Crise Econômica Mundial

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Re: Crise Econômica Mundial

#3016 Mensagem por Penguin » Dom Jul 24, 2011 5:49 pm

Nº EDIÇÃO: 720 | Capa | 22.JUL.11 - 21:00 | Atualizado em 23.07 - 10:02

E agora, Obama?

Com uma dívida de US$ 14,3 trilhões, do tamanho do próprio PIB, o país mais rico do planeta tenta um complexo acordo político para evitar um calote e, por consequência, estragos catastróficos para a economia global

Por Denize Bacoccina e Hugo Cilo

O presidente Barack Obama, primeiro negro a ocupar o Salão Oval da Casa Branca, a sede do Executivo americano, vive sua hora da verdade. Com a popularidade em queda – há seis trimestres consecutivos abaixo dos 50% de aprovação –, Obama, que assumiu o comando da nação mais poderosa do planeta com a economia abalada pela crise financeira de 2008, enfrenta a batalha decisiva do seu primeiro mandato, cujo desfecho é condição necessária para sair vitorioso em sua campanha pela reeleição no próximo ano. O presidente precisa desesperadamente chegar a um acordo com o Congresso para elevar os limites do endividamento do Tesouro dos Estados Unidos, até o dia 2 de agosto.

O desafio de Barack Obama: cortar gastos sem comprometer sua popularidade e a reeleição em 2012

Às voltas com uma dívida astronômica de US$ 14,3 trilhões, seu governo simplesmente não terá como pagar os credores e continuar funcionando, a menos que recorra ao velho e surrado calote, como se a maior potência econômica do mundo fosse uma simples republiqueta bananeira. Diante da gravidade do momento, o próprio presidente tomou as rédeas das negociações com o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, com quem esteve reunido na quarta-feira 20, em busca de uma solução. Esta viria sob a forma de um pacote, que reduziria em US$ 3 trilhões o passivo do governo.

O presidente tem consciência da urgência de sua missão. “Se o governo, pela primeira vez, não puder honrar suas obrigações, as consequências para a economia dos EUA serão significativas e imprevisíveis”, afirmou recentemente Obama. “Todas as dificuldades que já estamos vivendo, no que se refere à recuperação, ficarão piores.” O presidente sabe que, para chegar ao acordo com os republicanos, o governo terá de impor sacrifícios à população, como cortes de benefícios sociais. “Precisamos estar dispostos a tomar decisões difíceis e ir contra a vontade dos eleitores”, afirmou.


De olho em novembro de 2012, porém, Obama tentou minimizar a profundidade das medidas, cuja intensidade estaria bem distante das propostas para as economias combalidas de países da zona do euro. “Não somos a Grécia nem Portugal”, disse. Para ele, o que levou o país a essa situação-limite teria sido a redução de impostos, ao longo dos últimos anos, o que provocou um enxugamento do caixa, enquanto novas despesas surgiam. “Acabamos de implementar novos programas, como o que subsidia medicamentos para idosos, estivemos envolvidos em duas guerras e tivemos uma recessão violenta que requereu medidas de recuperação e despesas de reestruturação financeira e auxílio aos Estados”, enumerou.

Sem mencionar diretamente, o diagnóstico de Obama remete à origem da crise de capacidade de pagamento dos EUA, o que se poderia chamar de “herança maldita” legada a ele pelos adversários republicanos. Há pouco mais de dez anos, na eleição para escolher o sucessor do presidente democrata Bill Clinton, o principal tema dos debates eleitorais nos Estados Unidos era o que fazer com o superávit fiscal. O país tinha dinheiro de sobra em caixa e poucos problemas a resolver. Na época, os economistas do departamento de orçamento público, em Washington, estimavam que, entre 2009 e 2012, haveria um saldo positivo de US$ 850 bilhões.

Clinton sugeriu, inclusive, pouco antes de deixar a Casa Branca, que o débito fosse totalmente pago ao longo da década e enumerava as vantagens de um país sem dívida: redução na taxa de juros, aumento dos investimentos, mais bem-estar para a população. Em vez de quitar a dívida, o sucessor George W. Bush escolheu o caminho da gastança. Reduziu os impostos para os ricos e, contrariando a cartilha do seu partido, o Republicano, aumentou os gastos públicos. Entre 2001 e 2009, as despesas do governo aumentaram de 18,2% para 24,7% do PIB, enquanto a carga tributária caiu de 19,5% para 14,8% do PIB.

A conta da gastança, que inclui as guerras bilionárias no Afeganistão e no Iraque, já era alta quando veio a crise de 2008. Bancos e empresas quebraram, milhões perderam seus empregos e não conseguiram pagar hipotecas de suas casas. Mas a crise que ajudou a eleger Barack Obama não foi embora quando ele começou a despachar na Ala Oeste da Casa Branca. Depois de gastar bilhões de dólares para tentar tirar a economia do crescimento medíocre em que ela se mantém após a recessão de 2009, o governo americano encontra-se na encruzilhada para honrar uma dívida equivalente a 102% do PIB e é financiada pelos maiores países do mundo, especialmente a China e o Brasil (leia os quadros a seguir).



Do outro lado do Atlântico, o clima econômico é mais preocupante. Espanha, Itália, Portugal e Irlanda sofrem com os estrondos da crise na Grécia, que ameaça a unidade do euro e parece estar longe do fim. Na quinta-feira 21, em uma cúpula histórica para a União Europeia, chefes de Estado anunciaram o segundo programa de socorro à Grécia, no valor total de € 159 bilhões (R$ 355 bilhões), e criaram uma versão europeia do Plano Marshall para resgate dos países superendividados. “Criamos uma força-tarefa para dar assistência técnica à Grécia e ajudar a implementar reformas nos países que vivem situação semelhante”, disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

Entre as medidas de salvação da zona do euro estão um aporte de € 109 bilhões em recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do Fundo Monetário Internacional. O fato inédito foi uma redução na dívida de € 37 bilhões, até 2014, por meio da contribuição direta e “voluntária” dos credores privados, que não tinham saída melhor. Embora seja considerado um alento ao bloco europeu, esse acordo foi considerado pelas agências de risco um “default seletivo” – ou seja, um calote parcial. No caso dos Estados Unidos, o esforço de Obama é para aumentar o limite legal de endividamento, atingido em maio, até o fatídico dia 2 de agosto. Sem acordo com o Congresso, o calote é certo no dia 3. Obama enfrenta o desafio extra da eleição presidencial de 2012. Com maioria no Congresso, os republicanos resistem em ampliar o limite de gastos e tentam esticar a corda ao máximo.


"A economia mundial passa por um período delicado, mas estamos fazendo a nossa parte" - Hu Jintao, presidente chinês

Querem que Obama concorde com um corte severo de gastos, que seriam implementados em plena campanha eleitoral, significando desgaste garantido para o presidente. Mas, se carece de apoio político, Obama mostrou que ainda tem suas habilidades de negociador. Nas últimas semanas, assumiu pessoalmente as negociações e pediu um esforço bipartidário para chegar ao consenso, cortar gastos e aumentar os impostos para os mais ricos e empresas de alguns setores. “Temos a responsabilidade – e uma oportunidade – de reduzir nosso déficit ao máximo e solucionar o problema de modo amplo e definitivo”, afirmou na semana passada.

Seja qual for o resultado, porém, o estrago já está feito. As agências de classificação de risco ameaçam rever as notas da dívida americana, atualmente no nível AAA, o mais seguro. O rebaixamento pode ser apenas uma questão de tempo, pois o perfil de risco aumentou. O risco de o Tio Sam entrar para o time dos caloteiros espalhou pânico pelo mundo – e promoveu uma corrida sem precedentes em tempos de paz às aplicações no velho e seguro ouro, cujo preço vem batendo recordes sucessivos nas últimas semanas. O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, descarta a hipótese de calote unilateral da dívida. “Está fora da mesa de negociações e não é uma opção”, afirmou na segunda-feira 18. Mesmo assim, na avaliação de analistas, a simples hipótese de ruptura já afeta a credibilidade de Washington.


"A economia americana tem plenas condições de controlar a dívida e voltar a crescer" - Naoto Kan, premiê japonês

“Mesmo que uma sequência de pacotes para estender o limite da dívida seja obtida e o governo consiga evitar um calote, existe a possibilidade de rebaixamento por parte das agências de risco”, disse à DINHEIRO o economista William Cline, pesquisador do Instituto de Economia Internacional, em Washington. O que surpreende Cline é que a percepção e a preocupação dos mercados não correspondam à gravidade da crise. Mas uma ameaça de calote não é algo que um governo possa brandir sem consequências. “O rei estava nu faz tempo, mas parece que não tinham percebido e agora todo mundo viu”, diz o economista Ricardo Amorim, da Ricam Consultoria, que viveu nos Estados Unidos, nos anos 2000. O economista Bernardo Stuhlberger Wjuniski, responsável pela América Latina na consultoria Medley Global Advisors, de Nova York, concorda. “A percepção mudou. Agora se sabe que existe algum grau de risco embutido na dívida americana”, afirma Wjuniski.

Mesmo se o teto da dívida subir antes do dia 2, o que se espera – desde 1960, esse limite já foi elevado 78 vezes –, o acordo não sairá barato para os americanos. Prevalece a máxima de que “não existe almoço grátis”, atribuída a Milton Friedman, o sumo sacerdote do liberalismo americano. O Congresso dificilmente concordará com um pacote que não inclua pesados cortes de gastos. E essa hipótese, embora menos catastrófica do que um calote, também tem seus pontos negativos. Significa a retirada dos estímulos que garantiram a recuperação da economia. Embora fraco, o resultado dos últimos trimestres foi bem melhor do que o desempenho nos meses seguintes à crise de 2008, quando a economia americana esteve em recessão por três trimestres seguidos.


"A Europa e os EUA estão unidos na busca de uma alternativa para o endividamento" - David Cameron, premiê britânico

Agora, com crescimento de apenas 1,9%, entre outubro e dezembro do ano passado, e desemprego de 9,2%, economistas preveem uma volta àquela situação. “É certeza que vai haver uma nova recessão”, diz Amorim. “Ela será provocada pela retirada dos megaestímulos que sustentaram a economia nos últimos anos.” Alguns economistas também acham que a crise atual é o prenúncio de uma nova era para a economia mundial, na qual os Estados Unidos deverão ocupar um papel de menor importância, o dólar cederá cada vez mais espaço a outras moedas e os títulos americanos pagarão mais do que hoje.

Atualmente, os Estados Unidos captam recursos no mercado pagando cerca de 3% ao ano para papéis de dez anos, enquanto o Brasil paga cerca de 4% nas emissões em dólar. “Se o limite da dívida não for alterado por um longo período, haverá um impacto na economia”, diz o economista Michael Mussa, do Instituto de Economia Internacional, de Washington. Com a crise,também do euro, a tendência é de que outras moedas ganhem mais espaço. Na semana passada, a Austrália, que exporta grandes quantidades de minério para a China, fez um acordo para efetuar transações em renmimbi, a moeda chinesa. O Brasil também está negociando um acordo semelhante com a China e já faz operações em moeda local com a Argentina.


"Buscar uma solução é urgente. A crise de 2008 continua a causar problemas aos Estados Unidos" - Dilma Rousseff, presidente

Se, por um lado, o cenário de recessão americana alimenta os temores de uma nova crise global, por outro, pode sinalizar uma janela de oportunidades para o Brasil. O esperado aumento dos impostos e o corte nos investimentos, inevitavelmente, colocarão uma bola de ferro no tornozelo do mercado dos Estados Unidos – afinal, mais impostos e menos dinheiro em circulação significam um ritmo mais lento de expansão do consumo. Além disso, o encarecimento do custo de vida no país, que servirá para cobrir o rombo das contas públicas, afetará o consumo das famílias, o que sustentou o crescimento da economia americana nos anos de bonança anteriores a 2008. Traçado esse cenário, as empresas tendem a buscar mercados alternativos, especialmente emergentes como o Brasil, a China e a Índia.

“As multinacionais americanas deverão olhar com mais carinho para os países que têm se destacado em crescimento e consumo”, afirma o economista Renato Rosenberg, especialista em comércio internacional na Universidade de São Paulo (USP). “É uma chance para atrair investimentos e aprimorar a concorrência no mercado brasileiro.” Poucos empresários aguardam com tanto otimismo a definição de um acordo sobre a dívida americana quanto os do setor agrícola. Pela proposta inicial apresentada pelo governo Obama ao Congresso, a agricultura perderá investimentos e subsídios de US$ 11 bilhões nos próximos cinco anos, o que daria maior competitividade aos produtos brasileiros no mercado americano. “Não esperamos nada além do fim dos subsídios”, afirma Marcos Jank, presidente da Unica, associação que representa o setor sucroalcooleiro.

“Essa política cria distorções na troca comercial entre os dois países e reduz nossa vantagem competitiva.” Ele torce para que ocorram mudanças que beneficiem não apenas o etanol, mas abram ainda um gigantesco mercado para a soja, a carne e uma centena de outros produtos brasileiros. Os empresários do setor de carne estão nesse grupo. “Apostamos em um acordo, pois os americanos são especialistas em fazer acordos casados”, diz Antonio Jorge Camadelli, presidente da Abiec, que representa os grandes frigoríficos exportadores.


A maior empresa exportadora privada do País, a Vale, também não teme que a esperada desaceleração dos EUA afete seus negócios. Para Guilherme Cavalcanti, CFO da mineradora, o impressionante ritmo de crescimento do mercado chinês – que comprou 42,9% de todo o minério de ferro produzido pela Vale no ano passado – garante ao Brasil uma situação mais confortável, caso o mercado americano coloque o pé no freio.“Nossas exportações estão indo para ajudar o processo de urbanização da China, que levou nos últimos anos mais de 400 milhões de pessoas do campo para as cidades”, diz Cavalcanti.

Na avaliação da Câmara Americana de Comércio (Amcham), uma eventual desaceleração da economia interna fará as empresas buscarem oportunidades em outras regiões – e isso poderá ser positivo para o Brasil. Desde a crise de 2008, vem se intensificando o processo de migração de filiais americanas do México e da Argentina para o Brasil. “A corrente comercial entre Brasil e Estados Unidos atingirá um novo recorde em 2011, com aproximadamente US$ 58 bilhões, e a tendência é de que o comércio continue sendo ampliado”, diz Gabriel Rico, presidente da Amcham. A afirmação de Rico se baseia em um único pilar: a volta da credibilidade na maior economia do mundo. “Feito o acordo no Congresso, as empresas americanas, que têm um alto nível de liquidez, ficarão mais confiantes para promover seus investimentos”, diz Rico. “Isso é bom para os Estados Unidos e excelente para o Brasil”.


Mas a hipótese de descolamento não está garantida. Para Robert Johnson, diretor sênior do CFA Institute, consultoria de pesquisas econômicas baseada em Nova York, a possibilidade de não ser feito um acordo para o aumento do teto da dívida americana é remota – e é mesmo. Mas, caso não ocorra, os mercados emergentes poderiam ser drasticamente afetados, a seu ver. “Os mercados se tornaram interligados nos últimos anos”, afirma Johnson. “Por isso é tão necessário um acordo bipartidário para cortar gastos e resolver o problema no longo prazo.” No governo brasileiro, impera o otimismo. “É inevitável que o Congresso dos Estados Unidos acabe aprovando o aumento do limite da dívida. Duvido que haverá um rebaixamento dos títulos”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na quarta-feira 20.

“Não haverá consequências para o Brasil.” Segundo Mantega, na crise de 2008, as medidas de estímulo adotadas pelo governo brasileiro foram eficientes para que os efeitos sobre a economia fossem moderados. Em 2009, esse padrão voltou a se repetir: enquanto o PIB americano encolheu 2,6%, o brasileiro contraiu-se apenas 0,6%. No ano seguinte, cresceu 7,5%. Nos últimos anos, o País incorporou 30 milhões de novos consumidores. O desemprego de apenas 6,2%, o menor da história, e o aumento real da massa salarial contribuem para o círculo virtuoso, apesar da ameaça de inflação e da necessidade de elevar os juros para esfriar a economia e combatê-la. O Brasil não está imune ao que acontece nos países mais desenvolvidos, mas já provou que é capaz de atravessar crises externas e está mais preparado para atenuar seus efeitos.

Quem mais torce por um acordo rápido entre o Congresso e a Casa Branca são os chineses. Oficialmente, o país tem US$ 1,16 trilhão em títulos do Tesouro americano em suas reservas de US$ 3,3 trilhões. É o maior credor externo, de uma lista que tem o Japão em segundo lugar, com US$ 912 bilhões, o Reino Unido em terceiro, com US$ 346 bilhões e o Brasil em quarto, com US$ 211 bilhões. Mas, na avaliação do economista Derek Scissors, especialista em Ásia no centro de estudos The Heritage Foundation, em Washington, o gigante asiático possui mais de US$ 2 trilhões aplicados em dólares, dos quais US$ 1,6 bilhão em título, parte deles comprados em operações de triangulação envolvendo outros países, para esconder a real titularidade dos papéis.

“Com medo de uma moratória, especialmente de uma ação diretamente voltada aos títulos comprados por eles, o governo chinês tem preferido comprar papéis americanos por meio de bancos estrangeiros ou simplesmente deixar os dólares que recebe no comércio internacional parado nos bancos”, diz Scissors. Segundo ele, o investimento direto estrangeiro chinês, entre 2005 e junho deste ano, chegou a US$ 263 bilhões e deve se estabilizar num patamar em torno de US$ 60 bilhões por ano. Depois de investir US$ 56,4 bilhões na África e R$ 51,7 bilhões no leste da Ásia, no ano passado, a China voltou suas atenções para a América do Sul. Scissors contabiliza US$ 18,3 bilhões para comprar ou montar empresas no Brasil e US$ 14 bilhões aplicados na Argentina.




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Re: Crise Econômica Mundial

#3017 Mensagem por Penguin » Dom Jul 24, 2011 5:53 pm

Depois da marola
André Siqueira
21 de julho de 2011 às 18:00h
http://www.cartacapital.com.br/economia ... -da-marola

Uma nova turbulência financeira internacional se avizinha, talvez mais grave, e as condições do Brasil para enfrentar a crise já não são as mesmas de 2008. Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Menos de três anos após um temporal varrer as finanças mundiais, na sequên-cia à quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, uma nova tormenta se avizinha. Aumenta o risco de uma crise ainda mais severa na União Europeia, a despeito do novo acordo para salvar a Grécia de um calote iminente, falta consenso político nos Estados Unidos quanto ao limite de endividamento do governo e a economia chinesa desacelera, não se sabe bem em que medida. Difícil prever de quais dessas nuvens carregadas despencarão os primeiros pingos de chuva, mas não é desta vez que o Brasil deixará de se molhar durante uma tempestade cada vez mais visível no horizonte.

O País fechou o primeiro semestre com um passivo externo líquido da ordem de 1,2 trilhão de reais. Em português claro, essa é a diferença entre os investimentos de brasileiros no exterior, que vão de fábricas e participação em empresas a empréstimos concedidos a outros governos, e os ativos que estrangeiros detêm por aqui. A entrada de dólares, resultado tanto da atratividade da economia brasileira quanto da oportunidade de desfrutar de taxas de juro entre as mais altas do planeta, fez o saldo negativo aumentar mais de duas vezes e meia desde a turbulência financeira internacional de 2008.

Embora disponha de um guarda-chuva- de 333 bilhões de dólares, em reservas, o Brasil não é capaz de, com ela, cobrir mais que 60% da potencial debandada- de recursos que seria desencadeada por um episódio como a falência do Lehman. O cálculo foi feito a pedido de CartaCapital pela professora do Instituto de Economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates. “O Brasil está vulnerável no curto prazo”, conclui a especialista.*

*Leia a matéria na íntegra na edição 656 de CartaCapital, nas bancas nesta sexta-feira 22.




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PRick

Re: Crise Econômica Mundial

#3018 Mensagem por PRick » Dom Jul 24, 2011 6:21 pm

Penguin escreveu:Depois da marola
André Siqueira
21 de julho de 2011 às 18:00h
http://www.cartacapital.com.br/economia ... -da-marola

Uma nova turbulência financeira internacional se avizinha, talvez mais grave, e as condições do Brasil para enfrentar a crise já não são as mesmas de 2008. Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Menos de três anos após um temporal varrer as finanças mundiais, na sequên-cia à quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, uma nova tormenta se avizinha. Aumenta o risco de uma crise ainda mais severa na União Europeia, a despeito do novo acordo para salvar a Grécia de um calote iminente, falta consenso político nos Estados Unidos quanto ao limite de endividamento do governo e a economia chinesa desacelera, não se sabe bem em que medida. Difícil prever de quais dessas nuvens carregadas despencarão os primeiros pingos de chuva, mas não é desta vez que o Brasil deixará de se molhar durante uma tempestade cada vez mais visível no horizonte.

O País fechou o primeiro semestre com um passivo externo líquido da ordem de 1,2 trilhão de reais. Em português claro, essa é a diferença entre os investimentos de brasileiros no exterior, que vão de fábricas e participação em empresas a empréstimos concedidos a outros governos, e os ativos que estrangeiros detêm por aqui. A entrada de dólares, resultado tanto da atratividade da economia brasileira quanto da oportunidade de desfrutar de taxas de juro entre as mais altas do planeta, fez o saldo negativo aumentar mais de duas vezes e meia desde a turbulência financeira internacional de 2008.

Embora disponha de um guarda-chuva- de 333 bilhões de dólares, em reservas, o Brasil não é capaz de, com ela, cobrir mais que 60% da potencial debandada- de recursos que seria desencadeada por um episódio como a falência do Lehman. O cálculo foi feito a pedido de CartaCapital pela professora do Instituto de Economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates. “O Brasil está vulnerável no curto prazo”, conclui a especialista.*

*Leia a matéria na íntegra na edição 656 de CartaCapital, nas bancas nesta sexta-feira 22.
Essas matérias sensacionalistas baratas estão tão furadas quanto o valor atribuídos as reservas brasileiras. Elas já estão em 340 bilhões de dólares.

O erro crasso dela é não entender que boa parte do investimento não vai embora, porque não pode, e outro porque não é bom negócio, bem diferente da crise de 1998.

A China está desacelerando? Certamente a taxa de crescimento passou de 12 ou 11% para 10% ou 09%. Porém, agora também temos a Índia. E os EUA? Vão quebrar em 02 agosto, é o fim do mundo? O pessoal ainda não se tocou que o mundo não vai acabar em 2012. 8-] 8-]

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Re: Crise Econômica Mundial

#3019 Mensagem por Andre Correa » Seg Jul 25, 2011 12:11 am

O cálculo foi feito a pedido de CartaCapital pela professora do Instituto de Economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates. “O Brasil está vulnerável no curto prazo”, conclui a especialista.*

Acredito muito mais no que ela diz PRick... e acho que muitos dos cabeças brancas lá em Brasília já estão mais do que cientes, inclusive a PresidentA...




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Re: Crise Econômica Mundial

#3020 Mensagem por Bourne » Seg Jul 25, 2011 12:28 am

Túlio escreveu:Exato. E é favor notar que levo muito a sério mesmo as opiniões do BOURNE em Economia mas essa me deixou de queixo caído... :shock: :shock: :shock: :shock:
Que nada. Todos veem os problemas e sabem as soluções. Mas sair da zona de conforto e enfrentar os lobies é complicado. Aos poucos vai.

A jovem senhora citada no post do alcluiz, Daniela Magalhães Prates do Instituto de Economia da Unicamp é top. Deveriam ouvir com carinho o que a moça e outros da linha dela falam. Os de Brasilia e outros já o fazem a tempos. Sempre fizeram. No delírio PRickniano só o próprio acredita.




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Re: Crise Econômica Mundial

#3021 Mensagem por PRick » Seg Jul 25, 2011 12:30 am

alcluiz escreveu:O cálculo foi feito a pedido de CartaCapital pela professora do Instituto de Economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates. “O Brasil está vulnerável no curto prazo”, conclui a especialista.*

Acredito muito mais no que ela diz PRick... e acho que muitos dos cabeças brancas lá em Brasília já estão mais do que cientes, inclusive a PresidentA...
Como já falei, os jornalistas usam especialistas quando querem inventar, mentir ou distorcer a realidade em favor de suas análises, não existe cálculo possível, só isso já indica que isso é uma grossa mentira, porque teria que ser feita uma análise de risco, quer dizer uma avaliação de quanto retirariam ou não seus ativos, e isso é algo impossível de ser feito mediante cálculos. Isso é só um chute, nada mais que isso. A afirmativa de que o Brasil estaria mais vulnerável que em 2008 e a curto prazo é ainda uma mentira maior. Só para você ter uma idéia, em 2008 tínhamos 200 bilhões em reservas, hoje temos 340 bilhões.

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Re: Crise Econômica Mundial

#3022 Mensagem por Bourne » Seg Jul 25, 2011 12:33 am

Esse é o artigo da moça. A própria escreveu. Essa maldita neocom mentindo e inventando. Defende até controle de capitais :x

* Gravem esse nome. Ainda vão ouvir falar muito dela nos próximos anos.
Os desafios da regulação cambial

O Brasil foi além da nova cartilha do FMI, ao adotar não só técnicas de gestão dos fluxos de capitais, mas também instrumentos de regulação das operações com derivativos cambiais. Contudo, as iniciativas nesse front foram, até o momento, muito tímidas e, por isso, a taxa de câmbio do R$/US$ rompeu novamente a barreira dos 1,65. Se o contexto internacional não sofrer mudanças nos próximos meses, somente medidas mais ousadas de regulação das transações cambiais virtuais podem deter o processo de apreciação do real e seus efeitos adversos sobre a competitividade da indústria brasileira. O artigo é de Daniela Magalhães Prates, professora da Unicamp, especial para Carta Maior.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=17524

Daniela Magalhães Prates (*) - Especial para Carta Maior

Na sexta-feira de carnaval, dia 4 de março de 2011, a taxa de câmbio R$/US$ rompeu a barreira dos 1,65, fechando o dia no patamar de 1,645, a menor cotação desde agosto de 2008, quando o processo de apreciação da moeda brasileira no período pré-crise financeira global atingiu seu ápice (a taxa de câmbio R$/US$ chegou a ser cotada a 1,559 no dia 1/08/2008). Coincidentemente, um evento realizado durante o carnaval também colocou em evidência a questão cambial. Num seminário organizado pelo FMI na segunda e terça-feira (dias 7 e 8 de março), o economista-chefe desta instituição, Olivier Blanchard, defendeu que a política monetária deve ter outros objetivos além do controle da inflação – como a estabilidade financeira e metas relacionadas a taxas de câmbio, especialmente no caso dos países emergentes –, bem como outros instrumentos, ao lado da taxa de juros básica (como a regulação financeira prudencial [1]). Nesse mesmo seminário, Stiglitz defendeu, mais uma vez, a utilização de controles de capitais por esses países, os quais, na sua visão, podem contribuir para o crescimento e a estabilidade econômica. Utilização que o próprio FMI passou a admitir no contexto pós-crise desde que em circunstâncias específicas e como um dos instrumentos de política econômica (em inglês, do “policy toolkit”) [2].

Uma dessas circunstâncias é um ambiente de abundância de fluxos de capitais temporários, que resultam pressões em prol da sobreapreciação cambial (com efeitos potencialmente perversos sobre a competitividade externa), que, por sua vez, não poderiam ser combatidas no curto prazo pelo manejo dos instrumentos convencionais de política monetária, cambial e fiscal. Isto porque, a economia em questão se depararia com todas ou uma das seguintes situações: já teria acumulado um estoque razoável de reservas internacionais e/ou levado ao limite a política de esterilização (em termos seja do tamanho do estoque da dívida pública, seja do custo fiscal associado ao diferencial de juros); se encontraria numa situação de sobreaquecimento e/ou aceleração da inflação que impediria a redução da taxa de juros básica e não poderia ser combatida no curto prazo exclusivamente pela adoção de uma política fiscal contracionista (por questões de lag temporal, por exemplo).

O estudo do FMI não “diz” nenhuma novidade; ele somente reconhece uma das funções dos controles de capitais destacadas há muitos anos pelos economistas heterodoxos, qual seja: contribuir para atenuar os dilemas de política econômica num contexto de ampla abertura financeira. O mesmo se pode dizer sobre a defesa da regulação financeira prudencial como um instrumento coadjuvante de política econômica. Epstein, Grabel e Jomo (2004) [3], na sua minuciosa pesquisa sobre os controles de capitais em alguns países emergentes nos anos 1990, concluíram que as experiências bem-sucedidas combinaram, de forma geral, controles de capitais estrito senso (como imposição de taxas, requerimentos mínimos de reserva e quarentena sobre o ingresso de recursos) com instrumentos de regulação financeira prudencial que funcionam, na prática, como controles (sobretudo, regras sobre as operações com moeda estrangeira dos bancos).

Os dois mecanismos integrariam, segundo esses autores, as “Técnicas de gestão dos fluxos de capitais” que, ao afetarem o grau de abertura financeira da economia, ampliariam o raio de manobra e a eficácia das políticas cambial e monetária, em momentos tanto de excesso, como de escassez de divisas. No âmbito dos regimes de flutuação suja (que passaram a predominar nos países emergentes após as crises dos anos 1990), essas técnicas constituem um instrumento coadjuvante da política cambial, funcionando como “filtros” que atenuam os efeitos instabilizadores dos fluxos de capitais de curto prazo, além de reduzir o patamar mínimo de reservas necessárias para conter movimentos especulativos e de aliviar as pressões sobre a taxa de juros nos momentos de saída de capitais.

Os países emergentes que se recuperaram rapidamente após o efeito-contágio da crise financeira e econômica global passaram a enfrentar ao longo de 2010 alguns dos dilemas de política mencionados pelo estudo do FMI em decorrência da combinação do ambiente internacional de excesso de liquidez (associado às taxas de juros historicamente baixas nos países avançados e à política de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve) com uma situação doméstica de elevadas taxas de crescimento, aceleração da inflação (associada, em parte, à alta dos preços das commodities, fomentada por aquele ambiente) e, em alguns casos, excessiva apreciação cambial e/ou emergência de bolhas especulativas nos mercados financeiros. Nesse cenário, a adoção de uma política monetária restritiva contribuiria para conter o crescimento e as pressões inflacionárias, mas estimularia ainda mais o ingresso de capitais, o qual, por sua vez, fomentaria o desalinhamento cambial e o boom de preço dos ativos.

Para atingir os múltiplos objetivos de política, as autoridades econômicas recorreram aos “novos” instrumentos recomendados pelo FMI: políticas monetárias restritivas (e, em alguns casos, fiscais) foram adotadas para desaquecer a economia e conter as pressões inflacionárias, enquanto técnicas de gestão dos fluxos de capitais (sejam controles de capitais, sejam mecanismos de regulação prudencial) foram acionadas para deter a trajetória de apreciação cambial e/ou desinflar as bolhas especulativas.

No caso do Brasil, duas especificidades reforçam os dilemas de política econômica associados aos efeitos indesejáveis da política monetária restritiva sobre a trajetória da taxa de câmbio. Por um lado, os patamares dos preços-chave (taxa de câmbio excessivamente baixa e taxa básica de juros excessivamente alta – o maior patamar nominal e real do mundo mesmo antes do início da nova fase de elevação da meta da Selic, em janeiro) estimulam ainda mais o ingresso de capitais e as apostas de apreciação cambial e reduzem o raio de manobra da política cambial ao ampliarem o custo da acumulação de reservas cambiais (além do diferencial entre os juros internos e externos, a apreciação do real traz prejuízo às contas públicas, pois o governo é credor em dólares). Por outro lado, o elevado grau de abertura financeira que, ao permitir o livre acesso dos investidores estrangeiros ao mercado doméstico de derivativos cambiais e criar vasos comunicantes entre esse mercado e aquele off-shore (onde são negociados os Non-Deliverable Forwards - NDFs), reforçou sua liquidez e profundidade, contribuindo de maneira fundamental para sua transformação no lócus por excelência da formação da taxa de câmbio R$/US$.

Para enfrentar esses dilemas, as autoridades econômicas brasileiras também adotaram (ou reforçaram) a partir de outubro algumas técnicas de gestão dos fluxos de capitais (como a elevação do IOF incidente sobre os investimentos de portfólio em renda fixa e a imposição de um depósito compulsório sobre o valor da posição vendida dos bancos em dólar), acionaram instrumentos de regulação financeira prudencial para conter a expansão do crédito (as chamadas “medidas macroprudenciais”) e criaram um novo instrumento de política cambial (os leilões de moeda estrangeira com liquidação a termo no mercado interbancário), ao lado da retomada das operações de swap reverso (suspensas desde junho de 2009).

Adicionalmente, duas medidas com o objetivo de desestimular as operações no mercado de derivativos e, assim, reduzir as apostas de apreciação do real, foram implementadas: o IOF incidente sobre os depósitos de garantia dos investidores na BM&F foi elevado de 0,38% para 6% e foram vetadas as operações de aluguel, troca ou empréstimo de títulos, valores mobiliários e ouro (ativo financeiro) aos investidores não-residentes destinadas à constituição desses depósitos.

Assim, pode-se afirmar que o governo brasileiro foi além da nova cartilha do FMI, ao adotar não somente técnicas de gestão dos fluxos de capitais, mas também instrumentos de regulação das operações com derivativos cambiais, reconhecendo a segunda especificidade mencionada acima. Na realidade, essas operações, que tem um papel central na trajetória da taxa de câmbio do R$/US$, constituem transações virtuais, desvinculadas dos fluxos de capitais e, por isso, fora do alcance dessas técnicas. Contudo, as iniciativas nesse front – que ampliaram o escopo da regulação cambial – foram, até o momento, muito tímidas e, por isso, a taxa de câmbio do R$/US$ rompeu novamente a barreira dos 1,65. Se o contexto internacional não sofrer mudanças nos próximos meses, somente medidas mais ousadas de regulação das transações cambiais virtuais podem deter o processo de apreciação do real e seus efeitos adversos sobre a competitividade da indústria brasileira.

(*) Professora-Doutora do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

NOTAS

(1) Blanchard já tinha reconhecido o papel desse tipo de regulação em: Blanchard, O.; Dell’ Ariccia, G; Mauro, P. Rethinking macroeconomic policy. IMF Staff Position Note SPN/10/03; 12 feb. 2010.

(2) A esse respeito, ver: OSTRY, J. D. et al. Capital Inflows: the role of controls. IMF Staff Position Note. Washington, DC, IMF, 19 February 2010.

(3) EPSTEIN, G.; GRABEL, I.; JOMO, K. S. Capital management techniques in developing countries: an assessment of experiences from the 1990’s and lessons for the future. Geneva: United Nations Conference on Trade and Development, 2004 (G-24 Discussion Paper, n.27).




Editado pela última vez por Bourne em Seg Jul 25, 2011 12:37 am, em um total de 1 vez.
PRick

Re: Crise Econômica Mundial

#3023 Mensagem por PRick » Seg Jul 25, 2011 12:37 am

Bourne escreveu:
Túlio escreveu:Exato. E é favor notar que levo muito a sério mesmo as opiniões do BOURNE em Economia mas essa me deixou de queixo caído... :shock: :shock: :shock: :shock:
Que nada. Todos veem os problemas e sabem as soluções. Mas sair da zona de conforto e enfrentar os lobies é complicado. Aos poucos vai.

A jovem senhora citada no post do alcluiz, Daniela Magalhães Prates do Instituto de Economia da Unicamp é top. Deveriam ouvir com carinho o que a moça e outros da linha dela falam. Os de Brasilia e outros já o fazem a tempos. Sempre fizeram. No delírio PRickniano só o próprio acredita.
Quem delira são os que acreditam em cálculos de economistas para prever a realidade, esses são os maiores alucinados, por sinal, você leu lá o artigo da CBS news sobre a aceleração da decadência dos EUA? E algo que acabei de falar por aqui, sobre o problema de parte da elite dos EUA. Ela pode representar um fator agravante na derrocada dos EUA, desse pessoal eu tenho medo, porque eles já conseguiram encurtar o Império em uns 25 anos. Ninguém vai ficar livre de uma moratória dos EUA agora, porém, os países que estão melhor podem se beneficiar da crise. No entanto, o cenário mais provável é um pacote que enterre a fraca recuperação da economia dos EUA pós-2008. É isso que os radicais republicanos estão buscando.

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PRick

Re: Crise Econômica Mundial

#3024 Mensagem por PRick » Seg Jul 25, 2011 12:42 am

Bourne escreveu:Esse é o artigo da moça. A própria escreveu. Essa maldita neocom mentindo e inventando. Defende até controle de capitais :x

* Gravem esse nome. Ainda vão ouvir falar muito dela nos próximos anos.
Os desafios da regulação cambial

O Brasil foi além da nova cartilha do FMI, ao adotar não só técnicas de gestão dos fluxos de capitais, mas também instrumentos de regulação das operações com derivativos cambiais. Contudo, as iniciativas nesse front foram, até o momento, muito tímidas e, por isso, a taxa de câmbio do R$/US$ rompeu novamente a barreira dos 1,65. Se o contexto internacional não sofrer mudanças nos próximos meses, somente medidas mais ousadas de regulação das transações cambiais virtuais podem deter o processo de apreciação do real e seus efeitos adversos sobre a competitividade da indústria brasileira. O artigo é de Daniela Magalhães Prates, professora da Unicamp, especial para Carta Maior.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=17524

Daniela Magalhães Prates (*) - Especial para Carta Maior

Na sexta-feira de carnaval, dia 4 de março de 2011, a taxa de câmbio R$/US$ rompeu a barreira dos 1,65, fechando o dia no patamar de 1,645, a menor cotação desde agosto de 2008, quando o processo de apreciação da moeda brasileira no período pré-crise financeira global atingiu seu ápice (a taxa de câmbio R$/US$ chegou a ser cotada a 1,559 no dia 1/08/2008). Coincidentemente, um evento realizado durante o carnaval também colocou em evidência a questão cambial. Num seminário organizado pelo FMI na segunda e terça-feira (dias 7 e 8 de março), o economista-chefe desta instituição, Olivier Blanchard, defendeu que a política monetária deve ter outros objetivos além do controle da inflação – como a estabilidade financeira e metas relacionadas a taxas de câmbio, especialmente no caso dos países emergentes –, bem como outros instrumentos, ao lado da taxa de juros básica (como a regulação financeira prudencial [1]). Nesse mesmo seminário, Stiglitz defendeu, mais uma vez, a utilização de controles de capitais por esses países, os quais, na sua visão, podem contribuir para o crescimento e a estabilidade econômica. Utilização que o próprio FMI passou a admitir no contexto pós-crise desde que em circunstâncias específicas e como um dos instrumentos de política econômica (em inglês, do “policy toolkit”) [2].

................l e seus efeitos adversos sobre a competitividade da indústria brasileira. [/color]

(*) Professora-Doutora do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

NOTAS

(1) Blanchard já tinha reconhecido o papel desse tipo de regulação em: Blanchard, O.; Dell’ Ariccia, G; Mauro, P. Rethinking macroeconomic policy. IMF Staff Position Note SPN/10/03; 12 feb. 2010.

(2) A esse respeito, ver: OSTRY, J. D. et al. Capital Inflows: the role of controls. IMF Staff Position Note. Washington, DC, IMF, 19 February 2010.

(3) EPSTEIN, G.; GRABEL, I.; JOMO, K. S. Capital management techniques in developing countries: an assessment of experiences from the 1990’s and lessons for the future. Geneva: United Nations Conference on Trade and Development, 2004 (G-24 Discussion Paper, n.27).
Esse artigo não o que a Carta falou, eles se remeteram um possível cálculo, sobre saída de capitais do Brasil. Vou repetir, não é possível fazer isso de modo científico, isso não é um cálculo, mas previsões sobre possíveis cenários caso ocorre uma moratória dos EUA em 02 de agosto.

Não é possível fazer previsões sobre um fato dessa magnitude, ainda mais sem saber se existirá moratória e como ela será feita. Tudo isso é um grande chute.

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Re: Crise Econômica Mundial

#3025 Mensagem por Bourne » Seg Jul 25, 2011 12:58 am

PRick precisa de tratamento psiquiátrico. Criou uma fantasia tão maluca que só você acredita. Não existe esse mundo de faz de conta que tenta mostrar. Quem está no governo identificou os problemas e está se movimenta (como uma preguiça gigante :lol: ) para adotar as soluções. Não é poder mágico da moça ou das moças do governo. Eles ganham para analisar situações, traçar planos e lançar soluções.

O argumento Prickiniano para defender que a situação é maravilhosa vai na mesma linha dos defensores do primeiro governo FHC que a época prevaleciam. Olhem os argumentos e comparem: i) o câmbio valorizado não é um problema. Não existe desindustrialização. Os setores que estão sendo substituídos por outros; ii) não podemos colocar controles em capitais e investimentos por que isso é coisa de países autoritários. Não somos a China; iii) não podemos colocar entraves a investimentos estrangeiros. Não importa no que investem. São sempre bons; iv) a onda do futuro é ser uma economia de serviços e não importa se exportamentos mais commodities. O que interessa é que crescemos; v) vulnerabilidade externa é besteira. Somos sérios e de baixo risco. Olhe as reservas crescendo; vi) taxa de juros alta não é um problema, mas sim a única forma de garantir a inflação baixa e conquistar a confiança dos investidores; vii) o cenário é propício para crescermos no longo prazo. Em 1996 a crise mexicana mostrou que não era assim. Nas crises asiáticas e cambial de 1998/1999 forçou a reavaliação de tudo e mudanças profundas. É claro que os tempos eram outros e a funcionalidade das políticas também.

No governo Dilma o interessante a posição dominante não é mais a que existia no primeiro governo FHC. Hoje chamado educadamente de MALUCO. Ainda existem, mas tem bem menos força. A posição que domina o segundo governo Lula e a gestão Dilma é precisar criar as bases para crescimento de longo prazo e transformar o país em uma potencia industrial, líder em pesquisa e desenvolvimento. Em que a estratégia passa por proteção da industria nacional e aumento da competitividade, cambio competitivo que reflete a produtividade (estudos indicam em torno de 2,5 - 3 reais), aumento de investimento, redução de juros interno, da vulnerabilidade externa, impostos e crescimento da pesquisa e desenvolvimento. Entre as medida colocar controle de capitais e selecionar investimentos é vista como normal. Medidas estão indo nesse sentido. Porém o lobby de certos setores é forte e tenta mostrar que não é necessário.




Editado pela última vez por Bourne em Seg Jul 25, 2011 1:06 am, em um total de 1 vez.
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Re: Crise Econômica Mundial

#3026 Mensagem por Bourne » Seg Jul 25, 2011 1:01 am

PRick escreveu:
Esse artigo não o que a Carta falou, eles se remeteram um possível cálculo, sobre saída de capitais do Brasil. Vou repetir, não é possível fazer isso de modo científico, isso não é um cálculo, mas previsões sobre possíveis cenários caso ocorre uma moratória dos EUA em 02 de agosto.

Não é possível fazer previsões sobre um fato dessa magnitude, ainda mais sem saber se existirá moratória e como ela será feita. Tudo isso é um grande chute.

[]´s
Então se dirija a Senhora Presidenta e a toda a cúpula governamental e diga "não se preocupe com nada. Essas previsões são besteiras". Possivelmente será saudado por alguns diretores do Banco Central. Alguns membros do primeiro governo FHC e FENABRAM devem compartilhar uma opinião bem semelhante.




PRick

Re: Crise Econômica Mundial

#3027 Mensagem por PRick » Seg Jul 25, 2011 1:28 am

Bourne escreveu:PRick precisa de tratamento psiquiátrico. Criou uma fantasia tão maluca que só você acredita. Não existe esse mundo de faz de conta que tenta mostrar. Quem está no governo identificou os problemas e está se movimenta (como uma preguiça gigante :lol: ) para adotar as soluções. Não é poder mágico da moça ou das moças do governo. Eles ganham para analisar situações, traçar planos e lançar soluções.

O argumento Prickiniano para defender que a situação é maravilhosa vai na mesma linha dos defensores do primeiro governo FHC que a época prevaleciam. Olhem os argumentos e comparem: i) o câmbio valorizado não é um problema. Não existe desindustrialização. Os setores que estão sendo substituídos por outros; ii) não podemos colocar controles em capitais e investimentos por que isso é coisa de países autoritários. Não somos a China; iii) não podemos colocar entraves a investimentos estrangeiros. Não importa no que investem. São sempre bons; iv) a onda do futuro é ser uma economia de serviços e não importa se exportamentos mais commodities. O que interessa é que crescemos; v) vulnerabilidade externa é besteira. Somos sérios e de baixo risco. Olhe as reservas crescendo; vi) taxa de juros alta não é um problema, mas sim a única forma de garantir a inflação baixa e conquistar a confiança dos investidores; vii) o cenário é propício para crescermos no longo prazo. Em 1996 a crise mexicana mostrou que não era assim. Nas crises asiáticas e cambial de 1998/1999 forçou a reavaliação de tudo e mudanças profundas. É claro que os tempos eram outros e a funcionalidade das políticas também.

No governo Dilma o interessante a posição dominante não é mais a que existia no primeiro governo FHC. Hoje chamado educadamente de MALUCO. Ainda existem, mas tem bem menos força. A posição que domina o segundo governo Lula e a gestão Dilma é precisar criar as bases para crescimento de longo prazo e transformar o país em uma potencia industrial, líder em pesquisa e desenvolvimento. Em que a estratégia passa por proteção da industria nacional e aumento da competitividade, cambio competitivo que reflete a produtividade (estudos indicam em torno de 2,5 - 3 reais), aumento de investimento, redução de juros interno, da vulnerabilidade externa, impostos e crescimento da pesquisa e desenvolvimento. Entre as medida colocar controle de capitais e selecionar investimentos é vista como normal. Medidas estão indo nesse sentido. Porém o lobby de certos setores é forte e tenta mostrar que não é necessário.
Esse tratamento você deve realizar, além de outro sobre leitura de textos, em momento algum eu disse o que você falou, existem preocupações com câmbio e todos os outros fatores que você falou, porém, o problema não é inumerar uma realidade, mas saber o grau de intensidade de cada uma e como está sendo controlada ou não. Do mesmo modo não gosto de aumento de juros para segurar o crescimento e a inflação, é remédio conservador, porém, historicamente os juros não estão altos hoje, isso é a realidade, o resto é opinião, a menor taxa de juros que tivemos foi de 8,5%. Essa é nossa realidade histórica. Então quando se afirma que os juros estão altos, é preciso completar, alto em comparação com o que?

O governo FHC deixou a moeda ficar até 0,80 por Dólar, porque não fazia reservas, esse foi o grande erro, porque tinham uma atitude neocon, quer dizer dogmas sobre a economia. Isso não existe no governo atual, ele toma medidas de políticas fiscais e monetárias conforme a necessidade, por isso colocou uma taxação sobre os capitais e compra divisas em ritmo acelerado toda vez que precisa. E não só são as reservas, hoje, o BACEN deve ter mais de 30 bilhões de papeis em swap cambiais reversos.

Medidas de controle de capitais seletivas podem ser burladas, ainda mais diante de nosso mercado financeiro. Para isso ser eficaz o câmbio teria que ser centralizado por exemplo. Isso pode ser feito em caso de necessidade, mas nunca como medida preventiva. Medidas extraordinárias só podem ser adotadas diante de fatos reais, não sobre previsões, ainda mais quando elas são feitas no intuito do benefício próprio.

Será que não aprendemos? Servimos de cobaias para todo tipo de plano de economista, os caras das cabeças de planilhas, será que ninguém entendeu esse ironia do Livro do Nassif. Tem que ser mais explicito? Ficamos a mercer por duas décadas de planos dos cabeças de máquinas de cálcular, que viviam fazendo cálculos matemáticos enquanto afundavam o país.

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Re: Crise Econômica Mundial

#3028 Mensagem por P44 » Seg Jul 25, 2011 6:14 am

E eu que pensava que esta alteração no tecto da dívida dos EUA era algo fora de série e ontem fiquei sabendo que desde 2001 o tecto da dívida já foi subido 10 (DEZ!) vezes!!!!! :shock: :shock:




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Re: Crise Econômica Mundial

#3029 Mensagem por Bourne » Seg Jul 25, 2011 8:23 am

PRick escreveu:Esse tratamento você deve realizar, além de outro sobre leitura de textos, em momento algum eu disse o que você falou, existem preocupações com câmbio e todos os outros fatores que você falou, porém, o problema não é inumerar uma realidade, mas saber o grau de intensidade de cada uma e como está sendo controlada ou não. Do mesmo modo não gosto de aumento de juros para segurar o crescimento e a inflação, é remédio conservador, porém, historicamente os juros não estão altos hoje, isso é a realidade, o resto é opinião, a menor taxa de juros que tivemos foi de 8,5%. Essa é nossa realidade histórica. Então quando se afirma que os juros estão altos, é preciso completar, alto em comparação com o que?

O governo FHC deixou a moeda ficar até 0,80 por Dólar, porque não fazia reservas, esse foi o grande erro, porque tinham uma atitude neocon, quer dizer dogmas sobre a economia. Isso não existe no governo atual, ele toma medidas de políticas fiscais e monetárias conforme a necessidade, por isso colocou uma taxação sobre os capitais e compra divisas em ritmo acelerado toda vez que precisa. E não só são as reservas, hoje, o BACEN deve ter mais de 30 bilhões de papeis em swap cambiais reversos.

Medidas de controle de capitais seletivas podem ser burladas, ainda mais diante de nosso mercado financeiro. Para isso ser eficaz o câmbio teria que ser centralizado por exemplo. Isso pode ser feito em caso de necessidade, mas nunca como medida preventiva. Medidas extraordinárias só podem ser adotadas diante de fatos reais, não sobre previsões, ainda mais quando elas são feitas no intuito do benefício próprio.

Será que não aprendemos? Servimos de cobaias para todo tipo de plano de economista, os caras das cabeças de planilhas, será que ninguém entendeu esse ironia do Livro do Nassif. Tem que ser mais explicito? Ficamos a mercer por duas décadas de planos dos cabeças de máquinas de cálcular, que viviam fazendo cálculos matemáticos enquanto afundavam o país.

[] ´s
A ironia está que a sua argumentação é a personificação da política do primeiro governo FHC. É uma defesa cega e repetição de uma mantra. Medida e posições que são ultrapassadas. Coisa de NOECON!!! Coisas das cartilhas do FMI da década de 1990 como não pode regular movimentação de capitais por que é ruim em si. Não é verdade por que é normal países adorem controles de capitais. Do Chile a China. Eles fazem e estão tendo sucesso em reduzir riscos externos. Ainda é uma das posições apoiadas pelo governo Dilma e outros na reforma do sistema financeiro internacional.

A taxa de juros se mede pela comparação com outro países em termos reais. Se o país como o Brasil tem com risco baixo e liberdade na movimentação de capitais, qualquer 0,25% a mais ou a menos faz uma diferença brutal para atrair capitais e distorcer o câmbio. No Brasil é pior. É muito mais que 0,25%. O que cria distorções terríveis patrocinadas pelo Banco central como forma de permitir a entrada de produtos estrangeiros e segurar a inflação. Parece suicida para a industria nacional ao forçar um ajuste produtivo provocado por uma distorções monetários. Realmente é. Porém para eles não importar baseado na argumentação "novas indústrias substituem as velhas". Além de vincular o controle da inflação interno a produtos estrangeiros. Se o dólar começar a valorizar vai exigir aumento de juros para controlar a inflação e derruba o sistema. Por isso que o pessoal do BNDES, Ministério do Planejamento Fazenda e MDIC quase tem um infarto quando criticam o Banco Central. A política monetária de hoje é como um tsunami. Quando vem (cambio valorizado) destrói quase tudo e, quando vai (desvalorização cambial), destrói o que sobrou.

No primeiro governo FHC as reservas passaram de US$ 70 bilhões. Uma montanha de dinheiro para a época. Feitas em cima de juros altos para atrair capitais especulativo e investimento estrangeiro especialmente em serviços, privatização e compra de empresas nacionais. A entrada de capitais era tão alucinada que foi fácil montar as reservas e financiar o déficit com o exterior devido a maior importação, utilizada como forma de conter a inflação. A posição dominante era não faça nada que a economia está crescendo, gerando emprego e inflação está controlada. O resto é resto. Tudo vai dar certo. Não deu e outro grupo estava certo de que se nada fosse feito na primeira instabilidade iria estourar e levaria junto o setor produtivo.

Taxa de câmbio se mede em termos reais que se referem a produtividade. O câmbio nominal que se fala dia a dia é influenciado pelo mercado financeiro e pode estar bem descolado da capacidade produtiva da economia seja para cima ou baixo. Não raramente por longos períodos de tempo devido ao sistema financeiro, especulação ou políticas propositais de Estados (controle de capitais, taxas de juros base, política industrial, etc...). Além de mudarem ao longo do tempo devido ao diferencial inflacionário entre países diferentes. Portanto, se quer comparar o 0,8 reais pelo 1,60 de hoje tem que considerar a inflação só para ter ideia dos câmbio nominais. Os estudos oficiais dizem que as preocupações estão tão preocupantes quanto. O ideal em termos nominais deveria situar em torno de 2,5 a 3 reais por dólar. Menos que isso arranjos produtivos se tornam inviáveis, mesmo que em termos normais seriam competitivos, mas sofrem devido a distorção cambial provocada por especulação e políticas malucas do banco central.

E qualquer conta ou argumentação ou comparação baseada em câmbio nominal começa distorcida e pode dar resultados bem complicados. Por isso que comprar PIBs ou salários em dólares é difícil. Por que tem um fator chamado câmbio que varia muito de ano para ano e distorce o que foi medida em moeda nacional. Quando pega a tabela dos maiores PIBS do mundo em dólares. O único medido corretamente é o PIB dos Estados Unidos. os outros podem ser maiores ou menores, mas nunca iguais aqueles mostrados. Por exemplo, se medir a variação do PIB brasileiro em dólares nos últimos 20 anos vai ter saltos e quedas de mais de 30%, mas que em reais foi muito menor. Ou seja, perder 10% do PIB em termos reais medidos em moeda nacionais é um desastre, se for 10% medidos em moeda estrangeira pode e provavelmente é insignificante.

Na gestão Dilma o banco central não muda cotação e nunca tentou mudar comprando e vendendo dólares seja da modalidade que for. Primeiro por que quem está lá não acredita nisso e, segundo, não dá. Nenhum país teve sucesso em controlar câmbio com reservas cambiais, sem fazer uso de outros controles. A taxa de juros muito maior que o resto do mundo conjugada com a liberdade de capitais distorce tudo. Sozinho é inútil. Nesse ponto que justifica e apoia o argumento de controle de capitais. O objetivo é suavizar a trajetória. Nesse cenário 30 bilhões em swap reveso é nada. No máximo serve para suavizar a trajetória.

Não sei quem o Prick defende, mas não é governo Dilma. A argumentação não representa e NUNCA representou o governo Dilma. É sim um monte de aberrações que parecem palavras dos mais conservadores do Banco Central ou esquecidos do governo FHC. Depois que o Palocci cai ainda mais. O objetivo é desmontar esse monstro criado na década de 1990 e sobreviveu ao governo Lula. É uma questão de tempo para começar a dar problema de novo. É óbvio.




PRick

Re: Crise Econômica Mundial

#3030 Mensagem por PRick » Seg Jul 25, 2011 9:23 am

P44 escreveu:E eu que pensava que esta alteração no tecto da dívida dos EUA era algo fora de série e ontem fiquei sabendo que desde 2001 o tecto da dívida já foi subido 10 (DEZ!) vezes!!!!! :shock: :shock:
O problema é o montante atual e o ritmo de crescimento da dívida. Somado ao fato que o Obama não controla da Câmara de deputados. Está claro que os Republicanos estão usando essa necessidade como meio de tentarem prejudicar a administração Obama, porém é uma tática perigosa que pode prejudicar profundamente o país.

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