SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#31 Mensagem por Juniorbombeiro » Sáb Mar 18, 2017 9:53 pm

Bolovo escreveu:
Túlio escreveu:
Acho sim. Fui casado duas vezes e em ambas com mulheres que trabalhavam fora. Comecei na época em que os maridos começaram a ser "gentilmente encorajados" a ajudar em casa (ou isso ou "greve" e cara de cavalo por dias a fio), o que, no meu caso (plantão) significava que na folga tinha que fazer as refeições e lavar a louça. Fora isso, faxineira 2x por semana.

Depois que inventaram creche, pré-escola, escola, empregada, faxineira e babá, só acredita em "dupla jornada" quem nunca casou ou pelo menos morou junto.
Isso é uma evidência anedótica, Túlio. É justamente o oposto de evidência cientifica. E, bem, eu acredito no IBGE.

"A mulher trabalha cada vez mais que o homem. Não se trata de opinião ou sentimento, é dado estatisticamente comprovado pelo IBGE. Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que reúne informações de mais de 150 mil lares." - O GLOBO

Elas trabalham mais, trabalham mais em casa, ganham menos pelo mesmo cargo e passam mais tempo desempregadas. Não são dados meus, são do IBGE, ok? Portanto, temos que caminhar muito ainda para chegar numa igualdade de gênero e ai sim discutir aposentadoria na mesma idade. Num mundo ideal, eu também concordaria com a proposta, mas no Brasil de hoje isso não rola.
Ali no material que eu postei, tem exemplo de uma proposta híbrida adotada em alguns países, onde a mulher fica próxima da idade do homem para se aposentar e vai diminuindo a idade de acordo com o número de filhos que ela tiver. Me parece ser um modelo que deveria ser considerado. Mas isso não resolve a questão de desigualdade de salário, nisso temos que avançar muito ainda. Também tem a questão das mães solteiras que é um problema social gravíssimo no Brasil.




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#32 Mensagem por Túlio » Sáb Mar 18, 2017 10:19 pm

Juniorbombeiro escreveu:
Bolovo escreveu: Isso é uma evidência anedótica, Túlio. É justamente o oposto de evidência cientifica. E, bem, eu acredito no IBGE.

"A mulher trabalha cada vez mais que o homem. Não se trata de opinião ou sentimento, é dado estatisticamente comprovado pelo IBGE. Em uma década, a diferença aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que reúne informações de mais de 150 mil lares." - O GLOBO

Elas trabalham mais, trabalham mais em casa, ganham menos pelo mesmo cargo e passam mais tempo desempregadas. Não são dados meus, são do IBGE, ok? Portanto, temos que caminhar muito ainda para chegar numa igualdade de gênero e ai sim discutir aposentadoria na mesma idade. Num mundo ideal, eu também concordaria com a proposta, mas no Brasil de hoje isso não rola.
Ali no material que eu postei, tem exemplo de uma proposta híbrida adotada em alguns países, onde a mulher fica próxima da idade do homem para se aposentar e vai diminuindo a idade de acordo com o número de filhos que ela tiver. Me parece ser um modelo que deveria ser considerado. Mas isso não resolve a questão de desigualdade de salário, nisso temos que avançar muito ainda. Também tem a questão das mães solteiras que é um problema social gravíssimo no Brasil.

E chegamos ao meu ponto fulcral: NADA disso está sendo discutido com ninguém, é tudo a portas fechadas e será decidido na calada da noite. Só para variar...




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#33 Mensagem por Juniorbombeiro » Sáb Mar 18, 2017 10:33 pm

Túlio escreveu:
Juniorbombeiro escreveu: Ali no material que eu postei, tem exemplo de uma proposta híbrida adotada em alguns países, onde a mulher fica próxima da idade do homem para se aposentar e vai diminuindo a idade de acordo com o número de filhos que ela tiver. Me parece ser um modelo que deveria ser considerado. Mas isso não resolve a questão de desigualdade de salário, nisso temos que avançar muito ainda. Também tem a questão das mães solteiras que é um problema social gravíssimo no Brasil.

E chegamos ao meu ponto fulcral: NADA disso está sendo discutido com ninguém, é tudo a portas fechadas e será decidido na calada da noite. Só para variar...
Bingo, é justamente isso que quero dizer, alguns estão defendendo o indefensável, a previdência precisa ser revisada de tempos em tempos, pois as características da sociedade mudam, algumas coisas que valiam a 30 anos podem ser diferentes hoje, mas o que estão tentando passar não é reforma, é senvergonhice mesmo. Sequer o pessoal do IBGE foi consultado pelo jeito, essa reforma foi gestada nas instituições financeiras e foi um dos motivos do impeachment.




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#34 Mensagem por Bourne » Dom Mar 19, 2017 9:48 am

A reforma da Previdência e outras como PEC dos gastos são propostas da burocracia estatal, que vem do Ministério da Fazenda, Secretária do Tesouro Nacional e IPEA. Ela é extremamente consolidada e forte.

Eles são muito bem formados, ganham muito bem para isso, tem um monte de dados e estados para fazer as propostas. Assim, o governo que está lá, pode ser qualquer um, muda marginalmente os itens e busca aprovar. Principalmente, vendem suas ideias quando ocorrem crises ou governos estão desesperados prontos para aceitar qualquer coisa.

O problema é que não há discussão com está fora do governo. Dessa forma, existe uma tecnocracia que pensam que estão acima do bem e do mal, capazes de dar as melhores soluções. Isso incorpora o maniqueísmo que o governo sempre tem os melhores nome e está sempre certo. Se não é do governo não pode falar. Já recebi patrulhada de concurseiro assim.

Isso é uma falha grave no funcionamento de instituições democráticas. Coisa de governo autoritário. Não é assim, todas medidas tem ser discutidas profundamente. Cada argumento técnico sobre o que fazer, tem mais uns quatro ou cinco que vão dar soluções diferentes. Por que existem várias soluções que podem ser mais ou menos desejáveis. E quem está fora do governo tem mais condições de mostrar os argumento e ser menos interessado.

Olhe a discussão atual é não ter discussão. Virou a luta binária do lado não precisa de reforma e, o governo, que tem que ter reforma. Os dois lados mentem na descaradamente. Quando na fundo os dois sabem que precisa de reforma e é comum qualquer sistema previdenciário a cada cinco ou dez anos. Se não fizer o governo vira um grande RH para transferir dinheiro para aposentado e pensionista.

Por exemplo, uma das aberrações é olhar expectativa de vida ao nascer e não a partir do trabalhador ativo ou após uma faixa como 60 anos. Por que se pega ao nascer vai ter distorções por mortalidade infantil, acidentes e violência que afetam os jovem que são pessoas que nunca vão se aposentar. Já quando considerada a expectativa de vida para trabalhador ativo ou certa faixa de idade, limpa as distorções e foca em quem vai receber o benefício e por quanto tempo. No Brasil, o pessoal desse grupo tem perspectiva de vida 80 a 90 anos hoje, não tanto entre bairros e estados. Qualquer argumento de qualquer lado tem colocar na conta esse item. Já que terá também custo médico maiores, mais gasto com adequar a cidade entre outros.

Como também, eles sabem vai ter que ter mudança na idade e ir para cima de quem tem as melhores aposentadorias que são elite do funcionalismo público e quem tem maior renda. Por que esses grupos tem benefícios que são invidáveis com a capacidade fiscal do governo. Nos governos estaduais e municipais também. E acompanha o resto do mundo que está velho e vive mundo. Portanto, foca em quem tem menor renda e quem quer aprende a poupar e fazer patrimônio.




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#35 Mensagem por Túlio » Dom Mar 19, 2017 10:07 am

Bourne, mexer com a "elite do funcionalismo" é um vespeiro ainda pior do que com os Militares (FFAA): vai mexer com aposentadoria de juiz, promotor, até oficial de justiça pra ver; idem delegado de polícia (Civil e Federal) e Cel da PM. Idem aqueles caras que passam a vida mamando nas tetinhas das autarquias, pulando de chefia em chefia (mas sempre chefiando) ao sabor das veleidades político-partidárias. Idem com as "cobras véias" (funcionários de carreira) que tocam o Legislativo. Pior, mexer com os privilégios previdenciários dos próprios legisladores.

Enquadrar essa gente toda sob as mesmas regras dos "meros mortais" daria uma senhora economia aos cofres públicos (mas, pelo que sabemos, apenas serviria de combustível a algum outro esquema de roubalheira) mas valeria o preço político? Porque essa gente para o Brasil de maneira muito mais duradoura e eficaz do que greves-Zapzap da patuléia.

Porque para este povo não existe "coxinha" nem "mortadela", o que existe é a defesa de privilégios que já vêm de séculos, passaram intactos pela nossa fase Portuguesa (desde o próprio Descobrimento), pelo Império e pela República, em todas as suas versões. Não largam o osso de jeito nenhum!




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#36 Mensagem por Algus » Dom Mar 19, 2017 11:03 am

Clermont escreveu:Critiquem Temer à vontade, menos pela reforma da Previdência.

Raquel Landim - Folha de São Paulo, 17.03.17.

Circulam na Internet dois vídeos sobre a reforma da Previdência que se transformaram num bate-boca público.

No primeiro, o ator Wagner Moura diz que o governo Temer "vai acabar" com a Previdência, porque "quer que você morra sem se aposentar".

No segundo, o Planalto responde que o ator inventou uma "ficção" e garante que "os brasileiros vão ter muitos anos para aproveitar a aposentadoria".

Nesses tempos de "pós-verdade", as pessoas compartilham o vídeo que combina com sua posição política, sem se preocupar com os fatos. Mas, afinal, quem está com a razão?

https://www.youtube.com/watch?v=qJ3LFxG ... e=youtu.be

https://www.youtube.com/watch?v=oV4GSdknEdY

A principal divergência entre os dois é o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos (após 25 anos de contribuição) para a aposentadoria.

Contrário à reforma, Moura diz que "muitas regiões do Norte, Nordeste e da periferia das grandes cidades tem expectativa de vida abaixo dos 65 anos" e que "a reforma vai transformar o INSS numa funerária".

Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,5 anos, mas esse tempo muda conforme o gênero e as regiões do país. Em Alagoas, Maranhão e Piauí, que possuem os piores indicadores, os homens vivem, em média, 66 anos.

O argumento, no entanto, não resiste a uma análise mais profunda. Hoje, infelizmente, os brasileiros mais pobres já se aposentam praticamente na hora da morte. E não é a reforma que vai mudar isso.

As regras atuais são cheias de exceção, mas, em geral, as pessoas se aposentam por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres), ou por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres, após 15 anos de contribuição).

No Brasil, mais de 60% da população se aposenta com um salário mínimo aos 65 anos de idade, porque trabalha na informalidade durante a maior parte da vida.

Algumas vezes não chegam a atingir os 15 anos de contribuição exigidos e não conseguem se aposentar, recebendo apenas um benefício social, cujo limite o governo também quer subir para 70 anos - isso, sim, um erro que precisa ser corrigido.

Os mais prejudicados pela reforma da Previdência, portanto, não serão os mais pobres, mas as pessoas que conseguem trabalhar com carteira assinada e se aposentam, em média, aos 57 anos.

A reforma também corrige uma injustiça do sistema previdenciário, que é o benefício integral para o funcionalismo público. Com as mudanças, vão acabar as aposentadorias que passam de R$ 30 mil.

No vídeo de resposta, o governo explica alguns desses pontos, mas escorrega ao "dourar a pílula" para garantir que os brasileiros "terão muito tempo para aproveitar".

O argumento do Planalto é que não se deve utilizar a expectativa de vida para o cálculo da Previdência, porque esse indicador inclui a mortalidade infantil, mas, sim, a taxa de sobrevida a partir dos 65 anos.

Segundo o IBGE, os brasileiros que chegam aos 65 anos vivem, em média, até os 83 anos —ou seja, receberiam aposentadoria por 18 anos. Tecnicamente é isso que importa para o sistema, mas obviamente não é o que interessa às pessoas.

O que a população quer saber é porque quanto tempo deve receber seu benefício depois de contribuir por vários anos. É isso que define se vale a pena ou não pagar o INSS como qualquer outro investimento.

Hoje um jovem de 20 anos que termina o ensino médio e começa a trabalhar e contribuir para a Previdência tem expectativa de viver até os 77 anos. Pelas novas regras, receberia sua aposentadoria por 12 anos. Para homens, a média cai para 9 anos.

Resumindo: em média, os brasileiros não vão morrer antes de se aposentar, mas tampouco terão esse tempo todo para aproveitar.

Não adianta, portanto, governo e oposição "torturarem" os números. Isso só atrapalha um debate que é árido, impopular, mas infelizmente inadiável. A Previdência já é deficitária em R$ 151 bilhões e o problema só vai piorar a medida que os brasileiros viverem mais.

A reforma é dura e requer reflexão no Congresso, mas é necessária. E Temer merece críticas de Wagner Moura ou de qualquer outro cidadão por ser cercado de auxiliares corruptos, por ser machista, por entregar saúde e educação a políticos despreparados, etc, etc, etc.

Critiquem Temer à vontade, mas não pela reforma da Previdência, que, se aprovada, será um legado importante para o país.
60% da população se aposentar por idade não significa que se aposentam com 65. O fundo rural aposenta homens com 60 anos e as mulheres (sendo fundo rural ou não) se aposentam com 5 anos a menos.

Então temos 60% da população hoje que se aposenta por idade. Uma fração disso é composta por homens que moram nas capitais e que se aposentam com 65, outra é composta por mulheres que moram nas capitais e se aposentam com 60 anos, outra fração é por homens que se aposentam com 60 pelo fundo rural e outra é por mulheres que se aposentam com 55 pelo fundo rural. Considerando que existem muito mais idosos mulheres, já que a expectativa de vida da mulher é sensivelmente maior que a do homem, é evidente que a informação grifada não é verdadeira.

Além disso, ainda tem os outros 40% que se aposentam por tempo de serviço. Esse percentual não pode ser ignorado, é quase metade do total.

Independentemente da previdência ser superavitária ou não, nas próximas décadas a tendência é que ela se torne deficitária. Nossa população começará a envelhecer nos próximos anos, então uma reforma é necessária. O que eu questiono é essa reforma aí, da forma como está sendo proposta.

Ela incentiva a contribuição até os 25 anos. Com 25 anos você recebe 75% da renda média dos últimos 5 anos. Pra ter 100% você precisa trabalhar 49 anos, ou seja, a partir dos 25 anos cada ano que você trabalhar só aumenta 1% a renda. Não há estímulo para que a contribuição continue ocorrendo. Me pergunto se 25 anos de contribuição bastam para sanar o futuro déficit. Em 2060 os idosos serão 1/4 da população, de acordo com o IBGE.

Questiono também a idade mínima de 65 anos. Me parece muita coisa. Nosso país é muito desigual, um cidadão que trabalha numa carvoaria no interior nordestino não chegará nessa idade nunca. Um agricultor não chegará aos 65 trabalhando, pelo menos não nos próximos anos. Eles não estão contemplados nesse regime de previdência.

Nem entrarei na parte da regra de transição porque ela foi tão mal planejada que até a base tem questionado. Parece que a reforma foi pensada numa noite, é como se não tivessem feito análises sobre o assunto.



Quanto aos gastos com a população dependente, parece estranho termos déficit agora. Nossa razão de dependência neste momento é a menor de toda a história do Brasil

http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/s ... odigo=CD95

Se a gente tá no déficit agora, não quero nem imaginar como será nas próximas décadas. Melhor nem contar com essa aposentadoria, melhor se sacrificar pra fazer um pé de meia agora.




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#37 Mensagem por Túlio » Dom Mar 19, 2017 11:23 am

Algus escreveu:(...)O que eu questiono é essa reforma aí, da forma como está sendo proposta.

Ela incentiva a contribuição até os 25 anos. Com 25 anos você recebe 75% da renda média dos últimos 5 anos. Pra ter 100% você precisa trabalhar 49 anos, ou seja, a partir dos 25 anos cada ano que você trabalhar só aumenta 1% a renda. Não há estímulo para que a contribuição continue ocorrendo. Me pergunto se 25 anos de contribuição bastam para sanar o futuro déficit. Em 2060 os idosos serão 1/4 da população, de acordo com o IBGE.

(...)

Se a gente tá no déficit agora, não quero nem imaginar como será nas próximas décadas. Melhor nem contar com essa aposentadoria, melhor se sacrificar pra fazer um pé de meia agora.

Desculpes recortar mas a ideia central é interessante demais: a saída seria o índio trabalhar por 25 anos, pedir aposentadoria e partir então para a informalidade, competindo diretamente com quem desconta previdência. Os 75% estão garantidos, então o que vier a mais é lucro. E tem muito trabalho por aí sem vínculo empregatício, desde cortar grama, fazer cerca e limpar terreno até prestação de consultoria (para os felizardos que poderão passar dos 16 e até dos vinte e poucos sem trabalhar, com os Pais segurando as pontas enquanto estuda) autônoma a empresas (que sonegam o quanto podem), passando por abrir um boteco, um puteiro, uma lojinha, barbearia, sei lá, qualquer coisa que entre como ME, sem descontar merda nenhuma. Aí eu queria ver como ficava... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#38 Mensagem por Penguin » Dom Mar 19, 2017 11:35 am

Que a Previdência Social/Seguridade Social precisa ser revisada e aperfeiçoada não tenho dúvida e que se deveria acabar com privilégios existentes no sistema de aposentadorias, pois isso não é sustentável além questionável do ponto de vista moral.
Mas isso deveria ser feito com clareza, partindo de diagnósticos claros da situação, coisa que não existe. E debatendo.

Além do cenário do governo (sobre o qual paira uma enorme desconfiança), há outros bem diferentes...

Imagem
Nas contas do governo, entretanto, houve um déficit de 85,8 bilhões de reais, em 2015, precedido por saldos negativos de 56,7 bilhões no ano anterior, 51,2 bilhões em 2013, 42,3 bilhões em 2012, 36,5 bilhões em 2011 e 44,3 bilhões em 2010.
A discrepância entre os números decorre de uma manipulação. A Constituição de 1988 determina a elaboração de três orçamentos, o Fiscal, o da Seguridade Social e o de investimentos das estatais. Na execução orçamentária, entretanto, o governo apresenta só dois orçamentos, o de Investimentos e o Fiscal e da Seguridade Social, no qual consolida todas as receitas e despesas e unifica o resultado.
“Com esse artifício, não é possível identificar a transferência de recursos do orçamento da Seguridade Social para financiar gastos do orçamento Fiscal. Para tornar o quadro ainda mais confuso, isola-se, para efeito de análise orçamentária, o resultado previdenciário do resto do orçamento da Seguridade”, analisa Denise Gentil.
O diagnóstico do economista Milko Matijascic, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, segue a mesma direção. “A Constituição é ignorada e está na hora de fazer uma prestação de contas que respeite as instituições legais”, disse em encontro de entidades de trabalhadores.
“A manobra contábil adotada pelos formuladores das políticas econômicas dos anos 1990, que não trata a seguridade como um todo e desvia parte de seus recursos para outros fins, tornou a Previdência a principal vilã, responsável pelos desajustes nas contas públicas, embora isso não faça sentido pelo prisma legal.”
https://www.cartacapital.com.br/revista ... -e-miragem

Qual o cenário mais realista?




Editado pela última vez por Penguin em Dom Mar 19, 2017 2:09 pm, em um total de 3 vezes.
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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#39 Mensagem por Penguin » Dom Mar 19, 2017 11:42 am





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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#40 Mensagem por Penguin » Dom Mar 19, 2017 11:46 am

Se o sistema é o descrito abaixo, esse deveria ser o ponto de partida para desvendar seus números e o balanço financeiro...

Imagem

O que tem ocorrido com as receitas do sistema?
E o que tem ocorrido com as despesas?




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#41 Mensagem por Túlio » Dom Mar 19, 2017 11:56 am

Vejam só: mesmo aqui no DB, considerado por aí como o último baluarte do conservadorismo, esse lance de "reforma" mal encontra algum apoio, e ainda por cima bem recatado.

Não adianta, ninguém aqui é IDIOTA, sabemos discernir entre o que presta e o que não presta. E aí, a meu ver, reside o problema: os politiqueiros tentam a todo custo pular qualquer debate mais profundo sobre o tema, como QUEM e COMO será afetado, querendo empurrar goela abaixo "porque é bom" e fim!

Repito, se fizerem de novo "na calada da noite", vão pagar caro ano que vem! Vão entregar o jogo já ganho pro PT!!!

E azar nosso mas vai ser BEM-FEITO pros félas!




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#42 Mensagem por Algus » Dom Mar 19, 2017 1:39 pm

Túlio escreveu:
Algus escreveu:(...)O que eu questiono é essa reforma aí, da forma como está sendo proposta.

Ela incentiva a contribuição até os 25 anos. Com 25 anos você recebe 75% da renda média dos últimos 5 anos. Pra ter 100% você precisa trabalhar 49 anos, ou seja, a partir dos 25 anos cada ano que você trabalhar só aumenta 1% a renda. Não há estímulo para que a contribuição continue ocorrendo. Me pergunto se 25 anos de contribuição bastam para sanar o futuro déficit. Em 2060 os idosos serão 1/4 da população, de acordo com o IBGE.

(...)

Se a gente tá no déficit agora, não quero nem imaginar como será nas próximas décadas. Melhor nem contar com essa aposentadoria, melhor se sacrificar pra fazer um pé de meia agora.

Desculpes recortar mas a ideia central é interessante demais: a saída seria o índio trabalhar por 25 anos, pedir aposentadoria e partir então para a informalidade, competindo diretamente com quem desconta previdência. Os 75% estão garantidos, então o que vier a mais é lucro. E tem muito trabalho por aí sem vínculo empregatício, desde cortar grama, fazer cerca e limpar terreno até prestação de consultoria (para os felizardos que poderão passar dos 16 e até dos vinte e poucos sem trabalhar, com os Pais segurando as pontas enquanto estuda) autônoma a empresas (que sonegam o quanto podem), passando por abrir um boteco, um puteiro, uma lojinha, barbearia, sei lá, qualquer coisa que entre como ME, sem descontar merda nenhuma. Aí eu queria ver como ficava... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
Dá pra fazer isso, sim. Dá pra fazer o pagamento mínimo possível pra garantir pelo menos o salário mínimo ao chegar nos 65. Inclusive esse era um dos problemas até pouco tempo atrás.
A desvantagem é que você não está assegurado caso sofra um acidente de trabalho ou algo do tipo, se tiver parado de contribuir. Só tem essa proteção quem contribui. Tudo isso considerando que a lei não mudaria novamente até lá.

Antes bastava contribuir 5 anos pra receber 1 salário mínimo na aposentadoria por idade, depois isso mudou pra 15 anos. O cidadão pagava 11% do salário mínimo por 15 anos e poderia receber 1 salario mínimo ao atingir a idade mínima (60 homem, 55 mulher). Não tem conta que faça bater mesmo.
Ah, e pelo fundo rural dava pra somar duas aposentadorias: A esposa recebia uma, o marido outra. Se o marido morresse, a esposa ficaria com as duas. Talvez ainda seja assim hoje, só não tenho certeza porque muita coisa pode ter mudado depois da lei 85/95.

A reforma, na minha opinião, precisaria ser pensada no sentido de incentivar mais pessoas a contribuir (hoje tem muita gente na informalidade) e por mais tempo do que 25 anos. E, de preferência, com circunstâncias atenuantes para determinados empregos que a gente sabe que acaba com a saúde da pessoa.




Editado pela última vez por Algus em Dom Mar 19, 2017 1:41 pm, em um total de 1 vez.
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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#43 Mensagem por Penguin » Dom Mar 19, 2017 1:40 pm

Penguin escreveu:Se o sistema é o descrito abaixo, esse deveria ser o ponto de partida para desvendar seus números e o balanço financeiro...

Imagem

O que tem ocorrido com as receitas do sistema?
E o que tem ocorrido com as despesas?
No final das contas, quem financia totalmente o sistema é o cidadão, porque as empresas repassam esses tributos nos preços cobrados, os bancos idem e a Caixa tb com as apostas. Moral da história, o nosso sistema tributário é uma zona!
Essa deveria ser talvez a 1a reforma a ser feita.




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#44 Mensagem por LeandroGCard » Dom Mar 19, 2017 2:41 pm

Penguin escreveu:Essa deveria ser talvez a 1a reforma a ser feita.
Concordo.

E uma reforma tributária bem feita poderia ter um impacto muito maior e mais imediato na atividade econômica do que a reforma da previdência, que na melhor das hipóteses só iria mesmo apresentar resultados palpáveis daqui a vários anos. Isso daria tempo para que ela fosse melhor discutida com a sociedade e pensada com mais cuidado, pelo menos até o final deste governo.

A questão que fica então é: Porque o novo governo colocou tanta prioridade na reforma da previdência e praticamente nem fala na tributária?


Leandro G. Card




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Re: SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

#45 Mensagem por Penguin » Dom Mar 19, 2017 3:36 pm

LeandroGCard escreveu:
Penguin escreveu:Essa deveria ser talvez a 1a reforma a ser feita.
Concordo.

E uma reforma tributária bem feita poderia ter um impacto muito maior e mais imediato na atividade econômica do que a reforma da previdência, que na melhor das hipóteses só iria mesmo apresentar resultados palpáveis daqui a vários anos. Isso daria tempo para que ela fosse melhor discutida com a sociedade e pensada com mais cuidado, pelo menos até o final deste governo.

A questão que fica então é: Porque o novo governo colocou tanta prioridade na reforma da previdência e praticamente nem fala na tributária?


Leandro G. Card
Na realidade há uma explicação: falta de coragem e interesse. Assim como o Governo anterior quando tinha maioria tb não teve coragem e interesse.

A bagunça e irracionalidade tributária atual beneficia feudos políticos nos municípios, estados e na União e quem quer atuar fora da legalidade.

[]s




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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