Enviado: Sex Out 06, 2006 4:28 am
Ainda a propósito da participação ucraniana nesse Exercício da NATO:
Aliança Atlântica mantém porta aberta
Ucrânia reafirma interesse na adesão à NATO
05.10.2006 - 22h05 Lusa / http://www.publico.clix.pt/
A Ucrânia aproveitou hoje para reiterar o seu interesse estratégico em aderir à NATO, apesar das recentes declarações do seu primeiro-ministro, recebendo da Aliança Atlântica a garantia de que as portas continuam abertas.
"O objectivo [da conferência NATO-Ucrânia] é manter o diálogo e sobretudo, politicamente, dar um sinal de abertura à Ucrânia", explicou o anfitrião e ministro da Defesa português, Nuno Severiano Teixeira, em declarações à imprensa à margem da quinta ronda de consultas de alto nível NATO-Ucrânia, que hoje se realizou em Sintra.
"Esse sinal é muito importante do ponto de vista internacional, para projectar estabilidade e segurança nas fronteiras da NATO, e também do ponto de vista interno, uma vez que a Ucrânia é um país em pleno processo de consolidação democrática", acrescentou.
A conferência de Sintra realizou-se numa altura em que a declarada intenção ucraniana de aderir à Aliança Atlântica foi ensombrada com as recentes declarações do novo primeiro-ministro, o pró-russo Viktor Ianukovitch, sobre a necessidade de fazer um "compasso de espera" nesse esforço dada a crescente oposição da opinião pública.
"A posição da NATO não muda e esta reunião mostrou que não houve nenhum a diminuição do diálogo intensivo que mantemos com a Ucrânia. Está bem vivo", disse o secretário-geral da Aliança, Jaap de Hoop Scheffer, em conferência de imprensa, sublinhando que "a porta da NATO está aberta e os instrumentos para a adesão existem”. “Agora, o ritmo a que o governo e a população da Ucrânia querem avançar, é com eles", acrescentou.
O ministro da Defesa ucraniano, Anatoliy Grytsenko, esforçou-se por afirmar o interesse do seu país em aderir e afirmou, na mesma conferência de imprensa, que todos os participantes elogiaram a actuação das forças ucranianas em operações militares com a NATO. "A Ucrânia confirmou nesta reunião que a sua decisão estratégica não mudou e é irreversível. Vamos atingir os objectivos que nos darão acesso à NATO, só não sei quando, mas isso depende do trabalho que fazemos a nível nacional", disse o ministro ucraniano.
A reunião de hoje, que juntou os 46 Estados-membros da NATO - na sua maioria representada a nível de embaixadores - e o ministro da Defesa da Ucrânia, teve "resultados práticos e sólidos" no âmbito da cooperação NATO-Ucrânia e serviu para "praticar o diálogo intensivo" lançado em Vilnius em 2005, segundo o secretário-geral.
O desencanto da população ucraniana com a perspectiva de uma adesão à NATO é reflectido nas sondagens que, longe dos 50 por cento de apoio que registavam há dois anos, concluem agora que apenas um terço dos ucranianos são partidários dessa integração.
Os analistas ucranianos explicam estes números com a tradicional desconfiança em relação ao velho inimigo da União Soviética, aliada à ideia de que uma adesão levará a uma ruptura com a Rússia e se tornará, por isso, mais prejudicial que benéfica para a Ucrânia.
No final das sessões de trabalho, aliás, foi assinado um documento de apoio de vários dos aliados, Portugal incluído, à parceria NATO-Ucrânia para a informação da sociedade civil, um mecanismo que envolve organizações não-governamentais ucranianas e se destina a informar a população sobre a NATO.
As relações NATO-Ucrânia foram formalmente lançadas em 1991, meses depois da desintegração da União Soviética, quando a Ucrânia aderiu ao Conselho da Parceria Euro-Atlântica. Três anos depois, a Ucrânia entrou para a Parceria para a Paz, um programa alargado de cooperação operacional em matéria de defesa e de segurança.
Em 1997, a Ucrânia manifestou pela primeira vez uma vontade expressa de integração nas estruturas euro-atlânticas e, nesse mesmo ano, foi criada a Comi ssão NATO-Ucrânia, um organismo que reúne regularmente ao nível de embaixadores ou de ministros para decidir acções concretas de cooperação e sugerir vias para aprofundar o relacionamento.