Vocês acham realmente lúcido este editorial?
Vamos ler com calma.
De fato, um documento cujo escopo é o planejamento da defesa do País, elaborado por um pequeno grupo de ministros - presidido pelo ministro da Defesa, coordenado pelo ministro de Assuntos Estratégicos e composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelos comandantes das três Forças -, não pode ser aprovado sem um amplo debate.
A intenção anunciada do governo é mandar os projetos decorrentes das PND e END para o Congresso, para que virem projetos de lei. Então obrigatoriamente o debate com os representantes do país ocorrerá.
como afirmaram à Folha de S.Paulo dois oficiais que participaram dos trabalhos do grupo, o documento contém idéias “realistas, amalucadas e inexeqüíveis”
Desculpem, mas citar "dois oficiais que participaram" é uma maneira simples de dizer que é chute. Não acredito que algum oficial no nível exigido para compor o staff que trabalhou na Política e Estratégia falasse "idéia amalucada", nem que vazasse algo para um jornal.
depreende-se que o Plano Estratégico de Defesa é uma carta de intenções, nem sempre consentâneas com as reais necessidades e possibilidades do País
Primeiro não é um
PLANO, e sim uma Política e uma Estratégia. Será que o autor sabe a diferença destas terminologias?
Segundo, não são cartas de intenção.
Uma POLÍTICA define "O QUE FAZER", de maneira ampla, quais os OBJETIVOS de um governo.
Uma ESTRATÉGIA define "COMO ATINGIR OS OBJETIVOS DA POLÍTICA".
Então, não é na PND, ou na END, que serão definidos armamentos, sistemas, off-sets, etc.
Agora o próprio autor escreve "depreende-se", ou seja:
EU ACHO, e achar ele pode qualquer coisa. Eu é que não acho igual.
“Quando o plano for lançado, será atacado por formadores de opinião”, antecipou o ministro. “Vão acusá-lo de desperdício de dinheiro e de ser instrumento armamentício (de uma corrida armamentista).”
Mas alguém aqui tinha alguma dúvida disso? Que na falta de matérias impactantes os jornalistas não especializados, na falta do que falar, escreveriam que "com este dinheiro se construiriam XXX hospitais"?, ou "quantas escolas seriam construídas"? Simplesmente o MU se antecipou e desqualificou tal tipo de debate.
Em outra declaração ele escreveu que não há política educacional, ou qualquer que seja, sem uma política que garanta a integridade dos cidadãos de um país.
Será preciso uma intervenção externa em alguma vulnerabilidade estratégica nossa, como as plataformas, para que a população se dê conta da urgência de atuarmos em ditas vulnerabilidades?
não há como acusá-lo de desperdício de dinheiro, uma vez que não há dinheiro para executá-lo. É um plano inexeqüível
Será mesmo? Mesmo com uma política de off-sets que garanta o reinvestimento de 100% do que será gasto com equipamento?
Começa pela meta da elevação do orçamento militar de 1% do PIB para 2,5%, sem a preocupação de corrigir os problemas estruturais que deixam as Forças Armadas em situação de virtual penúria. Elas estão desaparelhadas não é por falta de dinheiro. Recebem o segundo maior quinhão do Orçamento da União, abaixo apenas do Ministério da Saúde. O problema é que, tal como está organizada a carreira militar, as despesas com pessoal, na ativa e na reserva, absorvem quantidades crescentes de recursos - que não sobram para a necessária compra de armas e o adestramento da tropa. Hoje se gasta com pessoal cerca de 80% do orçamento, participação que vem aumentando, ano a ano, há mais de duas décadas.
Eu tinha prometido não voltar a esse assunto, mas não dá.
Alguém pode escrever aqui quanto custa, em relação ao orçamento do ministério, os profissionais da educação, ou da saúde? Seria MUITO interessante, educativo mesmo.
Em nenhum outro ministério os recursos para pagar os "funcionários" sai de seu próprio orçamento. Saem do MPOG direto para a folha de pagamentos.
O que aconteceu no MD então?
Foi o FHC, em sua política imposta externamente por uma potência dominante de destruir as FA, que criou esta "maravilha", de modo a que as FA não tivessem recursos e morressem à mingua.
No Chile, governado por uma esquerdista também, que teve seu pai torturado e morto pelas FA, questionada sobre o assunto, a presidenta deu a seguinte resposta: é uma tarefa necessária ao ESTADO (Defesa nacional), que o ESTADO não pode abrir mão, que só pode ser feita pelos militares e que deve ser bancada pelo ESTADO. E acabou-se o questionamento.
Agora, peço que postem aqui a média de salário das FA em comparação com outros funcionários do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Eu vi uma palestra com o Secretário- Executivo do Ministério do Planejamento e ele mostrou estes dados. Não vou colocar, vou deixar para os interessados que procurem e façam uma análise isenta e honesta.
Pretende-se, ainda, conceder incentivos fiscais a empresas nacionais produtoras de armamentos para que as Forças Armadas não dependam de fornecedores externos. A criação de uma autarquia militar não passa de uma utopia.
Dar as mesma condições de competição para a indústria nacional e estrangeira é utopia?
Muitas vezes a indústria nacional produz o mesmo ítem que a estrangeira, mas paga um absurdo de imposto, o que torna seu produto muito mais caro que simplesmente importar. Ou seja, criar postos de trabalho no país é utopia?
Nem a poderosa máquina militar norte-americana é auto-suficiente. Depende de componentes e de sistemas de armas completos, comprados de terceiros países. E como poderá um país como o Brasil, que mal reúne recursos para encomendar duas dúzias de aviões para a Força Aérea, montar uma indústria para projetar e construir caças de quinta geração? Como exercício de whishfull thinking o tema é excitante - mas a sua implementação esbarra, primeiro, no impedimento orçamentário e, depois, na dificuldade praticamente intransponível de encontrar parceiros que nos transfiram tecnologia militar de ponta.
Arre. Quem disse que o objetivo das PND e END é tornar o país auto-suficiente em TODOS os ítens militares? Qualquer um que escreve aqui no DB sabe que isto é impossível.
Impossibilidade de encontrar parceiros que transfiram tecnologia? Será que o reporter lê jornal?
Outro ponto a considerar no Plano Estratégico de Defesa é o modelo de serviço militar
Isto sim está em debate pelo NJ e MU. Um possui visão distinta do outro. Quem vai decidir é o "Chefe", e acabou o debate.
Cuidado com a chancela automática do que lemos. Quantos artigos já mostramos como superficiais, ou falhos, aqui no DB?
Aqui está a elite que pensa Defesa no Brasil, elite esta que não pode aceitar sem questionar qualquer coisa que lê, ainda mais se as PND e END não foram publicadas, e baseados em uma declaração "de dois oficiais".