Na verdade, o pobre repórter até deve ter feito alguma perquisa, porque ao que parece os russos realmente avaliaram o São Paulo e consideraram possível operar o Su-33, apesar de serem necessárias adaptações.
Os russos, são os melhores do mundo a fazer projectos. Mas parece que se ficam sempre pelos projectos. Ou por falta de dinheiro, ou por falta de planeamento, ou por falta de dinheiro, ou porque o técnico encontrou emprego a vender verduras na Alemanha, ou por falta de dinheiro, enfim...
No entanto admito que eles têm sempre projectos muito bonitos no papel, e nas estatísticas então, ficam uma beleza
Naturalmente que se o São Paulo fosse alterado podia operar um avião do tipo de um SU-30. Mas por aí, até uma corveta Barroso podia ser equipada com AEGIS. Poder pode, o problema é se funciona.
Uma das soluções russas é aliás muito simples:
Como eles não conseguiram nunca construir uma catapulta suficientemente forte para catapultar aviões muito pesados, eles recorreram à solução da rampa Sky-Jump.
Com essa rampa, é o próprio avião que utiliza todo o potêncial do seu motor para se catapultar para o céu, com a ajuda da rampa.
Isto está tudo muito bem, mas apresenta dois problemas graves:
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O enorme gasto de combustível do avião para se colocar no ar em apenas alguns segundos, reduz-lhe a autonomia e alcance máximo, além de lhe reduzir a capacidade de transporte máxima.
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O outro problema é a pista propriamente dita.
O São Paulo tem catapultas e por isso, pode ter um maior numero de aviões no convés de voo, porque os aviões são transportados para a área mais à proa para serem catapultados.
Mas se você retira as catapultas para aplicar uma rampa Sky-Jump, a área que você tem que utilizar (pista de descolagem) é muito superior à que se utiliza presentemente (na proa).
Um avião russo, para descolar do São Paulo, poderia ter que fazer o voo d descolagem de meia-nau. Isto implica que, grande parte do navio deixaria de poder ser utilizado como área de parqueamento e gestão e organização de operações de vôo, para ficar apenas para convés de descolagem.
Resultado: Um muito menor numero de aeronaves no convés, maior esforço dos elevadores, e uma redução enorme na capacidade de colocar aeronaves no ar em alguns minutos.
Aliás, este é o problema do próprio Kuznetsov, que desloca quase o dobro do São Paulo, mas transporta menos aviões. Pensando nisto os russos fizeram um Kuznetsov com um convés de vôo enorme, para poder resolver o problema, mas o são Paulo não tem nem pode ter esse convés.
O São Paulo teria que ser completamente remodelado, para ficar com capacidade de operar uns 7 ou 8 Sukhoi (e já é com muita sorte). Como ficava sem catapultas, não poderia utilizar outro tipo de avião.
Sería uma opção desastrosa, e é obrigação de quem publica noticias sobre questões de defesa, esclarecer sobre estes problemas em vez de criar polêmicas que apenas acabam reduzindo a credibilidade de uma publicação. Se bem que, pelo que tenho visto por aí, a credibilidade da ISTO É, também não é lá grande coisa
Aliás está em elaboração no areamilitar.net uma matéria chamada "O que fazer com o porta-aviões São Paulo" que deverá ficar pronta ainda em Novembro, onde se fala sobre estas questões.
Cumprimentos