Luís Henrique escreveu:Koslova, gostei muito do seu texto.
Se me permite.. Qual é o sistema antiaéreo que você considera de melhor custo\benefício para o Brasil
Ou melhor, o que você faria na defesa antiaérea brasileira (EB, FAB, MB)
Ola Luís
A primeira coisa é dividir o sistema em camadas necessárias.
Um primeiro nível de defesa AA são sistemas Manpad. Temos algo encaminhado neste sentido, e o que precisamos é de convergência. Isto é, EB, FAB e MB devem comprar em conjunto o mesmo míssil, ministrar os mesmos cursos, ter as mesmas regras de engajamento e da união de necessidades, podemos ter demanda para coisas mais complexas como um simulador de uso comum por exemplo.
Então deveríamos ter um estoque comum de mísseis para o EB e CFN e em pequena escala para a FAB, de apenas um modelo, o Igla por exemplo já é de domínio comum. Isto tecnicamente não deveria nem ser chamado de defesa AA, é um nível de proteção de tropas de maior valor apenas.
Depois precisamos separar por segmentos onde temos necessidades especificas.
Vamos dividir em 2 níveis de criticidade as áreas de proteção
• Nível 1. Bases aéreas com aeronaves de primeira linha
• Nível 2. Bases áreas e instalações militares de segunda linha, instalações estratégias (Usinas, Refinarias, Sítios de Radar)
Para o primeiro nível, não temos condições econômicas de termos sistemas complexos como o Patriot ou S-300, então teríamos que agrupar armamentos factíveis com nossa realidade.
Para a proteção de bases áreas de primeira linha deveríamos ter um arranjo de canhões rápidos de 35mm ou 40mm associados a editores de tiro, alem de um sistema SAM de defesa de ponto ambos integrados a um sistema comum de C3 e sobre o guarda chuva de um radar de médio alcance, acima de 100Km, móvel.
Este sistema deve ser totalmente aerotransportado, capaz de entrar e sair da posição com o auxilio de um C-130.
Para defesas de instalações militares de segunda linha teríamos que ter uma opção mais barata que possa ser espalhados por um maior numero de sites.
Uma opção barata contra uma ameaça média seria um sistema de míssil mais leve como o BOLIDE ou Mistral associado a um radar de até 50Km como este modelo nacional que o EB desenvolve com aparente sucesso.
Para este segundo pacote deveríamos ter como meta a entrada e saída de posição por meio de helitransporte como o S Puma ou BW.
O as FA´s brasileiras precisam ter é modularizar o problema.
1- Manter os Manpad´s de uso e estoque comum, com uniformização de aquisição e treinamento como forma de ganho em escala.
2- Adotar um numero de sites primários sobre proteção de nível 1. Por exemplo 5 sites primários, logo seriam 5 arranjos de canhões e SAM e radar de médio alcance, todos padronizados e compatíveis com compromissos de aerotransportabilidade
3- Adotar um numero de sites secundários de proteção de nível 2. Por exemplo, 10 sites secundários com 10 arranjos de SAM leve e radar de curto alcance.
Paralelo a isto precisamos integrar o material de uso comum e o esforço industrial.
Por exemplo.
Os sistemas AA do EB interessam mais a FAB na proteção de bases aéreas.
Os sistemas da FAB, com o Igla, são basicamente arranjos empregados por forças terrestres.
A MB tem uma grande experiência em defesa AA para seus navios, mas deveria compartilhar do mesmo arranjo para o CFN empregado pelo EB e para suas bases, do arranjo que for escolhido pela FAB.
O FILA foi nacionalizado com sucesso pela AVIBRAS a 20 anos, mas jamais foi continuado, ao ponto da FAB comprar sistemas importados recentemente porque o sistema nacional não foi continuado.
O EB optou por desenvolver um ATgM nos anos 80 e a FAB um AAM nos anos 70, e hoje mais de 20 anos depois, temos 3 modelos de AAM de curto alcance na FAB (Python III, MAA-1, e Magic II) e 4 modelos de mísseis anti tanque no Brasil (Milan, Eryx, Bill e MSS 1.2). Um míssil como o MAA-1 e MSS 1.2 compete internamente com 2 ou 3 equivalentes, mas NÃO EXISTE nenhum míssil SAM nacional ou estrangeiro na faixa de defesa de ponto.
Temos esforços de desenvolvimento de radares pelo EB, pela MB e pela FAB e ambos os 3 são programas paralelos e sem convergência.
Se um singelo acordo de unificação de unificação de meios de defesa AA tivesse sido feito nos anos 80, talvez hoje tivéssemos um radar, um SAM e um sistema de comando & controle nacional e comum as 3 forças.
Qual a certeza que tenho disto?
O fato de que MB, FAB, e EB já desenvolveram programas de mísseis, radares e softwares de forma independente e foram absolutamente incapazes de dar a eles continuidade de forma solitária. Para cada sistema que desenvolvemos no Brasil precisamos comprar um lá fora tempos depois, seja porque atrasou, seja porque a MB não conhece os sistemas da FAB que não conhece os sistemas do EB.
Antes de escolher o modelo dos mísseis a serem comprados é necessário escolher o modelo do esforço de desenvolvimento a ser adotado, isto somos incapazes de fazer.