Re: Jobim /Saito:Viagem EUA , jogada de mestre?????...
Enviado: Qua Mar 26, 2008 5:45 pm
Jobin:
O autor do texto (Opinião) toca em vários pontos delicados e importantes, mas escreveu a coluna como alguém desinformado ou mal-informado. Fala que a criação de um organismo de natureza militar, embora sendo correlato a pasta Defesa, deveria ser de responsabilidade dos diplomatas (Itamaraty). Isso mostra a total falta de informação do autor, visto que quem lidera tal ação é o ministro Celso Amorim. O principal papel do ministro Jobim até agora tem sido inserir o assunto Defesa na agenda política brasileira e com esta movimentação está inserindo a Defesa (brasileira) na agenda internacional.
Assim o título do texto (Arrogância e audácia) não tem a conotação que o autor viu. Para piorar o cara me solta essa: "Ora, desde que d. Pedro I gritou "laços fora", as posições brasileiras não são manipuladas por quem quer que seja." Ingenuidade ou sarcasmo???
Na verdade o trabalho do ministro Jobim tem sido sim audacioso, muito mais do que muitos esperavam. Tem sido igualmente arrogante, pelo menos em suas declarações e na recente visita aos EUA, onde o ministro disse claramente do bom trabalho que está sendo travado com os franceses. Assim sendo, essa arrogância deve ser vista de forma positiva, coragem mesmo, determinação.
O ministro falou para um sem número de americanos que o ouviam atentamente dizer que os EUA precisavam ser igualmente ousados como o Brasil, sair das suas posturas engessadas no que tange ao tratamento que se dá ao Brasil, principalmente no que diz respeito a transferência de tecnologia. Em momento algum o ministro Jobim disse que não compraria equipamentos americanos (nem mesmo sobre o F-35 ele disse isso), disse que a França ousou, que oferece o que o Brasil busca e que os EUA poderiam fazer o mesmo com o Brasil. Isso é ser ousado (falar abertamente dentro da casa dos conservadores americanos), isso é ser agressivo (na forma de falar), isso é ser arrogante (destemido), pois colocou o dedo na ferida.
Em suma, os EUA querem nos vender? Ótimo, queremos comprar, mas dentro das nossas condições e necessidades, nada de compra de prateleira (nas palavras do próprio ministro). O F-35 está descartado? Não, o Brasil precisa saber se este caça é adequado a suas realidades e necessidades. E tenham certeza, este caça foi oferecido formalmente a esta visita aos EUA, tanto que até um valor foi comentado pelo ministro Jobim (real ou não, não me importa, algo foi apresentado para o ministro dizer publicamente).
E venhamos e convenhamos, os EUA transferem tecnologias sim, mas para quem eles querem e da forma que preferem. O problema é que o Brasil nunca foi contemplado, por isso a ousadia do ministro dentro da casa dos yankees.
Não estou afirmando que o Brasil vai comprar caças americanos, longe disso, até porque tem "outra coisa" que não permite fechar as contas. Mas estou dizendo que esta ousadia e arrogância do senhor ministro da defesa é que está inserindo a Defesa brasileira na agenda militar internacional. Da forma que o ministro Jobim colocou os fatos podemos concluir que ele jogou a batata quente no colo dos americanos, se querem algo em relação a nós, que inovem então, que mude as atitudes com o Brasil.
Caças definidos pra FAB?? Longe disso, muito longe de estar definido alguma coisa. Explico, mas sem detalhar: os russos se quiserem emplacar o SU-35-1 aqui no País precisará arrumar uma empresa para fabricá-lo aqui, pois atualmente não conseguiram isso. Os americanos se quiserem vender caças pra nós é preciso que cedam e transfiram tecnologias (isso não foi colocado sobre a mesa e não se sabe se será). Os franceses estão aparentemente em uma posição confortável (pois transferem alguma tecnologia e já acertaram com uma empresa a possível fabricação local do Rafale), mas existe um "porém" (ainda não posso comentar, mas os franceses já estão tentando resolver tal coisa, acredito que possam conseguir). Os demais apresentam "restrições técnicas".
Podemos até apostar nossas fichas, mas não com a convicção do "já ganhou". Os americanos surpreendem no último minuto e o preço já informado (ainda em off) assusta qualquer competidor (até os russos). Para os russos vencerem só falta conseguir uma empresa para fabricar os caças, o problema é o "só falta isso" (se não conseguir, dançou).
Por fim, mas não menos importante, tenham em mente uma coisa, o recado dado pelo ministro Jobim aos americanos foi claro e direto, e está longe de ser de que o Brasil não está interessado em seus produtos. As más línguas dizem que já existe uma polvorosa nos EUA entre as empresas que fabricam caças, a pressão agora é delas sobre o senado americano, isto porque não estamos falamos "apenas" de 36 caças (ouviram isso do MD). Mas só o tempo dirá se este tabu será quebrado ou não.
Saudações cordiais,
Orestes
PS: ao meu amigo Lima.
Jobin:"chega de pensar pequeno. Pensar pequeno significa dependência, significa continuar pequeno. É preciso arrogância estratégica e a audácia do enfrentamento dos nossos problemas, com a coesão dos países da região".
Frase do autor da matéria:"não ter nossas posições manipuladas por outros grupos e interesses". (Leia-se Estados Unidos.)
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje ... 5902,0.php"O recente episódio envolvendo a Colômbia e o Equador mostrou que a OEA continua sendo o foro regional provedor de segurança coletiva - e que os Estados Unidos sabem se comportar com discrição numa crise sul-americana. Nessas condições, arrogância e audácia não mudarão a realidade para melhor."
O autor do texto (Opinião) toca em vários pontos delicados e importantes, mas escreveu a coluna como alguém desinformado ou mal-informado. Fala que a criação de um organismo de natureza militar, embora sendo correlato a pasta Defesa, deveria ser de responsabilidade dos diplomatas (Itamaraty). Isso mostra a total falta de informação do autor, visto que quem lidera tal ação é o ministro Celso Amorim. O principal papel do ministro Jobim até agora tem sido inserir o assunto Defesa na agenda política brasileira e com esta movimentação está inserindo a Defesa (brasileira) na agenda internacional.
Assim o título do texto (Arrogância e audácia) não tem a conotação que o autor viu. Para piorar o cara me solta essa: "Ora, desde que d. Pedro I gritou "laços fora", as posições brasileiras não são manipuladas por quem quer que seja." Ingenuidade ou sarcasmo???
Na verdade o trabalho do ministro Jobim tem sido sim audacioso, muito mais do que muitos esperavam. Tem sido igualmente arrogante, pelo menos em suas declarações e na recente visita aos EUA, onde o ministro disse claramente do bom trabalho que está sendo travado com os franceses. Assim sendo, essa arrogância deve ser vista de forma positiva, coragem mesmo, determinação.
O ministro falou para um sem número de americanos que o ouviam atentamente dizer que os EUA precisavam ser igualmente ousados como o Brasil, sair das suas posturas engessadas no que tange ao tratamento que se dá ao Brasil, principalmente no que diz respeito a transferência de tecnologia. Em momento algum o ministro Jobim disse que não compraria equipamentos americanos (nem mesmo sobre o F-35 ele disse isso), disse que a França ousou, que oferece o que o Brasil busca e que os EUA poderiam fazer o mesmo com o Brasil. Isso é ser ousado (falar abertamente dentro da casa dos conservadores americanos), isso é ser agressivo (na forma de falar), isso é ser arrogante (destemido), pois colocou o dedo na ferida.
Em suma, os EUA querem nos vender? Ótimo, queremos comprar, mas dentro das nossas condições e necessidades, nada de compra de prateleira (nas palavras do próprio ministro). O F-35 está descartado? Não, o Brasil precisa saber se este caça é adequado a suas realidades e necessidades. E tenham certeza, este caça foi oferecido formalmente a esta visita aos EUA, tanto que até um valor foi comentado pelo ministro Jobim (real ou não, não me importa, algo foi apresentado para o ministro dizer publicamente).
E venhamos e convenhamos, os EUA transferem tecnologias sim, mas para quem eles querem e da forma que preferem. O problema é que o Brasil nunca foi contemplado, por isso a ousadia do ministro dentro da casa dos yankees.
Não estou afirmando que o Brasil vai comprar caças americanos, longe disso, até porque tem "outra coisa" que não permite fechar as contas. Mas estou dizendo que esta ousadia e arrogância do senhor ministro da defesa é que está inserindo a Defesa brasileira na agenda militar internacional. Da forma que o ministro Jobim colocou os fatos podemos concluir que ele jogou a batata quente no colo dos americanos, se querem algo em relação a nós, que inovem então, que mude as atitudes com o Brasil.
Caças definidos pra FAB?? Longe disso, muito longe de estar definido alguma coisa. Explico, mas sem detalhar: os russos se quiserem emplacar o SU-35-1 aqui no País precisará arrumar uma empresa para fabricá-lo aqui, pois atualmente não conseguiram isso. Os americanos se quiserem vender caças pra nós é preciso que cedam e transfiram tecnologias (isso não foi colocado sobre a mesa e não se sabe se será). Os franceses estão aparentemente em uma posição confortável (pois transferem alguma tecnologia e já acertaram com uma empresa a possível fabricação local do Rafale), mas existe um "porém" (ainda não posso comentar, mas os franceses já estão tentando resolver tal coisa, acredito que possam conseguir). Os demais apresentam "restrições técnicas".
Podemos até apostar nossas fichas, mas não com a convicção do "já ganhou". Os americanos surpreendem no último minuto e o preço já informado (ainda em off) assusta qualquer competidor (até os russos). Para os russos vencerem só falta conseguir uma empresa para fabricar os caças, o problema é o "só falta isso" (se não conseguir, dançou).
Por fim, mas não menos importante, tenham em mente uma coisa, o recado dado pelo ministro Jobim aos americanos foi claro e direto, e está longe de ser de que o Brasil não está interessado em seus produtos. As más línguas dizem que já existe uma polvorosa nos EUA entre as empresas que fabricam caças, a pressão agora é delas sobre o senado americano, isto porque não estamos falamos "apenas" de 36 caças (ouviram isso do MD). Mas só o tempo dirá se este tabu será quebrado ou não.
Saudações cordiais,
Orestes
PS: ao meu amigo Lima.