Olá Orestes
O tema é deveras interessante. Tomarei a liberdade de destacar alguns parágrafos seus. No final das contas, acabamos por concordando com os fatos em 90%. Chegaremos ao mesmo ponto por caminhos diferentes.
Agora, se a SAAB não está mal das pernas, então tudo isso seria desnecessário, até porque a parceria não seria interessante para a Embraer (a menos que isto não seja verdade, o que me parece razoável). Porém, do ponto de vista de negócios a longo prazo, sim, se a SAAB não vender, algum problema virá mais adiante, então a quebradeira não é, está para acontecer.
Esse ponto é de vital importância para o tema. A saab é um grupo. Desse grupo, temos várias searas, e dentro destas, temos o gripen. Todas essas searas deixam a Saab num patamar $$$ invejável, estando até a dassault para trás.
Ela não tem nenhum problema financeiro. E o Gripen NG nunca foi sua necessidade fundamental. O NG nada mais é do que um avião projetado para futuros possíveis clientes e não para a Suécia. Conforme dito na LAAD, seus requisitos vieram de fora, e não de dentro da Suécia.
Isso implica dizer que caso o NG não seja vendido para ninguém, a Saab continuará existindo. Continuará fazendo seus negócios mundo afora, exportando, fazendo manutenção e desenvolvendo outros projetos.
Um produto mais avançado só recebe verbas de pesquisa e desenvolvimento quando um produto "intermediário" é finalizado e colocado no mercado, com o mínimo de garantias de vendas. Assim sendo, o Gripen NG é mais importante para a SAAB do que se imagina (repito, importante para a SAAB, não necessariamente para o governo sueco). Porém não se vê movimentação expressiva da Suécia para adquirir este caça, ficando, até agora, especificamente para exportação.
Temos que encarar os fatos. A Suécia não depende do NG. Senão, vejamos.
A) A Suécia tem em seu inventário uma considerável quantidade de caças. Ela não precisa de mais caças. Para ela não é lucro a aquisição de novos aviões. A Suécia, antes de decolar o 1° protótipo do Gripen, já tinha estipulado quantos aviões seriam incorporados.
B) A família Jas-39 tem características que atendem perfeitamente as necessidades da Suécia. Não só o vetor em si, mas todo o complexo que o rodeia. Um novo avião, com características maiores, não será uma necessidade para eles, como é o NG. Um avião melhorado não será uma condição sine qua non. A única hipótese seria se o gripen estivesse no final da sua vida útil. Aí sim teríamos uma necessidade.
C) Fator tempo. Os gripens suecos não chegaram ainda no meio de suas vidas. Até lá, ainda teremos um espaço de tempo para renovação de sua meia-vida. A partir daí, mais um lapso de tempo. Vamos recordar que esses aviões são mais simples de manter, sua vida útil ainda terá um longo caminho a percorrer.
D) Os requisitos que geraram o NG não vieram da Suécia.
Caso a Suécia necessite do NG, teremos dois caminhos.
1) Continuar com o seu 4G, no caso o NG. Isto ocorrendo, será um avião que estaria entrando lá depois de 2035. Se trata de uma década que veremos caças 5 geração no ar.
2) Ou partir para um 5G em forma de alguma parceria. Seja Índia, Brasil ou qualquer outro. Neste ponto, é muito mais negócio para a Saab e para o país que entrar como parceiro. Pois há um lapso de tempo seguro para tanto. E ainda, é o único país com um caça 5G que permite uma parceria na nossa combalida disputa.
Somente a título de curiosidade. Na remotíssima hipótese do Brasil selecionar o NG, teríamos o NG para 2014 e depois o projeto 5G. Nada mal.
Outro ponto importante é a terminologia que se usa para este acordo entre SAAB e Embraer (boato ou não). Não me importa se a expressão correta é compra, fusão, parceria ou outra coisa, pra mim trata-se (se for confirmado) de um acordo comercial com troca de conhecimentos via parcerias tecnológicas.
Fusão e compra são coisas que em minha opinião estão descartadas. Pois isso levaria em conta não medidas comerciais, mas governamentais. Seria um prejuízo $$$ imensurável para a Suécia. Tenho minhas dúvidas se a corte sueca permitiria algo assim.
Mas nada impede a Embraer e a Saab de fazer uma parceria. Aliás, nós já fizemos isso antes com o AMX.
E meu amigo... não se surpreenda com o silêncio. Antes da tempestade sempre tem uma calmaria. E nos bastidores, calma já não existe mais.
Um forte abraço
Alfredo