advertindo os navios mercantes de bandeira brasileira sobre os perigos da operação nas áreas do Leste da África”, esclareceu uma nota do CCSM enviada a esta coluna, “em especial na costa da Somália e Mar da Arábia, orientando-os a manter alto nível de vigilância e a incrementar as medidas de segurança a fim de evitar atos de pirataria”.
Mar da Arábia
http://www.planobrazil.com/a-faina-da-r ... vitalizac/
abs.
arcanjo