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Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sex Dez 27, 2013 11:53 pm
por gabriel219
Marechal-do-ar escreveu:
gabriel219 escreveu: Uma aeronave só pode ser camuflada a mais de 20 km, por causa de nossa visão monocromática a partir desta distância. Já em dogfight é identificação de aeronave há curta distância e muitas vezes pode confundir sua aeronave com a outra por suas formas ou até camuflagem.
Temo não haver base científica para essa informação, alias, há contraexemplos, os antigos sabiam que Marte era vermelho...
Digo a olho nú Marechal. E também é bem diferente a reflexão de luz de uma aeronave e de um planeta.

Quer um bom exemplo? Vá até um ponto alto e olhe na linha do horizonte. Perceberá que, com a distância, as coisas tenderão a ficar com uma só cor, neste caso, azul.

Se você olhar os céus hoje e conseguir (caso não seja tão claro sua cidade e de preferência em noites de lua nova) ver uma galáxia (fica há esquerda-baixo da constelação de Órion, ficando mais próximo da estrela Bellatriz, aparentemente é a de Andrômeda, mas não consigo confirmar) e ela parecerá uma nuvem fraca e de cor cinza.

Pelo menos foi isso que li sobre a nova pintura do PAK-FA.

Talvez ocorra em determinados tipos de ambientes. Pelo que li, isso não é padrão, mas sim muda de objeto para objeto, reflexão ou emissão de luz e entre outros.

Dizem que gases da atmosfera também podem mudar a cor de objetos que estão no espaço. Por exemplo nosso Sol, que é um branco-amarelado, mas vemos na terra como totalmente amarelo ou até vermelho, durante o nascer e o pôr-do-sol.

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sex Dez 27, 2013 11:59 pm
por lordlex
Gripen NG Demonstrator at Emmen Jan. 2013
www.youtube.com/watch?v=WjxKPhMXQYU

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 2:17 am
por Wingate
gabriel219 escreveu:
Marechal-do-ar escreveu: Temo não haver base científica para essa informação, alias, há contraexemplos, os antigos sabiam que Marte era vermelho...
Digo a olho nú Marechal. E também é bem diferente a reflexão de luz de uma aeronave e de um planeta.

Quer um bom exemplo? Vá até um ponto alto e olhe na linha do horizonte. Perceberá que, com a distância, as coisas tenderão a ficar com uma só cor, neste caso, azul.

Se você olhar os céus hoje e conseguir (caso não seja tão claro sua cidade e de preferência em noites de lua nova) ver uma galáxia (fica há esquerda-baixo da constelação de Órion, ficando mais próximo da estrela Bellatriz, aparentemente é a de Andrômeda, mas não consigo confirmar) e ela parecerá uma nuvem fraca e de cor cinza.

Pelo menos foi isso que li sobre a nova pintura do PAK-FA.

Talvez ocorra em determinados tipos de ambientes. Pelo que li, isso não é padrão, mas sim muda de objeto para objeto, reflexão ou emissão de luz e entre outros.

Dizem que gases da atmosfera também podem mudar a cor de objetos que estão no espaço. Por exemplo nosso Sol, que é um branco-amarelado, mas vemos na terra como totalmente amarelo ou até vermelho, durante o nascer e o pôr-do-sol.
A título de curiosidade, os norte-americanos mudaram a insígnia de seus aviões na Segunda Guerra Mundial em 1943 pois a anterior (com a bola vermelha no centro da estrela) podia ser confundida com a insígnia japonesa (sol nascente) em uma dogfight.

Assim eles adotaram o padrão da estrela branca em esfera azul com a faixa branca, segundo estudos que alegavam que este formato permitia uma rápida identificação visual em uma dogfight e por artilheiros das baterias antiaéreas.

http://www.bowersflybaby.com/stories/mark5.JPG


http://www.bowersflybaby.com/stories/mark1a.jpg

Apenas para mostrar que essa preocupação científica com acuidade visual na identificação de aeronaves em combate já vem de longe.

SDS,

Wingate

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 5:32 am
por Carlos Lima
Eu lembro que depois de um MIII ter sido abatido por 'fogo amigo' nas Malvinas após alijar um tanque de combustível as aeronaves argentinas passaram a utilizar uma 'faixa amarela' para ajudar o pessoal da AAA a saber 'quem era quem'.

Bom... um exemplo interessante 'do outro lado' é que o AM-X nosso tem aquele cone preto para ajudar as aves a 'vê-lo' à distância e assim tentar evitar uma 'batida'.

;)

[]s
CB_Lima

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 1:26 pm
por Marechal-do-ar
gabriel219 escreveu: Digo a olho nú Marechal.
Eu também, Marte é um pequeno ponto vermelho quando visto a olho nú.
gabriel219 escreveu:E também é bem diferente a reflexão de luz de uma aeronave e de um planeta.
Nem tanto.
gabriel219 escreveu: Quer um bom exemplo? Vá até um ponto alto e olhe na linha do horizonte. Perceberá que, com a distância, as coisas tenderão a ficar com uma só cor, neste caso, azul.
Que é a cor da nossa atmosfera.
gabriel219 escreveu: Se você olhar os céus hoje e conseguir (caso não seja tão claro sua cidade e de preferência em noites de lua nova) ver uma galáxia (fica há esquerda-baixo da constelação de Órion, ficando mais próximo da estrela Bellatriz, aparentemente é a de Andrômeda, mas não consigo confirmar) e ela parecerá uma nuvem fraca e de cor cinza.
Basicamente, um branco apagado, porque essa é a cor da tal galáxia.
gabriel219 escreveu: Pelo menos foi isso que li sobre a nova pintura do PAK-FA.
O padrão cinza é comum, o céu não é só azul, existem nuvens e existe noite, mas com certeza o cinza não foi escolhido por nossa visão monocromática.
gabriel219 escreveu: Talvez ocorra em determinados tipos de ambientes. Pelo que li, isso não é padrão, mas sim muda de objeto para objeto, reflexão ou emissão de luz e entre outros.
Luz é luz, a luz vermelha parecerá vermelha independente de vir de uma lâmpada ou refletida por uma parede.
gabriel219 escreveu:Dizem que gases da atmosfera também podem mudar a cor de objetos que estão no espaço. Por exemplo nosso Sol, que é um branco-amarelado, mas vemos na terra como totalmente amarelo ou até vermelho, durante o nascer e o pôr-do-sol.
Sim, por isso não usei o Sol como exemplo, nossa atmosfera filtra ondas mais curtas (azul e ultra violeta) o que faz o Sol mudar de cor, ainda assim, o Sol pela intensidade da luz é um caso a parte, esse filtro não existe entre aeronaves a menos de 20km.

Quanto aos nossos olhos, a retina tem 4 receptores de luz, vermelho, verde, azul e intensidade, os três primeiros só percebem uma parte do espectro visível, o último percebe o espectro todo, a córnea filtra o ultravioleta e infravermelho, o receptor de intensidade é o mais sensível, serve principalmente para a visão noturna, nunca li em qualquer lugar que esse receptor permitia uma resolução maior da imagem, pelo contrário, por ser destinado a visão noturna ele tende a ver uma resolução reduzida para poder captar mais luz.

Em outros animais a relação é diferente, gatos veem uma resolução menor, mas cada receptor recebe mais luz e isso da a eles melhor visão noturna, águias vem uma resolução maior, mas só enxergam com muita luz.

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 5:26 pm
por FCarvalho
Além dos caças

Eduardo Brick, especialista do Núcleo de Estudos de Defesa, Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial da Universidade Federal Fluminense, em vez de comemorar ou criticar a compra dos novos caças Gripen suecos pela Aeronáutica, prefere uma visão pragmática e de longo prazo. Por mais paradoxal que a afirmação possa parecer, diz ele, essa decisão não será importante para a defesa do Brasil nos próximos 20 anos, e sim para daqui a 30 a 50 anos.

Nesse raciocínio, o país simplesmente não tem no momento recursos humanos, tecnológicos, industriais e financeiros para se opor a eventuais ameaças. Mas pode aproveitar a oportunidade para desenvolver sua Base Logística de Defesa (BLD). Esse, diz ele, pode ser um dos principais benefícios da escolha do Gripen – a ampliação da capacitação industrial e tecnológica não só da Embraer como de muitas empresas de sua cadeia produtiva em produtos cuja tecnologia o Brasil ainda não domina.

Portanto, Eduardo Brick acha que o planejamento de hoje deve visar, prioritariamente, a um horizonte mais longínquo, não importando se o Gripen não é uma das mais eficazes armas existentes hoje. “O que importa é que essa aquisição pode ser um importante instrumento para o Brasil se capacitar para conceber e desenvolver aeronaves de combate amanhã.”

Do ponto de vista de desenvolvimento econômico e social, a BLD, apesar de sua finalidade precípua não ser essa, ressalta Brick, é instrumento importantíssimo de política industrial, por vários motivos:

A) Atua no limiar do desenvolvimento tecnológico;

B) Políticas industriais de conteúdo nacional para defesa são necessárias por questões de garantia de suprimento de itens críticos (que são cerceados pelos países que detêm essas tecnologias) e não oneram a economia como um todo.

C) A capacitação industrial construída tem uso dual. Ele cita o exemplo da Embraer, que, após décadas procurando se capacitar com produtos de uso militar, conseguiu desenvolver jatos comerciais e ser importante ator no mercado internacional de produtos civis.

Para o especialista da Universidade Federal Fluminense, a defesa nacional na era pós-industrial depende de dois instrumentos fundamentais: as Forças Armadas (FFAA) e a Base Logística de Defesa (BLD) . A construção de qualquer uma delas é uma tarefa de décadas, mas a criação da BLD pode ser mais difícil devido à aceleração do desenvolvimento tecnológico, que causa obsolescência rápida de qualquer produto de defesa.

Portanto, diz Brick, não é sensato, nem financeiramente exequível, manter grandes estoques de produtos de defesa, exceto, evidentemente, se houver iminência de conflito, mas, sim, de capacidade industrial para inovar continuamente.

A Estratégia Nacional de Defesa define, muito apropriadamente, diz ele, que a construção e sustentação de uma BLD adequada às necessidades brasileiras são um dos seus eixos fundamentais. Não se pode esquecer, ressalta Eduardo Brick, que o Gripen é apenas um projeto de cerca de R$ 11 bilhões, em um programa de R$ 1 trilhão, valor estimado para o Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa (Paed), em 20 anos.

Na sua avaliação, com a atual estrutura de governança da BLD brasileira, o país corre um sério risco de sofrer um “apagão de gestão” se o orçamento aumentar, e o Paed realmente deslanchar. Há nada menos que seis ministérios envolvidos, “numa estrutura caótica”.

No caso de recursos humanos, a necessidade monta a vários milhares de profissionais, principalmente engenheiros, altamente qualificados e experientes em definição de requisitos e especificações, teste e avaliação de sistemas, gestão de projetos complexos, negociação de contratos, entre outras coisas.

Fonte: O Globo – COLUNA MERVAL PEREIRA

http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=35160

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 5:30 pm
por gabriel219
Marechal-do-ar escreveu:
gabriel219 escreveu: Digo a olho nú Marechal.
Eu também, Marte é um pequeno ponto vermelho quando visto a olho nú.
gabriel219 escreveu:E também é bem diferente a reflexão de luz de uma aeronave e de um planeta.
Nem tanto.
É, bastante. Além disso, a reflexão da luz vinda de Marte não recebe tanta influência por estar no espaço. Aqui existe uma atmosfera.
gabriel219 escreveu: Quer um bom exemplo? Vá até um ponto alto e olhe na linha do horizonte. Perceberá que, com a distância, as coisas tenderão a ficar com uma só cor, neste caso, azul.
Que é a cor da nossa atmosfera.
Mas é disso que estou falando.
gabriel219 escreveu: Se você olhar os céus hoje e conseguir (caso não seja tão claro sua cidade e de preferência em noites de lua nova) ver uma galáxia (fica há esquerda-baixo da constelação de Órion, ficando mais próximo da estrela Bellatriz, aparentemente é a de Andrômeda, mas não consigo confirmar) e ela parecerá uma nuvem fraca e de cor cinza.
Basicamente, um branco apagado, porque essa é a cor da tal galáxia.
Não é, pelo que pesquisei é Andrômeda e as cores delas são Branco e Azul, além de um leve tom escuro.
gabriel219 escreveu: Pelo menos foi isso que li sobre a nova pintura do PAK-FA.
O padrão cinza é comum, o céu não é só azul, existem nuvens e existe noite, mas com certeza o cinza não foi escolhido por nossa visão monocromática.
Não é o padrão cinza, mas um padrão azulado e branco, ambos desfocados e com a distância ele acaba se misturando há atmosfera.
gabriel219 escreveu: Talvez ocorra em determinados tipos de ambientes. Pelo que li, isso não é padrão, mas sim muda de objeto para objeto, reflexão ou emissão de luz e entre outros.
Luz é luz, a luz vermelha parecerá vermelha independente de vir de uma lâmpada ou refletida por uma parede.
Depende. Luzes emitidas no espaço aqui aparecem diferente, como o Sol.
gabriel219 escreveu:Dizem que gases da atmosfera também podem mudar a cor de objetos que estão no espaço. Por exemplo nosso Sol, que é um branco-amarelado, mas vemos na terra como totalmente amarelo ou até vermelho, durante o nascer e o pôr-do-sol.
Sim, por isso não usei o Sol como exemplo, nossa atmosfera filtra ondas mais curtas (azul e ultra violeta) o que faz o Sol mudar de cor, ainda assim, o Sol pela intensidade da luz é um caso a parte, esse filtro não existe entre aeronaves a menos de 20km.

Quanto aos nossos olhos, a retina tem 4 receptores de luz, vermelho, verde, azul e intensidade, os três primeiros só percebem uma parte do espectro visível, o último percebe o espectro todo, a córnea filtra o ultravioleta e infravermelho, o receptor de intensidade é o mais sensível, serve principalmente para a visão noturna, nunca li em qualquer lugar que esse receptor permitia uma resolução maior da imagem, pelo contrário, por ser destinado a visão noturna ele tende a ver uma resolução reduzida para poder captar mais luz.

Em outros animais a relação é diferente, gatos veem uma resolução menor, mas cada receptor recebe mais luz e isso da a eles melhor visão noturna, águias vem uma resolução maior, mas só enxergam com muita luz.
Muito bem explicado.

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 6:33 pm
por Marechal-do-ar
gabriel219 escreveu:É, bastante. Além disso, a reflexão da luz vinda de Marte não recebe tanta influência por estar no espaço. Aqui existe uma atmosfera.
O que vemos de Marte atravessou nossa atmosfera.
gabriel219 escreveu:Não é, pelo que pesquisei é Andrômeda e as cores delas são Branco e Azul, além de um leve tom escuro.
Não vemos "escuro", "escuro" é a falta de luz.
gabriel219 escreveu:Depende. Luzes emitidas no espaço aqui aparecem diferente, como o Sol.
Luzes não aparecem diferente, nossa atmosfera não modifica a luz, ela pode refletir, refratar ou absorver, mas não modificar, isso quer dizer que uma luz azul vai ser sempre azul e uma vermelha será sempre vermelha, a branca é composta por todo o espectro, quer dizer, tem o vermelho, o verde, o azul, o resto do arco-íris e mais um monte que não conseguimos ver, nossa atmosfera absorve e reflete a parte as ondas mais curtas por isso quando olhamos diretamente para o Sol o vemos mais amarelado do que ele realmente é, mas esse amarelo que vemos (uma parte do espectro que vai do vermelho até antes do verde) não sofreu modificações na atmosfera, é só a parte que não foi filtrada.

Por fim, um planeta vermelho não vai aparecer aqui verde ou azul, será sempre vermelho e, se existisse um azul ele seria sempre azul.

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 6:40 pm
por gabriel219
Não quis dizer exatamente que a luz é modificada, mas quis dizer que luzes no espaço não recebem as influências que existem aqui na terra.

A parte escura da Galáxia de Andrômeda seria apenas ilustrativo sobre as reais cores da galáxia.

Mas ai nos distanciamos muito sobre o real motivo do debate.

O que seria melhor para nós, não padronizar as camuflagens das aeronaves afim de tentar camufla-las ou padronizar as aeronaves afim de mimetiza-las?

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Sáb Dez 28, 2013 11:55 pm
por kirk
FCarvalho escreveu:Além dos caças

Eduardo Brick, especialista do Núcleo de Estudos de Defesa, Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial da Universidade Federal Fluminense, em vez de comemorar ou criticar a compra dos novos caças Gripen suecos pela Aeronáutica, prefere uma visão pragmática e de longo prazo. Por mais paradoxal que a afirmação possa parecer, diz ele, essa decisão não será importante para a defesa do Brasil nos próximos 20 anos, e sim para daqui a 30 a 50 anos.

Nesse raciocínio, o país simplesmente não tem no momento recursos humanos, tecnológicos, industriais e financeiros para se opor a eventuais ameaças. Mas pode aproveitar a oportunidade para desenvolver sua Base Logística de Defesa (BLD). Esse, diz ele, pode ser um dos principais benefícios da escolha do Gripen – a ampliação da capacitação industrial e tecnológica não só da Embraer como de muitas empresas de sua cadeia produtiva em produtos cuja tecnologia o Brasil ainda não domina.

Portanto, Eduardo Brick acha que o planejamento de hoje deve visar, prioritariamente, a um horizonte mais longínquo, não importando se o Gripen não é uma das mais eficazes armas existentes hoje. “O que importa é que essa aquisição pode ser um importante instrumento para o Brasil se capacitar para conceber e desenvolver aeronaves de combate amanhã.”

Do ponto de vista de desenvolvimento econômico e social, a BLD, apesar de sua finalidade precípua não ser essa, ressalta Brick, é instrumento importantíssimo de política industrial, por vários motivos:

A) Atua no limiar do desenvolvimento tecnológico;

B) Políticas industriais de conteúdo nacional para defesa são necessárias por questões de garantia de suprimento de itens críticos (que são cerceados pelos países que detêm essas tecnologias) e não oneram a economia como um todo.

C) A capacitação industrial construída tem uso dual. Ele cita o exemplo da Embraer, que, após décadas procurando se capacitar com produtos de uso militar, conseguiu desenvolver jatos comerciais e ser importante ator no mercado internacional de produtos civis.

Para o especialista da Universidade Federal Fluminense, a defesa nacional na era pós-industrial depende de dois instrumentos fundamentais: as Forças Armadas (FFAA) e a Base Logística de Defesa (BLD) . A construção de qualquer uma delas é uma tarefa de décadas, mas a criação da BLD pode ser mais difícil devido à aceleração do desenvolvimento tecnológico, que causa obsolescência rápida de qualquer produto de defesa.

Portanto, diz Brick, não é sensato, nem financeiramente exequível, manter grandes estoques de produtos de defesa, exceto, evidentemente, se houver iminência de conflito, mas, sim, de capacidade industrial para inovar continuamente.

A Estratégia Nacional de Defesa define, muito apropriadamente, diz ele, que a construção e sustentação de uma BLD adequada às necessidades brasileiras são um dos seus eixos fundamentais. Não se pode esquecer, ressalta Eduardo Brick, que o Gripen é apenas um projeto de cerca de R$ 11 bilhões, em um programa de R$ 1 trilhão, valor estimado para o Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa (Paed), em 20 anos.

Na sua avaliação, com a atual estrutura de governança da BLD brasileira, o país corre um sério risco de sofrer um “apagão de gestão” se o orçamento aumentar, e o Paed realmente deslanchar. Há nada menos que seis ministérios envolvidos, “numa estrutura caótica”.

No caso de recursos humanos, a necessidade monta a vários milhares de profissionais, principalmente engenheiros, altamente qualificados e experientes em definição de requisitos e especificações, teste e avaliação de sistemas, gestão de projetos complexos, negociação de contratos, entre outras coisas.

Fonte: O Globo – COLUNA MERVAL PEREIRA

http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=35160
Com todo o respeito ao acadêmico em questão ...

Achei muito prolixo ... defendendo uma bandeira (BLD) que é muito provável que seja alguma tese que tenha defendido ... tenta fazer parecer que o mundo gira em torno do tal BLD ...

Falta de pragmatismo ... muito teórico ... aquele tipo de pessoa que fica olhando para daqui a 40 anos e esquece de olhar para o seu lado ... lembrando que daqui a 40 anos ele vai continuar a olhar para 40 anos à frente ...

Tipo de teórico que nunca põe a prova suas teorias, pois, somente poderão ser desmistificadas daqui 40 anos ... desculpe minha crítica, porém com a velocidade que as coisas mudam os cenários mudam, as técnicas e tecnologias, mudam, paradigmas são quebrados todos os dias ... o cara vem me defender a logistica de defesa para daqui 30/40 anos ???

Baita blá, blá, blá ...

Abs
kirk

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Dom Dez 29, 2013 12:05 pm
por FCarvalho
Kirk, um dos grandes, talvez senão, o maior problema do Brasil, e dos brasileiros, é não conseguir enxergar as coisas para muito além do que o próprio nariz. Isto se reflete todos os dias na vida cotidiana de cada um de nós, no trabalho, na escola, na rua, no governo...

Como nós vivemos em um país que não tem memória, e nem história, dificilmente conseguimos considerar que algo tão longe, e tão sofismático quanto, um hipotético futuro daqui a 30 ou 40 anos seja objeto de consideração no momento presente.

Mas apesar das não poucas lições que já nos foram dadas por nossa própria história, continuamos na velha cultura do "pouca farinha, meu pirão primeiro..." e assim a vida segue.

Caso não consigamos mudar tal forma de pensamento, vamos continuar daqui a 40 anos pensando como hoje, e muito provavelmente também, nossos filhos e netos vão estar incorrendo nos mesmos erros que nós hoje cometemos e que estamos a repetir o que fizeram nossos pais e avós.

Está aí a defesa que (não) temos que não me deixa mentir.

Olhar para o futuro, pode, e deve, ser um exercício mais pragmático do que pensas, se nos propusermos realmente a pensá-lo a partir do que nos propusermos agora a fazer do mesmo. Afinal, o futuro começa agora. Aliás, já começou... :wink:

abs.

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Ter Dez 31, 2013 4:57 pm
por kirk
Gripen NG: a decisão pela autonomia tecnológica e estratégica
Lucas Kerr Oliveira, Giovana E. Zucatto, Bruno Gomes Guimarães, Pedro V. Brites, Bruna C. Jaeger

Na última quarta-feira, 18 de dezembro, o ministro da Defesa Celso Amorim e o Comandante da Força Aérea Brasileira, Juniti Sato, anunciaram a compra de 36 aeronaves Gripen NG (New Generation) da empresa sueca Saab, pondo fim à licitação FX-2. A escolha do caça vai ao encontro das indicações da Estratégia Nacional de Defesa (END), de unir capacidades críveis ao desenvolvimento da indústria nacional – e regional – de defesa. Produz, ainda, sinergia entre a área de Defesa e de Política Externa, na medida em que corrobora com a estratégia de inserção internacional mais autônoma que o Brasil vem buscando em meio ao processo de consolidação geopolítica da Integração Regional Sul-Americana e de estabilização de um mundo Multipolar.

Imagem
Gripen. Foto: Saab
Foto: Saab.

A licitação do programa FX-2 tem suas origens em um projeto anterior, o FX, originado ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso para a aquisição de caças de quarta geração a fim de substituir os Mirage III. Essa primeira licitação previa um investimento de cerca de US$ 700 milhões, mas a decisão foi adiada por causa de imbróglios políticos e econômicos. Em 2006, o governo Lula lançou o programa FX-2, bem mais ambicioso que sua versão anterior, ao prever investimentos na casa dos 5 bilhões de dólares para a compra de caças mais avançados (4ª geração “plus”, também chamado de 4,5ª geração), além de ter como uma das principais exigências a transferência de tecnologia para o país. No mesmo ano, foi anunciada a compra de caças usados Mirage-2000, em caráter emergencial para ocupar o espaço que viria a ser suprido pelas aeronaves do FX-2. No ano de 2008, a FAB anunciou as aeronaves finalistas da licitação: o F/A F-18 Super Hornet da Boeing, o Rafale F3 da Dassault e o JAS-39 Gripen NG da Saab.

Imagem
Gripen NG
Foto: Saab.

O anúncio da escolha de um vencedor da licitação, a poucos dias do fim do uso dos caças Mirage 2000, que param de voar em 31 de dezembro, surpreendeu a todos. Desde 2008, a incógnita sobre qual, dentre os três finalistas, seria a mais nova aeronave a compor os quadros da FAB, se mantinha envolta em controvérsias.
Durante o governo Lula, o preferido era o Rafale F3, dadas as aproximações estratégicas com a França na área de defesa e que resultaram no acordo para a construção de submarinos convencionais e nucleares para a Marinha do Brasil (BRASIL, 2007). Entretanto a postura militarista (e mesmo neoimperialista) da França após a crise de 2008 parece ter sido o principal fator que inviabilizou a escolha do Rafale. Historicamente o Brasil tem sido um forte defensor da soberania dos povos e declaradamente contrário à intervenção em assuntos internos dos países, especialmente dos países periféricos. Em contraste, a França realizou uma série de intervenções armadas e invasões diretas em países periféricos desde 2008, que desagradaram tradição pacifista da diplomacia brasileira, como a intervenção na Costa do Marfim em 2011, passando pela agressiva postura da França no caso da invasão da Líbia no mesmo ano (SILVA; OLIVEIRA; DIALLO, 2001; FERNANDES; DIALLO; GARCIA, 2012; VIZENTINI, 2012).

Mais recentemente, a posição da França de defender incondicionalmente uma intervenção militar contra o governo da Síria, bem como a liderança do país em operações no Mali e na República Centro-Africana, mais uma vez se chocaram com a postura brasileira, que defende soluções pacíficas, multilaterais, não intervencionistas e negociadas para os conflitos. Em alguns momentos, a França chegou a tentar minar deliberadamente os esforços diplomáticos do Brasil para a obtenção de acordos que evitassem acirramento de tensões e viabilizassem soluções pacíficas, como no caso do Irã . Tais episódios fortaleceram as desconfianças do Brasil em relação ao crescente militarismo francês, reforçando as ressalvas diplomáticas brasileiras a uma nova parceria estratégica que envolvesse a aquisição de mais sistemas de armas daquele país.
Em 2009, a FAB e a Embraer emitiram pareceres de apoio ao Gripen NG, entretanto, tais notas pareceram na ocasião não ter provocado maiores repercussões junto ao governo brasileiro. Em 2012, a Suiça, outro país neutro em meio às históricas disputas do continente europeu, encomendou 22 unidades do Gripen JAS 39E. Isso pareceu indicar que a parceria com a SAAB poderia realmente auferir maior autonomia estratégica e geopolítica a um país como o Brasil.

A partir de 2011, no governo Dilma Rousseff, as negociações com os EUA foram retomadas e alguns aspectos das negociações realmente pareciam indicar uma possível escolha do F-18 Super Hornet. Entretanto, a estratégia dos neoconservadores estadunidenses de tentar barrar a construção de um mundo multipolar, sabotando a emergência de novos pólos regionais, tem sido interpretada como uma opção militarista e ofensiva que ameaça os interesses de longo prazo do Brasil. Na última década, a continuidade da posição estadunidense de ampliar a presença militar na América do Sul e no Atlântico Sul, desagradou muito profundamente o Brasil. Isso se deu, em um primeiro momento, com a tentativa dos EUA de ampliar a presença militar na Colômbia e no Peru. A percepção de ameaça brasileira se avultou ainda mais após a recriação da IV Frota estadunidense em 2008, que teria ampla capacidade para atuar em todo o Atlântico Sul, podendo inclusive ameaçar o Pré-Sal brasileiro com facilidade. Essa situação tornou-se progressivamente crítica após o explícito apoio dos Estados Unidos ao golpe que derrubou o Presidente Lugo no Paraguai, um aliado estratégico do Brasil, em 2012; tal apoio foi seguido da retomada das negociações para a instalação de uma base estadunidense no chaco paraguaio, próximo de uma região onde já existe um movimento insurgente guerrilheiro declaradamente anti-Brasil. Considerando o nível de ameaça que tal postura dos EUA representa para o principal projeto geopolítico e estratégico do Brasil na atualidade, a Integração Regional Sul-Americana, tudo indica que o F-18 havia se tornado uma aquisição politicamente inviável. Entretanto, tal situação só se tornaria pública com os recentes escândalos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, sigla em inglês) contra o governo brasileiro, pois até mesmo os poucos militares que ainda apoiavam a escolha da aeronave estadunidense viram-se em uma posição insustentável.
Por fim, a recente visita de François Hollande – acompanhado do presidente da Dassault – ao Brasil, em dezembro de 2013, pareceu indicar para alguns analistas que o Rafale F3 estaria de volta e poderia ainda ter alguma chance na concorrência. Contudo, a medida se assemelha antes a uma última e desesperada tentativa da França de reverter uma decisão já consolidada pelo governo brasileiro.

Foi nesse contexto que, no dia 18 de dezembro deste ano, o Ministro da Defesa Celso Amorim tornou pública a decisão de que o Gripen NG da sueca Saab será o novo caça brasileiro. Uma decisão histórica e que pode ser considerada estrategicamente acertada por diversos motivos políticos, econômicos, tecnológicos, tático-operacionais e estratégicos.

Imagem
Celso Amorim anuncia compra de caças Suecos Gripen NG
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil.

Em termos tático-operacionais, importa destacar que o Gripen NG é uma aeronave que atende bem às necessidades de defesa brasileiras. Trata-se de um caça supersônico multiemprego, com capacidade de decolar com carga máxima de 16,5 toneladas, bem menos que seus concorrentes. Contudo, sendo mais leve e com capacidade para até sete toneladas de combustível, o avião tem 1.300 km de raio de combate plenamente armado e alcance máximo de 4.000 km, o que é central para um país de dimensões continentais como o Brasil. É fundamental que a aeronave principal da FAB tenha alcance para sair do Planalto Central e alcançar rapidamente a Amazônia ou a zona do Pré-Sal, ou que do litoral brasileiro possa ameaçar diretamente uma frota inimiga estacionada no meio do Atlântico Sul, mesmo que necessite de reabastecimento em voo na volta.

Imagem
Gripen lançando míssil - foto SAAB

Com capacidade para transportar até 7,2 toneladas de armas, o caça pode levar mísseis antinavio, assim como bombas de grande porte para ataque a alvos em terra e no mar. Com apenas uma turbina, o Gripen consome menos combustível e sua manutenção se torna mais rápida e econômica, sendo que a troca da turbina pode ser feita em menos de uma hora em situações de urgência.

Apontada por alguns como uma desvantagem, o avião sueco não possui a capacidade de lançar armas nucleares. Entretanto, para o Brasil isto não representa um problema, pois o país não dispõe de tal capacidade devido aos compromissos assumidos pelo país de não desenvolvimento de artefatos nucleares, desde a assinatura do TNP, mas principalmente, devido à estratégia pacifista adotada pelo país para sua inserção internacional.

O Gripen conta ainda com outras inovações tecnológicas de última geração, como recurso de Guerra Centrada em Rede (NCW) que operará em combinação com o sistema E-99 Erieye (SAAB, 2011), dos aviões EMB-145 AEW&C (Airborne Early Warning and Control) de vigilância antecipada e controle da FAB, fabricados pela Embraer.

O Gripen possui outras vantagens técnicas, como o fato de ser considerada a mais ágil e manobrável aeronave de caça para combates aéreos de curtas distâncias que se encontra disponível atualmente no mercado aeronáutico internacional. O Gripen NG apresenta, ainda, a característica de ser mais barato tanto no custo unitário que os concorrentes (cerca de 125 milhões de dólares até 2023), quanto no custo por hora de voo, apenas 4 mil dólares. Isto é muito importante para garantir que os custos de manutenção e horas de voo do avião não consumam parcelas significativas do orçamento da FAB, dificultando, por exemplo, o desenvolvimento de novas gerações de caças a partir do NG.

Outro ponto positivo do caça é a sua capacidade de pouso em pistas curtas: o caça consegue pousar em pistas bem pequenas, de apenas 500 metros, o que facilita a utilização de uma grande diversidade de bases para abastecimento e reparos durante operações, inclusive pistas curtas existentes na Amazônia. O plano das FAB é distribuir os caças por diversas bases no Brasil, diminuindo a vulnerabilidade e aumentando a capacidade operacional em diversos possíveis teatros de combate, ampliando significativamente a capacidade de defesa do espaço aéreo nacional.

Modelos anteriores do Gripen já voam na Suécia, África do Sul, Tailândia, República Tcheca e Suíça. O “Gripen NG BR”, por outro lado, será desenvolvido em parceria entre a Saab e a Embraer, que participará da produção da aeronave, na qual até 40% das novas tecnologias empregadas poderá ser desenvolvida e fabricada nacionalmente.

“Uma grande parte do trabalho de desenvolvimento do Gripen NG será de responsabilidade da indústria brasileira. A tecnologia e os componentes do Gripen NG produzidos no Brasil não serão replicados em nenhum outro lugar do mundo, o que significa que os sistemas Gripen NG fabricados no Brasil serão instalados em cada novo caça Gripen NG a ser fabricado para todos os futuros clientes, inclusive a Suécia.”. (SAAB, 2010, p. 5)

Fica claro, portanto, que o grande trunfo do Gripen está na disposição da Suécia em transferir tecnologias sensíveis e desenvolvê-las conjuntamente com o Brasil, uma variável considerada determinante pelo país desde a publicação da Estratégia Nacional de Defesa pelo governo Lula, em 2008 e expressos no Livro Branco de Defesa Nacional de 2012 (BRASIL, 2008a; 2008b; 2012).

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1. New avionics concept: safety critical and mission functions are separated from each other. This allows mission functions to be upgraded rapidly without having to re-test safety critical functions. In addition, modularisation enables integration of customer programmes and software. Extensive growth potential in computer capacity. Using off the shelf components from third party suppliers reduces the risk of the system becoming obsolete, and ensures costs are kept low.  2. Additional internal fuel tanks: increases range, gives the ability to remain in the air for longer, and allows the aircraft to carry more external weapons and stores.  3.  Air-air refueling probe.  4. A wider and longer body with the landing gear placed further out: allows the aircraft to carry more stores under the fuselage. Enhances air-to-air combat in particular.  5. Human-machine interface: gives the pilot extremely good situation awareness, and also helps in analyzing the tactical situation and the possible lines of action, thereby supporting the pilot’s decision making.  6. Ten external hardpoints: for carrying air-to-air and air-to-surface weapons, additional fuel tanks, surveillance pods and targeting pods.  7. Powerful engine – General Electric’s F414G: the same as used by the F/A-18 Super Hornet.  8. Latest generation Active Electronically Scanned Array (AESA) radar system produced by Selex Galileo: with an upgraded ability to follow different targets, it provides a higher range and angle coverage and is more resistant to disruptive enemy action.  9. Passive infrared search and track system (IRST): can detect targets by their heat  signature, allowing Gripen to attain early situation awareness without emitting its own radar energy.  10. Comprehensive electronic warfare self-defence system.
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Principais componentes do Gripen E. Ilustração: Saab.

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Saab Gripen Brasil
Ilustração: Saab.

Enquanto o Rafale F3 e F-18 Super Hornet – que apresentavam propostas de transferência de tecnologia limitadas – são modelos prontos, o Gripen tem a possibilidade de ser adaptado às exigências brasileiras, pois ainda está em fase de desenvolvimento. Isso importa especialmente porque o Gripen precisará cobrir grandes distâncias – como demanda uma aeronave a operar no território ou nas águas jurisdicionais brasileiras e importa para que possa lançar mísseis desenvolvidos no Brasil. Embora o atual modelo não seja capaz de ser embarcado em porta-aviões, a Saab já está a desenvolver uma proposta inicial para uma versão naval do caça, que pode vir a ser desenvolvida nos próximos anos para atender às demandas da Índia por uma aeronave desse modelo.

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Projeto inicial do Sea Gripen exibido na LAAD 2013 - foto: SAAB

Além disso, a Saab estuda a possibilidade de financiar a compra dos caças: o governo brasileiro só começaria a pagar em 2023, quando as 36 aeronaves já tiverem sido entregues. Considerando que esse número pode ser aumentado para até 100 caças, caso seu desempenho mostre-se satisfatório ao governo brasileiro, tais negociações podem se mostrar uma das mais importantes da atual década no mercado de aeronaves mundial.
Contudo, enquanto as novas aeronaves encomendadas estiverem sendo fabricadas, o Brasil tem um problema de curto prazo a ser resolvido que é a aquisição de uma aeronave moderna especificamente para defender a capital, função até então desempenhada pelo obsoleto Mirage 2000. No longo prazo, o objetivo estratégico de assegurar a superioridade aérea em território nacional não poderá continuar dependendo apenas da disponibilidade de uma aeronave tecnologicamente superior. Para garantir a superioridade aérea e o poder de dissuasão do país, é necessário garantir uma rede de sistemas de sistemas combate, além dos sistemas de detecção, guiagem, comando e controle. Isso significa que em um futuro muito próximo será crítica a posse de satélites de detecção e guiagem, de radares de arranjo fásico de longo alcance, sistemas de mísseis antiaéreos de curto, médio e, especialmente, de longo alcance, mísseis antimísseis para proteger a capital e as maiores metrópoles e infraestruturas críticas do país, e, inclusive, aeronaves de última geração fabricadas no país. Isso significa que um dos próximos desafios do país é começar a planejar o desenvolvimento de uma aeronave de quinta geração, que poderá ser desenvolvida à partir da tecnologia do próprio Gripen, mas necessitará de mais parceiros para se tornar uma realidade.

Enquanto isso, o país tem diferentes opções de curto prazo, como adquirir modelos anteriores do Gripen, ou outros modelos de aeronaves, inclusive de outras nacionalidades. A princípio a primeira alternativa parece a mais provável, pois o governo sueco já manifestou a possibilidade de envio de aeronaves da geração atual, como Gripen C/D, para suprir o vácuo que existirá até 2018, quando estima-se que os primeiros Gripen NG entrarão em serviço (CHAGAS, 2013). Esta possibilidade abriria espaço para permitir a aquisição de conhecimento técnico e tático sobre esta família de aeronaves enquanto o Gripen NG está sendo fabricado. Tal negociação deve ser finalizada em 2014, caso os suecos confirmem a intenção de adquirir cerca de 10 KC- 390 fabricados pela Embraer, para substituir os Hércules suecos. Caso não se concretize, a outra opção, da aquisição rápida de aeronaves usadas para uso imediato, de outra nacionalidade e em quantidade reduzida, pode se mostrar necessária.

Destarte, importa ressaltar que a instalação da linha de produção de parte do Gripen no Brasil será um impulso fundamental para a construção da Base Industrial de Defesa nacional: a indústria aeronáutica terá um novo fôlego, atuando como mais um vetor para a criação de empregos técnicos de alta qualificação e para a geração de renda no país. Além da estrutura do avião, diversas partes do Gripen NG serão fabricadas pela indústria brasileira, e não serão replicados em nenhum outro lugar do mundo. Assim, os sistemas e componentes fabricados no Brasil serão instalados em todos os Gripen NG vendidos pela Saab, inclusive para a Força Aérea da Suécia. Além da Embraer já estão confirmadas a participação das empresas brasileiras Aeroeletrônica, Akaer, Atech, INBRA e Mectron, na fabricação de componentes do Gripen NG.

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Peças da fuselagem central e da asa do Gripen-NG que serão fabricadas pela empresa brasileira Akaer. Fonte: Akaer / Divulgação.

Na perspectiva mais otimista, a parceria Brasil-Suécia pode vir a resultar em processos de aquisições acionárias e até em uma fusão parcial entre a Embraer e a Saab. Considerando que a Suécia demonstra intenções de desenvolver turbinas aeronáuticas novas a partir das turbinas licenciadas atualmente produzidas pela sueca Volvo, tal parceria pode viabilizar o tão sonhado projeto brasileiro de fabricar suas próprias turbinas de grande potência. Principalmente porque a aquisição por outros países pode viabilizar, finalmente, a escala necessária pra tal empreendimento, e tanto Brasil como Suécia ganhariam em autonomia tecnológica e estratégica.

Ainda, o Brasil terá a possibilidade de vender estas aeronaves de quarta geração para os países da UNASUL e, possivelmente, outros países emergentes, pois o acordo prevê explicitamente a reserva de certos mercados ao Brasil. No primeiro caso, pensando-se na integração das cadeias produtivas sul-americanas, é factível ponderar que no processo de desenvolvimento de uma Indústria de Defesa Sul-Americana, desde a industrialização de matérias-primas críticas, até a produção de componentes, possam vir a ser desenvolvidos conjuntamente com outros parceiros estratégicos do Brasil, como a Argentina. Isto pode favorecer a produção e venda desta aeronave em diferentes mercados em um futuro próximo. Considerando, ainda, o caso dos países emergentes, importa destacar que, entre os BRICS, temos países como a África do Sul, que já possui aeronaves Gripen, e que desenvolve em parceria com o Brasil no desenvolvimento dos mísseis ar-ar A-Darter, que serão utilizados tanto em seus caças quanto nos caças brasileiros.

Em relação ao desafio tecnológico de desenvolver uma aeronave de quinta geração, sem a dependência tecnológica das grandes potências tradicionais, fica claro que a parceria estratégica com a Suécia abre novas perspectivas geopolíticas para o Brasil. O Gripen NG está em fase de desenvolvimento, que será um processo completado conjuntamente entre Suécia e Brasil. O desafio de incorporar, dominar e desenvolver tecnologias aeronáuticas do Gripen NG representam apenas o primeiro passo para iniciar o desenvolvimento de aeronaves ainda mais modernas no futuro. Considerando os problemas de escala de produção e de incorporação de tecnologias, uma aeronave de quinta geração só se tornará viável caso o Brasil e a Suécia consigam outros parceiros entre os países emergentes, como Coreia do Sul, Turquia, África do Sul ou mesmo países da América do Sul, como a Argentina. Nesse cenário se tornaria interessante aprofundar a parceria Brasil-Argentina, e considerar seriamente que o desenvolvimento de um avião de quinta geração dos emergentes pode ter como mercado, além dos países mencionados, o conjunto dos países da UNASUL.

Neste contexto, o desafio político diplomático que se impõe ao Brasil é o de liderar uma coalizão de países emergentes capazes de construir uma aeronave de quinta geração sem a dependência das grandes potências. Ao menos teoricamente, bastaria que tal coalizão de países emergentes incluísse parceiros com interesses comuns de longo prazo, especialmente países emergentes favoráveis à resolução pacífica de conflitos regionais e defensores da consolidação da multipolaridade, que, em conjunto sejam detentores de tecnologias complementares e com capacidade de compra de aeronaves, como são os citados casos da África do Sul, Argentina, Coreia do Sul, Turquia e Suécia.

Dessa forma, a decisão anunciada no dia 18 de dezembro – que não por acaso é quando se comemora o dia da aviação de caça no Brasil – é um marco na política de defesa brasileira, pois aumenta a perspectiva de desenvolvimento de nossas capacidades dissuasórias e de desenvolvimento industrial-tecnológico. Mostra-se, ainda, um importante passo na diversificação das parcerias estratégicas do país, consolidando a busca por uma inserção internacional mais autônoma e soberana. A escolha do Gripen demonstra ser especialmente acertada para o Brasil devido ao elevado potencial para produzir sinergia com os principais objetivos estratégicos do país, o desenvolvimento tecnológico e industrial, o aprofundamento da Integração Regional Sul-Americana e a construção de um mundo multipolar.
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Referências:
AMORIM, Celso L. N. (2009). A integração sul-americana. Revista Diplomacia, Estratégia, Política, n. 10, out-dez, 2009. p. 5-26. Brasília, DF. <http://www.funag.gov.br/biblioteca/dmdo ... tugues.pdf>
BRASIL (2007). Decreto nº 6.011, de 5 de janeiro de 2007. Promulga o Acordo para Cooperação na Área da Aeronáutica Militar entre o Governo da República Federativa do Brasil e a República Francesa, celebrado em Paris, em 15 de julho de 2005. Presidência da República. Brasília, 2007. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_A ... /D6011.htm>
BRASIL (2008). Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providências. Presidência da República. Brasília, DF.
BRASIL (2008). Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa, Secretaria de Assuntos Estratégicos. Brasília, DF. Disponível em: <http://www.sae.gov.br/site/wp-content/u ... Defesa.pdf>.
BRASIL (2012). Livro Branco de Defesa Nacional. Ministério da Defesa. Disponível em: <https://www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/lbdn.pdf>.
CHAGAS, Paulo Victor (2013). Brasil negocia com Suécia cessão antecipada de caças. Agência Brasil, 20 de dezembro de 2013. Agência Brasileira de Comunica,ção, EBC. Brasília, DF. <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia ... a-de-cacas>.
FERNANDES, Lito Nunes; DIALLO, Mamadou Alpha; GARCIA, Maria Lorena Allende (2012). Conflito na Líbia: Uma análise crítica do intervencionismo ocidental pelo poder e recursos energéticos em nome da defesa da democracia. Pambazuka News, 03 de março de 2012, ed. 41. <http://www.pambazuka.org/pt/category/fe ... 0407/print>.
GUIMARÃES, Samuel P. (2007). O mundo multipolar e a integração sul americana. Revista Comunicação & Política, v. 25, nº 3, p. 169-189. <http://www.cebela.org.br/imagens/Materi ... Samuel.pdf>
SAAB (2011). Gripen NG – Tecnologia independente para o Brasil. Saab Group. Portal da SAAB, Publicações da SAAB, Fact sheets. <http://www.saabgroup.com/Global/Documen ... mages/Air/ Gripen/Gripen%20segment%20solution/Gripen_factsheet_Brazil_V2.pdf>
SAAB (2010). Gripen Brasil: nascido para voar. Saab Group. Portal da SAAB, Gripen campaign sites. Gripen para o Brasil. <http://www.saabgroup.com/Global/Documen ... mages/Air/ Gripen/Gripen%20for%20Brazil/GRIPEN_Brazil_Nascido_Para_Voar_portug.pdf>
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SAAB (s.d.). O Gripen para o Brasil: A aeronave de combate mais avançada do mundo. Portal da SAAB, Gripen campaign sites. O Gripen para o Brasil, O Programa Gripen NG. <http://www.saabgroup.com/pt/Air/Gripen- ... ripen-NG-/> Acesso: Dezembro/2013
OLIVEIRA, Lucas Kerr; SILVA, Igor Castellano; DIALLO, Mamadou Alpha (2011). A crise da Costa do Marfim: A desconstrução do Projeto Nacional e o Neo-Intervencionismo francês. Conjuntura Austral, v. 1, 2011. p. 1-30. <http://seer.ufrgs.br/ConjunturaAustral/ ... 0643/12059>
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VISENTINI, Paulo G. F. (2012). A Primavera Árabe: entre a Democracia e a Geopolítica do Petróleo. Editora Leitura XXI: Porto Alegre, RS.
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Sobre os autores:
Lucas Kerr Oliveira é Professor Adjunto no curso de Relações Internacionais e Integração na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, UNILA, Doutor em Ciência Política e Mestre em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisador colaborador do ISAPE.
Giovana E. Zucatto é Graduanda em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisadora associada do ISAPE.
Bruno Gomes Guimarães é Mestrando em Relações Internacionais em programa conjunto da Universidade Livre de Berlim, da Universidade de Potsdam e da Universidade Humboldt, Bacharel em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisador associado do ISAPE.
Pedro V. Brites é Mestrando em Estudos Estratégicos Internnacionais e Bacharel em Relações Internacionais pela Ufrgs, é Diretor Geral do ISAPE.
Bruna C. Jaeger é Graduanda em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisadora associada do ISAPE.

http://www.blogdasppps.com/2013/12/grip ... nomia.html

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Ter Dez 31, 2013 5:51 pm
por kirk
Existem muitas afirmações de que 36 é o lote inicial, os números variam desde 50 adicionais, dito pelo próprio Saito, até pessoas ligadas ao MD de mais 100 unidades ... postei no tópico Gripen NG matéria veiculada no Notimp de que o número poderá chegar a 160 unidades ...

Um fator muito importante que não está sendo discutido é que o lote inicial é sempre substancialmente mais caro, pois envolvem simuladores de vôo, treinamento, Transferência de tecnologia, off-sets, fatores que não compõe os custos a partir do segundo lote ...

Assim a partir do segundo lote já teremos uma base industrial montada, com mão de obra especializada e engenheiros já habilitados, fornecedores consolidados com linhas de produção prontas, padrão já consolidado ... ou seja, a partir do segundo lote a tendência é que os preços das células sejam SUBSTANCIALMENTE menores ... permitindo a aquisição de um maior número de aviões ... dentro das quantidades realmente necessárias a nossa importância e extensão territorial ...

Esse é outro fator que mais uma vez sinaliza que a decisão foi Estratégica e a mais acertada possível para as aspirações do País ... pois, em nenhum outro cenário isso seria possível.

Sds
kirk

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Ter Dez 31, 2013 5:55 pm
por kirk
FCarvalho escreveu:Kirk, um dos grandes, talvez senão, o maior problema do Brasil, e dos brasileiros, é não conseguir enxergar as coisas para muito além do que o próprio nariz. Isto se reflete todos os dias na vida cotidiana de cada um de nós, no trabalho, na escola, na rua, no governo...

Como nós vivemos em um país que não tem memória, e nem história, dificilmente conseguimos considerar que algo tão longe, e tão sofismático quanto, um hipotético futuro daqui a 30 ou 40 anos seja objeto de consideração no momento presente.

Mas apesar das não poucas lições que já nos foram dadas por nossa própria história, continuamos na velha cultura do "pouca farinha, meu pirão primeiro..." e assim a vida segue.

Caso não consigamos mudar tal forma de pensamento, vamos continuar daqui a 40 anos pensando como hoje, e muito provavelmente também, nossos filhos e netos vão estar incorrendo nos mesmos erros que nós hoje cometemos e que estamos a repetir o que fizeram nossos pais e avós.

Está aí a defesa que (não) temos que não me deixa mentir.

Olhar para o futuro, pode, e deve, ser um exercício mais pragmático do que pensas, se nos propusermos realmente a pensá-lo a partir do que nos propusermos agora a fazer do mesmo. Afinal, o futuro começa agora. Aliás, já começou... :wink:

abs.
Ok, respeito sua opinião ! :wink:

Só acho que deveríamos achar um pensamento intermediário entre o futuro distante e o pragmatismo, considerando o dinamismo das mudanças e quebras de paradigmas, o que é importante hoje, daqui a 5 anos muda tudo ...

Sds
kirk

Re: Tópico Oficial - Programa Gripen NG Brasil

Enviado: Ter Dez 31, 2013 11:40 pm
por FCarvalho
kirk escreveu:
FCarvalho escreveu:Kirk, um dos grandes, talvez senão, o maior problema do Brasil, e dos brasileiros, é não conseguir enxergar as coisas para muito além do que o próprio nariz. Isto se reflete todos os dias na vida cotidiana de cada um de nós, no trabalho, na escola, na rua, no governo...
Ok, respeito sua opinião ! :wink:
Só acho que deveríamos achar um pensamento intermediário entre o futuro distante e o pragmatismo, considerando o dinamismo das mudanças e quebras de paradigmas, o que é importante hoje, daqui a 5 anos muda tudo ...
Sds
kirk
A idéia é realmente essa Kirk, tem de haver um meio termo para que as coisas possam funcionar a contento no país, sem meias soluções ou soluções de continuidade.
Temos que nos preocupar com o futuro longíncuo, e planejá-lo, sem contudo deixar de lado o presente e a realidade que nos rodeia. Feito isso, tudo se acerta.

abs.