Pelo visto a lista de todos os oposicionistas e potenciais oposicionistas já estava pronta há muito tempo. Foi só surgir a oportunidade.FCarvalho escreveu:Se isto não é revanchismo, e oportunismo, politico do mais baixo e vil, de parte do Erdogan. não sei mais o que seria.Penguin escreveu:Cerca de 50 mil policiais, soldados, juízes, servidores públicos e professores foram suspensos ou detidos desde a tentativa de golpe realizada na sexta-feira. Aliados ocidentais da Turquia expressaram preocupação com a abrangência da repressão.
Só aturam esse projeto de ditador islâmico porque ele é, ainda, a única barreira entre a Europa e a realidade do mundo para o qual ela, e USA, fechou os olhos, mas continua a jogar bombas e a fomentar e instigar confusão e escombros.
A ver no que isso tudo vai dar.
abs
Tentativa de golpe na Turquia
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
P44 escreveu:Mundo
Cúpula militar turca diz que sabia do golpe de Estado
19 Julho 2016
Hoje às 16:58, atualizado às 17
(...)
Leia mais: Cúpula militar turca diz que sabia do golpe de Estado http://www.jn.pt/mundo/interior/cupula- ... z4Et97TYRU
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Ou seja: os militares do alto comando turco sabiam do golpe antes. Poderiam evitar. Deixaram ocorrer para servir de pretexto para o que Governo do Erdogan está fazendo.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Agora, golpe na Turquia está dando certo
20/07/2016 18h23
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cl ... erto.shtml
O estado de emergência que o presidente Recep Tayyp Erdogan acaba de decretar nesta quarta-feira (20) na Turquia deveria chamar-se, mais propriamente, de estado de exceção.
O que está se instalando na Turquia é de fato um regime de exceção, que não tem parentesco com a democracia nem com o respeito ao devido processo legal.
É óbvio que Erdogan tem todo o direito de perseguir os responsáveis pela tentativa de golpe que fracassou na semana passada. Mas o que ele está promovendo é uma caça às bruxas ou, mais exatamente, ao Hizmet ("Serviço"), o movimento comandado pelo pregador islâmico Fetullah Gülen.
O caso dos juízes e funcionários da Justiça e os de Educação denuncia o jogo: é impossível saber, em apenas dois ou três dias, quais deles estão de fato envolvidos no golpe fracassado. No entanto, exatamente 2.745 juízes foram suspensos, primeiro, e depois sujeitos a ordens de prisão, logo após o golpe.
A lógica é esta: o golpe, segundo Erdogan, foi tramado por Gülen. Logo, todos os simpatizantes do movimento são "golpistas" e devem ser perseguidos.
Como é que o governo sabia quais juízes e/ou funcionários da Educação eram "gulenistas"? Simples: Erdogan e Gülen colaboraram estreitamente, até o rompimento entre eles em 2013, no preenchimento de cargos no aparelho estatal e na educação, para livrar o Estado das sementes autoritárias plantadas pelos militares que foram o poder de fato na Turquia até a ascensão dos islamitas do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento).
Logo, o AKP sabe quais funcionários ele próprio indicou e quais foram indicados pelo "gulenismo". Consequência inescapável: o expurgo se concentra nestes, ainda que esteja apenas começando o processo para apurar as responsabilidades pelo golpe frustrado.
É típico de regimes de exceção que as pessoas deixem de ser inocentes até prova em contrário e, sim, culpadas independentemente de elas existirem ou não.
20/07/2016 18h23
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cl ... erto.shtml
O estado de emergência que o presidente Recep Tayyp Erdogan acaba de decretar nesta quarta-feira (20) na Turquia deveria chamar-se, mais propriamente, de estado de exceção.
O que está se instalando na Turquia é de fato um regime de exceção, que não tem parentesco com a democracia nem com o respeito ao devido processo legal.
É óbvio que Erdogan tem todo o direito de perseguir os responsáveis pela tentativa de golpe que fracassou na semana passada. Mas o que ele está promovendo é uma caça às bruxas ou, mais exatamente, ao Hizmet ("Serviço"), o movimento comandado pelo pregador islâmico Fetullah Gülen.
O caso dos juízes e funcionários da Justiça e os de Educação denuncia o jogo: é impossível saber, em apenas dois ou três dias, quais deles estão de fato envolvidos no golpe fracassado. No entanto, exatamente 2.745 juízes foram suspensos, primeiro, e depois sujeitos a ordens de prisão, logo após o golpe.
A lógica é esta: o golpe, segundo Erdogan, foi tramado por Gülen. Logo, todos os simpatizantes do movimento são "golpistas" e devem ser perseguidos.
Como é que o governo sabia quais juízes e/ou funcionários da Educação eram "gulenistas"? Simples: Erdogan e Gülen colaboraram estreitamente, até o rompimento entre eles em 2013, no preenchimento de cargos no aparelho estatal e na educação, para livrar o Estado das sementes autoritárias plantadas pelos militares que foram o poder de fato na Turquia até a ascensão dos islamitas do AKP (Partido Justiça e Desenvolvimento).
Logo, o AKP sabe quais funcionários ele próprio indicou e quais foram indicados pelo "gulenismo". Consequência inescapável: o expurgo se concentra nestes, ainda que esteja apenas começando o processo para apurar as responsabilidades pelo golpe frustrado.
É típico de regimes de exceção que as pessoas deixem de ser inocentes até prova em contrário e, sim, culpadas independentemente de elas existirem ou não.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
O golpe com Leopard nas ruas era o de mentirinha, o verdadeiro esta acontecendo agora.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Já deu para perceber quem realmente deu um golpe na Turquia.
abs.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Turquia suspende Convenção Europeia dos Direitos Humanos
http://www.dn.pt/mundo/interior/governo ... um=twitter
novo governo de Erdogan.
http://www.dn.pt/mundo/interior/governo ... um=twitter
novo governo de Erdogan.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
HAHAH
Golpe do golpe. Acho que Merdogam aprendeu direitinho com os golpistas do brhuehuehuhe.
Golpe do golpe. Acho que Merdogam aprendeu direitinho com os golpistas do brhuehuehuhe.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Ah, e o "Estado de Emergência " foi declarado (para já) por 3 meses.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
O falhanço da União Europeia na adesão da Turquia
Por José Pedro Teixeira Fernandes
21/07/2016 - 20:59
Erdogan já percebeu há muito tempo como funciona a União Europeia: as suas divisões internas e fragilidades intrínsecas levam-na a ser forte com os fracos e fraca com os fortes.
1. “A utopia da Europa em construção (?) é a de que a Turquia, como outrora os ex-inimigos de Roma, se torne no seu melhor aliado. No caso presente, e perante a real ou fantasma da ameaça do islão fundamentalista, o país de Atatürk teria vocação para a conter nos limites do aceitável e proveitoso, segundo a óptica mundial e, antes de mais, da Europa. A História — se nos ensina alguma coisa — ensina-nos que o Islão não se dissolve [...] A nossa impotência de ocidentais, e, sobretudo, de europeus, é o nosso último luxo, mas custar-nos-á caro.” Este artigo Eduardo Lourenço, “A Turquia na Europa”, in Público (27/10/2004, p. 9), foi um aviso premonitório. A Turquia parece estar hoje a caminho de uma autocracia islamista. É o primeiro Estado envolvido em negociações de adesão à União Europeia onde ocorre um golpe de estado (falhado). Pior ainda, foi o pretexto para um contragolpe que está a reverter a democracia, as liberdades fundamentais e os direitos humanos.
2. O que explica a aceitação da candidatura da Turquia e a abertura de negociações de adesão? Os mais atlantistas invocavam normalmente argumentos estratégicos. Entusiasmavam-se pelo facto de a Turquia ser um antigo membro da NATO, dos tempos da Guerra-Fria. Essa era a linha diplomática do Reino Unido, seguida, também, pela diplomacia portuguesa. Mas o Reino Unido foi também o primeiro — e até agora único — a fazer um referendo para saída da União. Apoiava a adesão da Turquia por más razões europeístas. Via-a como útil para impedir uma maior integração e qualquer aprofundamento que não lhe fosse conveniente. A Turquia seria sempre uma fonte de divisões europeias. Agora já nem precisam disso. Por sua vez, para os EUA, de uma maneira ainda mais óbvia, a adesão sempre foi vista como vantajosa. Não teriam qualquer problema, nem com os elevados custos financeiros da adesão, nem com a deslocação da fronteira da União Europeia para o Médio Oriente — Síria, Iraque, Irão. Os europeus é que ficavam com esse fardo. Apoiavam-na a custo zero, claro.
3. As vantagens estratégicas da União Europeia passar a ter a sua fronteira no meio da turbulência do Médio Oriente sempre foram para mim um mistério insondável. Quando questionados, os crentes nessas vantagens estratégicas, nunca conseguiam dar qualquer argumento convincente. Mas a fé dogmática é mesmo assim, tanto na religião como na política. Houve, também, outra argumentação, imbuída de similares convicções acríticas. Era frequente entre os adeptos do multiculturalismo ideológico e nos muitos que aderem a qualquer moda intelectual, desde que seja a última e lhes dê um status de pessoa culta e progressista. Para estes, o argumento não era estratégico, nem atlantista, mas de superioridade moral. A Turquia era necessária ultrapassar estereótipos do passado e corrigir o pecado original da União Europeia: ser um “clube cristão”. Que o argumento tenha sido levado a sério é, no mínimo, irónico, para não ser mais cáustico. Primeiro porque a União Europeia tem uma população largamente secular, coisa que a Turquia não tem. Segundo, a maioria dos Estados europeus, especialmente a Ocidente, têm um grau de diversidade religiosa superior ao da Turquia, com mais de 99% da população muçulmana, em termos culturais / religiosos. Terceiro, foi a retórica de Erdogan que popularizou o argumento que os ingénuos multiculturalistas ocidentais reproduziam cheios de convicção e superioridade moral.
4. A convicção europeia de poder integrar a Turquia resulta, também, de uma leitura superficial da sua realidade política e sociológica. O governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e Erdogan foram vistos como reformistas e democratizadores durante os primeiros anos do processo de adesão. O posterior desvio desse caminho foi interpretado como consequência das dificuldades levantadas pela União Europeia na adesão. Essa interpretação é frágil e obscurece o problema. É verdade que sempre houve resistência à adesão da Turquia — a França é um caso bem conhecido. Mas Erdogan sabia-o desde o início e nunca teve ilusões sobre isso. O que europeus interpretaram como uma conversão aos valores da União Europeia, foi, de forma bem mais plausível, uma mera concessão táctica em situação de fraqueza interna. Onde os europeus viam reformas democratizadoras e sucessos económicos na Turquia, Erdogan via o enfraquecimento dos seus inimigos, possibilidades de mais Islão e de fortalecimento do seu poder. Tudo indica, por isso, que a União Europeia foi, desde o início, instrumental para enfraquecer os inimigos internos durante os primeiros anos no poder. Essa é a dura realidade que os europeus não viram, ou não quiseram admitir durante muito tempo.
5. É altura de fazer um balanço da estratégia da União Europeia para a Turquia da última década e meia. Sem meias palavras: o resultado é um falhanço. Falhou praticamente em toda a linha. Não democratizou o país de forma consistente, não consolidou as liberdades fundamentais, não levou a um respeito pelas minorias, nomeadamente os curdos, os quais voltam a estar em guerra contra o Estado turco. Também não resolveu a questão da reunificação de Chipre, nem levou a Turquia abandonar a ocupação militar da parte Norte. Não reforçou a relação estratégica político-militar. Pelo contrário, há cada vez mais desconfiança de parte a parte. Vista retrospectivamente, a decisão de abertura de negociações de adesão com a Turquia, tomada em finais de 2004, foi um grande passo em falso. Por paradoxal que possa parecer, podemos até admitir que Erdogan não teria tido o caminho aberto para a autocracia e re-islamização se não fosse a União Europeia. Naturalmente que nunca saberemos qual o rumo dos acontecimentos se a Turquia não tivesse sido aceite como candidato. Nem podemos saber como estaria hoje. Poderá sempre argumentar-se que estaria ainda pior. Mas sabemos — porque esse foi o rumo que os acontecimentos de facto tomaram —, que as negociações de adesão foram instrumentalizadas. Foram usadas para enfraquecer os grandes inimigos internos do AKP e de Erdogan: o exército, o sistema judicial, a administração e o ensino público, ou seja, os pilares do Estado secular criado por Atatürk.
6. As massas da Turquia dos subúrbios das grandes cidades e do interior rural do país são profundamente conservadoras e imbuídas de valores islâmicos tradicionais. Por isso, são largamente favoráveis ao AKP. São também a maioria sociológica da Turquia. Erdogan sabia isso. Os europeus parece que não. Imaginavam uma Turquia a partir do centro de Istambul, Ancara ou das bonitas estâncias balneares da costa mediterrânica. Nessas partes há, de facto, muita gente secularizada, com hábitos à europeia, que fala bem inglês. Mas são uma minoria. Uma minoria numerosa, mas ainda assim uma minoria numa população de perto de 80 milhões. Há, também, islamistas educados que sabem criar uma boa imagem para consumo externo. Apresentam-se como democratas muçulmanos, tal como a Europa tem os seus democratas cristãos. Com estas imagens tranquilizadoras as outras Turquias eram marginais no quadro mental europeu e nos relatórios de progressos de adesão da Comissão. Por muito que os europeus não gostem, a maioria do eleitorado turco sufragou várias vezes o AKP e Erdogan, o seu autoritarismo e políticas de re-islamização do Estado. Deveriam ter percebido isso antes de darem o passo em falso da abertura de negociações de adesão. Prestaram-se ao papel de serem a caução política de Erdogan. Agora é tarde. O mal está enraizado. Não adiante ficarem a desejar secretamente que o golpe de estado tivesse resultado.
7. Por último, uma ainda mais dura realidade. Erdogan respeita a Rússia de Putin — que parece ver até com modelo para si próprio — mas não respeita a União Europeia, à qual oficialmente diz continuar a querer aderir. Menospreza o soft power europeu que vê como fraqueza e não imbuído de valores. Respeita a Rússia devido ao seu poder, sobretudo militar. Por outras palavras, tem-lhe medo. Em finais do ano passado, primeiro a intervenção militar russa directa na guerra da Síria, depois o abate de um caça russo na zona fronteiriça entre os dois países, levaram a um forte reacção de Putin. A Rússia retaliou em termos diplomáticos, políticos e económicos. Exigiu um pedido formal de desculpas. Erdogan e o governo turco ainda ensaiaram uma resposta forte. Durou pouco tempo. Em meados de 2016, numa total reviravolta diplomática, a Turquia tomou a iniciativa de voltar a aproxima-se da Rússia e de normalizar relações. Quanto à União Europeia, Erdogan já percebeu há muito tempo como funciona: as suas divisões internas e fragilidades intrínsecas levam-na a ser forte com os fracos e fraca com os fortes. Como previa Eduardo Lourenço, num mundo que não se compadece com as utopias europeias, a nossa impotência como europeus está a sair-nos caro.
https://www.publico.pt/mundo/noticia/o- ... 57?page=-1
Por José Pedro Teixeira Fernandes
21/07/2016 - 20:59
Erdogan já percebeu há muito tempo como funciona a União Europeia: as suas divisões internas e fragilidades intrínsecas levam-na a ser forte com os fracos e fraca com os fortes.
1. “A utopia da Europa em construção (?) é a de que a Turquia, como outrora os ex-inimigos de Roma, se torne no seu melhor aliado. No caso presente, e perante a real ou fantasma da ameaça do islão fundamentalista, o país de Atatürk teria vocação para a conter nos limites do aceitável e proveitoso, segundo a óptica mundial e, antes de mais, da Europa. A História — se nos ensina alguma coisa — ensina-nos que o Islão não se dissolve [...] A nossa impotência de ocidentais, e, sobretudo, de europeus, é o nosso último luxo, mas custar-nos-á caro.” Este artigo Eduardo Lourenço, “A Turquia na Europa”, in Público (27/10/2004, p. 9), foi um aviso premonitório. A Turquia parece estar hoje a caminho de uma autocracia islamista. É o primeiro Estado envolvido em negociações de adesão à União Europeia onde ocorre um golpe de estado (falhado). Pior ainda, foi o pretexto para um contragolpe que está a reverter a democracia, as liberdades fundamentais e os direitos humanos.
2. O que explica a aceitação da candidatura da Turquia e a abertura de negociações de adesão? Os mais atlantistas invocavam normalmente argumentos estratégicos. Entusiasmavam-se pelo facto de a Turquia ser um antigo membro da NATO, dos tempos da Guerra-Fria. Essa era a linha diplomática do Reino Unido, seguida, também, pela diplomacia portuguesa. Mas o Reino Unido foi também o primeiro — e até agora único — a fazer um referendo para saída da União. Apoiava a adesão da Turquia por más razões europeístas. Via-a como útil para impedir uma maior integração e qualquer aprofundamento que não lhe fosse conveniente. A Turquia seria sempre uma fonte de divisões europeias. Agora já nem precisam disso. Por sua vez, para os EUA, de uma maneira ainda mais óbvia, a adesão sempre foi vista como vantajosa. Não teriam qualquer problema, nem com os elevados custos financeiros da adesão, nem com a deslocação da fronteira da União Europeia para o Médio Oriente — Síria, Iraque, Irão. Os europeus é que ficavam com esse fardo. Apoiavam-na a custo zero, claro.
3. As vantagens estratégicas da União Europeia passar a ter a sua fronteira no meio da turbulência do Médio Oriente sempre foram para mim um mistério insondável. Quando questionados, os crentes nessas vantagens estratégicas, nunca conseguiam dar qualquer argumento convincente. Mas a fé dogmática é mesmo assim, tanto na religião como na política. Houve, também, outra argumentação, imbuída de similares convicções acríticas. Era frequente entre os adeptos do multiculturalismo ideológico e nos muitos que aderem a qualquer moda intelectual, desde que seja a última e lhes dê um status de pessoa culta e progressista. Para estes, o argumento não era estratégico, nem atlantista, mas de superioridade moral. A Turquia era necessária ultrapassar estereótipos do passado e corrigir o pecado original da União Europeia: ser um “clube cristão”. Que o argumento tenha sido levado a sério é, no mínimo, irónico, para não ser mais cáustico. Primeiro porque a União Europeia tem uma população largamente secular, coisa que a Turquia não tem. Segundo, a maioria dos Estados europeus, especialmente a Ocidente, têm um grau de diversidade religiosa superior ao da Turquia, com mais de 99% da população muçulmana, em termos culturais / religiosos. Terceiro, foi a retórica de Erdogan que popularizou o argumento que os ingénuos multiculturalistas ocidentais reproduziam cheios de convicção e superioridade moral.
4. A convicção europeia de poder integrar a Turquia resulta, também, de uma leitura superficial da sua realidade política e sociológica. O governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e Erdogan foram vistos como reformistas e democratizadores durante os primeiros anos do processo de adesão. O posterior desvio desse caminho foi interpretado como consequência das dificuldades levantadas pela União Europeia na adesão. Essa interpretação é frágil e obscurece o problema. É verdade que sempre houve resistência à adesão da Turquia — a França é um caso bem conhecido. Mas Erdogan sabia-o desde o início e nunca teve ilusões sobre isso. O que europeus interpretaram como uma conversão aos valores da União Europeia, foi, de forma bem mais plausível, uma mera concessão táctica em situação de fraqueza interna. Onde os europeus viam reformas democratizadoras e sucessos económicos na Turquia, Erdogan via o enfraquecimento dos seus inimigos, possibilidades de mais Islão e de fortalecimento do seu poder. Tudo indica, por isso, que a União Europeia foi, desde o início, instrumental para enfraquecer os inimigos internos durante os primeiros anos no poder. Essa é a dura realidade que os europeus não viram, ou não quiseram admitir durante muito tempo.
5. É altura de fazer um balanço da estratégia da União Europeia para a Turquia da última década e meia. Sem meias palavras: o resultado é um falhanço. Falhou praticamente em toda a linha. Não democratizou o país de forma consistente, não consolidou as liberdades fundamentais, não levou a um respeito pelas minorias, nomeadamente os curdos, os quais voltam a estar em guerra contra o Estado turco. Também não resolveu a questão da reunificação de Chipre, nem levou a Turquia abandonar a ocupação militar da parte Norte. Não reforçou a relação estratégica político-militar. Pelo contrário, há cada vez mais desconfiança de parte a parte. Vista retrospectivamente, a decisão de abertura de negociações de adesão com a Turquia, tomada em finais de 2004, foi um grande passo em falso. Por paradoxal que possa parecer, podemos até admitir que Erdogan não teria tido o caminho aberto para a autocracia e re-islamização se não fosse a União Europeia. Naturalmente que nunca saberemos qual o rumo dos acontecimentos se a Turquia não tivesse sido aceite como candidato. Nem podemos saber como estaria hoje. Poderá sempre argumentar-se que estaria ainda pior. Mas sabemos — porque esse foi o rumo que os acontecimentos de facto tomaram —, que as negociações de adesão foram instrumentalizadas. Foram usadas para enfraquecer os grandes inimigos internos do AKP e de Erdogan: o exército, o sistema judicial, a administração e o ensino público, ou seja, os pilares do Estado secular criado por Atatürk.
6. As massas da Turquia dos subúrbios das grandes cidades e do interior rural do país são profundamente conservadoras e imbuídas de valores islâmicos tradicionais. Por isso, são largamente favoráveis ao AKP. São também a maioria sociológica da Turquia. Erdogan sabia isso. Os europeus parece que não. Imaginavam uma Turquia a partir do centro de Istambul, Ancara ou das bonitas estâncias balneares da costa mediterrânica. Nessas partes há, de facto, muita gente secularizada, com hábitos à europeia, que fala bem inglês. Mas são uma minoria. Uma minoria numerosa, mas ainda assim uma minoria numa população de perto de 80 milhões. Há, também, islamistas educados que sabem criar uma boa imagem para consumo externo. Apresentam-se como democratas muçulmanos, tal como a Europa tem os seus democratas cristãos. Com estas imagens tranquilizadoras as outras Turquias eram marginais no quadro mental europeu e nos relatórios de progressos de adesão da Comissão. Por muito que os europeus não gostem, a maioria do eleitorado turco sufragou várias vezes o AKP e Erdogan, o seu autoritarismo e políticas de re-islamização do Estado. Deveriam ter percebido isso antes de darem o passo em falso da abertura de negociações de adesão. Prestaram-se ao papel de serem a caução política de Erdogan. Agora é tarde. O mal está enraizado. Não adiante ficarem a desejar secretamente que o golpe de estado tivesse resultado.
7. Por último, uma ainda mais dura realidade. Erdogan respeita a Rússia de Putin — que parece ver até com modelo para si próprio — mas não respeita a União Europeia, à qual oficialmente diz continuar a querer aderir. Menospreza o soft power europeu que vê como fraqueza e não imbuído de valores. Respeita a Rússia devido ao seu poder, sobretudo militar. Por outras palavras, tem-lhe medo. Em finais do ano passado, primeiro a intervenção militar russa directa na guerra da Síria, depois o abate de um caça russo na zona fronteiriça entre os dois países, levaram a um forte reacção de Putin. A Rússia retaliou em termos diplomáticos, políticos e económicos. Exigiu um pedido formal de desculpas. Erdogan e o governo turco ainda ensaiaram uma resposta forte. Durou pouco tempo. Em meados de 2016, numa total reviravolta diplomática, a Turquia tomou a iniciativa de voltar a aproxima-se da Rússia e de normalizar relações. Quanto à União Europeia, Erdogan já percebeu há muito tempo como funciona: as suas divisões internas e fragilidades intrínsecas levam-na a ser forte com os fracos e fraca com os fortes. Como previa Eduardo Lourenço, num mundo que não se compadece com as utopias europeias, a nossa impotência como europeus está a sair-nos caro.
https://www.publico.pt/mundo/noticia/o- ... 57?page=-1
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
No caso o "golpe" brasileiro foi referendado pelo judiciário em todas as instâncias possíveis e imagináveis. Já na Turquia, o Ditardogan patrolou o judiciário.prp escreveu:HAHAH
Golpe do golpe. Acho que Merdogam aprendeu direitinho com os golpistas do brhuehuehuhe.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Mas ele só conseguiu isso porque ele está acobertado pela mídia e por parte da população, igualzinho em outras bananolândias por aí.wagnerm25 escreveu:No caso o "golpe" brasileiro foi referendado pelo judiciário em todas as instâncias possíveis e imagináveis. Já na Turquia, o Ditardogan patrolou o judiciário.prp escreveu:HAHAH
Golpe do golpe. Acho que Merdogam aprendeu direitinho com os golpistas do brhuehuehuhe.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
ZZZZZZZZZzzzzzZZZZzzzzzz.....prp escreveu:Mas ele só conseguiu isso porque ele está acobertado pela mídia e por parte da população, igualzinho em outras bananolândias por aí.wagnerm25 escreveu: No caso o "golpe" brasileiro foi referendado pelo judiciário em todas as instâncias possíveis e imagináveis. Já na Turquia, o Ditardogan patrolou o judiciário.
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Re: Tentativa de golpe na Turquia
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!