Cotas
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- Vinicius Pimenta
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- Alcantara
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Veja bem, imaginemos um aluno de uma rede pública qualquer. O cara não tem laboratórios na escola, não tem sala de informática, sala de aula decente... quase todo ano enfrenta greve de professores por meses a fio, o que faz o ano letivo terminar praticamente na metade do ano seguinte e, para completar, devido ao "brilhante" sistema de "progressão", pode ser reprovados em não sei quantas matérias que mesmo assim o cara passa de ano!!! O resultando só pode ser baixo rendimento escolar...
E depois, se esse cara não conseguir entrar para uma faculdade pública, a culpa será da cor da pele? Ahh, meu amigo... conta outra...
E depois, se esse cara não conseguir entrar para uma faculdade pública, a culpa será da cor da pele? Ahh, meu amigo... conta outra...
Editado pela última vez por Alcantara em Sex Fev 17, 2006 12:09 pm, em um total de 4 vezes.
"Se o Brasil quer ser, então tem que ter!"
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Sendo bastante simples, sou contra as cotas. Basicamente por alguns dos motivos aqui apresentados:
1) Irá tapar o sol com a peneira. A solução não é dar um empurranzinho para o pessoal de escolas públicas entrarem(via cotas) mas sim fazer o que já deveria ter sido feito há muito tempo: Melhorar a qualidade das nossas escolas públicas de ensino fundamental e médio. O Brasil gasta pouquíssimo por ano com alunos desses níveis de ensino. Enquanto em 2000 um aluno de ensino fundamental custava ao governo 900 dólares/ano, um de ensino superior absurdos 13.500 dólares/ano!
2) Acho no mínimo também racista selecionar candidatos pela cor. Se fosse para dar cotas, que se faça para os pobres, independente de sua raça. Significa que um negro é mais burro que um branco e por isso precisa de cotas? No mínimo ridículo.
3) É bem capaz de se aumentar o preconceito e a discriminação para com negros e índios em geral, e os cotistas em particular.
O Brasil faz tudo ao contrário. Em países ricos, o que se tem são colégios de ensino básico fantásticos e públicos, enquanto o ensino superior é privado e de qualidade. Aqui não, temos um ensino básico público decadente, sendo a qualidade proporcionada pelas escolas privadas, e o ensino superior de qualidade é público. No fim, você acaba selecionando aqueles que tiveram condições de pagar um colégio particular para estudar em universidades públicas, quando deveria ser o contrário. E aconteceria o contrário se mais investimento pesado em educação básico ocorresse, e de forma que haja menos desperdício de verbas.
Abraços
César
1) Irá tapar o sol com a peneira. A solução não é dar um empurranzinho para o pessoal de escolas públicas entrarem(via cotas) mas sim fazer o que já deveria ter sido feito há muito tempo: Melhorar a qualidade das nossas escolas públicas de ensino fundamental e médio. O Brasil gasta pouquíssimo por ano com alunos desses níveis de ensino. Enquanto em 2000 um aluno de ensino fundamental custava ao governo 900 dólares/ano, um de ensino superior absurdos 13.500 dólares/ano!
2) Acho no mínimo também racista selecionar candidatos pela cor. Se fosse para dar cotas, que se faça para os pobres, independente de sua raça. Significa que um negro é mais burro que um branco e por isso precisa de cotas? No mínimo ridículo.
3) É bem capaz de se aumentar o preconceito e a discriminação para com negros e índios em geral, e os cotistas em particular.
O Brasil faz tudo ao contrário. Em países ricos, o que se tem são colégios de ensino básico fantásticos e públicos, enquanto o ensino superior é privado e de qualidade. Aqui não, temos um ensino básico público decadente, sendo a qualidade proporcionada pelas escolas privadas, e o ensino superior de qualidade é público. No fim, você acaba selecionando aqueles que tiveram condições de pagar um colégio particular para estudar em universidades públicas, quando deveria ser o contrário. E aconteceria o contrário se mais investimento pesado em educação básico ocorresse, e de forma que haja menos desperdício de verbas.
Abraços
César
"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."
Antoine de Saint-Exupéry
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- Guerra
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temos um ensino básico público decadente
Falou tudo. Meu filho estuda numa escola publica. Ele esta na 2ª serie. Tem um moleque na sala dele que tem 13 anos. O garoto é um verdadeiro marginal e ninguem consegue tirar ele da escola.
O governo lotou as escolas para fazer propaganda eleitoral e para fazer bonito no exterior, mas ninguem divulga o padrão dos alunos.
Se começarem a investir no ensino basico em poucos anos resolveriam o problema sem essa bobagem de cotas.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- FinkenHeinle
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César escreveu:2) Acho no mínimo também racista selecionar candidatos pela cor. Se fosse para dar cotas, que se faça para os pobres, independente de sua raça. Significa que um negro é mais burro que um branco e por isso precisa de cotas? No mínimo ridículo.
O lado que ninguém comenta...
Vamos colocar na Universidade um aluno menos preparado em detrimento daquele que tinha um verdadeiro potencial?! Para além, vamos criar cotas para empregos... Vamos, portanto, empregar pessoas menos capazes em detrimento de pessoas realmente capazes?!
Nem mesmo sei se cotas para pessoas carentes é o certo... Afinal de contas, o pai rico não paga impostos da mesma forma como o pai do pobre?!
Então vamos adotar mensalidades nas Universidades Públicas, e ao invés de cotas, bolsas de estudo. Pode pagar?! Paga. Não pode?! Bolsa para quem é APTO!
Ou privatiza tudo e investe na Base, ao invés de colocar Band-Aid em Ferimento à Bala...
Atte.
André R. Finken Heinle
"If the battle for civilization comes down to the wimps versus the barbarians, the barbarians are going to win."
Thomas Sowell
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- delmar
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Não tenho uma opinião totalmente formada sobre o assunto, porém sei que o sistema de cotas não vai alterar muita coisa.
Tenho dois cunhados que moram em uma pequena cidade do interior RS onde há somente uma escola de segundo grau e ela é pública. Todos meus sobrinhos cursaram lá o segundo grau e todos eles conseguiram ingressar na universidade federal de Santa Maria, em cursos como Engenharia, Agronomia e Veterinária.
Assim o que vai continuar acontecendo é que apenas os melhores alunos vão ser classificados e isto depende mais do ambiente familiar e dos estímulos que o aluno recebe em casa do que da escola.
Quanto a cota para afro-descendentes não sei como é em outras cidades. Em Porto Alegre já há uma pequena classe média, negra ou mulata. Os candidatos a serem aprovados no vestibular vão sair dalí. Serão os filhos de professores, militares e policiais, servidores públicos, etc. Familias que se preocupam com a educação dos filhos e vão prepara-los com cursinhos e similares.
O mesmo vai acontecer com os indios. Serão os indios aculturados e os mestiços, todos já inseridos na vida moderna, que irão ocupar as vagas reservadas à cota indígena. A maior parte jamais viu uma aldeia, só na TV.
Sair da favela, ou da aldeia, direto para a universidade, em uma geração, continuará sendo um milagre.
Saudações
Tenho dois cunhados que moram em uma pequena cidade do interior RS onde há somente uma escola de segundo grau e ela é pública. Todos meus sobrinhos cursaram lá o segundo grau e todos eles conseguiram ingressar na universidade federal de Santa Maria, em cursos como Engenharia, Agronomia e Veterinária.
Assim o que vai continuar acontecendo é que apenas os melhores alunos vão ser classificados e isto depende mais do ambiente familiar e dos estímulos que o aluno recebe em casa do que da escola.
Quanto a cota para afro-descendentes não sei como é em outras cidades. Em Porto Alegre já há uma pequena classe média, negra ou mulata. Os candidatos a serem aprovados no vestibular vão sair dalí. Serão os filhos de professores, militares e policiais, servidores públicos, etc. Familias que se preocupam com a educação dos filhos e vão prepara-los com cursinhos e similares.
O mesmo vai acontecer com os indios. Serão os indios aculturados e os mestiços, todos já inseridos na vida moderna, que irão ocupar as vagas reservadas à cota indígena. A maior parte jamais viu uma aldeia, só na TV.
Sair da favela, ou da aldeia, direto para a universidade, em uma geração, continuará sendo um milagre.
Saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- Marcos Falco
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"Daqui a alguns anos, será que um paciente não desconfiará de um cirurgião negro antes de se submeter a uma operação? "Doutor, o senhor entrou na faculdade pelas cotas ou por nota?" Há, sim, o risco de que profissionais negros sejam vistos com desconfiança e tenham seu talento e potencial contestados".
Eu quero ver na porta do avião: Comandante, o sr. entrou na escola de aviação por mérito ou pela cota? "
Se um médico ou comandante que seja for capaz de passar os cinco ou seis anos da universidade tirar notas e elaborar projetose pesquisas como os demais, acho que o fato de ser nrgro ou branco não vai interferir no seu desempenho profissional e ninguém vai se atrever a fazer uma pergunta ridícula como essa "Doutor, o senhor entrou na faculdade pelas cotas ou por nota?"
Aí há uma compreensão imediatista da situação, pois a questão está na inserção na universidade. Se o universitário fizer uma faculdade, seja por cotas ou não, e não tirar notas, será reprovado. As cotas democratizam o acesso facilitando àqueles que levam desvantagem devido á sua condição social e descriminatória.
Nossa cultura capitalista e liberal diz que todos temos liberdade para desenvolver nossas aptidões individuais, como numa maratona, onde somente os mais preparados é que chegam na frente...Gosto das cotas, além de outros motivos, porque vão na contra-mão deste senso comum capitalista (assim é compreensível a maioria ser contra).
Eu quero ver na porta do avião: Comandante, o sr. entrou na escola de aviação por mérito ou pela cota? "
Se um médico ou comandante que seja for capaz de passar os cinco ou seis anos da universidade tirar notas e elaborar projetose pesquisas como os demais, acho que o fato de ser nrgro ou branco não vai interferir no seu desempenho profissional e ninguém vai se atrever a fazer uma pergunta ridícula como essa "Doutor, o senhor entrou na faculdade pelas cotas ou por nota?"
Aí há uma compreensão imediatista da situação, pois a questão está na inserção na universidade. Se o universitário fizer uma faculdade, seja por cotas ou não, e não tirar notas, será reprovado. As cotas democratizam o acesso facilitando àqueles que levam desvantagem devido á sua condição social e descriminatória.
Nossa cultura capitalista e liberal diz que todos temos liberdade para desenvolver nossas aptidões individuais, como numa maratona, onde somente os mais preparados é que chegam na frente...Gosto das cotas, além de outros motivos, porque vão na contra-mão deste senso comum capitalista (assim é compreensível a maioria ser contra).
- Guerra
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Nossa cultura capitalista e liberal diz que todos temos liberdade para desenvolver nossas aptidões individuais, como numa maratona, onde somente os mais preparados é que chegam na frente...Gosto das cotas, além de outros motivos, porque vão na contra-mão deste senso comum capitalista (assim é compreensível a maioria ser contra).
Marcos, com todo respeito a sua opinião, mas acho que voce esta levando a discussão para outro caminho (aquele caminho).
Cara, eu já fui discrimado por minha cor aqui no Brasil, e não gostei nem um pouco. Eu só não gosto como a questão do racismo é tratada no Brasil. Um exemplo é aquela história do jogador argentino que foi preso por chamar o jogador "GRAFITE" de "MACACO". Com as cotas é a mesma coisa. Eu estou andando na rua e alguém diz: "venha aqui negro" isso é discriminação. Eu vou fazer uma matricula na faculdade, puxo uma cadeira e digo: "eu sou negro".
A maior prova que as cotas não são a solução é que se eu for numa faculdade e dizer que sou negro o cara vai rir da minha cara, mas como eu disse, eu já fui discriminado. Entendeu?
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
César escreveu:Sendo bastante simples, sou contra as cotas. Basicamente por alguns dos motivos aqui apresentados:
1) Irá tapar o sol com a peneira. A solução não é dar um empurranzinho para o pessoal de escolas públicas entrarem(via cotas) mas sim fazer o que já deveria ter sido feito há muito tempo: Melhorar a qualidade das nossas escolas públicas de ensino fundamental e médio. O Brasil gasta pouquíssimo por ano com alunos desses níveis de ensino. Enquanto em 2000 um aluno de ensino fundamental custava ao governo 900 dólares/ano, um de ensino superior absurdos 13.500 dólares/ano!
2) Acho no mínimo também racista selecionar candidatos pela cor. Se fosse para dar cotas, que se faça para os pobres, independente de sua raça. Significa que um negro é mais burro que um branco e por isso precisa de cotas? No mínimo ridículo.
3) É bem capaz de se aumentar o preconceito e a discriminação para com negros e índios em geral, e os cotistas em particular.
O Brasil faz tudo ao contrário. Em países ricos, o que se tem são colégios de ensino básico fantásticos e públicos, enquanto o ensino superior é privado e de qualidade. Aqui não, temos um ensino básico público decadente, sendo a qualidade proporcionada pelas escolas privadas, e o ensino superior de qualidade é público. No fim, você acaba selecionando aqueles que tiveram condições de pagar um colégio particular para estudar em universidades públicas, quando deveria ser o contrário. E aconteceria o contrário se mais investimento pesado em educação básico ocorresse, e de forma que haja menos desperdício de verbas.
Abraços
César
Considerações:
1) 13.500 dólares por aluno no ensino superior público nem contando com os aposentados. As IFES custaram, em 2004, cerca de R$ 5,1 bi de reais fora aposentadorias. Como elas têm 450 mil alunos dá um montante de cerca de 12.000 reais por aluno de uma IFES.
2) Se você acha que quem entra em Harvard, Princeton, Yale ou em Cambridge e Oxford são pobretões que estudaram em escolas públicas você está enganado. Mais de metade do corpo docente dessas escolas veio de escolas privadas. Quase como aqui, onde uma universidade federal de ponta tipo a UFMG tem algo como 55-60% dos docentes provenientes de escolas particulares. Moral da história: em qualquer lugar o ensino de ponta é excludente.
3) Essa história de nos outros países do mundo o ensino superior ser privado é mais uma lenda urbana. Na Inglaterra, na Austrália, na maioria dos países da Europa Continental e mesmo nos EUA o ensino superior é majoritariamente público. Inglaterra e Austrália são locais inclusive onde é proibida a existência de universidades privadas. A diferença para o Brasil é que em alguns desses locais (esp. EUA e Inglaterra) o ensino apesar de público é, de alguma forma, pago. Mas isso não significa que o estado coloque dinheiro no setor. Aliás, em várias universidades de ponta mesmo quem paga mensalidade inteira (sem bolsas) não paga o suficiente para cobrir seus custos. O que muda é que aqui quem paga a conta é só o setor público. Já em outros países a conta é dividida entre os pais ricos que pagam a universidade de seus filhos, entre os ricos em geral e as empresas que contribuem para a universidade (voluntariamente) e o estado. Para piorar como no Brasil o sistema de impostos é altamente regressivo acaba que são os mais pobres que financiam a educação dos mais ricos. A solução? Talvez cobrar mensalidade dos estudantes mais ricos ajude a universidade a ter mais dinheiro, mas esse seria somente um complemento, uma vez que os recursos disponíveis nas universidades públicas estão aquém do necessário. Outra coisa seria incentivar parcerias com empresas para pesquisa.
Arthur
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3) "Essa história de nos outros países do mundo o ensino superior ser privado é mais uma lenda urbana. Na Inglaterra, na Austrália, na maioria dos países da Europa Continental e mesmo nos EUA o ensino superior é majoritariamente público. Inglaterra e Austrália são locais inclusive onde é proibida a existência de universidades privadas. A diferença para o Brasil é que em alguns desses locais (esp. EUA e Inglaterra) o ensino apesar de público é, de alguma forma, pago. Mas isso não significa que o estado coloque dinheiro no setor. Aliás, em várias universidades de ponta mesmo quem paga mensalidade inteira (sem bolsas) não paga o suficiente para cobrir seus custos. O que muda é que aqui quem paga a conta é só o setor público. Já em outros países a conta é dividida entre os pais ricos que pagam a universidade de seus filhos, entre os ricos em geral e as empresas que contribuem para a universidade (voluntariamente) e o estado. Para piorar como no Brasil o sistema de impostos é altamente regressivo acaba que são os mais pobres que financiam a educação dos mais ricos. A solução? Talvez cobrar mensalidade dos estudantes mais ricos ajude a universidade a ter mais dinheiro, mas esse seria somente um complemento, uma vez que os recursos disponíveis nas universidades públicas estão aquém do necessário. Outra coisa seria incentivar parcerias com empresas para pesquisa."
Arthur
Parabéns, vc deu uma qualificada na discussão e trouxe elementos importantes para discutirmos a questão das cotas ou mais especificamente do ensino público no Brasil...
Pois veja, as cotas não resolvem o problema, mas ameniza. O correto seria que todos tivessem acesso à Universidade, independente de cor ou condição social. Sonho um dia não precisar mais delas, mas acho que estamos caminhando pra isso.
Sou professor da rede pública no ensino médio e preparo alunos para o Vestibular. Alguns dados ajudam a ilustrar o que quero dizer: Os alunos do ensino médio a partir deste ano receberão do governo federal, o livro didático de português e matemática e a partir do próximo ano de outras disciplinas, boa parte das escolas públicas já dispõem e sala de computação e laboratórios. Nesta escola estadual que trabalho formaram em torno de 100 alunos no terceiro colegial em 2005 e 18 alunos conseguiram ingressar na Universidade Pública. Não é o ideal ainda mas estamos caminhando e melhorando a cada dia...
Não faço aqui uma defesa gratuita do Governo (que teve no passado e ainda tem grande responsabilidade sobre a má qualidade do ensino público), mas os oito anos que tenho de profissão já me fizeram enchergar que as coisas estão melhorando, a passo de tartaruga ainda, mas estão....
Voltando à sitação do Sr. Arthur, no Brasil vivemos uma situação muito difícil de ser contornada, que passa por uma questão cultural. Nos países desenvolvidos, como nos exemplos acima, os mais ricos e a população com melhor condição social tem mais responsavilidades com a coisa pública, enquanto no Brasil a idéia que se tem é que tudo ou quase tudo é de responsabilidade do Estado. O Estado, fragilizado pelas políticas neoliberais não tem condições de corresponder às expectastivas da demanda social. Desta forma, os privilégios se reservam a uma camada minima da sociedade. É ai que as cotas, com todas as suas deficiências entram pra conquistar uma fatia do bolo e resgatar um déficit com aqueles que foram imprescindíveis com a construção das riquezas no Brasil - Os negros.
Arthur
Parabéns, vc deu uma qualificada na discussão e trouxe elementos importantes para discutirmos a questão das cotas ou mais especificamente do ensino público no Brasil...
Pois veja, as cotas não resolvem o problema, mas ameniza. O correto seria que todos tivessem acesso à Universidade, independente de cor ou condição social. Sonho um dia não precisar mais delas, mas acho que estamos caminhando pra isso.
Sou professor da rede pública no ensino médio e preparo alunos para o Vestibular. Alguns dados ajudam a ilustrar o que quero dizer: Os alunos do ensino médio a partir deste ano receberão do governo federal, o livro didático de português e matemática e a partir do próximo ano de outras disciplinas, boa parte das escolas públicas já dispõem e sala de computação e laboratórios. Nesta escola estadual que trabalho formaram em torno de 100 alunos no terceiro colegial em 2005 e 18 alunos conseguiram ingressar na Universidade Pública. Não é o ideal ainda mas estamos caminhando e melhorando a cada dia...
Não faço aqui uma defesa gratuita do Governo (que teve no passado e ainda tem grande responsabilidade sobre a má qualidade do ensino público), mas os oito anos que tenho de profissão já me fizeram enchergar que as coisas estão melhorando, a passo de tartaruga ainda, mas estão....
Voltando à sitação do Sr. Arthur, no Brasil vivemos uma situação muito difícil de ser contornada, que passa por uma questão cultural. Nos países desenvolvidos, como nos exemplos acima, os mais ricos e a população com melhor condição social tem mais responsavilidades com a coisa pública, enquanto no Brasil a idéia que se tem é que tudo ou quase tudo é de responsabilidade do Estado. O Estado, fragilizado pelas políticas neoliberais não tem condições de corresponder às expectastivas da demanda social. Desta forma, os privilégios se reservam a uma camada minima da sociedade. É ai que as cotas, com todas as suas deficiências entram pra conquistar uma fatia do bolo e resgatar um déficit com aqueles que foram imprescindíveis com a construção das riquezas no Brasil - Os negros.
- Marcos Falco
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Caro SGT Guerra
Eu só não gosto como a questão do racismo é tratada no Brasil. Um exemplo é aquela história do jogador argentino que foi preso por chamar o jogador "GRAFITE" de "MACACO".
Ai então o problema é com os Argentinos, que são certamente bem mais racistas que os brasileiros...
Com as cotas é a mesma coisa. Eu estou andando na rua e alguém diz: "venha aqui negro" isso é discriminação. Eu vou fazer uma matricula na faculdade, puxo uma cadeira e digo: "eu sou negro".
A maior prova que as cotas não são a solução é que se eu for numa faculdade e dizer que sou negro o cara vai rir da minha cara, mas como eu disse, eu já fui discriminado. Entendeu?
Me desculpe, mas pensando assim vc vai ser discriminado sempre. Tenho vários amigos negros que são contra as cotas. Eu mesmo não sendo negro defendo as cotas assim como defenderia a reserva de metade das vagas da Universidade Pública para alunos pobres, de Escolas Públicas...Defendo sempre a política a favor dos menos favorecidos, da administração popular, a administração do "robim legal", (citação minha): Recolher de quem tem para distribuir a quem não tem... Dar com uma mão e pegar com a outra é o que eles (os abastados) querem!!!!!!
Eu só não gosto como a questão do racismo é tratada no Brasil. Um exemplo é aquela história do jogador argentino que foi preso por chamar o jogador "GRAFITE" de "MACACO".
Ai então o problema é com os Argentinos, que são certamente bem mais racistas que os brasileiros...
Com as cotas é a mesma coisa. Eu estou andando na rua e alguém diz: "venha aqui negro" isso é discriminação. Eu vou fazer uma matricula na faculdade, puxo uma cadeira e digo: "eu sou negro".
A maior prova que as cotas não são a solução é que se eu for numa faculdade e dizer que sou negro o cara vai rir da minha cara, mas como eu disse, eu já fui discriminado. Entendeu?
Me desculpe, mas pensando assim vc vai ser discriminado sempre. Tenho vários amigos negros que são contra as cotas. Eu mesmo não sendo negro defendo as cotas assim como defenderia a reserva de metade das vagas da Universidade Pública para alunos pobres, de Escolas Públicas...Defendo sempre a política a favor dos menos favorecidos, da administração popular, a administração do "robim legal", (citação minha): Recolher de quem tem para distribuir a quem não tem... Dar com uma mão e pegar com a outra é o que eles (os abastados) querem!!!!!!
- Guerra
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Defendo sempre a política a favor dos menos favorecidos, da administração popular, a administração do "robim legal", (citação minha): Recolher de quem tem para distribuir a quem não tem
Eu também penso assim Marcos. Quando foi que eu disse aqui que os pobres (e eu me incluo nessa) não deveriam ter mais acesso a educação? Quando foi que eu disse que a distribuição de renda no Brasil é justa? E esse é mais um motivo para eu ser contra. Digamos que 70% da população do Brasil seja pobre e não tenha acesso a educação, e solução é fazer uma lei para os negros? E os "não negros", digo "não negros" porque a maioria dos brasileiros não são negros o suficiente para concorrer a uma vaga e não são brancos o suficiente para não serem discriminados.
As cotas são um errro, porque a educação é um problema serio demais para ser tratado de forma hipocrita como o racismo é tratado no Brasil, e importante demais para ficar a nivel de uma discussão ideologica.
Ai então o problema é com os Argentinos, que são certamente bem mais racistas que os brasileiros...
Não é questão de ser mais ou menos, chamo a atenção pela hipocrisia... rapaz "grafite" é tão ofensivo quanto "macaco".
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Clermont
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SGT GUERRA escreveu: Eu também penso assim Marcos. Quando foi que eu disse aqui que os pobres (e eu me incluo nessa) não deveriam ter mais acesso a educação? Quando foi que eu disse que a distribuição de renda no Brasil é justa? E esse é mais um motivo para eu ser contra. Digamos que 70% da população do Brasil seja pobre e não tenha acesso a educação, e solução é fazer uma lei para os negros? E os "não negros", digo "não negros" porque a maioria dos brasileiros não são negros o suficiente para concorrer a uma vaga e não são brancos o suficiente para não serem discriminados.
As cotas são um errro, porque a educação é um problema serio demais para ser tratado de forma hipocrita como o racismo é tratado no Brasil, e importante demais para ficar a nivel de uma discussão ideologica.
Perfeito, Sgt Guerra, nada a acrescentar pois.
Agora, vamos cruzar os dedos e torcer para que a esquerda seja fulminada em outubro. Depois, vamos continuar de dedos cruzados e torcer mais ainda para que o novo governo do PSDB (seja lá qual for o candidato escolhido) não se submeta à chantagem da CNBB, dos movimentos negros e de setores intelectualóides e revogue de forma total e permanente essa nociva, anti-brasileira e alienígena política de cotas.
-
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Salve Arthur,
Livro "A Revolução gerenciada: Educação no Brasil 1995-2002", autor: Paulo Renato Souza(ex-ministro da educação).
Figura A4, página 213: Investimento em educação em US$(´000) por aluno - 1999
Brasil:
Ensino fundamental(EF) - 0,9
Ensino médio(EM) - 1,1
Ensino superior(ES) - 13,6
Comparação com alguns outros países:
EUA:
EF - 6,6
EM - 8,1
ES - 19,2
Japão:
EF - 5,2
EM - 6,0
ES - 10,2
França:
EF - 4,1
EM - 7,1
ES - 7,9
Portugal:
EF - 2,2
EM - 5,2
ES - 4,8
Inglaterra:
EF - 3,6
EM - 5,6
ES - 9,5
Espanha:
EF - 3,6
EM - 4,9
ES - 5,7
Chile:
EF- 1,4
EM - 1,9
ES- 6,9
Argentina:
EF- 1,6
EM- 2,3
ES- 5,6
Uruguai:
EF- 1,0
EM- 1,3
ES- 2,2
México:
EF- 1,1
EM- 1,5
ES- 4,8
Malásia:
EF- 1,0
EM- 1,8
ES- 8,0
Paraguai:
EF- 0,8
EM- 1,5
ES- 5,5
Fonte no livro para os dados: OECD Education at a Glance 2002.
-------------------------------------------------------------
Muita gente irá querer desqualificar esses dados, pois eles estão no livro do ministro da educação do governo FHC. Ainda assim, se forem verdade, mostra algo interessante. O Brasil gasta muito mais por aluno no ensino superior que muitos países ricos! Pela tabela, apenas os Estados Unidos gastam mais que nós(dentre esses países). Por outro lado, só o Paraguai gasta menos que nós em ensino fundamental por aluno, porém mesmo ele gasta mais que nós em ensino médio.
Mostra uma coisa: Os gastos em educação no Brasil são distorcidos. O sistema de Universidades Federais é caro, caro demais. Gastamos montanhas de dinheiro em educação, porém o dinheiro é mal aplicado. Tá certo que o fato de termos apenas 900(fundamenta) e 1.100(médio) dólares por aluno no ensino básico decorre do tamanho de nossa população de estudantes, uns 30 milhões de pessoas. Ainda assim, mostra que gastamos pouco com quem deveríamos realmente gastar.
Pela tabela, TODOS os países desenvolvidos gastam quantias muito maiores por estudante no nível básico, e não tenho dúvidas de que gastam melhor que a nossa burocracia estatizante engessada e ineficiente.
Não é questão de ser excludente, e sim ineficiente para os custos para mantê-la operando. Com esse gasto por aluno deveríamos ter um ensino superior dentre os mais avançados do planeta!!!
E acredito que embora seja excludente, o sistema de lá deve ser menos que o daqui. Principalmente porque nesses países a educação básica é levada a sério, e pessoas menos favorecidas tem um ensino básico muito melhor que o Brasileiro.
Interessante, não sabia disso. Vivendo e aprendendo,obrigado
No mais, continuo sendo contra as cotas por julgar que elas não resolverão o problema da educação. Pior, poderão piorá-lo. Devemos forçar o Estados a investir em educação básica de qualidade e tornar o sistema mais igualitário.
Outra coisa se refere ao problema da meritocracia. Algo que os meus professores da UFSC elogiam são a qualidade dos seus alunos, pois o sistema de vestibular é um funil no qual só passam os melhores. Eles comentam que, embora muitas Universidades privadas tenham estruturas melhores, os alunos das Federais são um diferencial bastante grande e uma das poucas coisas que salvam a mesma de um desastre em qualidade de ensino.
As cotas vão contra a meritocracia. Nisso alguém pode dizer "Ahh César, seu egoísta desgraçado, só pensa em quem tem dinheiro pra entrar na Federal(que são quem teve condições de estudar e são os mais capazes por isso) e se esquece de quem não teve essa oportunidade". Não, não esqueço dos pobres. Aliás, penso neles no sentido de que vejo(na minha concepção) a real fonte do problema. A universalização da Universidade não ocorrerá nunca com ajudas e empurranzinhos para que pessoas pobres(ou a aberração de seleção por raças ao invés de nível sócio-econômico) entrem lá. Temos o risco de acabar reduzindo o nível das Federais, pois estes alunos não tiveram uma boa base de ensino no nível básico. Porém, se realmente melhorarmos pra valer a educação pública básica, as pessoas pobres terão condições de disputar em igualdade com os que estudaram em colégios particulares. Teremos universalizado a Universidade sem acabar com a meritocracia ou reduzir o seu nível.
E o que é ainda melhor: Toda a sociedade se beneficiará com essa mudança, não apenas uns poucos alunos pobres que entrarão no ensino superior com esse "jeitinho". Que, cá pra nós, me parece ter objetivos eleitoreiros.
Abraços
César
Arthur escreveu:1) 13.500 dólares por aluno no ensino superior público nem contando com os aposentados. As IFES custaram, em 2004, cerca de R$ 5,1 bi de reais fora aposentadorias. Como elas têm 450 mil alunos dá um montante de cerca de 12.000 reais por aluno de uma IFES.
Livro "A Revolução gerenciada: Educação no Brasil 1995-2002", autor: Paulo Renato Souza(ex-ministro da educação).
Figura A4, página 213: Investimento em educação em US$(´000) por aluno - 1999
Brasil:
Ensino fundamental(EF) - 0,9
Ensino médio(EM) - 1,1
Ensino superior(ES) - 13,6
Comparação com alguns outros países:
EUA:
EF - 6,6
EM - 8,1
ES - 19,2
Japão:
EF - 5,2
EM - 6,0
ES - 10,2
França:
EF - 4,1
EM - 7,1
ES - 7,9
Portugal:
EF - 2,2
EM - 5,2
ES - 4,8
Inglaterra:
EF - 3,6
EM - 5,6
ES - 9,5
Espanha:
EF - 3,6
EM - 4,9
ES - 5,7
Chile:
EF- 1,4
EM - 1,9
ES- 6,9
Argentina:
EF- 1,6
EM- 2,3
ES- 5,6
Uruguai:
EF- 1,0
EM- 1,3
ES- 2,2
México:
EF- 1,1
EM- 1,5
ES- 4,8
Malásia:
EF- 1,0
EM- 1,8
ES- 8,0
Paraguai:
EF- 0,8
EM- 1,5
ES- 5,5
Fonte no livro para os dados: OECD Education at a Glance 2002.
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Muita gente irá querer desqualificar esses dados, pois eles estão no livro do ministro da educação do governo FHC. Ainda assim, se forem verdade, mostra algo interessante. O Brasil gasta muito mais por aluno no ensino superior que muitos países ricos! Pela tabela, apenas os Estados Unidos gastam mais que nós(dentre esses países). Por outro lado, só o Paraguai gasta menos que nós em ensino fundamental por aluno, porém mesmo ele gasta mais que nós em ensino médio.
Mostra uma coisa: Os gastos em educação no Brasil são distorcidos. O sistema de Universidades Federais é caro, caro demais. Gastamos montanhas de dinheiro em educação, porém o dinheiro é mal aplicado. Tá certo que o fato de termos apenas 900(fundamenta) e 1.100(médio) dólares por aluno no ensino básico decorre do tamanho de nossa população de estudantes, uns 30 milhões de pessoas. Ainda assim, mostra que gastamos pouco com quem deveríamos realmente gastar.
Pela tabela, TODOS os países desenvolvidos gastam quantias muito maiores por estudante no nível básico, e não tenho dúvidas de que gastam melhor que a nossa burocracia estatizante engessada e ineficiente.
2) Se você acha que quem entra em Harvard, Princeton, Yale ou em Cambridge e Oxford são pobretões que estudaram em escolas públicas você está enganado. Mais de metade do corpo docente dessas escolas veio de escolas privadas. Quase como aqui, onde uma universidade federal de ponta tipo a UFMG tem algo como 55-60% dos docentes provenientes de escolas particulares. Moral da história: em qualquer lugar o ensino de ponta é excludente.
Não é questão de ser excludente, e sim ineficiente para os custos para mantê-la operando. Com esse gasto por aluno deveríamos ter um ensino superior dentre os mais avançados do planeta!!!
E acredito que embora seja excludente, o sistema de lá deve ser menos que o daqui. Principalmente porque nesses países a educação básica é levada a sério, e pessoas menos favorecidas tem um ensino básico muito melhor que o Brasileiro.
3) Essa história de nos outros países do mundo o ensino superior ser privado é mais uma lenda urbana. Na Inglaterra, na Austrália, na maioria dos países da Europa Continental e mesmo nos EUA o ensino superior é majoritariamente público. Inglaterra e Austrália são locais inclusive onde é proibida a existência de universidades privadas. A diferença para o Brasil é que em alguns desses locais (esp. EUA e Inglaterra) o ensino apesar de público é, de alguma forma, pago. Mas isso não significa que o estado coloque dinheiro no setor. Aliás, em várias universidades de ponta mesmo quem paga mensalidade inteira (sem bolsas) não paga o suficiente para cobrir seus custos. O que muda é que aqui quem paga a conta é só o setor público. Já em outros países a conta é dividida entre os pais ricos que pagam a universidade de seus filhos, entre os ricos em geral e as empresas que contribuem para a universidade (voluntariamente) e o estado. Para piorar como no Brasil o sistema de impostos é altamente regressivo acaba que são os mais pobres que financiam a educação dos mais ricos. A solução? Talvez cobrar mensalidade dos estudantes mais ricos ajude a universidade a ter mais dinheiro, mas esse seria somente um complemento, uma vez que os recursos disponíveis nas universidades públicas estão aquém do necessário. Outra coisa seria incentivar parcerias com empresas para pesquisa.
Interessante, não sabia disso. Vivendo e aprendendo,obrigado
No mais, continuo sendo contra as cotas por julgar que elas não resolverão o problema da educação. Pior, poderão piorá-lo. Devemos forçar o Estados a investir em educação básica de qualidade e tornar o sistema mais igualitário.
Outra coisa se refere ao problema da meritocracia. Algo que os meus professores da UFSC elogiam são a qualidade dos seus alunos, pois o sistema de vestibular é um funil no qual só passam os melhores. Eles comentam que, embora muitas Universidades privadas tenham estruturas melhores, os alunos das Federais são um diferencial bastante grande e uma das poucas coisas que salvam a mesma de um desastre em qualidade de ensino.
As cotas vão contra a meritocracia. Nisso alguém pode dizer "Ahh César, seu egoísta desgraçado, só pensa em quem tem dinheiro pra entrar na Federal(que são quem teve condições de estudar e são os mais capazes por isso) e se esquece de quem não teve essa oportunidade". Não, não esqueço dos pobres. Aliás, penso neles no sentido de que vejo(na minha concepção) a real fonte do problema. A universalização da Universidade não ocorrerá nunca com ajudas e empurranzinhos para que pessoas pobres(ou a aberração de seleção por raças ao invés de nível sócio-econômico) entrem lá. Temos o risco de acabar reduzindo o nível das Federais, pois estes alunos não tiveram uma boa base de ensino no nível básico. Porém, se realmente melhorarmos pra valer a educação pública básica, as pessoas pobres terão condições de disputar em igualdade com os que estudaram em colégios particulares. Teremos universalizado a Universidade sem acabar com a meritocracia ou reduzir o seu nível.
E o que é ainda melhor: Toda a sociedade se beneficiará com essa mudança, não apenas uns poucos alunos pobres que entrarão no ensino superior com esse "jeitinho". Que, cá pra nós, me parece ter objetivos eleitoreiros.
Abraços
César
"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."
Antoine de Saint-Exupéry
Antoine de Saint-Exupéry