Fábio Machado escreveu: Seg Fev 24, 2025 2:48 pm
Também acho duvidosa a escolha do Exército por MMBT. No entanto, temos que fazer a crítica, como também a crítica da crítica.
Agora a pouco eu li uma reportagem no canal Forças Terrestres de que hoje o Reino Unido conta com apenas 25 CCs Chalenger 2 operacionais!!! Quando li isso pensei: se eles não estão conseguindo manter um MBT que eles mesmos desenvolveram e fabricaram, imagine o EB..... Isso ilustra um problema que volta e meia vem a tona que é o da capacidade dos países ocidentais em manter o seu acervo militar. Oras, mesmo os EUA estão substituindo o M1A2 Abrams nas funções de acompanhamento de infantaria pelo mais "baratinho" M10 booker, o que demonstra que o maior orçamento militar do mundo também está com o lapis na cabeça. Alias, aproveitando o exemplo citado, se a ocupação do iraque fosse hoje, muitas das funções que antes eram do Abrams hoje seriam do M10.
O fato é que o ocidente fez uma escolha que está lhes custando o seu preço. Preferiram qualidade e tecnologia e reduziram terrivelmente a quantidade, o que arrebentou com a economia de escala. Taí o resultado, CCs caros e com manutenção cara. Não fizeram cálculos realistas de custo vs benefício e conforme o tempo foi passando e os MBTS foram se transformando numa árvore de natal tecnológica, os preços e o tempo de produção e manutenção dessas trapizongas começaram a ficar impossíveis. Se olharmos para a guerra na Ucrânia, os russos conseguem até certo ponto substituir suas perdas, já os ucranianos dependentes de armas ocidentais, não.... Mesmo os Chineses não estão dando sinais que vão investir em CCs mega pesados e caros, pelo contrário, vão continuar apostando em veículos mais leves e baratos, investindo nas soluções tecnológicas (IA, torres não tripuladas, proteção ativa e o escambau)que os ajudem nesse sentido.
Pode ser que a solução de fato não seja o famigerado MMBT, mas tem que surgir um meio termo aí. Do contrário, vai ficar cada vez mais difícil os exércitos ocidentais manterem a sua operacionalidade....
Existem vários problemas com seus argumentos, vamos aos pontos:
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A Royal Army quis ABOLIR o uso dos Challengers e colocá-los todos na reserva, pois não viam necessidade e acharam que a guerra futura era puramente de infantaria mecanizada e leve, urbana e COIN, tomaram um lobby gigantesco pra voltarem atrás. Vieram a merda que deu depois da Ucrânia e agora pensam em até voltar a produzi-lo como Challenger III, com powertrain, torre e armamento Alemães.Outra questão é que o Challenger, tanto o I quanto o II, sempre foram MBTs de bosta, isso desde a Guerra do Golfo. Sempre tiveram problemas e não foram poucos, diferente do Abrams que se restringiu as primeiras gerações.
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Chineses estão sim desenvolvendo novos MBTs, apareceram três conceitos diferentes, já foi postado até no fórum, ZTZ-99 recebendo upgrade de grande porte.
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A mesma destruição de carros de combate hoje, é a mesma destruição que foi na SGM (introdução de HEAT), Yom Kippur (introdução de ATGM), Nagorno-Karabah (Drones MALE), a diferença é que agora a arma são drones FPVs. Assim como as armas evoluíram, como grades e ERA para HEAT, APS e EW está evoluindo para afetar drones, depois surgiram outras armas que precisarão de novas medidas. Imagine se Israel abandonasse MBTs pelos resultados e perdas durante Yom Kippur?
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Outro argumento errado é quanto a peso, já existiam carros de combate de 60ts e 70ts na SGM, de ambos os lados do conflito, então não é novidade e nunca mudaram a mentalidade, muito pelo contrário, foram abandonando MMBTs em favor de MBTs, apenas transformando carros de combate leves em MGS, como continuam sendo até hoje, operando onde MBTs não operam por diversas questões.
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Seu argumento quanto a funções do Abrams seria do M10 no Iraque estão totalmente errados. M10 foi feito para apoiar as IBCTs, especialmente em ambiente de montanha. As IBCTs no Iraque nunca tiveram apoio de Abrams, nem mesmo de Bradley, pensaram até em criar uma Cavalary Brigade Combat Team para apoio, formado por MGS mas desistiram da ideia. Então não faz o menor sentido esse argumento. Quem eram responsáveis pelas
Thunder-Run no Iraque eram as ABCTs. Seu argumento quanto a "Abrams acompanhando a infantaria" já é errado no início, nunca existiu, nem mesmo o M1128 fazia parte das IBCTs. O M10 Booker vai ocupar um espaço novo que nunca existiu, enquanto o M1128 foi substituído pelo M1296 devido a extrema complexidade da torre, o que gerava uma baixa disponibilidade.
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Ocidente não se ferrou devido a escolher qualidade vs quantidade, o exemplo disso é o EUA com milhares de Abrams, a grande maioria M1A2C. A Europa quem parou de investir assim que a URSS caiu. A OTAN Europeia estava a 30 anos à frente da URSS na tecnologia de carros de combate, especialmente no que diz a respeito a ópticos, coisa que os Russos depois da queda da URSS com o Agave. Veja os gastos Militares da OTAN Europeia, são ridículos, garantiram sua soberania exclusivamente no EUA. Coréia opera um MBT super caro e complexo - K2 - às centenas e até a Rússia irá fazer o mesmo, está desenvolvendo até um novo tipo de MBT mais pesado, de assalto, no chassis do T-72, mas muito modificado quanto a blindagem, em torno de 55 toneladas.
Não faz sentido argumentar que blindados caros e pesados estão sendo facilmente defendidos para tentar defender um outro tipo de viatura com menos proteção ainda. Não tem ninguém defendendo MBT acima de 60-65 toneladas, mas um IFV com canhão não é solução para esse papel e os argumentos que você colocou não ajuda nem a criar um meio termo.