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Re: Força Aérea Portuguesa (FAP)

Enviado: Qui Dez 19, 2024 9:46 am
por FCarvalho
cabeça de martelo escreveu: Qui Dez 19, 2024 9:12 am
gogogas escreveu: Qui Dez 19, 2024 7:27 am Os Tugas nunca vai aceitar produto brazuka kkkkkk
Mas eles não pararam pra observar nos ganhos tecnológicos , ganhos em manutenção de outros países da aliança , além do emprego de mão de obra portuguesa ! Isto dinheiro não paga
Se visses a polémica que está a ser a aquisição aos Turcos dos novos 2 navios reabastecedores... ainda por cima há uma boa hipótese de eles também ganharem o concurso para a modernização das Fragatas da classe Vasco da Gama. Um factor importante, quem ganhar o concurso irá equipar os 6 NPO 3S que começaram a ser construídos em breve os NPC.
:arrow: https://www.ordemengenheiros.pt/fotos/e ... asilva.pdf
:arrow: https://www.ordemengenheiros.pt/fotos/e ... sneves.pdf
Na Europa, via de regra geral, comprar qualquer coisa que não seja europeia em matéria de defesa sempre foi e é motivo para polêmica. Venha de onde vier. E olha que os turcos tem um naco do velho continente há muito tempo, mas nem por isso lhes proporcionou tratamento menos despudorado e controverso de parte da UE e\ou OTAN. Ao contrário, continuam sendo percebidos ainda como o velho inimigo otomano de sempre, e um invasor nada bem vindo e muito menos aceito. Afinal, nunca foram e não são "europeus de verdade".

Se estivéssemos exportando melancias, ouro ou mulatas para Portugal ninguém sentiria qualquer necessidade de polemizar nada, e estaria tudo dentro do "normal".

Quem sabe um dia a gente aprende, ou toma vergonha na cara, que não somos e nunca seremos parte da "grande família" em tempo algum. E nem tratados como tais. Com ou sem passaporte europeu. E que vender algo diferente dos perdulicários rurais de sempre para as velhas metrópoles é muito mais do que poderíamos esperar de uma país periférico, rural e dependente de exportação de commodities desde 1500. E isto merece ser muito comemorado. E refletido por aqui.

Re: Força Aérea Portuguesa (FAP)

Enviado: Qui Dez 19, 2024 2:14 pm
por P44
Fica aqui uma explicação sólida e bem eloquente do que foi este mau negócio. Escrito por quem sabe, no FD.
dc escreveu: Compras ao Brasil não são compras à CPLP. Nesta interacção, apenas o Brasil fica mais rico, Portugal fica mais pobre e com um meio que não faz sentido adquirir, e os restantes membros da CPLP ficam na mesma. As coisas que beneficiam a CPLP, são programas conjuntos, com participação de todos, não o "lobbismo" de uma empresa.
Não é a África Portuguesa de que se fala. É do Sahel. Bem, mal, assim-assim ou mais ou menos parece que identificaram que Portugal pode ter alguma experiência na zona e muito menos anticorpos que os franceses. E Portugal aceitou o "desafio". É a minha interpretação. Podiam ter sido escolhidos outros meios? Podiam. Mas partindo do pressuposto onde a ajuda no aumento da influência da UE no Sahel é um dado adquirido então o ST não é uma má escolha.
Isso é tudo uma grande falácia. Para as missões em África não só existem N tipos de meios que nos fazem falta e que podem fazer mais diferença que o ST, como para termos uma presença em África notória, o nível de investimento precisa de ser muito maior. 200M em STs com o pretexto de uma "grande influência em África" é treta, e todos sabemos disso.

Queres realmente focar-te nas missões em África? Porreiro. Prepara-te para ter que investir 2000M ou mais para ter FA capazes de cumprir a missão. Tens que ser capaz de criar uma FND com mais de 1000 elementos, tens de garantir que esta força tem protecção, tens de garantir que, se a ameaça escalar, consegues dissuadir o adversário, garantir um grau de superioridade aérea (com aviões a sério, e não avionetas COIN), capacidade de sustentar logisticamente a força, investir num aeródromo/base aérea/aeroporto local para poderes operar os teus meios aéreos em segurança. Precisas inclusive de ter uma Marinha logisticamente capaz, e consequentemente uma Marinha militarmente capaz para proteger os navios logísticos, e ainda precisas de aeronaves de transporte aéreo estratégico.

"África é a prioridade" e continuar com FNDs low-cost não dá com nada.
Os brasileiros fazem publicidade de graça, nós gastamos o dinheiro, mas os aviões terão uma considerável taxa de incorporação portuguesa e as vendas poderão atingir um sexto do valor de vendas de carros da Autoeuropa.
Os ST não terão virtualmente nenhuma incorporação portuguesa relevante. O mercado Europeu/NATO, não tem propriamente um monte de países interessados neste tipo de aeronave, logo a "participação portuguesa" não é relevante. Resta o mercado africano, sul americano e asiático, e nestes mercados, não interessa aos países ter a "versão NATO", logo qualquer venda é inconsequente para nós.

Conclusão, o volume de vendas nunca será nem de perto o que as estimativas da Embraer apontam, muito menos no que respeita ao retorno para Portugal.
Gostemos ou não, a Embraer, é a única coisa com pés para andar, cabeça, tronco e membros, e que seja parecido com uma industria aeronáutica.
Não há nem Pilatus PC-9, nem Texan's T-6 que pudessem, nem de perto nem de longe, contribuir para a criação e consolidação de uma industria aéronáutica em Portugal.

A Embraer investiu em Portugal para produzir este avião e espera atingir volumes de vendas de 600 milhões de Euros.
Os ganhos de experiência em termos técnicos, a formação de pessoal especializado, não têm igual em praticamente mais nenhum setor de atividade (quase, porque há excepções).
Começando pelo fim, com um volume de vendas de 600M, que são meramente hipotéticos, continua a ser um défice a rondar os 400M face ao que nós gastámos com a Embraer na compra dos seus produtos, e este valor é ainda maior quando consideramos o investimento que fizemos no programa do KC, durante o seu desenvolvimento.

O Pilatus PC-9 e o T-6 Texan II não seriam sequer concorrentes para aeronaves de treino avançado. Seriam sim o PC-21, M-346, T-50, entre outros modelos a jacto.
Destes, destaco a opção barata e em baixa quantidade (6) apenas para treino, PC-21.
Destaco também outra alternativa, que seria o TA-50 (sul coreano), que, se devidamente negociado, poderia ver a sua montagem final em Portugal, sendo esta uma aeronave com potencial de mercado no Ocidente, 10 a 20 vezes superior ao Super Tucano.

Se é para falar em "volumes de vendas" estritamente hipotéticos/inventados, temos que o fazer para todas as opções que deveriam ter sido consideradas, através de uma prospecção de mercado. E o que eu vejo, são vários países que têm que substituir os seus aviões de treino a jacto, e também países que procuram substituir os seus caças soviéticos antigos, por algo barato mas minimamente capaz de cumprir. A maioria destes países, terá preferência por um avião a jacto, e não avionetas COIN.

Se tivéssemos conseguido um negócio de TA-50 que envolvesse a montagem final em Portugal (ou até produção de partes da aeronave), o potencial para o futuro seria enorme. E além das exportações, este tipo de aeronave é muito mais adequado para a criação de uma escola internacional, onde os países que querem entrar neste tipo de escolas, querem ter acesso a aeronaves a jacto.

A Embraer é "a única com pés e cabeça" em Portugal, porque é a única empresa com quem procuramos negócios que envolvam a indústria nacional, por questões políticas. Nem sequer damos oportunidades a outras empresas de fazerem propostas, algo que aconteceria inevitavelmente com concursos.


A escolha do ST foi simplesmente errada em todos os níveis. Para treino avançado, em termos do "retorno para a economia", para as missões em África, tudo.

Re: Força Aérea Portuguesa (FAP)

Enviado: Qui Dez 19, 2024 2:16 pm
por cabeça de martelo
É mesmo uma coisa portuguesa, os C-295M não que são Espanhóis, os OHP não porque são velhos, os A400M não porque são caros, os KC-390 não porque não há experiência com os mesmos, os U209 não porque os franceses aceitam que os submarinos sejam feitos em Portugal, os SCAR não porque não foram adotados pela US SF etc.

"Nunca é bom, nunca é a escolha certa, nunca se fez um negócio com inteligência"... é assim desde que sou gente.

Re: Força Aérea Portuguesa (FAP)

Enviado: Qui Dez 19, 2024 2:16 pm
por cabeça de martelo
108 militares pagaram para sair da Força Aérea este ano

Só em 2024, 108 militares pagaram para sair da Força Aérea este ano. De acordo com o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea em entrevista ao jornal Público, 35 dos militares que rescindiram são pilotos, sendo que há ainda engenheiros, controladores aéreos e médicos. Para além destes, também técnicos de manutenção, de electrónica, técnicos de manutenção aeronáutica pediram saída antecipada.

O general Cartaxo Alves lamenta o aumento do número de efetivos que pedem para sair antes de terminar o período de contrato, mas ressalva que também aumentou a capacidade de recrutamento. "Quando tomei posse, falei em menos 1500 pessoas. Obviamente, a situação agravou-se. Neste momento, terá perto de 2000 pessoas a menos do que aquilo de que necessitaria. No total, este ano atingiremos, ainda assim, um valor que há muitos anos não atingimos desde 2014. Estamos com 6700 pessoas, sendo que 700 são civis. É o valor mais alto dos últimos anos. Tivemos uma recruta na semana passada em que entraram 356 jovens, muito mais do que tem sido habitual. É a terceira recruta deste ano e as anteriores cifraram-se em cerca de 200 pessoas cada. É pessoal contratado, esperamos que muitos deles façam a sua transição para os quadros permanentes. Temos tido também um aumento consistente na Academia desde o ano passado", afirmou.

https://cnnportugal.iol.pt/cartaxo-alve ... b82908c815