Pintei em vermelho toda a estratégia iraniana de aliados, se alguém procurar um texto diplomático esses países fazem parte da estratégia brasileira de melhorar nossas trocas comerciais.
Quanto ao programa nuclear tem muita balela, 80% eles não tem condições e 20% será pouco material só fazer as contas das necessidades deles que estranhamente ninguém divulga, por que será
Diplomacia iraniana tenta tirar país do isolamento imposto pelo Ocidente
Teerã reage à ofensiva de americanos e europeus e, sem alarde, costura alianças com países emergentes e do Terceiro Mundo
Cristiano DiasTamanho do texto? A A A A
Americanos e europeus têm tentado estrangular o Irã com uma arma comum na diplomacia, o isolamento. Em resposta, Teerã faz de tudo para escapar da arapuca. Em novembro, ao visitar
Brasil, Venezuela e Bolívia, o presidente Mahmoud Ahmadinejad deixou claro o esforço para romper o cerco. Uma análise da política externa iraniana, porém, indica que a América Latina não é seu único alvo e mostra que o país tem conseguido garimpar aliados.
Entre os amigos estão as principais economias emergentes. Além de Brasil e China (mais informações abaixo), Teerã tem se aproximado da
Índia. O Irã fornece 17% do petróleo consumido pelos indianos e importa 40% da gasolina que consome da Índia. O comércio bilateral, direto e indireto, é de US$ 30 bilhões - o mesmo fluxo registrado entre Brasil e Argentina.
"É claro que a Índia prefere não ter mais um país na região com armas atômicas, mas a relação com o Irã é muito boa e Nova Délhi é contra qualquer ação coercitiva", disse ao Estado Vaidyanatha Gundlupet, analista do Belfer Center, da Universidade Harvard.
Para Xenia Dormandy, diretora da fundação Peace Nexus, de Genebra, a relação entre Teerã e Nova Délhi mudou após o 11 de Setembro. Com a aproximação entre EUA e Paquistão, vizinho do Irã e arquirrival da Índia, iranianos e indianos aproximaram-se a ponto de assinar um acordo de parceria estratégica, em 2003. "Hoje, é impossível a Índia abrir mão de seus interesses energéticos e estratégicos no Irã", afirmou.
Com a
Rússia - que embora tenha apoiado as sanções, não demonstra o entusiasmo do Ocidente - as boas relações são históricas. Com o embargo militar, Moscou tornou-se o maior fornecedor de armas do Irã. Além disso, ambos querem limitar a influência americana na Ásia Central, o que levou à aceitação de Teerã como membro da
Organização de Cooperação de Xangai, aliança militar liderada pela Rússia e pela China.
A política de boa vizinhança, no entanto, tem sido colocada em xeque à medida que Moscou torna-se mais dependente do Ocidente e vulnerável a pressões. Por isso, o Irã tem reclamado de atrasos na construção da usina nuclear de Bushehr. Os russos prometeram entregar a obra este ano, mas até agora a construção não avançou.
ÁFRICA
Nem só de países emergentes vive a política externa iraniana. No ano passado, o Irã realizou 20 visitas oficiais a países africanos, todas envolvendo funcionários do alto escalão do governo. Se na América Latina o país explora o antiamericanismo, na África ele usa a carta do Islã.
Em 2008, Ahmadinejad foi ao
Senegal, país de maioria muçulmana. Na capital, Dacar, os carros da Iran Khodro, maior fabricante de automóveis do Oriente Médio, já disputam espaço com automóveis ocidentais. A empresa investiu US$ 80 milhões e monta 10 mil sedãs por ano no país.
Os iranianos prometeram ao Senegal uma fábrica de tratores, outra de produtos químicos, uma refinaria e petróleo barato. O presidente senegalês, Abdoulaye Wade, retribuiu a gentileza e fez quatro visitas a Teerã. Na última, semanas antes do tour iraniano pela América Latina, Ahmadinejad ouviu de Wade que o Senegal apoia o programa nuclear iraniano.
Usando as mesmas armas, o Irã vem cortejando a Nigéria, também de maioria muçulmana, com quem assinou recentemente um acordo para a troca de tecnologia nuclear.
O Irã tem conquistado amigos também fora do universo muçulmano. Yoweri Museveni, presidente de Uganda, país cristão e membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, defendeu em janeiro o programa nuclear iraniano. Museveni esteve em Teerã, no ano passado, e voltou com a promessa de construção de uma refinaria e de um oleoduto.
Ahmadinejad também foi recebido calorosamente por Mwai Kibaki, presidente do
Quênia, com quem assinou acordos de venda de petróleo e inaugurou voos diretos entre Nairóbi e Teerã. Em troca, ouviu o que queria: promessas de apoio a seu programa nuclear.
Alguns países africanos nem precisam de tantos incentivos para jurar fidelidade aos iranianos. É o caso de
Zimbábue e Sudão, condenados ao ostracismo pelo Ocidente. Ao capenga ditador zimbabuano, Robert Mugabe, Teerã ofereceu apoio financeiro e moral. Agradecido, Mugabe afirmou que o Irã tem direito de perseguir "não apenas tecnologia nuclear, mas armas atômicas".
Para Omar al-Bashir, presidente do Sudão, o Irã caiu do céu. Acusado de crimes de guerra em Darfur, Bashir tem uma ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional. Ele odeia os EUA e Israel, mas defende o programa nuclear iraniano com unhas e dentes.
A ofensiva africana também apanhou um peixe grande: a
África do Sul. Os iranianos são os maiores fornecedores de petróleo do país e muitas empresas sul-africanas têm investido no Irã, principalmente nos setores de telecomunicações e petroquímico. Em troca, a África do Sul tem sido uma ardente defensora de Teerã na ONU, abstendo-se em resoluções sobre direitos humanos e condenando a ampliações de sanções.