Alfredo762 escreveu:Salve Orestes
Essa coisa toda começou com a revista Isto É. Aí já temos que desconfiar 99%. Não se deu no BNDS ou MD como se noticiou. O problema é quando a pessoa fala uma coisa sem ter noção do que está falando.
Muitas vezes temos lobby por trás de tudo isso. E o que se passa na cabeça de um lobbycha? Nada. Se ele andar e mascar chiclete ao mesmo tempo, é muito. A finalidade do lobbycha é inventar e desinformar.
Vejamos a hipótese da aquisição da saab pela embraer. Desde já sabemos. É completamente possível.
Um processo dessa monta adentra na soberania-defesa de ambos os países. Por ser um tema complexo e sensível, tudo isso será feito governo-governo e não Embraer e Saab. As constituições de ambos países determinam isso.
Acredito que o autor da notícia não foi feliz ao não observar esta fundamental regra e o contexto que ela se aplica.
A Saab é uma empresa de longa história e vital para a defesa do país. É praticamente a guardiã da existência da Suécia. Com o passar das décadas, ela atingiu um status que poucos tem. Ainda mais, ela não vende somente avião, mas uma ampla gama de produtos e serviços nessa seara.
Isto significa muito $$$ para a Suécia e para a Saab, anualmente. Aí vem a pergunta: interessa para a Suécia a venda da Saab para a Embraer? Se ela estivesse falida, sim. Mas não é o presente caso.
A Suécia venderia a Saab para o Brasil comprar um pouco mais de 100 aviões (isto na melhor das hipóteses)? Eu opino que não. Se assim fosse, seria mais vantagem para os indianos que tem um programa mais abrangente que o nosso.
Em outras palavras, vender a saab é um preço altíssimo para uma venda tão pequena.
Eu acredito que a questão em tela é parceria, para o desenvolvimento de um novo caça. Aí sim a coisa deslancharia. A Saab é a única empresa que propóe a participação o desenvolvimento de um novo caça. Os EUA não precisam dar esse luxo, e a França já tem o seu último caça 100% nacional, o rafaleco.
Dizer que haverá uma venda dá impressão não de conversa de vendedor, mas de espasmos cerebrais de lobbycha, que com certeza, não tem a menor noção do que está falando.
A coisa piora quando tentam arquitetar notícias. Abre-se um leque para toda a sorte de interpretações.
Essa é a minha opinião. Se ocorrer essa venda, Brasil ganha. Mas tenho as minhas dúvidas para essa possibilidade.
“Alguma coisa está errada nesta notícia”
Não tenha sombra de dúvida.
Forte Abraço
Alfredo
Olá Alfredo,
o interessante deste boato é que não há convergência sobre nada, se observar bem os posts que surgem aqui, cada um interpreta uma coisa diferente, inclusive as notícias na imprensa também são contraditórias.
A SAAB divulga que tem uma "proposta" que envolve a Embraer (vários textos postados aqui), logo a Embraer tem que estar envolvida nisso, caso contrário passa a idéia que foi envolvida sem tomar conhecimento. Mas existem opiniões que dizem que a coisa vem de cima e está sendo empurrado goela abaixo da Embraer.
Representante da SAAB declara que "existem negociações para uma parceria entre a Saab e a Embraer envolvendo não só cooperação tecnológica no campo aeronáutico, mas também para a comercialização de produtos. Ressalvou, entretanto, que tal associação não envolveria a fusão ou aquisição de nenhuma das partes, isto é não haveria absorção de uma empresa pela outra." Porém já ouvi declaração dizendo que tudo não era verdade, este vai-e-volta é intencional e sintomático. Se um representante importante diz tal coisa, então não é boato, é fato.
Igualmente interessante é presidente mundial do grupo sueco informar que esta "proposta" (acima) seria incluída no BAFO. Interessante porque a tal "proposta" cita um tipo de parceria com a Embraer, aquela que algumas pessoas acreditam estar reclamando do "goela abaixo".
Agora, se a SAAB não está mal das pernas, então tudo isso seria desnecessário, até porque a parceria não seria interessante para a Embraer (a menos que isto não seja verdade, o que me parece razoável). Porém, do ponto de vista de negócios a longo prazo, sim, se a SAAB não vender, algum problema virá mais adiante, então a quebradeira não é, está para acontecer.
Um produto mais avançado só recebe verbas de pesquisa e desenvolvimento quando um produto "intermediário" é finalizado e colocado no mercado, com o mínimo de garantias de vendas. Assim sendo, o Gripen NG é mais importante para a SAAB do que se imagina (repito, importante para a SAAB, não necessariamente para o governo sueco). Porém não se vê movimentação expressiva da Suécia para adquirir este caça, ficando, até agora, especificamente para exportação. Logo vendas importantes e até expressivas podem determinar o futuro deste caça (ainda virtual) e de seu sucessor, passando naturalmente por outros "espectros" da empresa.
Quanto a comparação Brasil x Índia, no que diz repeito ao boato, e pelo fato do segundo país anunciar uma compra inicial bem superior ao primeiro, não me diz muita coisa, se me permite discordar. O que está em jogo não é a compra da FAB, mas uma negociação com uma empresa que por acaso é brasileira, empresa esta que a Índia não tem similar. Então a diferença não se reduz ao número de caças comprados por uma força aérea de um dado país, mas sim os benefícios que uma empresa importante pode somar aos interesses comerciais da SAAB. Em suma, vejo como comparar o "boato" com a compra indiana.
Outro ponto importante é a terminologia que se usa para este acordo entre SAAB e Embraer (boato ou não). Não me importa se a expressão correta é compra, fusão, parceria ou outra coisa, pra mim trata-se (se for confirmado) de um acordo comercial com troca de conhecimentos via parcerias tecnológicas. Já li várias pessoas aqui no fórum dizerem que haveria trocas de ações, que seja isso, mas compras, fusões, "parcerias", etc. acontecem justamente desta forma, logo só muda o nome, o efeito final é praticamente o mesmo (diante da minha enorme ignorância sobre o assunto, claro).
Durante o FX-1 o que se noticiou foi justamente o contrário, vimos a Dassault comprando uma porcentagem expressiva da Embraer, mas não deu resultado, diziam (os "especialistas" da época) que era a Embraer que poderia se ver transferindo algo para a Dassault. A "tática" da SAAB, supondo verdade, é justamente o contrário desta, visto que poderia ter parte de suas ações adquiridas pela Embraer. No fundo é a mesma coisa, mas a "leitura" pode ser tal que a retórica possa a ser conveniente.
No fundo no fundo não estou preocupado com este assunto, não faz diferença pra mim se ele é ou não verdadeiro (o boato), mas faz diferença me certificar, depois de anunciado o vencedor, que realmente venceu a melhor proposta dos três. Só que jamais serei capaz de me certificar disso, apenas o tempo é que poderá me dizer se a escolha foi boa (não necessariamente ótima). Mas convivo bem com o benefício da dúvida.
Sobre tudo isso não me estranha esta movimentação e preocupação com os boatos rondando a SAAB e a Embraer (com ou sem pernas bambas), o que me surpreende é o silêncio, na reta final da decisão, dos franceses e até dos americanos. A disputa acalorada que existiu no FX-1 não se repete, pelo menos entre todos os envolvidos. Neste caso, a cada um sua leitura particular.
Forte abraço,
Orestes