GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
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"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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Re: GEOPOLÍTICA
Coisas da Política
A indesejável divisão do mundo
Mauro Santayana
O que poderia parecer um absurdo há duas décadas – a divisão do mundo entre os Estados Unidos e a China – parece ser o objetivo de personalidades dos dois países, em conseqüência do andamento da História. A China é a maior credora dos Estados Unidos, com quase um trilhão e 500 bilhões de dólares aplicados em letras do Tesouro. Os Estados Unidos, tendo abandonado seu parque industrial e encaminhado a economia para o setor de serviços (sobretudo os financeiros), dependem das importações chinesas, nelas incluídos artigos sofisticados, como os de informática. Ao mesmo tempo, todas as medidas tomadas pelo Tesouro dos Estados Unidos não conseguiram acalmar o planeta, e a queda de mais de 7% ontem em Wall Street o demonstra.
A edição da revista Foreign Affairs (datada de setembro/outubro), que se encontra em circulação, traz revelador artigo do senhor Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, e autor do programa original de socorro ao sistema financeiro norte-americano. Ele redigiu seu ensaio antes da tormenta. A atenção do leitor encontrará, embutida na linguagem cautelosa, um propósito perigoso. O título The right way to engage China é transparente. "Engajar" a China é atrair o gigante asiático, a fim de com ele dividir o Império, para não perdê-lo de todo.
Há dois anos, em setembro de 2006, e conduzido principalmente pelo secretário do Tesouro, iniciou-se o Strategic Economic Dialogue entre os dois países, em cujos resultados poucos acreditavam. Reconhece o autor que "infelizmente, os Estados Unidos foram vistos freqüentemente como arrogantes e agressivos em seu comportamento com a China, mesmo quando buscavam seus interesses legítimos". Afirma que as coisas mudaram, porque a China cresceu e, depois de dois séculos de exploração pelas potências externas, o país sente que é importante defender seus interesses nacionais, particularmente contra as pressões estrangeiras.
O texto mostra as debilidades do país asiático, como as desigualdades sociais, que se agravaram nos últimos trinta anos – e a crescente dependência de energia, que só pode ser, segundo ele, administrada em conjunto com os Estados Unidos. Nessas dificuldades percebe a chance de a América do Norte aportar soluções, e credenciar-se ao aprofundamento das relações bilaterais. Talvez já prevendo a troca de partidos na Casa Branca, o secretário do Tesouro defende o projeto como essencial ao futuro dos Estados Unidos.
Uma aliança entre os Estados Unidos e a China, baseada em seus interesses econômicos e políticos, poderia ser danosa para o resto do mundo. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que a advoga, foi nomeado por Bush em 2006 – depois de ter sido presidente do Banco Goldman Sachs. Ao esboçar o plano de intervenção do Estado no sistema bancário, chegou a pedir poderes especiais que o colocavam acima de qualquer instituição, incluída a Suprema Corte. O projeto foi moderado pelo Congresso norte-americano.
É improvável que Washington e Beijing dividam o mundo em dois impérios aliados, como parece propor o Strategic Economic Dialogue. Não é de se esperar que a China domine o resto da Ásia, sobrepondo-se ao Japão, à Índia e ao Paquistão, para ficar apenas nestes países mais poderosos da área. Nem é previsível que a Europa aceite essa divisão do mundo, esse acordo de paz que seria feito para o prejuízo do resto da Humanidade.
Em certo trecho, Paulson anota que um "sério problema na economia chinesa poderá ameaçar a estabilidade da economia dos Estados Unidos e do globo". Mas o serious trouble ocorreu dias depois da publicação do artigo – em Wall Street e não na China.
Enfim, trata-se de um convite à China para participar dos assuntos mundiais como um igual, posição que Beijing cobiça. Quando alguém se encontra em decadência, o remédio é associar-se a quem se encontra em ascensão. Sinal evidente dessa decadência americana é o anúncio, feito pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, de que seu país busca um entendimento com os talibãs, a fim de se retirar do Afeganistão. O fato é que, ao buscar a aliança com a China – que tem problemas fronteiriços com a Rússia – e restaurar a antiga aliança que mantinham com os talibãs, contra os soviéticos, os Estados Unidos tentam evitar o desenho de nova carta geopolítica, que inclua outros pólos de poder, entre eles, a América Latina.
A indesejável divisão do mundo
Mauro Santayana
O que poderia parecer um absurdo há duas décadas – a divisão do mundo entre os Estados Unidos e a China – parece ser o objetivo de personalidades dos dois países, em conseqüência do andamento da História. A China é a maior credora dos Estados Unidos, com quase um trilhão e 500 bilhões de dólares aplicados em letras do Tesouro. Os Estados Unidos, tendo abandonado seu parque industrial e encaminhado a economia para o setor de serviços (sobretudo os financeiros), dependem das importações chinesas, nelas incluídos artigos sofisticados, como os de informática. Ao mesmo tempo, todas as medidas tomadas pelo Tesouro dos Estados Unidos não conseguiram acalmar o planeta, e a queda de mais de 7% ontem em Wall Street o demonstra.
A edição da revista Foreign Affairs (datada de setembro/outubro), que se encontra em circulação, traz revelador artigo do senhor Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, e autor do programa original de socorro ao sistema financeiro norte-americano. Ele redigiu seu ensaio antes da tormenta. A atenção do leitor encontrará, embutida na linguagem cautelosa, um propósito perigoso. O título The right way to engage China é transparente. "Engajar" a China é atrair o gigante asiático, a fim de com ele dividir o Império, para não perdê-lo de todo.
Há dois anos, em setembro de 2006, e conduzido principalmente pelo secretário do Tesouro, iniciou-se o Strategic Economic Dialogue entre os dois países, em cujos resultados poucos acreditavam. Reconhece o autor que "infelizmente, os Estados Unidos foram vistos freqüentemente como arrogantes e agressivos em seu comportamento com a China, mesmo quando buscavam seus interesses legítimos". Afirma que as coisas mudaram, porque a China cresceu e, depois de dois séculos de exploração pelas potências externas, o país sente que é importante defender seus interesses nacionais, particularmente contra as pressões estrangeiras.
O texto mostra as debilidades do país asiático, como as desigualdades sociais, que se agravaram nos últimos trinta anos – e a crescente dependência de energia, que só pode ser, segundo ele, administrada em conjunto com os Estados Unidos. Nessas dificuldades percebe a chance de a América do Norte aportar soluções, e credenciar-se ao aprofundamento das relações bilaterais. Talvez já prevendo a troca de partidos na Casa Branca, o secretário do Tesouro defende o projeto como essencial ao futuro dos Estados Unidos.
Uma aliança entre os Estados Unidos e a China, baseada em seus interesses econômicos e políticos, poderia ser danosa para o resto do mundo. O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que a advoga, foi nomeado por Bush em 2006 – depois de ter sido presidente do Banco Goldman Sachs. Ao esboçar o plano de intervenção do Estado no sistema bancário, chegou a pedir poderes especiais que o colocavam acima de qualquer instituição, incluída a Suprema Corte. O projeto foi moderado pelo Congresso norte-americano.
É improvável que Washington e Beijing dividam o mundo em dois impérios aliados, como parece propor o Strategic Economic Dialogue. Não é de se esperar que a China domine o resto da Ásia, sobrepondo-se ao Japão, à Índia e ao Paquistão, para ficar apenas nestes países mais poderosos da área. Nem é previsível que a Europa aceite essa divisão do mundo, esse acordo de paz que seria feito para o prejuízo do resto da Humanidade.
Em certo trecho, Paulson anota que um "sério problema na economia chinesa poderá ameaçar a estabilidade da economia dos Estados Unidos e do globo". Mas o serious trouble ocorreu dias depois da publicação do artigo – em Wall Street e não na China.
Enfim, trata-se de um convite à China para participar dos assuntos mundiais como um igual, posição que Beijing cobiça. Quando alguém se encontra em decadência, o remédio é associar-se a quem se encontra em ascensão. Sinal evidente dessa decadência americana é o anúncio, feito pelo secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, de que seu país busca um entendimento com os talibãs, a fim de se retirar do Afeganistão. O fato é que, ao buscar a aliança com a China – que tem problemas fronteiriços com a Rússia – e restaurar a antiga aliança que mantinham com os talibãs, contra os soviéticos, os Estados Unidos tentam evitar o desenho de nova carta geopolítica, que inclua outros pólos de poder, entre eles, a América Latina.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
1000Xs;Siceramente, prefiro um "zilhão" de vezes a França do que os EUA, principalmente no que diz respeito a tranferencia de tecnologia.
E quanto ao sub nuclear, o Expedito Bastos aqui da UFJF (onde estudo) é um brincalhão... será que ele está disposto a pagar todo o dinheiro investido no projeto por mais de 20 anos? O velhinho tá caduco! Por favor senhores, desconsideremos essas palavras profanas.
Com esse texto publicado no G1, vemos que ainda existem pessoas que não deixaram o século 20 e ainda acretitam na existencia de papai-noel e do coelho da páscoa!
[]'s a todos.
Ia ser bem legal manter 20 Subs por 30 anos ao invés de 2 ou 3, e ainda por cima perder a chance da tec nuclear. Parei com esse cara! tá ficando
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: GEOPOLÍTICA
Esse assessor do Quintão deveria era ter vergonha de se manifestar, pois durante a gestão daquele nada fizeram e nem ao menos propuseram a fazer e agora, depois da obra quase feita, veem querer dar uma de "engenheiro de obras prontas"
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Re: GEOPOLÍTICA
Concordo. Agora que já esta tudo guase pronto temos que terminar, sem falar das vantagens táticas de um sub.nuclear.
Não devemos esquecer que a questão não é só patrulhar o litoral, prá isso temos os navios de 500t. A questão é a região da camada pré sal que é profunda e distante.
Não devemos esquecer que a questão não é só patrulhar o litoral, prá isso temos os navios de 500t. A questão é a região da camada pré sal que é profunda e distante.
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Re: GEOPOLÍTICA
14/10/2008
Lula: "Acabou-se o tempo em que dependíamos do Fundo Monetário Internacional"
Fernando Gualdoni
Em Madri
Lula da Silva (nascido em Caetés, Brasil, em 1945) está convencido de que a crise financeira mundial dará lugar a profundas mudanças no mundo. "Acabou-se isso de que o mercado pode tudo (...) Acabaram-se os tempos em que as economias emergentes dependíamos do Fundo Monetário Internacional (FMI) ... Acabou uma América Latina sem voz própria", sentenciou na segunda-feira o presidente brasileiro. Ouvindo-o falar, vendo-o expressar-se, dá a impressão de que Lula se sente seguro. É um fato que tem 80% de popularidade na metade de seu segundo mandato e que seu país acumula um longo período de cifras macroeconômicas animadoras.
Pode-se dizer que a única coisa que azedou Lula recentemente foram as eleições municipais, em 5 de outubro passado, em que nenhum de seus candidatos conseguiu se impor nem no Rio de Janeiro nem em Belo Horizonte nem em São Paulo, as cidades mais importantes. A última delas é a que mais dói, porque os paulistas disseram "não" duas vezes a sua candidata, Marta Suplicy. Ela é uma das favoritas do presidente e este está empenhado em que ela consiga a prefeitura. Dá a impressão de que sem a figura de Lula o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda é incapaz de andar sozinho.
Apesar desse obstáculo doméstico, no encontro de segunda-feira com quatro jornalistas em Madri, Lula lançou a idéia de que o Brasil pouco a pouco está se transformando em uma potência emergente regional e global. Basta ver trabalhar a equipe de diplomatas e assessores que o acompanham para ter a idéia de que Brasília pensa grande. Além de marcar o ritmo na América do Sul, Lula pretende influir na marcha de todos. "Da Espanha vou para a Índia e vou falar com o primeiro-ministro (Manmohan) sobre a Rodada Doha, que está paralisada basicamente devido a um desacordo entre os EUA e a Índia em agricultura. Vou lhe dizer que não haverá gesto mais positivo para começar a superar a crise financeira do que concluir a Rodada Doha". Lula está convencido de que uma maior abertura do comércio mundial é um bom antídoto contra a crise. "A Rodada Doha não é um problema econômico, é político", afirmou.
Para Lula, a crise financeira também é uma questão política e exige uma solução por parte dos dirigentes de Estado. "A crise não é mais um problema só dos bancos, é dos poupadores. E quando é dos credores já é uma questão de Estado. O tesouro público de cada país deve garantir a liquidez para manter o acesso ao crédito e é necessário garantir a poupança das pessoas", disse o presidente.
Lula quer uma nova regulamentação do mercado financeiro mundial. "Todo ser humano está submetido às regras ou de seus países ou de instituições multilaterais, mas os bancos não. Em Basiléia (referindo-se ao Banco Internacional de Pagamentos, a central de compensação) se decidiu que um banco não podia endividar-se mais de dez vezes seu patrimônio. Nos EUA não existia esse limite. Enquanto no Brasil esse limite não superava as dez vezes, nos EUA chegava a 35. A chamada economia dos papéis estava submetendo a economia produtiva. E isso tem que acabar", acrescentou.
Segundo Lula, o Brasil está preparado para enfrentar a crise. "Alguns pensam que sou muito otimista", diz, "mas nenhum de nossos projetos de infra-estrutura foi cancelado devido à crise. Há alguns dias a Petrobras me apresentou um projeto de investimentos no valor de US$ 112 bilhões até 2012. O orçamento está feito com base em um barril a US$ 35. Logo seremos um dos grandes produtores de petróleo do mundo", conta Lula. O Brasil também tem planos para construir uma forte indústria de derivados de petróleo e petroquímica. O presidente contou que serão construídas quatro novas refinarias. A última levantada no Brasil data de 1980.
Para proteger toda essa nova indústria petroleira, especialmente o que será produzido em plataformas marítimas - "algumas estão 300 quilômetros mar adentro", esclarece Lula -, o Brasil tem previsão de dar um verdadeiro impulso em sua indústria naval, recuperá-la de seu esquecimento depois de quase 40 anos. "Nos anos 70 éramos o segundo fabricante naval do mundo, atrás só do Japão, e 36 mil pessoas trabalhavam nesse setor. Em 2003 eram só 1.900 e hoje há 40 mil trabalhadores. Plataformas petroleiras submarinas, que custam US$ 2 bilhões e que antes encomendávamos à Noruega, hoje fazemos no Brasil", explica.
Brasília não só planeja construir barcos petroleiros mas também militares. Graças a um acordo com a França, o gigante sul-americano terá seu primeiro submarino atômico. Em 3 de novembro próximo o governo apresentará sua nova estratégia de defesa. Em médio prazo, sabe-se que as forças armadas brasileiras contarão com quatro submarinos e helicópteros, entre outros equipamentos.
O aumento do gasto militar disparou o receio dos vizinhos do Brasil, que depois do rearmamento venezuelano com aviões, navios e blindados russos temem uma corrida armamentista na região. Lula diz que não existe essa corrida e justifica: "O Brasil precisa estar preparado para se proteger de quem quer que seja e tem 17 mil quilômetros de fronteira terrestre e 8 mil de costa a salvaguardar". Lembrou também que ele propôs um conselho de defesa sul-americano para lutar conjuntamente contra o narcotráfico, a venda ilegal de armas de proteger as fronteiras.
Conflitos militares talvez não, mas diplomáticos há vários no ar da região. O Brasil tem um com o Equador. Começou com a expulsão por parte de Quito da construtora Odebrecht por suposto descumprimento de contrato. Depois expulsou Furnas, uma grande auditora de obras, e a Petrobras está na corda bamba. Para Lula o confronto com o presidente Rafael Correa é um trago amargo. Seus chegados dizem que não o esperava e que não gostou nada. "Se a Odebrecht cometeu um erro, deve pagar. O que me parece delicado é que o problema com a empresa passe para um segundo plano e se subordine à política interna do país", diz Lula. Em poucas palavras, o presidente avisa seus vizinhos, especialmente Equador, Bolívia e Venezuela, as esquerdas mais radicais da América do Sul, de que não utilizem os conflitos com empresas estrangeiras para dar rédea solta ao populismo.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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Lula: "Acabou-se o tempo em que dependíamos do Fundo Monetário Internacional"
Fernando Gualdoni
Em Madri
Lula da Silva (nascido em Caetés, Brasil, em 1945) está convencido de que a crise financeira mundial dará lugar a profundas mudanças no mundo. "Acabou-se isso de que o mercado pode tudo (...) Acabaram-se os tempos em que as economias emergentes dependíamos do Fundo Monetário Internacional (FMI) ... Acabou uma América Latina sem voz própria", sentenciou na segunda-feira o presidente brasileiro. Ouvindo-o falar, vendo-o expressar-se, dá a impressão de que Lula se sente seguro. É um fato que tem 80% de popularidade na metade de seu segundo mandato e que seu país acumula um longo período de cifras macroeconômicas animadoras.
Pode-se dizer que a única coisa que azedou Lula recentemente foram as eleições municipais, em 5 de outubro passado, em que nenhum de seus candidatos conseguiu se impor nem no Rio de Janeiro nem em Belo Horizonte nem em São Paulo, as cidades mais importantes. A última delas é a que mais dói, porque os paulistas disseram "não" duas vezes a sua candidata, Marta Suplicy. Ela é uma das favoritas do presidente e este está empenhado em que ela consiga a prefeitura. Dá a impressão de que sem a figura de Lula o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda é incapaz de andar sozinho.
Apesar desse obstáculo doméstico, no encontro de segunda-feira com quatro jornalistas em Madri, Lula lançou a idéia de que o Brasil pouco a pouco está se transformando em uma potência emergente regional e global. Basta ver trabalhar a equipe de diplomatas e assessores que o acompanham para ter a idéia de que Brasília pensa grande. Além de marcar o ritmo na América do Sul, Lula pretende influir na marcha de todos. "Da Espanha vou para a Índia e vou falar com o primeiro-ministro (Manmohan) sobre a Rodada Doha, que está paralisada basicamente devido a um desacordo entre os EUA e a Índia em agricultura. Vou lhe dizer que não haverá gesto mais positivo para começar a superar a crise financeira do que concluir a Rodada Doha". Lula está convencido de que uma maior abertura do comércio mundial é um bom antídoto contra a crise. "A Rodada Doha não é um problema econômico, é político", afirmou.
Para Lula, a crise financeira também é uma questão política e exige uma solução por parte dos dirigentes de Estado. "A crise não é mais um problema só dos bancos, é dos poupadores. E quando é dos credores já é uma questão de Estado. O tesouro público de cada país deve garantir a liquidez para manter o acesso ao crédito e é necessário garantir a poupança das pessoas", disse o presidente.
Lula quer uma nova regulamentação do mercado financeiro mundial. "Todo ser humano está submetido às regras ou de seus países ou de instituições multilaterais, mas os bancos não. Em Basiléia (referindo-se ao Banco Internacional de Pagamentos, a central de compensação) se decidiu que um banco não podia endividar-se mais de dez vezes seu patrimônio. Nos EUA não existia esse limite. Enquanto no Brasil esse limite não superava as dez vezes, nos EUA chegava a 35. A chamada economia dos papéis estava submetendo a economia produtiva. E isso tem que acabar", acrescentou.
Segundo Lula, o Brasil está preparado para enfrentar a crise. "Alguns pensam que sou muito otimista", diz, "mas nenhum de nossos projetos de infra-estrutura foi cancelado devido à crise. Há alguns dias a Petrobras me apresentou um projeto de investimentos no valor de US$ 112 bilhões até 2012. O orçamento está feito com base em um barril a US$ 35. Logo seremos um dos grandes produtores de petróleo do mundo", conta Lula. O Brasil também tem planos para construir uma forte indústria de derivados de petróleo e petroquímica. O presidente contou que serão construídas quatro novas refinarias. A última levantada no Brasil data de 1980.
Para proteger toda essa nova indústria petroleira, especialmente o que será produzido em plataformas marítimas - "algumas estão 300 quilômetros mar adentro", esclarece Lula -, o Brasil tem previsão de dar um verdadeiro impulso em sua indústria naval, recuperá-la de seu esquecimento depois de quase 40 anos. "Nos anos 70 éramos o segundo fabricante naval do mundo, atrás só do Japão, e 36 mil pessoas trabalhavam nesse setor. Em 2003 eram só 1.900 e hoje há 40 mil trabalhadores. Plataformas petroleiras submarinas, que custam US$ 2 bilhões e que antes encomendávamos à Noruega, hoje fazemos no Brasil", explica.
Brasília não só planeja construir barcos petroleiros mas também militares. Graças a um acordo com a França, o gigante sul-americano terá seu primeiro submarino atômico. Em 3 de novembro próximo o governo apresentará sua nova estratégia de defesa. Em médio prazo, sabe-se que as forças armadas brasileiras contarão com quatro submarinos e helicópteros, entre outros equipamentos.
O aumento do gasto militar disparou o receio dos vizinhos do Brasil, que depois do rearmamento venezuelano com aviões, navios e blindados russos temem uma corrida armamentista na região. Lula diz que não existe essa corrida e justifica: "O Brasil precisa estar preparado para se proteger de quem quer que seja e tem 17 mil quilômetros de fronteira terrestre e 8 mil de costa a salvaguardar". Lembrou também que ele propôs um conselho de defesa sul-americano para lutar conjuntamente contra o narcotráfico, a venda ilegal de armas de proteger as fronteiras.
Conflitos militares talvez não, mas diplomáticos há vários no ar da região. O Brasil tem um com o Equador. Começou com a expulsão por parte de Quito da construtora Odebrecht por suposto descumprimento de contrato. Depois expulsou Furnas, uma grande auditora de obras, e a Petrobras está na corda bamba. Para Lula o confronto com o presidente Rafael Correa é um trago amargo. Seus chegados dizem que não o esperava e que não gostou nada. "Se a Odebrecht cometeu um erro, deve pagar. O que me parece delicado é que o problema com a empresa passe para um segundo plano e se subordine à política interna do país", diz Lula. Em poucas palavras, o presidente avisa seus vizinhos, especialmente Equador, Bolívia e Venezuela, as esquerdas mais radicais da América do Sul, de que não utilizem os conflitos com empresas estrangeiras para dar rédea solta ao populismo.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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Re: GEOPOLÍTICA
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: GEOPOLÍTICA
Quando eu aqui disse que os EUA e a China preparavam-se para partir o mundo em dois chamaram-me maluco. Felizmente já vão tarde.
Espero que a facção que ganhe seja esta:
França relança idéia de governança econômica na zona do euro
Há 48 minutos
ESTRASBURGO, França (AFP) — O presidente francês, Nicolas Sarkozy, relançou nesta terça-feira sua polêmica idéia de uma governança econômica na zona do euro após a crise financeira, e pediu a participação dos Estados europeus nas empresas estratégicas.
"Não é possível que a zona euro continue sem um governo econômico claramente identificado", declarou em um discurso ao Parlamento europeu em Estrasburgo sobre as lições que devem ser tiradas da tempestade financeira.
Esse governo, de contornos ainda não delineados, é há vários anos uma idéia cara à França. O país defende uma liderança política da zona euro no mais alto nível, o de chefes de Estado, frente ao poder do Banco Central Europeu, instituição quase federal encarregada de administrar a moeda comum.
Até o momento, apenas os ministros das Finanças da zona se reúnem de maneira regular, todo mês, no Eurogrupo.
Mas a França criou um precedente ao realizar no dia 12 de outubro uma reunião dos chefes de Estado da zona euro em Paris para organizar um plano coordenado de resgate dos bancos de cerca de 2 bilhões de euros.
Sarkozy espera retomar a experiência. "Não podemos passar os oito próximos anos sem nos reunirmos novamente" no mais alto nível, disse durante uma entrevista coletiva à imprensa após o seu discurso.
A idéia de organizar um encontro como esse de maneira regular deve ser examinada, segundo ele. Sarkozy também mencionou a possibilidade de o presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, presidir o fórum dos chefes de Estado. Juncker é ao mesmo tempo ministro das Finanças e primeiro-ministro de seu país.
Paris havia tentado em uma primeira oportunidade na primavera (hemisfério norte) lançar sua idéia de governo econômico, mas esta não deu certo com a oposição da Alemanha, que suspeita principalmente que Paris pretenda questionar a independência do Banco Central Europeu, freqüentemente criticado no passado por suas taxas de juros muito elevadas.
Essa preocupação também foi expressada na terça-feira pela Comissão Européia. Para José Manuel Barroso, é importante "não se questionar a independência do Banco Central" com essa idéia.
Esse "governo econômico" dará, segundo Sarkozy, uma chance à zona euro de discutir uma política econômica coordenada.
Após a crise financeira, ele propôs concretamente que os Estados comprem de maneira concertada participações em empresas consideradas estratégicas que estariam em situação ruim na Bolsa, por meio de fundos soberanos, "para dar uma resposta industrial à crise". Uma receita parecida com aquela adotada com os bancos recapitalizados pelos poderes públicos.
Sarkozy ressaltou a importância para a Europa de se falar com uma "voz forte" na crise financeira.
Em relação a isso, ele anunciou a convocação em breve de uma reunião extraordinária da UE para preparar encontros mundiais no futuro sobre a reestruturação do sistema financeiro internacional, que deverão ser organizados pouco depois da eleição presidencial americana de 4 de novembro.
O chefe de Estado reafirmou seu desejo de ver as grandes economias emergentes, Brasil, China e Índia associadas às grandes potências do G8 para as reuniões mundiais.
Espero que a facção que ganhe seja esta:
França relança idéia de governança econômica na zona do euro
Há 48 minutos
ESTRASBURGO, França (AFP) — O presidente francês, Nicolas Sarkozy, relançou nesta terça-feira sua polêmica idéia de uma governança econômica na zona do euro após a crise financeira, e pediu a participação dos Estados europeus nas empresas estratégicas.
"Não é possível que a zona euro continue sem um governo econômico claramente identificado", declarou em um discurso ao Parlamento europeu em Estrasburgo sobre as lições que devem ser tiradas da tempestade financeira.
Esse governo, de contornos ainda não delineados, é há vários anos uma idéia cara à França. O país defende uma liderança política da zona euro no mais alto nível, o de chefes de Estado, frente ao poder do Banco Central Europeu, instituição quase federal encarregada de administrar a moeda comum.
Até o momento, apenas os ministros das Finanças da zona se reúnem de maneira regular, todo mês, no Eurogrupo.
Mas a França criou um precedente ao realizar no dia 12 de outubro uma reunião dos chefes de Estado da zona euro em Paris para organizar um plano coordenado de resgate dos bancos de cerca de 2 bilhões de euros.
Sarkozy espera retomar a experiência. "Não podemos passar os oito próximos anos sem nos reunirmos novamente" no mais alto nível, disse durante uma entrevista coletiva à imprensa após o seu discurso.
A idéia de organizar um encontro como esse de maneira regular deve ser examinada, segundo ele. Sarkozy também mencionou a possibilidade de o presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, presidir o fórum dos chefes de Estado. Juncker é ao mesmo tempo ministro das Finanças e primeiro-ministro de seu país.
Paris havia tentado em uma primeira oportunidade na primavera (hemisfério norte) lançar sua idéia de governo econômico, mas esta não deu certo com a oposição da Alemanha, que suspeita principalmente que Paris pretenda questionar a independência do Banco Central Europeu, freqüentemente criticado no passado por suas taxas de juros muito elevadas.
Essa preocupação também foi expressada na terça-feira pela Comissão Européia. Para José Manuel Barroso, é importante "não se questionar a independência do Banco Central" com essa idéia.
Esse "governo econômico" dará, segundo Sarkozy, uma chance à zona euro de discutir uma política econômica coordenada.
Após a crise financeira, ele propôs concretamente que os Estados comprem de maneira concertada participações em empresas consideradas estratégicas que estariam em situação ruim na Bolsa, por meio de fundos soberanos, "para dar uma resposta industrial à crise". Uma receita parecida com aquela adotada com os bancos recapitalizados pelos poderes públicos.
Sarkozy ressaltou a importância para a Europa de se falar com uma "voz forte" na crise financeira.
Em relação a isso, ele anunciou a convocação em breve de uma reunião extraordinária da UE para preparar encontros mundiais no futuro sobre a reestruturação do sistema financeiro internacional, que deverão ser organizados pouco depois da eleição presidencial americana de 4 de novembro.
O chefe de Estado reafirmou seu desejo de ver as grandes economias emergentes, Brasil, China e Índia associadas às grandes potências do G8 para as reuniões mundiais.
"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: GEOPOLÍTICA
O ressurgimento da grande potência :: Mario Cesar Flores
Superado o clímax preocupante do recente “caso” da Geórgia, é hora de procurar entendê-lo em sua integralidade. Independentemente do grau de vinculação étnica e cultural com a Rússia, o que realmente pesou nele foi o fato de estar a Geórgia em área de influência inequívoca russa, a retomada pela Rússia da condição de grande potência e ser a Geórgia parte integrante da geopolítica da energia de interesse ocidental. Desenvolvamos esse complexo interativo.
Para chegar ao consumo no Ocidente (Europa) o petróleo da bacia do Mar Cáspio, produzido em ex-Repúblicas soviéticas, tem de contornar aquele mar via Rússia ou (o petróleo produzido a leste do Cáspio) atravessá-lo e passar pela Rússia (inclusive pela Chechênia...) ou por países do Cáucaso (Azerbaijão, Geórgia e Turquia - esta, embora não caucasiana, chega à cordilheira), até o Mar Negro; na alternativa turca, ainda não efetivada, até o Mediterrâneo. Para o sul, alternativa tampouco efetivada, através do problemático Irã até o Golfo Pérsico, seguindo por mar para a Europa.
Quanto ao gás produzido em território russo, para chegar à Europa ele passa pela Ucrânia, hoje uma incógnita sociopolítica que a Rússia vê em sua esfera de influência (histórica e como ex-República soviética), mas está psicopoliticamente dividida entre pró-Ocidente e pró-Rússia. No episódio Geórgia, manteve-se obscuro, talvez em decorrência dessa ambigüidade, o papel potencial da Ucrânia, de extenso litoral no Mar Negro e que apóia, desde o fim da URSS, a esquadra russa nesse mar; mais dia, menos dia, a ambigüidade será dirimida e é improvável que possa sê-lo em detrimento da Rússia.
Esse cenário complicado afeta um grande objetivo de segurança ocidental: o controle das fontes e do escoamento dos hidrocarbonetos. No tocante à procedência “Ásia Central/Cáspio-Cáucaso”, a União Européia é particularmente interessada, mas a magnitude desse interesse não é amparada em correspondente capacidade de - e disposição para - defendê-lo, dependente da difícil institucionalização de políticas comuns, externa e de defesa. Resultado: na sua condição de superpotência global que tem na União Européia (UE) sua grande sócia, os EUA se vêem envolvidos nesse encargo, em continuidade ao seu papel hegemônico de defesa da Europa Ocidental na guerra fria (cresce na OTAN a preocupação com o leste não-russo, com o Oriente Médio e contingentes militares europeus estão no Afeganistão, mas sem muito entusiasmo...). Evidentemente, essa situação, crítica no quadro da energia na UE, sugere convir ao Ocidente a Geórgia e a Ucrânia ocidentalizadas, o que para a Rússia é inaceitável e sua disposição a respeito, coerente com sua condição proeminente na região, ficou demonstrada no caso Ossétia do Sul e pode ser resumida nesta idéia: a Geórgia está no meu (russo) espaço geopolítico e nele decido eu... Essa atitude, realisticamente compreensível, já havia sido deixada clara na oposição russa ao ingresso da Geórgia e da Ucrânia na OTAN.
A retomada do preparo militar russo, que viveu um período de marcha lenta, quase parando, mas nunca foi totalmente descartada, insere-se nesse quadro de realce regional, claramente reativado no governo Putin. A Rússia está consciente de que, com o ocaso do messianismo ideológico global soviético, não há motivo para construir um caro poder militar convencional de superpotência global onipresente, mas há que construí-lo compatível com sua condição de grande potência relevante em seu entorno geopolítico, decisiva quando os assuntos afetarem seus interesses importantes. Tal perspectiva é sintomaticamente refletida no repreparo da Marinha russa, em que não é tranqüila a retomada do programa de porta-aviões, útil para intervenções transoceânicas (aparentemente, fora do escopo russo, ao menos por ora), mas de validade duvidosa (se tanto) numa hoje improvável disputa com a Marinha norte-americana pelo controle de grandes extensões oceânicas. E toda essa estratégia de grande potência hegemônica fundamentalmente regional se desenvolve à sombra da invulnerabilidade direta da Rússia no cenário global, propiciada por seu poder nuclear, que será mantido no nível adequado a esse propósito.
Em suma, poder nuclear à parte, o repreparo militar russo está sendo basicamente pautado pelas injunções da condição de grande potência hegemônica em seu entorno geopolítico eurasiático. Realçam no repreparo as forças para operações ao estilo Blitzkrieg, que corroborem tal condição criando rapidamente fatos consumados decisivos, do tipo Geórgia, coerentes com os objetivos russos entendidos como importantes naquele entorno, onde, cabe lembrar, a influência política e estratégica da Rússia é histórica, precedeu o regime comunista soviético, Putin não a inventou... Essa herança de influência tradicional, no mínimo, complica - se não inibe - qualquer ação ocidental passível de ser considerada francamente hostil à Rússia: houve alguma compreensão para a determinação russa na Geórgia, mas teria sido improvável compreensão similar para uma reação militar mais assertiva (portanto, de alto risco) norte-americana e/ou européia.
Em contrapartida, não se deve esperar, no horizonte de tempo imaginável, que a Rússia se engaje decisivamente longe de sua esfera de influência direta na Eurásia - o que nos leva a conjeturar ser o exercício naval Rússia-Venezuela no Caribe mera manifestação do circo venezuelano “antiimpério”, com o qual a Rússia concorda por lhe convir agradar a seu freguês de bilhões de dólares de material militar, ao mesmo tempo que dá um “troco” simbólico ao apoio norte-americano à Geórgia.
Nessas circunstâncias, será melhor para a tranqüilidade energética da Europa a composição com a Rússia ou convém insistir na ocidentalização dos países da área de influência russa envolvidos na equação da energia “Ásia Central-Europa”?
Mario Cesar Flores é almirante-de-esquadra (reformado)
Superado o clímax preocupante do recente “caso” da Geórgia, é hora de procurar entendê-lo em sua integralidade. Independentemente do grau de vinculação étnica e cultural com a Rússia, o que realmente pesou nele foi o fato de estar a Geórgia em área de influência inequívoca russa, a retomada pela Rússia da condição de grande potência e ser a Geórgia parte integrante da geopolítica da energia de interesse ocidental. Desenvolvamos esse complexo interativo.
Para chegar ao consumo no Ocidente (Europa) o petróleo da bacia do Mar Cáspio, produzido em ex-Repúblicas soviéticas, tem de contornar aquele mar via Rússia ou (o petróleo produzido a leste do Cáspio) atravessá-lo e passar pela Rússia (inclusive pela Chechênia...) ou por países do Cáucaso (Azerbaijão, Geórgia e Turquia - esta, embora não caucasiana, chega à cordilheira), até o Mar Negro; na alternativa turca, ainda não efetivada, até o Mediterrâneo. Para o sul, alternativa tampouco efetivada, através do problemático Irã até o Golfo Pérsico, seguindo por mar para a Europa.
Quanto ao gás produzido em território russo, para chegar à Europa ele passa pela Ucrânia, hoje uma incógnita sociopolítica que a Rússia vê em sua esfera de influência (histórica e como ex-República soviética), mas está psicopoliticamente dividida entre pró-Ocidente e pró-Rússia. No episódio Geórgia, manteve-se obscuro, talvez em decorrência dessa ambigüidade, o papel potencial da Ucrânia, de extenso litoral no Mar Negro e que apóia, desde o fim da URSS, a esquadra russa nesse mar; mais dia, menos dia, a ambigüidade será dirimida e é improvável que possa sê-lo em detrimento da Rússia.
Esse cenário complicado afeta um grande objetivo de segurança ocidental: o controle das fontes e do escoamento dos hidrocarbonetos. No tocante à procedência “Ásia Central/Cáspio-Cáucaso”, a União Européia é particularmente interessada, mas a magnitude desse interesse não é amparada em correspondente capacidade de - e disposição para - defendê-lo, dependente da difícil institucionalização de políticas comuns, externa e de defesa. Resultado: na sua condição de superpotência global que tem na União Européia (UE) sua grande sócia, os EUA se vêem envolvidos nesse encargo, em continuidade ao seu papel hegemônico de defesa da Europa Ocidental na guerra fria (cresce na OTAN a preocupação com o leste não-russo, com o Oriente Médio e contingentes militares europeus estão no Afeganistão, mas sem muito entusiasmo...). Evidentemente, essa situação, crítica no quadro da energia na UE, sugere convir ao Ocidente a Geórgia e a Ucrânia ocidentalizadas, o que para a Rússia é inaceitável e sua disposição a respeito, coerente com sua condição proeminente na região, ficou demonstrada no caso Ossétia do Sul e pode ser resumida nesta idéia: a Geórgia está no meu (russo) espaço geopolítico e nele decido eu... Essa atitude, realisticamente compreensível, já havia sido deixada clara na oposição russa ao ingresso da Geórgia e da Ucrânia na OTAN.
A retomada do preparo militar russo, que viveu um período de marcha lenta, quase parando, mas nunca foi totalmente descartada, insere-se nesse quadro de realce regional, claramente reativado no governo Putin. A Rússia está consciente de que, com o ocaso do messianismo ideológico global soviético, não há motivo para construir um caro poder militar convencional de superpotência global onipresente, mas há que construí-lo compatível com sua condição de grande potência relevante em seu entorno geopolítico, decisiva quando os assuntos afetarem seus interesses importantes. Tal perspectiva é sintomaticamente refletida no repreparo da Marinha russa, em que não é tranqüila a retomada do programa de porta-aviões, útil para intervenções transoceânicas (aparentemente, fora do escopo russo, ao menos por ora), mas de validade duvidosa (se tanto) numa hoje improvável disputa com a Marinha norte-americana pelo controle de grandes extensões oceânicas. E toda essa estratégia de grande potência hegemônica fundamentalmente regional se desenvolve à sombra da invulnerabilidade direta da Rússia no cenário global, propiciada por seu poder nuclear, que será mantido no nível adequado a esse propósito.
Em suma, poder nuclear à parte, o repreparo militar russo está sendo basicamente pautado pelas injunções da condição de grande potência hegemônica em seu entorno geopolítico eurasiático. Realçam no repreparo as forças para operações ao estilo Blitzkrieg, que corroborem tal condição criando rapidamente fatos consumados decisivos, do tipo Geórgia, coerentes com os objetivos russos entendidos como importantes naquele entorno, onde, cabe lembrar, a influência política e estratégica da Rússia é histórica, precedeu o regime comunista soviético, Putin não a inventou... Essa herança de influência tradicional, no mínimo, complica - se não inibe - qualquer ação ocidental passível de ser considerada francamente hostil à Rússia: houve alguma compreensão para a determinação russa na Geórgia, mas teria sido improvável compreensão similar para uma reação militar mais assertiva (portanto, de alto risco) norte-americana e/ou européia.
Em contrapartida, não se deve esperar, no horizonte de tempo imaginável, que a Rússia se engaje decisivamente longe de sua esfera de influência direta na Eurásia - o que nos leva a conjeturar ser o exercício naval Rússia-Venezuela no Caribe mera manifestação do circo venezuelano “antiimpério”, com o qual a Rússia concorda por lhe convir agradar a seu freguês de bilhões de dólares de material militar, ao mesmo tempo que dá um “troco” simbólico ao apoio norte-americano à Geórgia.
Nessas circunstâncias, será melhor para a tranqüilidade energética da Europa a composição com a Rússia ou convém insistir na ocidentalização dos países da área de influência russa envolvidos na equação da energia “Ásia Central-Europa”?
Mario Cesar Flores é almirante-de-esquadra (reformado)
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: GEOPOLÍTICA
Pra que armas se existe o livre mercado?
24/10/2008 - 10h09
Opep decide cortar produção de petróleo, mas preço segue em forte queda
Da Redação UOL Economia / São Paulo
A cotação do petróleo negociado em Nova York registrava forte queda na manhã desta sexta-feira, pouco depois de a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciar que vai reduzir a produção da mercadoria.
Às 9h26 (de Brasília), o petróleo com vencimento em dezembro negociado em Nova York caía 6,26%, para US$ 63,59 o barril.
A decisão da Opep ocorreu em reunião extraordinária, antecipada em três semanas em relação ao prazo normal. A urgência do encontro era justificada pela forte queda do preço do petróleo nas últimas semanas.
Em junho, o barril havia chegado à casa dos US$ 140, e agora está em torno de US$ 63. Apenas no último mês, a cotação caiu pela metade, de US$ 120 para a atual casa dos US$ 60. O corte na produção é uma tentativa de reduzir a oferta global do produto, o que tenderia a provocar aumento do preço.
A produção de petróleo será reduzida em 1,5 milhão de barris diários, passando a ser de 27,3 milhões de barris por dia a partir de 1º de novembro, informou o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Nuaimi.
"Dê uma olhada no derretimento da economia mundial", disse um operador de Londres. "Precisamos de algo mais próximo de (um corte de) dois (milhões de barris por dia) para dar qualquer suporte aos preços."
O analista Jim Rintoul, da TheOilTrader.com, disse que o corte da Opep será insuficiente para fazer frente ao enfraquecimento da demanda. Segundo ele, tendo em vista a aproximação das eleições americanas, uma redução maior pela Opep dificilmente seria aceita pelos sauditas, que provavelmente ficariam sob grande pressão do governo dos EUA.
O especialista afirmou que os preços do petróleo podem cair abaixo dos US$ 60 o barril até dezembro nas atuais condições de mercado se a Opep não fizer cortes adicionais.
Especulação e recessão
O motivo que levou à queda brusca do preço do preço do petróleo nas últimas semanas divide a opinião de especialistas.
Hà quem defenda que havia especulação muito forte, o que causou a alta exagerada do barril para os US$ 140. Outros defendem que a crise financeira global e o medo de recessão já influenciam diretamente o preço da commodity.
A demanda por petróleo é muito sensível ao desempenho da economia. Como houve uma deterioração no quadro de crescimento mundial, com a escassez de crédito e queda da intenção de consumo, algumas indústrias já reduziram seus investimentos e cortaram parte da demanda por petróleo, pressionando os preços para baixo.
(Com informações de Agência Estado, EFE e AFP)
24/10/2008 - 10h09
Opep decide cortar produção de petróleo, mas preço segue em forte queda
Da Redação UOL Economia / São Paulo
A cotação do petróleo negociado em Nova York registrava forte queda na manhã desta sexta-feira, pouco depois de a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciar que vai reduzir a produção da mercadoria.
Às 9h26 (de Brasília), o petróleo com vencimento em dezembro negociado em Nova York caía 6,26%, para US$ 63,59 o barril.
A decisão da Opep ocorreu em reunião extraordinária, antecipada em três semanas em relação ao prazo normal. A urgência do encontro era justificada pela forte queda do preço do petróleo nas últimas semanas.
Em junho, o barril havia chegado à casa dos US$ 140, e agora está em torno de US$ 63. Apenas no último mês, a cotação caiu pela metade, de US$ 120 para a atual casa dos US$ 60. O corte na produção é uma tentativa de reduzir a oferta global do produto, o que tenderia a provocar aumento do preço.
A produção de petróleo será reduzida em 1,5 milhão de barris diários, passando a ser de 27,3 milhões de barris por dia a partir de 1º de novembro, informou o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Nuaimi.
"Dê uma olhada no derretimento da economia mundial", disse um operador de Londres. "Precisamos de algo mais próximo de (um corte de) dois (milhões de barris por dia) para dar qualquer suporte aos preços."
O analista Jim Rintoul, da TheOilTrader.com, disse que o corte da Opep será insuficiente para fazer frente ao enfraquecimento da demanda. Segundo ele, tendo em vista a aproximação das eleições americanas, uma redução maior pela Opep dificilmente seria aceita pelos sauditas, que provavelmente ficariam sob grande pressão do governo dos EUA.
O especialista afirmou que os preços do petróleo podem cair abaixo dos US$ 60 o barril até dezembro nas atuais condições de mercado se a Opep não fizer cortes adicionais.
Especulação e recessão
O motivo que levou à queda brusca do preço do preço do petróleo nas últimas semanas divide a opinião de especialistas.
Hà quem defenda que havia especulação muito forte, o que causou a alta exagerada do barril para os US$ 140. Outros defendem que a crise financeira global e o medo de recessão já influenciam diretamente o preço da commodity.
A demanda por petróleo é muito sensível ao desempenho da economia. Como houve uma deterioração no quadro de crescimento mundial, com a escassez de crédito e queda da intenção de consumo, algumas indústrias já reduziram seus investimentos e cortaram parte da demanda por petróleo, pressionando os preços para baixo.
(Com informações de Agência Estado, EFE e AFP)
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Re: GEOPOLÍTICA
24/10/2008 - 08h35
Sarkozy diz que crise põe em perigo futuro da humanidade
Pequim, 24 out (Lusa) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse nesta sexta-feira que "o mundo está mal" e vive "uma crise sem precedentes".
A persistente crise financeira "põe em perigo o próprio futuro da humanidade", afirmou Sarkozy na abertura da 7ª edição da ASEM (Encontro Ásia-Europa), que acontece até sábado em Pequim, capital chinesa, com a participação de 43 países dos dois continentes.
Sarkozy, que detém a presidência da União Européia até ao final do ano, pediu a participação na anunciada cúpula internacional sobre a crise financeira global, que será realizada em Washington, capital norte-americana, em 15 de novembro.
A Europa "vai apresentar-se unida" e "deseja que a Ásia apóie este esforço", disse o presidente francês.
A resposta da comunidade internacional à crise - afirmou Sarkozy - poderá assinalar "o momento em que o mundo entrou no século 21".
O presidente da Comissão Européia(braço executivo do bloco europeu), José Manuel Durão Barroso, que discursou na mesma cerimônia, defendeu também "uma resposta global" à crise e condenou o protecionismo.
Não podemos enfrentar os desafios atuais fechando a porta e olhar apenas para a nossa casa (...) Abertura e interdependência são as duas faces da moeda da globalização", frisou Durão Barroso.
"No globalizado mercado de hoje" - concluiu o presidente da Comissão Européia ? "todos necessitamos de estar envolvidos".
Sarkozy diz que crise põe em perigo futuro da humanidade
Pequim, 24 out (Lusa) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse nesta sexta-feira que "o mundo está mal" e vive "uma crise sem precedentes".
A persistente crise financeira "põe em perigo o próprio futuro da humanidade", afirmou Sarkozy na abertura da 7ª edição da ASEM (Encontro Ásia-Europa), que acontece até sábado em Pequim, capital chinesa, com a participação de 43 países dos dois continentes.
Sarkozy, que detém a presidência da União Européia até ao final do ano, pediu a participação na anunciada cúpula internacional sobre a crise financeira global, que será realizada em Washington, capital norte-americana, em 15 de novembro.
A Europa "vai apresentar-se unida" e "deseja que a Ásia apóie este esforço", disse o presidente francês.
A resposta da comunidade internacional à crise - afirmou Sarkozy - poderá assinalar "o momento em que o mundo entrou no século 21".
O presidente da Comissão Européia(braço executivo do bloco europeu), José Manuel Durão Barroso, que discursou na mesma cerimônia, defendeu também "uma resposta global" à crise e condenou o protecionismo.
Não podemos enfrentar os desafios atuais fechando a porta e olhar apenas para a nossa casa (...) Abertura e interdependência são as duas faces da moeda da globalização", frisou Durão Barroso.
"No globalizado mercado de hoje" - concluiu o presidente da Comissão Européia ? "todos necessitamos de estar envolvidos".
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Re: GEOPOLÍTICA
Brasil pode ganhar poder com "nova ordem mundial", dizem especialistas
da BBC Brasil
A crise econômica mundial está provocando mudanças profundas na geopolítica e, nesse novo cenário, o Brasil pode assumir um papel de maior destaque, afirmaram especialistas reunidos nesta sexta-feira em São Paulo.
Segundo o historiador Paul Kennedy, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, o "momento unipolar" (expressão cunhada pelo analista Charles Krauthammer) surgido após a Guerra Fria, em que os Estados Unidos assumiram uma posição de grande poder, dá mostras de estar chegando ao fim.
Diretor de Estudos de Segurança Internacional de Yale, Kennedy atraiu atenção mundial no final da década de 80, ao lançar o livro Ascensão e Queda das Grandes Potências, em que discutia o declínio dos Estados Unidos.
De acordo com o professor, se no aspecto militar os Estados Unidos continuam sendo uma grande potência, na área econômica e de finanças o cenário é diferente.
"Mesmo antes da crise dos mercados de subprime já era possível perceber uma mudança de poder, com a crescente influência de outras partes do mundo, como a Ásia", disse Kennedy, um dos palestrantes da conferência "Mudanças na balança de poder global: perspectivas econômicas e geopolíticas", promovida pelo Centro de Estudos Americanos da FAAP e pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Kennedy, a atual crise deve marcar o início de um mundo multipolar, no qual os países são interdependentes e estão interconectados. "A crise mostrou que o Fed já não pode agir sozinho", disse. "Os países devem trabalhar juntos".
Com essa nova realidade, disse Kennedy, ganha cada vez mais importância o chamado "soft power" --termo criado pelo professor de Harvard Joseph Nye para definir o poder de uma nação de influenciar e persuadir, sem uso de força militar, mas pela diplomacia.
Entre os países que poderiam exercer esse tipo de influência, os especialistas citam o Brasil.
De acordo com o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que também participou da conferência, apesar de o Brasil não ter poder militar, tem relevância na área de cooperação econômica e pode exercer o "soft power".
China
Nessa nova geografia política e econômica que se desenha, a China tem papel de destaque.
Para o especialista em teoria financeira Zhiwu Chen, professor de Finanças em Yale, a China poderá emergir mais forte da crise, em posição de liderança.
Chen disse, porém, que o governo chinês não está preparado para assumir essa liderança no cenário internacional.
Não acredito que a ascensão da China represente uma ameaça para os Estados Unidos", afirmou. "Os dois estão interligados.
Segundo Chen, com reservas de quase US$ 2 trilhões, a China pode ajudar os países mais atingidos pela crise e também parceiros comerciais importantes, como o Brasil.
Chen disse que a crise deverá ter um forte impacto na economia da China no curto prazo, afetando especialmente o setor de exportações.
"No entanto, (a crise) poderá ser também uma grande oportunidade para a China", disse Chen. "Deverá forçar o governo a promover mais reformas fundamentais."
O especialista afirmou ainda que, apesar das mudanças provocadas pela crise, "não se deve subestimar a habilidade da economia e da sociedade americana de corrigir erros".
"Eles conseguiram sair da Grande Depressão ainda mais fortes", disse.
Mudanças
O consenso entre os especialistas que participaram da conferência é de que as relações entre os países não serão as mesmas depois da crise.
De acordo com embaixador Sergio Amaral, diretor do Centro de Estudos Americanos da FAAP, meio ambiente, terrorismo e energia serão algumas das preocupações conjuntas do mundo multipolar.
Para Amaral, há indícios de "fadiga" do processo de globalização. Além disso, na sua opinião, o mundo depois da crise tende a ser marcado pela "volta da regulação estatal, o fechamento das economias e muros contra a imigração".
O diretor de publicações do Centro para o Estudo da Globalização da Universidade de Yale, Nayan Chanda, disse que o mundo atual está baseado em quatro pilares: sistema capitalista, equilíbrio nuclear, manutenção da governança por meio da ONU e o sistema de comércio global. "Os quatro estão abalados", afirmou.
De acordo com Chanda, o equilíbrio do poder nuclear foi quebrado com o surgimento de novos países nesse cenário, como Israel, Índia, Paquistão, Coréia do Norte e, possivelmente no futuro, Irã.
O comércio global também dá sinais de enfraquecimento, principalmente após o fracasso das negociações da Rodada Doha, afirmou Chanda.
Ele citou ainda o aumento do protecionismo e do sentimento contrário aos imigrantes como aspectos do novo cenário mundial.
Nessa nova realidade, Chanda destacou a rapidez com que os países reagiram à crise, a diáspora que faz com que a população mundial tenha se espalhado e pode ser uma barreira contra o nacionalismo, e o papel de destaque das comunicações no sentido de integrar o mundo.
unanimidade só existe no cemitério
Re: GEOPOLÍTICA
A verdade dolorida, é que a economia global ainda é pouco entendida pelos estados e mesmo pelos próprios setores privados.
Re: GEOPOLÍTICA
Os Estados Unidos eram um tubarão grande, feroz e faminto; agora e uma baleia moribunda em um oceano cercado de pequenos tubarões, entre eles o Brasil.
Todos sabem o que acontece.
Então é chegada a hora de comermos a baleia e nos tornarmos grandes tubarões!
Todos sabem o que acontece.
Então é chegada a hora de comermos a baleia e nos tornarmos grandes tubarões!