Somente agora consegui um tempo para ler os postes dos senhores e fico honrado com as réplicas ao meu singelo post, não esperava tamanho nível de comentários, realmente eu sequer estive ao lado de um Mirage III parado no solo, apenas conheço de perto o nosso F 5. Mas gosto de aviação militar, com leigo.
As informações que utilizei na elaboração do meu post, tem como fonte principal o livro: Mirage III vs Mig 21, da editora Osprey tendo como autor Shlomo Aloni, de onde obtive as informações sobre a questão da mira, das teclas para o tiro dos canhões de 30 mm e do míssil R.530. Outras fontes são os artigos publicados no site
http://sistemasdearmas.com.br/
Realmente discussões deste tipo, engradecem por demais o nosso Fórum e deveriam ocorrer mais vezes.
Realmente não fiquei ofendido por causa do comentário: "das duas cabeças", eu somente não me expressei bem em dizer que eram cabeças intercambiáveis, também não sabia que a FAB somente teve cabeças com guiagem IR uma informação super valiosa.
Obter informações confiáveis sobre o míssil R 530 é algo muito difícil, já escrevi até para algumas revistas pedindo para que fizessem uma matéria ampla sobre o seu uso no Brasil, pois foi o nosso primeiro míssil ar-ar e também pela polêmica que ele representou. É uma arma completamente obsoleta, peça de museu, por isso valia a pena ter tudo sobre ele exposto. Para quem gosta de aviação da época da guerra fria é um prato cheio.
Recentemente os norte americanos desclassificaram o seu relatório de testes do Mig 21F13 na Area 51 e hoje podemos ler graças a maravilha da internet. Os Mirage III e os seus mísseis são peças do Musal e ainda não sabemo tanta coisa sobre eles.
Os postes de vocês dois, Justin e Sabre, são ricos em detalhes que muitos inclusive eu desconheciam totalmente como: que a antena do radar Cyrano pesava 80 kg, do deslocamento do centro de gravidade do F 5 ou da harmonização dos canhões do Mirage III. Senhores faço aqui o convite de que possam postar mais informações sobre o Mirage III e o R 530.
Bem algumas considerações sobre os comentários dos colegas com relação ao meu post:
Quanto ao tiro com os canhões quem escreveu sobre o erro foi o autor do livro Shlomo Aloni, ele deve ter alguma autoridade sobre o assunto, afinal foram os israelenses que fizeram com que este caça fosse o sucesso que ele foi.
Quanto ao radar Cyrano, bem pelos padrões de hoje pode ser realmente considerado como inútil, mas com certeza era melhor que o modelo RP 21 "Spin Scan" usado nos Mig 21PF, alguns dizem que inferior ao AI23 Airpass usado nos Lightning britânicos. Fato real é que os israelenses acabaram por desprezar o radar, conforme pode se observar na versão israelense do Mirage o Nesher fabricados pela IAI e inclusive no Mirage V, produzido conforme especificações israelenses. Talvez as condições visuais boas da palestina e do Sinai, fizeram com os judeus tomassem esta decisão.
Inclusive a última edição da Revista Força Aérea, apresenta nas fls. 70, em uma matéria sobre o conflito de Yom Kippur, de autoria de Shlomo Aloni, que o F4E Phantom II era o único avião que possuia um radar confiável no inventário da Força Aérea Israelense.
Esta interceptação controlada que o Justin descreve no seu post, realmente deveria ser o máximo para a tecnologia daquela época e o F5 não poderia jamais fazer tal coisa. Não tenho dúvidas que o Mirage III era capaz de fazer interceptações em grande altitude e de noite, com os seus aviônicos, coisa que um Nesher ou Mirage V não fariam.
Quanto aos mísseis usados nos nossos Mirage III e F5E, concordo que eram as melhores opções quando adquirimos os caças, sem dúvida pois os franceses somente tinham o R530 para oferecer, eles ainda não tinham desenvolvido o Magic e os norte americanos somente nos venderiam o AIM 9B, aliás parece que tem umas histórias de tentativas da FAB de comprar versões mais avançadas do Sidewinder que foram vetadas pelos EUA. Mas somente ouvi comentários, nada posso dizer.
O que eu frisei no meu comentário é que os Mirage III passaram quase todo o seu tempo de uso na FAB limitados ao Matra R 530, enquanto os Argentinos já estavam usando os Magic em alguns dos seus caças, não tenho conhecimento de que eles tinham a capacidade de usar o Sidewinder Bravo, o fato é que não tenho notícia que eles o usaram o Sidewinder. Sendo que pelo que soube apenas passaram a ter um míssil efetivo com a adoção do Python 3, que apesar da defasagem tecnológica, foi realmente a arma que dotou a FAB de dentes, pois antes ela somente dispunha do Sidewinder AIM 9 Bravo. Neste ponto é que baseio a minha crítica a FAB devia ter armado melhor os Mirage III pois deve ter notado que não tinha no R 530 uma arma de eficácia real em combate, pois abater gigantes bombardeiros soviéticos em grande altitude não era uma realidade para as nossas hipóteses de conflito e para isso um Sidewinder também faria o trabalho.
Talvez a informação mais informal seja a questão da goma dentro dos circuitos do míssil, obtive a informação de um comentário de um sargento da FAB, bem não sei se procede, mas não deixa de ser algo extremamente curioso e um artíficio inteligente. Aliás isto é mais um dos mistérios que pairam sobre o R 530. Inclusive ouvi que um explodiu em um teste da FAB, não faço a menor ideia se esta informação tem alguma
procedência, por isso não a coloquei no poste inicial.
A história dos Magic I conforme o site
http://sistemasdearmas.com.br/aam/magic.html "No dia 10 de setembro de 1987 quatro Mirage F-1CZ foram lançados para interceptar 10 caças MiG-23ML. Dois MiGs de escolta dos oito MiGs de bombardeiro engajaram. O Capitão Anton van Rensburg disparou um R550 contra um Mig que explodiu a 10 metros da cauda sem causar danos. No outro disparo não foi observado o resultado."
"O alcance efetivo era de 3km devido à sensibilidade do sensor. A espoleta IR fazia a ogiva detonar prematuramente e fora do raio letal da ogiva. Os Magic sul africanos foram retirados de serviço em 1988 e substituídos pelos V-3C Darter e V-3S Snake (um lote de 100 mísseis Pyton III adquiridos de urgência de Israel."
Quanto a questão dos canhões vocês arrasaram com informações e dados, mas a não detonação dos projéteis de 30 mm é algo que se ler com relação ao primeiro uso destes pelos israelenses. Dizem que era pelo fato que também tinham um pequeno retardo após o impacto visando explodir dentro dos grandes bombardeiros e quando atingiam os Mig menores transfixavam. Não faço a menor ideia como foi a experiência brasileira com munição de 30 mm. Mas o fato inegável era que os dois canhões DEFA eram as armas mais eficazes dos nossos Mirage III até a chegada dos Pythons, vocês discordam?
Sem querer abusar de vocês, mas não posso deixar de formular algumas indagações que irão esclarecer mais sobre este interessante assunto:
1-) Por que a FAB somente adquiriu cabeças guiadas por IR?
2-) Quanto custava este míssil?
3-) Houve algum disparo real?
4-) A história da goma dentro dos circuitos procede?
5-) O Mirage III usou em alguma ocasião os AIM 9B?
6-) A FAB testou o Magic 1 nos Mirages III?
7-) A FAB tentou adquirir versões mais modernas do Sidewinder ou fazer o up-grade dos AIM 9B para uma versão mais avançada, se não me engano a P.
8-) Sabe-se que não era função do Mirage o ataque ao solo, mas como foi a experiência da FAB neste sentido? Que armamento françês ar-solo foi entregue com o caça?
9-) Antes de adquirir o Python 3 a FAB testou ou considerou comprar os Shafrir 2?
10-) Por último é real ou falácia os problemas do Magic 1 nas mãos dos sul africanos?