Cerveja tem maior consumo em 10 anos no PaísPublicado em 21.01.2007, às 21h49
Se existe um setor do País que não conheceu crise em 2006 nem reclamou de juros ou câmbio desvalorizado esta é a indústria cervejeira. O segmento comemora o melhor resultado em uma década, com crescimento no faturamento em torno de 10% no ano passado.
O Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) acredita que o número final ficará na casa dos R$ 21 bilhões em vendas de uma das bebidas mais apreciadas no país.
Apenas em produção, houve incremento de 8,5%, chegando aos 9,8 bilhões de litros, o que reforçou o Brasil na quarta posição no ranking dos maiores produtores mundiais. O país só é superado pela China (29 bilhões de litros), Estados Unidos (24 bilhões de litros) e Alemanha (11 bilhões de litros), mas ultrapassou a Rússia, que produz 9,4 bilhões de litros.
O brasileiro também aumentou o consumo da bebida em pelo menos três litros por pessoa, em média, no ano. Em 2005, o consumo per capita era de 49 litros anuais e no último ano foi para 52,5 litros. No entanto, neste quesito o país perde feio até para os vizinhos da América Latina. O consumo per capita de cerveja na Venezuela, por exemplo, é de 70 litros por ano.
Quem encabeça a lista dos maiores apreciadores da bebida fermentada são os tchecos, com 170 litros anuais. No país, a cerveja é vista como complemento alimentar até de crianças, o que faz o consumo ser bem maior do que no restante do mundo. Na seqüência, vêm os irlandeses, com 150 litros por pessoa no ano, e os alemães, com 130 litros anuais por cidadão.
Para o Sindicerv, alguns fatores foram importantes para o crescimento do setor em 2006, como a Copa do Mundo e o aumento da renda do trabalhador. “Nosso consumidor está na classe C e D (maiores beneficiados pelo aumento do salário mínimo) – e com freqüência de consumo maior do que a média. O ano em si foi proveitoso, pois tivemos um excelente verão, sem muita chuva, já que o brasileiro toma cerveja fora de casa e em grupo. E o calendário foi muito bom, com feriados prolongados, temperaturas agradáveis, dinheiro no bolso e boa oferta de produtos”, afirma Marcos Mesquita, superintendente da entidade.
Na questão dos preços, o consumidor pode ficar contente. Segundo Mesquita, o aumento no valor da cerveja foi de apenas 2,5% em relação ao ano retrasado, abaixo da inflação. A estabilidade do dólar ajudou, uma vez que os preços do malte e da cevada – importados – não tiveram grandes oscilações.
MERCADO - A aposta em 2006 foi tanta que houve pelo menos cinco grandes lançamentos da indústria em produtos de linha, além dos sazonais. A Femsa assumiu a Kaiser em 2006 e trouxe ao país a marca mexicana Sol. Já a Ambev lançou a Skol Lemon, Puerto del Sol e o Chopp Brahma Black.
A maior parte das indústrias continua investindo pesado na cerveja pielsen, que têm a preferência de 95% dos consumidores. Outra característica do brasileiro é a preferência pela bebida em garrafas de 600 ml, que corresponde a 66% de tudo que é consumido, contra 28% em latas de alumínio e 3% em garrafas long neck.
No entanto, as empresas nacionais voltaram os olhos para um outro mercado no segmento: as cervejas premium. Em 2000, as bebidas de maior valor agregado representavam 2,3% do mercado. Já em 2006, passaram para 5,3%.
Um exemplo é o Grupo Schincariol, que adquiriu na última semana a Cervejaria Baden Baden, de Campos do Jordão (SP). O objetivo é aumentar a participação no mercado como um todo, mas privilegiar a conquista de um novo produto em seu portfólio e ganhar espaço nas vendas da categoria de bebidas com alto valor agregado, já que a microcervejaria do interior paulista se dedicava inteiramente à produção de cervejas de alta fermentação.
Fonte: Diário do Grande ABC
http://jc.uol.com.br/2007/01/21/not_130107.php