gabriel219 escreveu: Ter Jun 12, 2018 10:30 pm
Me apresentem um plano factível de renovação da artilharia, helicópteros de ataque e de blindados nacionais, que não custe tanto ao ponto de parar os demais programas e eu concordo em não fazer compra de oportunidade.
Claro, tem que ser 100% nacional, não adianta ser 70%, pois 30% sendo boicotado já é o suficiente pra deixar aquartelado.
Olá Gabriel.
Vamos colocar assim, o atual PAED, em revisão, tem sido bem enxuto comparativamente à versão anterior, de modo que quantitativamente ele é bem inferior em demandas. Na verdade, está bem abaixo do que realmente necessitamos. Por outro lado é mais condizente com a falta de importância do assunto defesa no Brasil.
Existe legislação federal que determina investimentos mínimos na BID a partir de projetos das ffaa's, desde que o produto desejado esteja disponível aqui na mesma qualidade desejada pelos requisitos impostos. Na falta desta, a importação é o caminho. Nos países desenvolvidos existe leis análogas a estas que visam proteger e privilegiar suas próprias industrias e centros de desenvolvimento e pesquisa. No Brasil, infelizmente, se tornou apenas mais uma dentre as milhares feitas apenas para fazer constar, ao contrário do que acontece nos países que levam a sério a sua defesa.
Para ser bem resumido, temos como fazer com que o investimento na BID seja feito sem onerar outros setores que são tão ou mais importantes quanto a defesa. Isso é mera questão de contabilidade financeira e tanto o MD quanto o GF sabem como equilibrar isso. Fontes de recursos não faltam, Falta mesmo é vontade e interesse.
Falando em artilharia, por exemplo, há anos discutimos aqui a forma como ela vem sendo tratada, e tenho repetido o porque disso várias vezes nesse tópico, ou seja, artilharia não sobe morro e nem faz Aciso. Ou ao menos não subia ou fazia. Pelo que sei, agora tem de fazer e subir....
Neste sentido, com a pressão cada vez maior dos artilheiros por alguma solução em seu campo, houve a oportunidade de buscar soluções, primeiro na forma do novo obuseiro AP sobre rodas. A partir deste modelo, viu-se quais eram os modelos disponíveis no mercado, custos e condições de negócio. Claro, visando um futuro mais a frente. Da mesma forma, já há tempos o EB tem interesse velado pelo M-777, embora sem condições de obter um número destes obuseiros em quantidade adequada vide nossas limitações orçamentárias de sempre. Mas isso não impediu que outros alternativas fossem observadas e avaliadas.
E é aí que começam os nossos problemas. Como disse em post anterior, toda vez que nos desviamos dos fornecedores tradicionais de material de defesa, indo na direção de russos e chineses, para citar apenas estes dois, há outros também, do nada começaram a aparecer ofertas de material que até outro dia nunca haviam sido sequer oferecidos ou disponibilizados para nós. Entram nessa conta M-1 Abrams, AH-1W, M-198 e outros. Tudo porque houve um interesse concreto de parte do EB em verificar fontes alternativas às tradicionais. Isso não tem nada a ver com as relações entre as ffaa' de lá e de cá, mas com geopolítica. Não interessa, e nunca interessou, aos nossos vizinhos do norte que alcançássemos um patamar de autonomia e independência indesejável para eles, principalmente do ponto de vista militar, incluindo aí a BID e o setor nuclear, cibernético e aeroespacial. É conhecida de todos aqui as investidas dos americanos, e indiretamente de europeus, influenciados/precionados por estes, sobre todo e qualquer projeto de P&D relativo a defesa no Brasil.
Visto isso, podemos constatar que de um certo angulo a participação de nossos próprios militares no sentido de manter esse círculo vicioso.
Mas e que alternativas temo?
Há várias engavetadas no MD, ou barradas simplesmente, hora pelo MF, hora pela secretaria civil da presidência da república. E como nunca tivemos um MD realmente interessado em modificar o status quo, assim vamos.
Para não me tornar prolixo, é só procurar no site do MD a quantidade de projetos e programas que estão parados ou esperando verba até para começar.
Mas deixo um exemplo do que poderia ser feito de prático: a concentração no MD da gestão de projetos de P&D ligados à defesa. Um segundo, a concentração no MD da gestão das verbas para a defesa. Os comandos militares exerceriam apenas função executiva. E três, fazer com que a legislação sobre defesa seja obedecida na prática.
Afora isso, a MB tem como obter recursos a partir de várias fontes relativas ao uso e exploração da nossa ZEE. Igualmente a FAB pode obter recursos a partir das atividades aeronáuticas do país. E por fim, o EB tem uma miríade de fontes que podem ser exploradas a partir de atividades dentro do território nacional.
Este é um expediente antigo e já bem conhecido de vários países. Inclusive vizinhos nossos de AS.
Falta-nos portanto conseguir um governo responsável e um MD realmente conhecedor dos problemas da área e com efetiva vontade de resolvê-los.
Dinheiro não é problema. Isso nós temos até de sobra sendo desperdiçado e roubado desde sempre.
abs.