Re: União Europeia
Enviado: Dom Mai 31, 2020 8:11 pm
Merkel quer fazer a Europa forte outra vez
Foto: Michael Kappeler/dpa
Telma MIGUEL
O lema da presidência alemã mostra a crescente hostilidade de Merkel e da Europa contra Trump.
O slogan da presidência alemã do Conselho da União Europeia - que vai de 1 de julho até ao fim de 2020 - não podia traduzir melhor o corrente estado de espírito de Angela Merkel em relação à América de Donald Trump. No site da presidência alemã, que foi esta semana lançado, na versão original as palavras “Gemeinsam. Europa Wieder stark machen” traduzem-se num “Juntos. Vamos tornar a Europa forte outra vez”.
Na versão em inglês e em francês, no entanto, a confrontação com o slogan da campanha presidencial de Donald Trump está escondida num menos ostensivo “Juntos pela recuperação económica”. A ideia de tornar a Europa uma nova potência geopolítica na sequência da retirada de Trump das várias plataformas internacionais não é nova, mas tem crescido nas declarações dos responsáveis da União Europeia e também em Berlim. Na altura, em que a chanceler alemã e o presidente francês Emmanuel Macron propuseram um plano de 500 mill milhões de euros, no passado dia 20, também apostaram numa ideia de aliviar as regras da concorrência na Europa para criar “campeões” industriais que pudessem competir com os grandes colossos internacionais dos EUA, da China, do Japão e da Coreia do Sul.
Uma relação forte, mas não hostil, com a China
Por outro lado, Merkel anunciou uma estratégia que a presidência alemã vai desenvolver de lidar com a China , “mostrando a união” de todos os países contra a tentativa de o capital chinês “comprar” a Europa a baixo custo. A China vai ser uma prioridade da presidência alemã e a cimeira a 14 de setembro entres todos os líderes europeus e o presidente XI Jinping será o culminar dessas negociações. O que põe em evidência uma estratégia oposta à que foi encetada esta semana por Trump, quando anunciou o corte das relações especiais com Hong Kong e o fim das prestações dos EUA à Organização Mundial de Saúde, por alegadamente esta organização ter entrado em conluio com o governo chinês na pandemia da covid-19.
Merkel recusa ir a Washington
Uma prova de que Merkel já nem se preocupa em mostrar boas maneiras para com Trump foi a recusa, na sexta-feira, dia 29, de participar na cimeira presencial dos G7 no final de junho, para a qual Trump estava a convidar os líderes para Washington como evidência de que o mundo estava a voltar à normalidade. O presidente francês, Emmanuel Macron, aceitou mas Merkel respondeu que dada a situação mundial não podia concordar em estar em pessoa na Casa Branca. Os Estados Unidos detêm este ano a presidência dos G7 e cabe por isso a Trump fazer de mestre de cerimónias, mas não lhe tem corrido bem. Primeiro, pelo escândalo de ter previsto receber os líderes mundiais num seu resort na Florida, e agora por ter em plena pandemia, e com os EUA em estado de emergência também com as manifestações pela morte de George Floyd, ter tentado furar o bloqueio e fazer-se fotografar em Washington com outros líderes mundiais.
Entretanto, este sábado, Trump anunciou que vai adiar para o outono a realização da cimeira. E, cada vez com menos amigos entre os G7, avisou que pretende convidar a Rússia, a Austrália, a Índia e a Coreia do Sul, a juntar-se ao grupo dos países mais ricos , porque entende que a atual formação é “um grupo muito ultrapassado, que já não representa bem o que se passa no mundo”.
O Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo reúne-se anualmente para debater várias questões e inclui a Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
https://www.wort.lu/pt/mundo/merkel-que ... 784e35ed32