Fazendo justiça a Dom Pedro II
Como sempre, nem muito ao mar, nem muito à terra. Querendo fazer "justiça", acaba-se fazendo injustiça histórica e criando mais mitos.
Dom Pedro estava bem longe deste "vovôsão" que todo mundo gostaria de ter, que a imagem idosa dele dá a impressão.
Um exemplo disso foi a queima de documentação a mando dos mandatários republicanos relativa à escravidão – por que fizeram isso?
Isso ocorreu por ordem direta de Rui Barbosa, quando era ministro da justiça. Eu não gosto de Rui Barbosa. Pra ser sincero, desprezo ele. Mas, neste caso, pelo menos há uma interpretação que merece ser levada em conta. O "deus dos advogados" teria feito isto porque, com a destruição dos documentos, ficaria impossível aos donos de escravos, algum dia, exigirem ressarcimento pelas perdas materiais que incorreram com a abolição. Pois, o fato cruel, mas verdadeiro, é que os escravos eram bens, que custaram dinheiro. Ao serem libertados, quem é que arcou com o prejuízo? Então, se isto for verdade, Rui Barbosa, apenas, estava preservando o erário público. Claro, que, se ele fosse o advogado de algum senhor de escravos, com certeza, iria ficar furioso com o ministro da justiça que tivesse feito a mesma coisa, pois isso incorreria emm prejuízo para o seu cliente. E, desta forma, em perda de honorários para o próprio advogado...
Quando ao Dom Pedro II, ele teve alguns comportamentos muito negativos, que provocaram grandes danos ao Brasil, e, no final, levaram à destruição da instituição imperial brasileira. O mais fatídico, sem dúvida, foi ter sido ele, o imperador, um dos principais elementos incentivadores de uma guerra até o fim contra o Paraguai. Muita gente achava que, a partir do momento em que todo o território brasileiro estivesse livre de ocupação, seria mais proveitoso para o Império e mais econômico, uma paz negociada com o Paraguai. Muitos achavam que apenas a Argentina lucraria com uma completa destruição do regime de Solano Lopez, e, como era o Brasil, o principal sustentador do esforço de guerra, seria também o mais prejudicado, quanto maior fosse o tempo que levassem as hostilidades. Infelizmente, Dom Pedro II estava totalmente resolvido a aniquilar o regime paraguaio, e, segundo se diz, até mesmo chegou a ameaçar uma abdicação, caso a facção política defensora de uma paz negociada, fosse a vencedora.
Outra coisa muito triste, foi a forma como Dom Pedro II tratou o Duque de Caxias. Este, doente e desgostoso com a política da corte não queria assumir o cargo de chefe do governo, mas, por insistência até desavergonhada do Imperador, aceitou a função. Em carta à sua filha, Lima e Silva dise que, em dado momento, o Imperador chegou a abraçá-lo e disse que não o largaria, até que ele concordasse em assumir o governo. O Duque, na carta, disse que ficou sem saber o que fazer, com aquele literal "abraço-de-urso", já que não poderia usar da força física para se libertar daquela cena ridícula. Então, aceitou o cargo. No final de seu mandato, ele rascunhou uma série de propostas políticas, e as submeteu ao Imperador, para que fossem implementadas. Este, num ato traiçoeiro, as desconsiderou totalmente, humilhando o velho soldado, que lhe servira tão bem.
Em suma, Dom Pedro II, como governante efetivo e como homem, deixou muito a desejar. Mas, mesmo assim, aindo continuo achando que o Golpe do 15 de Novembro de 1889, não teve e nunca terá justificativa. O que Deodoro e Floriano fizeram foi um ato vergonhoso de traição descarada. Acho uma imoralidade que uma coisa dessas, ainda hoje, possa ser considerada como "Feriado Nacional". Pra mim, o 15 de Novembro de 1889 foi muito mais criminoso do que o 31 de Março de 1964. É até possível que o Império acabasse caindo, mas que, se assim fosse, não tivesse sido por uma vil quartelada militar, apoiada por trapaceiros inescrupulosos como Rui Barbosa e outros civis conspiradores.
(cacete! Acho que o meu monitor está pra explodir! Desligando com urgencia..!!!!